Vamos Falar Sobre [Capítulo 6]

Parte da série Doces Sonhos

Eu abri meus olhos bem devagar. Eu passei a noite na mesma posição que eu dormi. Estávamos do mesmo jeito de quando dormimos a única diferença é que eu tinha babado um pouco no peito de Jay. Acordei e olhei em volta sem me mexer muito. Jay ainda estava dormindo. O relógio marcava 09h46min. Era a primeira vez que tinha um contato daquele com outra pessoa. O engraçado é que não me sentia estranho e nem estava incomodado, na verdade eu estava até bem. Nunca tinha me sentido tão bem na vida. Eu levantei minha cabeça um pouco para poder limpar a baba e acabei acordando ele.

Ele se mexeu um pouco e logo abriu os olhos.

- bom dia – falou ele.

- bom dia – respondi deitando a cabeça outra vez.

- nossa. Fazia tempo que não dormia tão bem. Nem me lembro a última vez que acordei ás 10:00 da manhã.

- eu não te machuquei deitado assim a noite toda?

- nem pensar – falou Jay dando um beijo na minha testa e logo após cheirando meus cabelos.

- posso te perguntar uma coisa?

- pode.

- eu pensei que você gostasse de... você sabe... pensei que você fosse hétero.

- digamos que eu tenho um meio termo. Eu sinto atração por mulheres, mas também sinto atração por homens. Sempre tive sentimentos sexuais por outros homens, mas essa é a primeira fez que sinto algo de verdade.

- todo esse tempo você gostou de mim?

- não no começo. No começo você foi um paciente como qualquer outro, mas de uns 6 meses pra cá eu comecei a sentir algo a mais.

- acha que fomos rápidos demais?

- a quanto tempo você gosta de mim? – perguntou Jay.

- uns nove meses.

- então quer dizer que estamos atrasados.

Eu me sentei na cama escorando na cabeceira e Jay fez a mesma coisa. Nós nos olhamos por um tempo e nos aproximamos dando um selinho na boca e deitei a cabeça no ombro dele.

- você deve estar confuso.

- um pouco – respondi. – nunca tive tanto contato com outra pessoa fisicamente.

- você gosta do Rupert? Quer dizer... é verdade as coisas que me contou? Eu entendo se foi mentira.

- sim é verdade, mas eu não gosto dele do jeito que eu queria. Eu percebi que era errado ter esse sentimento por uma pessoa casada e queria desesperadamente sentir algo por outra pessoa para poder te esquecer, mas quanto mais eu me aproximava dele mais sentimentos eu tinha por você.

Ele pegou meu braço e passou a mão.

- está doendo?

- não muito. – ele deslizou os dedos pelo meu braço e quando chegou na minha mão ele entrelaçou os dedos nos meus. – minha vontade era de não ir embora.

- nós não precisamos ir. Podemos ficar aquí o dia inteiro. É domingo e podemos ficar aquí descansando.

- e sua esposa e filho?

- se ela tem força para julgar as pessoas ela consegue cuidar dele um dia inteiro.

- você ligou pra ela?

- Não e nem pretendo.

- eu não pretendia atrapalhar sua vida.

- que vida? – falou ele olhando pra mim. – há tempos que não tenho uma vida. Eu apenas trabalho para não ter que chegar em casa para ter outra rodada de brigas. O que você ouviu e viu ontem foi o retrato do que acontecia todos os dias.

- vou ligar para o meu pai e avisar que não vou embora. – eu me sentei na cama e calcei meus chinelos. Antes que eu me levantasse Jay me puxou e fez eu deitar no colo dele e me deu um beijo na boca. nos beijamos por um longo tempo e ele começou a beijar meu pescoço. Sua barba fazia cosquinhas. Eu estava feliz finalmente. A muito tempo não me sentia tão bem. Não sabia como um beijo de uma pessoa podia ser tão bom.

Eu me levantei e fui até o banheiro tomar um banho. Depois que sai vesti minha última roupa limpa.

- preciso de roupa. – falei enxugando a cabeça.

- depois que eu tomar banho, vamos sair pra comprar roupas para você e pra mim e vamos ir a farmácia para comprar gaze e remédios para o seu braço.

- tudo bem. Eu vou esperar.

Eu me sentei na cama e Jay entrou no banheiro. Eu procurei o controle da televisão e assim que o limpei liguei a televisão em um canal qualquer. Eu me escorei na cabeceira e assisti o que passava enquanto Jay ainda estava no banheiro. Ele vestiu uma camisa de botão laranjada e a calça jeans que ele tinha usado na outra noite.

Enquanto andávamos na rua eu olhava as outras pessoas andando e saindo com seus amigos e familiares. Acho que era a primeira vez em tempos que saia com alguém.

- vou na farmácia comprar os curativos e pode ligar para o seu pai – falou Jay me entregando sacolas de roupas e esfregando o celular na camisa me entregando.

- e se sua mulher ligar.

- esquece ela. Ela não vai ligar eu bloqueei o número dela.

Eu liguei para meu pai e avisei que estava com Jay.

- aconteceu alguma coisa filho?

- não pai. eu estou bem. Não precisa se preocupar.

- ok filho.

Eu deliguei o celular e esperei mais um pouco até que Jay saiu da farmácia.

- vamos – falou ele pegando o celular.

Assim que chegamos no quarto do hotel eu chamei Jay para conversar.

Nós nos sentamos em uma mesa redonda que tinha no quarto e pegamos algo para beber.

- Jay quero falar com você uma coisa...

- o que? – falou ele dando um gole de cerveja.

- eu não me sinto bem... eu sei que eu posso estar me apressando, mas eu me sentiria melhor se você fosse pra casa e conversasse com sua esposa.

- não se preocupa. eu não vou ser o cara que vai prometer terminar com a esposa e nunca o faz por insegurança.

- eu sei, mas é que eu não me sinto confortável em ver você ignorando ela.

Ele tomou outro gole, desta vez maior.

- eu sei que não é fácil acabar com um casamento como você disse então eu posso esperar até que você esteja pronto.

Minha mão repousa em cima da mesa e ele colocou a dele em cima da minha.

- eu tenho 31 anos. Sou casado ás 3 anos e fui feliz apenas por quase 1 ano. Eu sei o que eu quero e não vou mais adiar. Pensei que um filho poderia ser a solução dos problemas entre eu e Amy, mas foi apenas a prolongação do meu sofrimento. Eu tenho responsabilidade com meu filho e apenas com ele.

- eu tenho tantos problemas na minha vida. Você não vai querer começar uma nova vida comigo.

- diga que eu estou mentindo... não foi você mesmo que me disse que não esperava a hora de me ver todas as semanas?

- sim.

- eu não sou a única pessoa que consegue te acalmar quando está tendo algum problema?

- sim.

- essa eu não preciso de resposta... Quando eu encosto em você ou te beijo você nem parece que têm TOC. Você se esquece disso. Você não vê o que isso significa? Você pode tentar me dizer que não me ama ou que não terá problemas em seguir em frente, mas seu corpo me diz o contrário então não adianta inventar desculpas para me fazer ir. Eu vou ficar ao seu lado.

- obrigado por não desistir de mim. – falei apertando a mão dele.

Nós chegamos perto e demos um beijo. Eu explorava a boca dele e chupava a boca dele como se fosse um doce suculento. Não era um doce, era melhor.

- uma semana – falei olhando nos olhos dele.

- tudo bem. Eu faria isso em meia hora, mas essa semana vamos usar para terminarmos com que m estivermos.

- mas eu não tenho ninguém. – falei alisando o braço peludo dele.

- você têm que conversar com Rupert. Eu sei que vocês não têm tinham nada oficialmente, mas você têm que esclarecer que não gosta dele do mesmo jeito que ele de você.

- tudo bem. – falei sorrindo pra ele.

- faz tempo que não via seu sorriso.

Nós ficamos um tempo calado apenas segurando as mãos juntos.

- eu só preciso saber de uma coisa – falou Jay – você concede a mim a partir de agora 100% de sua confiança? Eu quero mudar minha vida e fazer novos planos que incluam você. Você se compromete a mudar comigo.

Eu respirei fundo.

- sim.

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