CAPÍTULO 01: Chuva

Parte da série Paixão Secreta

Levantei o bem devagar e senti a chuva caindo no rosto. Eu realmente amava aquele clima, aquela vibração que a chuva deixava no meu corpo. Eu corri rapidamente e passava a mão no rosto tentando limpar, mas a chuva caia mais e mais forte e para minha sorte não havia nenhum lugar para que eu pudesse esperar ela passar e eu pudesse apenas admirá-la. Pela primeira vez senti meu coração parar e tive que descansar antes de continuar correndo, eu o sentia batendo no meu pescoço de tão forte. Eu olhava para os lados e quanto mais perto eu chegava do meu destino mais pessoas eu via em carros e outras com guarda-chuvas. Elas olhavam para mim e eu tentava não me importar.

- que droga – falei olhando para o relógio.

Eu olhei para os lados e atravessei a rua correndo.

Eu corria cada vez mais rápido e logo avistei de longe, tão grande quanto o céu e tão brilhante como um diamante. Eu conferi a minha mochila outra vez e vi que continuava seca. Tinha valido a pena pagar um pouco a mais por um material impermeável. Então mais uma vez eu corri sentindo entre meus dedos a chuva. Eu a via em câmera lenta e sabia que naquela noite teria uma boa noite de sono.

Eu estava todo molhando, mas limpo e trocaria de roupa quando chegasse.

Eu atravessei a rua mais uma vez parei para descansar e aproveitar aquele momento afinal eu estava apenas alguns passos de distância do meu trabalho e antes que eu começasse a andar um carro passou na rua e jogou lama em cima de mim fazendo eu engolir um pouco.

Eu me olhei e ví o quão sujo eu estava e o carro deu ré e abriu o vidro e no bando do carona estava Vanessa e dirigindo Steve.

- foi mal eu não te vi. – falou Steve.

- não tem problema – falei.

- te vejo no trabalho Michael.

- é Mickey – respondi.

Vanessa apenas deu um sorriso falso e fechou o vidro enquanto eu procurava a entrada dos fundos.

- idiota – falei comigo mesmo.

Eu então fui pela escada de incêndio e fui até o andar aonde ficava a cozinha e o dormitório dos funcionários, aonde também tinha nossos armários e vários chuveiros. Eu entrei em baixo do chuveiro e tomei um banho tirando toda aquela sujeira e tirei tudo de minha mochila e a lavei e a deixei pendurada no varal.

- que droga – falei olhando para o relógio, eu estava quinze minutos atrasado.

Eu vesti o terno a gravata e coloquei meus sapatos e fui até o elevador com minha mochila e subi até o último andar, o 20º, que era aonde eu trabalhava.

Meu nome é Mickey Fox Fabray, alguns me chamam de Mickey e outros de Mike. Tenho 21 anos e trabalho como assistente pessoal do dono majoritário da “Partners Advocacy”, Adam White. Adam possui 40% da empresa enquanto os outros 4 donos: Xavier White, Steve King, Gray Collins e Vanessa Smith possuem 15%. Todos os 5 donos eram advogados. Quando o pai de Adam decidiu se aposentar ele deixou a empresa na mão dos filhos, Adam e Xavier deixando 40% e 60% respectivamente. Xavier ficou com a parte maior, mas isso não o beneficiou quando a esposa decidiu se divorciar a menos que ele passasse mais tempo em casa e com os 4 filhos.

Foi quando Xavier vendeu sua parte deixando Adam no controle da empresa. Steve e Gray compraram sua parte á 6 anos atrás e Vanessa é a mais recente comprando sua parte há pouco mais de 6 meses. Eu trabalho para Adam a quase quatro anos, meu primeiro emprego foi na empresa, mas eu comecei trabalhando como boy na empresa e logo passei a ser auxiliar de escritório e depois trabalhei na área administrativa até que houve a oportunidade de um cargo para homem. E eu fui entrevistado pelo próprio Adam que me contratou logo em seguida e trabalho com ele desde então. Mas essa contratação me rendeu inimigos que me olham com inveja e por isso espalhavam boatos de que eu era a “prostituta” de Adam, mas nunca me importei com isso, afinal eu fazia meu trabalho bem e merecia o salário que eu ganhava.

Eu moro com meu pai Larry desde que eu tinha 4 anos de idade. Eu fui adotado por ele e por minha mãe quando tinha essa idade, minha mãe infelizmente faleceu em um acidente de carro quando eu tinha 16 anos deixando eu e meu pai sozinhos. Eu sou gay e meu pai sabe disso e minha mãe morreu sabendo e ambos me aceitavam com amor. Não sei se foi minha criação e todo amor que meus pais me deram, mas sempre fui muito carente e sempre procurei a aceitação de todos e é isso que às vezes me deixa tímido ao extremo. Eu sou branco de cabelos negros, olhos castanhos escuro, 1,75 de altura e 75 quilos enquanto meu pai é alto, 1,90, cabelo, sobrancelha, barba, pelos nas pernas, no braço, ou seja tudo na cor loiro escuro e isso sempre levantou suspeita por parte das pessoas que não sabiam que eu era adotado.

Eu tenho namorado e seu nome é Charley, e eu o namoro á um ano e três meses. Eu o conheci através de meu amigo de infância Denny que nos apresentou certa vez em sua casa quando ele fez sua festa de aniversário de 28 anos.

O elevador finalmente chegou no 20º andar e abriu as portas. Eu sai e fui direto para minha mesa que ficava na recepção do andar.

Eu deixei minhas coisas e peguei a agenda eletrônica que a empresa me deu e fui até a sala do Adam explicar o motivo do atraso eu bati na porta e entrei.

- bom dia Mike – falou ele.

- bom dia – falei entrando na sala e sentando á mesa ficando de frente para ele. – senhor mil perdões pelo atraso de hoje, mas devido à chuva forte houve um acidente com o ônibus e eu tive que sair e vir correndo e quando o cheguei na empresa um idiota jogou lama em mim e eu tive que tomar banho e lavar todas as minhas coisas.

- não tem problema – falou ele. – minha reunião com aquele cliente ainda está marcada?

- sim senhor.

- por favor Mike não me deixe esquecer e me lembre uma hora antes.

- tudo bem senhor.

Eu me levantei e antes que me virasse alguém abriu a porta. Era Steve.

- bom dia Adam, Mike meu querido vejo que já se lavou da lama que joguei em você.

Quando ele falou isso minha cara foi no chão e voltou. Eu sem graça olhei pelo canto do olho para Adame ele olhou para mim com uma expressão não muito boa coçando a barba.

- com licença – falei saindo da sala e indo até a recepção.

Eu tinha sido idiota, tinha chamado Steve de idiota para Adam e nem tinha percebido. Eu tentei esquecer isso, mas era costume meu ficar remoendo as coisas no peito, até que estivesse resolvido e no fim do dia eu iria conversar com Adam sobre o que eu tinha dito, mas por hora eu precisava se concentrar no meu trabalho.

Alguns minutos depois Gray saiu do elevador.

- bom dia Mike. – falou ele vindo até mim.

- bom dia Gray – respondi.

De todos os chefes Gray era o que me dava mais liberdade e tinha exigido que eu o chamasse pelo nome.

- Adam já chegou?

- chegou sim senhor e Steve está lá com ele.

Ele deu uma piscadinha com o olho direito e entrou na sala.

Passou mais um tempo e logo chegou Vanessa.

- bom dia Mike, sinto muito pelo que o Steve fez hoje mais cedo, ele devia ter mais cuidado.

- bom dia Srta. Smith, não tem problema eu sei que ele não fez por mal.

Ela deu um sorriso e foi até a sala e entrou.

Quando eu pensei que poderia me concentrar mais um chega.

- bom dia Mike.

- bom dia Sr. White.

- Mike meu irmão já chegou?

- chegou sim senhor.

- Mike você me faz um favor?

- claro. – respondi.

- pode ligar para minha esposa e dizer que só a verei a noite? Ela não vai querer ouvir isso e eu não queria chateá-la, ela não vai ter reação se você ligar.

- não se preocupe senhor, eu vou ligar para ela.

- valeu Mike.

Ele entrou na sala. Era o último. Eu fiquei entretido digitando uma planilha quando Adam abriu a porta.

- Mike você pode vir aqui por favor? – ele disse isso entrando na sala.

Eu peguei a agenda e fui até á sala. Adam e Steve estavam sentados e Gray, Vanessa e Xavier em pé.

- Mike qual o melhor dia para que eu faça uma viagem para New York?

- no dia 12 senhor. Dia 11 é o aniversário do seu filho caçula e sua esposa me disse que se você não for ela vai ficar muito chateada.

Eu tentei amenizar porque o que ela realmente tinha dito que faria eu não poderia falar em voz alta, não sem antes tomar umas doses.

- então você pode comprar passagens para todos nós?

- posso sim – falei marcando o dia na agenda. – vão se hospedar no hotel de sempre?

- sim – respondeu Adam.

- Mike – falou Steve – você pode por favor pedirem para eles limparem o quarto antes de eu ir?

- quer que eles limpem o quarto duas vezes? – perguntei.

- sim, algum problema? – falou ele.

- não senhor.

Eu marquei mais esse detalhe.

- mais alguma coisa senhor? – perguntei.

- quando terminamos aqui a reunião, você poderia vir a minha sala novamente, por favor?

- sim senhor – falei saindo da sala e indo até a minha mesa e fui até o computador e peguei o telefone para comprar as passagens.

O que Steve tinha de bonito tinha de arrogante, convencido e idiota. Steve era loiro usava uma barba, tinha o corpo definido, um homem muito bonito, mas não conseguia sentir nada por ele, nem atração depois de tanto tempo recebendo os sapos e as idiotices que ele tinha feito eu tinha ficado imune a babaquice dele. Nem parecia um homem de 33 anos de idade e sim um adolescente babão.

Gray tem 36 anos e um rosto lindo e um sorriso angelical, cabelos negros que ele penteava de lado e apenas a marca da barba que estava sempre bem feita. Adam tem 41 anos e Xavier 39. Ambos usavam barba negra no rosto, mas Xavier tem olhos azuis e usa óculos e Adam tem olhos castanhos escuros e alguns poucos cabelos grisalhos na cabeça e alguns fios da barba. Adam usava o cabelo penteado de lado com um topete e Xavier arrepiado. Vanessa é loira e tinha olhos claros e pele branca, uma mulher bonita e pelo que parecia namorava Steve e essa foi à chance que ela teve para entrar como sócia.

Eu nunca tinha olhado para eles com outros olhos a não ser o profissional, afinal eu sabia de coisa de todos, especialmente do Adam, eu conhecia sua esposa, filhos e suas amantes.

Depois que marquei todas as passagens e pedi para que o quarto de Steve fosse limpo duas vezes, passou-se 20 minutos e todos saíram da sala e eu peguei a agenda e fui até a sala.

Bati na porta e Adam me mandou entrar.

- Mike por favor sente-se. – falou Adam de costas olhando pela parede de vidro que tinha atrás dele. O prédio era feito de vidro o que dava visão do lado de fora.

- porque eu te contratei Mike – perguntou Adam se sentando na cadeira.

- por que eu tenho muitos anos de empresa? – chutei.

- sim, foi um dos motivos, mas sabe o motivo que me fez o contratar? – falou Adam.

- “me ferrei” – pensei.

- não faço a mínima ideia senhor.

- confiança. Seus superiores me disseram que você era uma pessoa de confiança.

- sim senhor. Nada sai da minha boca. Nada do que acontece nesse andar ou na vida pessoal do senhor sai da minha boca.

- excelente, obrigado pela lealdade – falou ele.

- você sabe que o maior motivo por eu ter contratado um homem foi por causa da minha esposa?

- sim senhor.

- ela tem muitos ciúmes e acha que eu tinha um caso.

- sim senhor.

- e eu sei que ela fala com você Mike. Eu sei que você é amigo da minha esposa e ela pergunta sobre minha vida para você.

- sim senhor e eu não digo nada, claro, eu sei dobrá-la. – falei – com todo o respeito é claro.

- obrigado pela lealdade mais uma vez. – falou ele.

- senhor eu gostaria de pedir desculpas pelo o que eu falei do Steve mais cedo.

- não precisa se desculpar Mike, Steve é um idiota.

- mesmo assim prometo que não vai acontecer.

Ele ficou em silêncio e por alguns segundos coçou a barba. Ele só fazia isso quando estava tento uma ideia.

- Mike eu preciso que você compre mais uma passagem. – falou ele.

- sim senhor – falei pegando a agenda para anotar.

- o nome dela é Jenny Perkins.

- sim senhor, preciso reservar outro quarto no hotel? – perguntei sabendo que a resposta seria não.

- não – ele se levantou e eu me levantei também.

- e Mike, por favor não conte nada para ninguém.

- não se preocupe senhor, acabei fazendo amizade com uma funcionária da empresa aérea e ela pode mudar o nome da pessoa na passagem.

- obrigado por isso.

Eu me virei e fui até a porta.

- Mike, sua namorada deve ser uma garota de sorte, um dia gostaria de conhece-la.

- sim senhor.

Eu sai da sala e voltei a recepção.

- minha “garota de sorte” é um homem que me faz gemer como uma adolescente – pensei comigo mesmo. Charley tem 25 anos cabelos castanhos claro e usava uma barba no corpo que eu tanto amava. Tem a pele clara e por baixo das roupas mais clara ainda, tem o corpo definido, estilo magro que faz academia a pouco mais de 2 anos.

Logo comprei a passagem da Jenny e pedi que o comprovante viesse com o nome John caso a esposa de Adam perguntasse.

No fim do expediente arrumei minhas coisas e para meu azar mais uma vez choveu. A chuva que eu tanto amava no começo do dia agora era odiada por mim. Não muito afinal eu ainda tremia de felicidade quando ela passava entre meus dedos.

Comentários

Há 1 comentários.

Por jv em 2014-02-13 20:02:42
Bem legal esse conto parceria interessante