Pessoas Como Nós [Capítulo 29]

Parte da série Doces Sonhos

""Todo mundo tenta algumas vezes ser aquilo que não é. Passamos a infância e a adolescência inteira tentando não ser diferentes apenas para poder andar com os populares ou apenas tentar andar pelos corredores da escola, rua e até nos corredores de casa sem ser jugados. Quando chegamos á fase adulta fazemos de tudo para ser diferentes e tentar se destacar nesse mundo tão grande. Não se preocupe um dia todos irão querer ser pessoas como nós... – Jay Rodriguez""

Havia se passado quase um mês e meio que o câncer tinha se desenvolvido e atacado outra partes do meu corpo. Eu já não saía de casa, Jay tinha parado de trabalhar e ficava o dia todo comigo em casa. Eu andava pálido, fraco e o pior de tudo era que vomitava sangue todos os dias.

Lara estava com 28 semanas. Nosso bebê tinha 7 meses de vida e aqueles eram meus últimos dias na terra. Eu queria deixar aquele mundo do modo mais tranquilo o possível. Minha maior preocupação não era o que tinha depois da morte, mas sim o que se sentia durante ela.

- bom dia – falou Jay quando cheguei á cozinha. Eu tossi e limpei minha mão que se sujou de sangue.

- bom dia – falei forçando um sorriso. Eu me sentei á mesa e Jay colocou um prato de comida. – por favor Jay não me faça comer.

- sem desculpas – falou ele se sentando ao meu lado – se for preciso eu coloca na sua boca.

- eu vou acabar vomitando tudo.

- você tem que aguentar Jack, o máximo que você conseguir. – falou ele sorrindo e pegando o garfo com um pedaço de panqueca e levando até minha boca.

Eu mastiguei e engoli. Eu não tinha apetite por mais que eu tentasse não conseguia apreciar mais a comida. Eu cocei a cabeça e meus cabelos estavam doloridos.

- como estão as alucinações? – perguntou Jay.

Antes de responder eu olhei em volta e ví minha mãe e meu eu de 9 anos em pé me olhando e sorrindo.

- bom, pelo menos eu posso chamar de sonho acordado e não de pesadelo. – eu resmunguei um pouco quando coloquei minha mão na mesa.

- o que foi? Você está dolorido? – falou Jay pegando minha mão e massageando – vou fazer uma massagem em você até você se sentir melhor.

- não precisa – falei puxando minha mão. Eu me levantei da mesa e fui andando até a sala e sentei no sofá. Eu andei devagar para não cair e senti uma falta de ar enorme quando cheguei ao sofá.

Jay veio até o sofá e se sentou ao meu lado passando o braço por trás de mim e me olhando com um sorriso. Ele se aproximou e tentou me dar um beijo e eu virei meu rosto.

- para – falei.

- o que foi?

- porque você está tão feliz Jay? Porque você não me esquece de uma vez e vai viver sua vida com nossos filhos eu sou um peso morto.

Ele colocou a mão no meu rosto e virou para que eu olhasse pra ele.

- na saúde e na doença – falou ele – se lembra? Essa frase não é apenas para mim, você está doente e tem o dever de me deixar cuidar de você. Eu sou seu marido e vou ficar com você até seu último suspiro.

- me perdoa – falei sentindo olhos lacrimejarem. Jay limpou usando seus dedos.

- agora me dá um beijo – ele se aproximou e demos um beijo. Um beijo calmo; leve como o vento, mas quente como o fogo. – você não vai me dizer o nome que escolheu para nosso garotinho?

- Marisol vai te dizer – falei respirando fundo, pois meu corpo doía como se eu tivesse levado uma surra.

- tudo bem, mas vou te dizer o nome da nossa filha.

- não Jay, eu só quero que diga quando ela nascer porque pode ter certeza que eu vou estar com você.

Jay me abraçou e deu um beijo no meu rosto.

- por mais doente que ainda esteja sentir sua barba roçando em mim ainda é meu melhor remédio.

- hoje a tarde vou á uma sessão com a Dra. Jessye e vou ligar para seu pai ficar com você, ou você prefere ficar na casa dele?

- na verdade eu estava pensando em outra coisa.

- o que?

- eu quero passar um tempo sozinho com algumas pessoas, quero me despedir. Não quero que a última lembrança que tenham de mim é deitado em um caixão de madeira.

- tudo bem. – respondeu Jay.

**Jake Daher**

Por volta dás 9:00 meu irmão chegou em minha casa.

- bom dia – falou ele me abraçando. – como você está?

- estou bem se levar em consideração a minha condição.

- onde está Jay?

- estou aquí – falou ele descendo ás escadas e cumprimentando Jake. – vocês já sabem aonde vão?

- vou levar Jack para visitar o bosque. Quando meu pai o levava quando criança ele adorava.

- tome cuidado – falou Jay dando um beijo na minha boca – eu te amo.

Nós saímos e entramos no carro de Jake a caminho do bosque que tinha na cidade, era grande e muito agradável de se estar. Quando era criança eu me lembro de brincar no bosque quando criança.

- fiquei feliz quando ligou – falou Jake parando no sinal e olhando pra mim.

- que bom, eu queria passar um tempo com você antes de morrer.

- me faça um favor não fale de morrer, já me sinto mal de ter te tratado como lixo todos aqueles anos.

- eu te amo Jake – falei olhando pra fora.

Ele me puxou e deu um beijo no meu rosto e me abraçou.

- eu também te amo – ele disse isso e eu senti uma gota de lágrima escorrendo no meu pescoço.

O sinal abriu e depois de algumas buzinadas Jake finalmente saiu.

Nós chegamos no parque e entramos para dar uma volta no lago que era enorme. Ele me colocou do lado esquerdo e me abraçou com medo de que eu caísse já que o chão era desigual. Eu o abracei também e me senti feliz por ter meu irmão ao meu lado. Eu realmente o amava.

- quer tomar um sorvete?

- quero.

Ele então pegou um sorvete de maracujá e me entregou e pegou um de baunilha para ele. nós nos sentamos á mesa que tinha próximo ao vendedor.

- Jake, você me promete uma coisa – falei olhando pra ele.

- o que você quiser.

- promete que fará parte da vida dos meus filhos e fará da vida deles melhor do que a minha.

Ele pegou um minha mão e apertou.

- eu prometo.

**Lara Chiaro**

Eu e Jake chegamos em casa por volta dás 12:30. Eu estava morte do cansado Jake tinha que me segurar pelo ombro e eu me apoiava nele para poder andar.

- eu te ajudo a sentar – falou Jake.

Nós nos sentamos.

- olá Jack – falou Lara vindo até o sofá e se sentando ao meu lado. Ela também parecia cansada e tinha dificuldade para andar.

- como você está? – perguntei.

- bem, apesar desses dois estarem sugando minhas energias.

- onde está meu pai?

- trabalhando.

- ótimo – respondi tossindo um pouco – eu queria ficar a sós com você.

- porque? Algum problem?

- não é isso é que todo esse tempo acho que nós nunca realmente ficamos a sós e conversamos.

- vou sentir muito sua falta Jack e seu pai também.

- também vou sentir sua falta e eu não sei como expressar o quanto sou agradecido pelo o que você está fazendo por mim e por Jay.

- não precisa agradecer Jack, você pode não acreditar, mas eu te amo como se você fosse meu filho, nós nos conhecemos á apenas dois anos e sinto como se nos conhecêssemos a uma eternidade.

- eu gosto muito de você Lara. – falei abraçando ela – me prometa que fará parte da vida dos meus filhos.

- sim Jack eles sempre saberão o pai maravilhoso que eles tiveram.

- obrigado.

**Rupert Smith**

Depois que eu me forcei a comer algo por volta dás 15:00 Jake me levou até o restaurante de Rupert.

- vou ficar te esperando aquí de fora. – falou Jake enquanto eu entrava pela mesma porta que eu entrei durante muito tempo que eu trabalhei naquele restaurante.

Eu entrei e fui andando procurando por ele e assim que cheguei na cozinha eu o ví arado de costas na pia.

- olá – falei. Ele se virou e quando me viu ficou calado sem dizer nada por um tempo.

- Jack? O que faz aquí?

- eu queria te ver.

Ele parou o que estava fazendo e veio até mim e me abraçou

- senti sua faltas.

- também senti a sua. – falei abraçando ele – estava com saudades suas.

- eu não me arrependo – falou Rupert.

- eu não quero falar sobre isso. Eu só queria passar um tempo com você.

Ele se aproximou de mim e colocou a mão na minha cintura e e me deu um beijo na boca. um selinho.

- me desculpa – falou ele.

Eu lambi os lábios tentando raciocinar.

- tudo bem – falei.

- é sério – falou ele – eu sinto muito por tudo o que você está passando.

- eu sei, todo mundo sente até eu mesmo.

- vamos até minha sala lá você podemos nos sentar, é perigoso pra você.

Eu olhei em volta na cozinha.

- eu senti falta desse lugar.

- quem te trouxe? – perguntou Rupert enquanto saíamos pelo corredor.

- meu irmão ele está lá fora.

- e como está Jay?

- está bem, obrigado por perguntar.

Nós entramos na sala e eu me sentei um sofá que tinha.

- e como está seus bebês?

- estão bem.

Eu respirei fundo porque senti um pouco de falta de ar.

- eu quero que você faça parte da vida dos meus filhos – falei olhando para ele sentado ao meu lado.

- porque? Você quer mesmo um assassino perto de seus filhos.

- Rupert, você não é um assassino é o homem que deu meu primeiro emprego e meu primeiro beijo é o homem que arriscou a carreira e a vida para que eu me sentisse bem e o que aconteceu comigo não acontecesse com outros.

Eu te amo Jack – falou Rupert começando a chorar.

- eu sei – falei abraçando ele.

**Marisol Fading & Skyler Zyses**

Cheguei em casa por volta dás 17:30. Meu pai ainda estava trabalhando e eu queria ver Marisol e Sky. Eu liguei para eles e nós combinamos de nos encontrar na praça. Jake me levou até a praça e sentou comigo no banco.

- onde eles estão? – perguntou Jake.

- não sei, eles devem estar chegando. – respondi tossindo sangue na minha mão.

- limpa na minha roupa – falou Jake pegando minha mão e limpando em sua camiseta. Ele passou o dedo um meus lábios limpando um pouco de sangue que tinha ficado.

- obrigado – Respondi.

- não tem de que – falou Jake.

- eu fiquei olhando pra ele e pensando que talvez aquela fosse a última vez que fossemos nos ver.

- lá estão eles – falou Jake.

Marisol e Sky se aproximavam.

- olá – falou Marisol.

- vou ficar sentado lá do outro lado é só me chamar quando quiser ir embora.

- como você está Jack?

- bem.

- nós trouxemos algo – falou Sky se sentando.

- o que é?

Eles tiraram de uma pequena sacola três braceletes com os nossos nomes.

- esse é para você – falou Sky me entregando um bracelete com meu nome.

- obrigado.

- vamos sentir sua falta – falou Marisol.

- vocês só se atreva a contar o nome do meu filho para Jay apenas no dia do nascimento assim que ele nascer. – falei sorrindo

- pode confiar não vou dizer nada. – ela disse isso levantando a mão como se fosse uma escoteira.

**Kyle Pryce**

Jake me deixou na porta da casa de Kyle e logo ele me recebeu na porta de pé.

- boa noite – falei entrando – que surpresa – falei sobre ele estar de pé.

- com toda a fisioterapia eu já consigo andar.

Nós entramos e eu me sentei no sofá.

- se não fosse você eu nunca teria tomado a iniciativa.

- onde está seu namorado?

- ele disse que chegaria por volta dás 20:00.

- eu não quero atrapalhar, eu só vim aquí para ficar um pouco com você.

- obrigado por ter vindo me ver.

- eu só queria te dizer uma coisa.

- pode dizer.

- você promete fazer parte da vida dos meus filhos.

- claro, se você quiser eu adoraria.

- eu faço questão.

Nesse momento meu celular tocou, era meu pai ligando.

- oi pai.

- Jack! – falou meu pai parecendo alterado.

Alguém bateu na porta.

- Jack! Abra! – falou Jake batendo na porta.

Eu fui até a porta e abri.

- o que aconteceu!

- é a Lara! – falou Jake.

- o que aconteceu?

Ele ficou olhando pra mim sem querer dizer.

- fala Jake! – gritei.

- Jack, meu pai chegou em casa e Lara estava caída na cozinha em uma poça de sangue.

Eu coloquei a mão no rosto e comecei a chorar.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Cley em 2014-05-19 02:08:19
Que capítulo perfeito... li inteiro com os olhos cheios de lágrimas!