O que Não Te Mata Te Deixa Mais Forte [Capítulo 4]

Parte da série Doces Sonhos

Havia se passado quase uma semana desde que tinha dado o meu primeiro beijo. Eu andava pensando muito em Rupert, nunca pensei que pensaria nele daquela forma eu sempre o tinha visto como amigo. Eu queria muito repetir aquele beijo, mas eu queria esperar até minha próxima consulta com Jay para saber qual a opinião dele. Afinal era para serem passos pequenos e pra mim foi um grande salto. Tinha chegado o dia da minha consulta com ele e preferi ir sozinho a meu pai me levar.

- boa tarde – falou Jay abrindo a porta do consultório.

- boa tarde – falei entrando e indo até o meu lugar e começando a limpar. Eu estava tão empolgado para conversar com ele que limpei rapidamente e me sentei.

Ví que Jay fechou a porta e sorriu pra mim.

- você que não precisamos mais de duas horas de consulta.

- é verdade – falei olhando onde estava sentado. – eu estava tão distraído que nem me lembrei...

- não têm problema – falou Jay se sentando. – não se levante tente continuar com esse mesmo sentimento que você está agora de que já estava limpo mesmo antes de você sentar.

Eu fechei os olhos e respirei fundo com um sorriso:

- dei meu primeiro beijo.

- sério? – perguntou ele.

- muito. – na verdade não foi um beijo de verdade porque não envolveu língua, mas pra mim foi um beijo. O melhor da minha vida. Na verdade o único.

- fico feliz por você – falou ele anotando algumas coisas.

- isso não atrapalha no programa?

Ele começou a rir.

- você deu seu primeiro beijo e aposto que ficou ansioso esperando a semana passar para me perguntar isso?

- na verdade... sim!

- claro que não – falou ele – isso é ótimo, sempre que você tiver a oportunidade dê uns amassos isso vai te ajudar de tantas maneiras diferentes. Sempre que eu posso eu dou uns amassos com minha esposa.

Ele me arrancou uma risada. Ele era uma das poucas pessoas que conseguia me fazer rir.

- agora eu quero beijá-lo mais e mais.

- quem?

- meu chefe. Foi ele que me deu o beijo. Rupert.

- sei... Rupert. Você contou pra mais alguém?

- sim. Minha amiga Kamylla que trabalha no restaurante. Ela ficou muito feliz por mim.

- e o que seu pai disse?

- eu não contei pra ele.

- o que nós conversamos aquele dia na sua casa? Você tem que compartilhar mais sobre você com ele.

- eu sei, mas... eu fiquei tão empolgado e também tão assustado ao mesmo tempo.

- entendo, mas me promete que hoje conta pra ele sobre isso?

- sim. – falei colocando a mão no sofá e logo passando um pouco de álcool em gel nelas.

- também tenho outra tarefa para você essa semana.

- qual?

- quero que saia para um encontro com Rupert. Chame-o para sair para conversarem em um lugar público para comerem juntos e quem sabe... Dar uns beijos.

- ok. Não prometo nada, mas vou tentar.

Eu fiquei calado olhando pra ele e ele continuou olhando pra mim com os óculos no rosto.

- o que? – perguntei.

- não quer me contar nada? – falou ele tentando me decifrar.

- sobre o que? – falei pegando o copo de água e dando um gole.

- seu pai me ligou Jack... Parece que você sofreu um pequeno acidente no trabalho.

Então eu me lembrei do que tinha acontecido eu estava tão eufórico.

- é verdade. – falei me lembrando.

- você percebe como ter passado por aquilo te ajudou? Se não fosse esse pequeno incidente você não teria tido coragem de fazer o que fez. Agora eu entendo o porquê de seu pai ter ligado. Ele disse que você contou sobre o que aconteceu com indiferença e ele ficou preocupado de estar perdendo algo.

- é como se eu não me importasse com o que tinha acontecido. Eu vou me lembrar de tudo de agora pra frente vou anotar em um caderno.

- você não entendeu, eu não estou bravo por não ter lembrado. Isso é um passo a diante. É sinal de que não te afetou do modo que eu esperava é um sinal de que seu cérebro não ligou para o que aconteceu.

- ele estava mais preocupado pensando no beijo – falei o fazendo sorrir.

Depois que a hora da consulta acabou ele se levantou.

- pois bem. A partir de hoje oficialmente você não precisa de duas horas de consulta. Você acha que consegue?

- sim – falei me levantando e indo em direção à porta.

- você acha que vai conseguir sair com ele? – falou Jay – estou perguntando como um amigo seu terapeuta saiu pela janela – falou ele me fazendo virar.

- não sei. Eu só consigo comer perto do meu pai.

- eu tenho uma hora de folga e meu próximo paciente ainda não chegou será que você tem tempo para comer algo na lanchonete lá em baixo? Nós podemos treiná-lo.

- não sei – falei entrelaçando os dedos da mão.

- não fica nervoso.

- é que me pegou de surpresa.

- ambos sabemos que o beijo também foi uma surpresa. E veja pelo lado bom, comigo você não precisa ter vergonha de errar. Eu não vou te julgar.

- tudo bem. – falei esperando em frente à porta para que Jay abrisse pra mim.

Assim que saímos da sala Jay avisou que iria até a lanchonete e voltava mais tarde para atender outros pacientes. Assim que entramos na lanchonete Jay mostrou uma mesa:

- que tal esta?

Eu fui até ela disfarçando e peguei um lenço umedecido e passei na cadeira do Jay e depois na minha.

- pode limpar essa mesa, por favor? – falei chamando um funcionário.

- bom tarde senhor. A mesa está limpa pode se sentar a vontade.

- entendo – falei retirando o forro e entregando para o Jay. Jay por sua vez olhava em volta e via que as pessoas estavam olhando e sorria de volta.

Eu limpei a mesa com álcool em gel e pedi que o funcionário trouxesse outro.

O funcionário olhou pra mim e depois para o Jay.

- não precisa – falou Jay entregando o forro da mesa para ele.

Eu me sentei na cadeira e Jay sentou de frente a mim.

- agora sim – falei.

- até agora tudo bem? – perguntou Jay.

- sim. Acho que vou conseguir sair com Rupert. Está sendo mais fácil do que imaginei.

- boa tarde. O que vocês vão querer?

- pode trazer uma pizza média e Coca-Cola para beber.

- ok. – falei disfarçando um sorriso. Eu nunca estive tão incomodado em toda minha miserável e patética vida, mas estava esforçando.

- então... Você gosta mesmo desse Rupert?

- sim... Quer dizer pelo menos acho que sim, nunca pensei que pesaria nele deste jeito, mas... E sua esposa...

- o que tem ela?

- como foi a primeira vez que se beijaram? O que você sentiu? Se não se importa que eu pergunte é claro.

- tudo bem – falou ele coçando a barba. – eu a conheci em um cruzeiro. O pai dela era o capitão do navio e depois de uma festa no navio resolvemos sair para ver o mar e antes que eu percebesse uma noite de conversa nos levou a se beijar e... o final você sabe. Casados.

A pizza chegou e Jay perguntou se podia colocar o pedaço no meu prato.

- pode sim. – falei olhando em volta e vendo as pessoas conversando. Tantas pessoas em um mesmo ambiente conversando, algumas rindo e outras entrando e saindo.

- Jack! – falou Jay chamando minha atenção para ele.

- desculpa. Estou distraído. – eu olhei para meu pedaço de pizza no prato – parece suculento.

- quer que eu coloque seu refrigerante?

- por favor – falei olhando pro copo.

Ele foi com a garrafa e antes de colocar eu o parei.

- você encostou no copo? – perguntei.

- não, está do mesmo jeito. Algum problema?

- sim. Têm uma digital nesse copo e se você não encostou foi o cara que trouxe. – pode fazer o favor – falei um pouco alto levantando a mão. As pessoas olharam pra mim.

- se acalma. Provavelmente foi eu que encostei eu vou pedir pra trocá-lo.

- se foi você que encostou eu não me importo, mas eu sei que não foi você.

- deseja alguma coisa? – falou o garçom.

Poderia por gentileza trocar esse copo. E se não for incomodar muito lave o novo copo antes de trazer, seque-o com um novo pano e com outro pano envolva-o... Depois pode trazer.

Eu olhei em volta e as pessoas olhavam pra mim. O garçom foi até o gerente da lanchonete e cochichou alguma coisa com ele. eles vieram em direção há mesa.

- boa tarde. O garçom disse que você senhor está tendo alguns problema com os talheres.

- não tem problema só traga um novo copo por favor. – falou Jay.

Depois de alguns segundos o garçom voltou com outro copo em uma bandeja e colocou ele com a mão em cima da mesa.

- o que é isso? – falei levando um pequeno susto. – eu pedi pra você trazê-lo com um pano.

- o senhor estava falando sério? – falou o garçom.

- eu não consigo – falei tentando me levantar da cadeira.

- se acalma Jay.

- se acalme senhor. Vamos resolver isso – falou o gerente colocando a mão no meu ombro.

Eu me levantei de uma vez e minha respiração ficou rápida e irregular eu mal conseguia respirar. Eu estava tendo um ataque de pânico

- por favor – falei me levantando e tentando me esquivar das pessoas que estavam em pé olhando pra mim.

Eu achei que não conseguiria respirar até que saísse daquele lugar. Jay deixou algum dinheiro em cima da mesa e pediu desculpas para o gerente e foi atrás de mim. Assim que eu saí pela porta de vidro eu voltei a respirar, mas lembrei de todos os germes que provavelmente tinha pegado naquele lugar.

- eu tenho que me limpar – falei apalpando os bolsos e não encontrando meus lenços umedecidos e nada do que eu usava para higienização. Eu entrei em desespero. Eu olhava para os lados e as pessoas olhavam assustadas para mim. De repente Jay saiu pela porta.

- Jack se acalma vai ficar tudo bem. – falou ele. mas eu nem dei importância e continuei coçando meus braços e dando tapas no meu ombro tentando limpar algo que não via, mas que sabia que estava lá.

Jay veio pra cima de mim e me deu um abraço forte tentando me acalmar.

- vai ficar tudo bem. – falou ele me apertando. Eu lutava um pouco tentando me soltar. – vai ficar tudo bem. Lembra que você disse lá dentro que confiava em mim? Imagina que enquanto estou te abraçando eu estou te limpando.

Eu me acalmei um pouco.

- se você me abraçar vai fazer mais efeito.

Eu então o abracei e deitei meus olhos em seu ombro tentando enxugar minhas lágrimas e tentando me acalmar.

- respira fundo – disse ele me guiando para sair do meio da calçada.

- está tudo sobre controle – falou Jay para as pessoas que olhavam fazendo elas de espalharem.

Eu ainda tremia um pouco e minha respiração aos poucos voltava ao normal.

- visualize que eu estou te limpando. Todos os lugares que você pensa que tem algo imagina que onde meu corpo toca é aonde está ficando limpo. Não é tão eficiente quanto o álcool em gel, mas dá pro gasto.

Mais uma vez ele conseguiu arrancar uma risada minha. Eu ainda estava com o rosto em seu ombro tentando se esconder. Uma de suas mãos estava nas minhas costas:

- meu ombro – falei.

- ok, tudo bem. – falou ele tirando a mão das minhas costas e colocando no meu ombro direito e alisando. – mais algum lugar?

- não – falei.

- quando se sentir a vontade pode me soltar. Eu não tenho pressa e você também não acredito.

Depois de alguns segundos eu soltei meus braços e levantei meu rosto.

- se sente melhor? – perguntou ele cruzando os braços.

- sim. Desculpa-me. Eu não devia ter vindo e feito você passar por isso. – falei limpando minhas lágrimas com minha mão.

- não tem problema. Você foi bem. Eu é que devia ter ido pra um lugar mais calmo.

Eu então fui andando em direção ao prédio onde ficava o consultório que era ao lado da lanchonete.

- quer que eu vá lá dentro pegar seus lenços e o álcool em gel?

- não precisa. – falei andando olhando pra baixo com vergonha do que tinha feito – eu tenho mais em casa.

- me espera – falou Jay ficando ao meu lado. – eu vou levar você em casa.

- não precisa – falei.

- quer que eu ligue para o seu pai?

- não. Eu vou de taxi.

- não vou deixar você ir sozinho. – falou ele pegando o celular.

- não precisa... – ele me interrompeu.

- Rachel é o Jay. Cancele minhas consultas de hoje eu tive uma emergência. Obrigado.

- não precisava.

- não tem problema. Meu carro está logo alí – falou ele indo ao meu lado.

Eu entrei no carro dele e durante a maior parte do caminho fomos em silencio.

- eu não vou conseguir – disse.

- não pensa nisso, não deixa essa experiência te prender pra sempre.

- é melhor eu sair do trabalho, meu pai nunca quis que eu trabalhasse mesmo...

- não faça isso – falou Jay. – se você se prender em casa você não vai melhorar. Não tome nenhuma decisão agora... quer saber, tive uma idéia. O que você acha de jantar lá em casa?

Eu olhei pra ele.

- é sério. Será um lugar ótimo para você. É calmo é minha casa então você sabe que é muito bem limpa. Assim nós criamos novas lembranças pra você.

- sua esposa não se importa?

- claro que não. Cada paciente exige um tratamento diferente e especifico. Ela vai ficar feliz em te receber.

Eu pensei e depois que paramos na porta da minha casa Jay desligou o carro.

- então. – o que você acha? Ou será que não vai querer encher Rupert de beijos?

Eu dei uma risada tentando responder.

- tudo bem.

- certo. Como eu sei que você trabalha amanhã e vai continuar trabalhando que tal no sábado?

- pode ser – falei com um meio sorriso no rosto tentando me animar.

- fica combinado então. – falou ele anotando o endereço em um pedaço de papel e me entregando.

- obrigado por tudo. – falei abrindo a porta do carro.

- não por isso – falou ele colocando os óculos escuros. – tenta não ficar nervoso até sábado. Relaxe pense nos pontos positivos de passar por esse obstáculo e apareça lá em casa ou eu venho te buscar e qualquer coisa que acontecer é só me ligar que eu venho te ver.

Eu continuei sentado com a porta do carro aberta.

- e seu filho...

- não se preocupe. Ele já tem um ano, vou me certificar de que ele babe ou vomite em você.

- tudo bem – falei tentando forçar um sorriso e saindo do carro – obrigado outra vez.

Ele começou a andar e buzinou duas vezes se despedindo. Eu entrei em casa e fui para o banho. Adeus par de roupas.

Acordei cedo naquela sexta-feira. Meu pai passaria o dia comigo em casa. Depois do que tinha acontecido no dia anterior ele preferiu ficar em casa comigo apesar de eu ter insistido que estava bem.

- bom dia – falei indo até a cozinha. Eu fui em direção ao meu pai e dei um beijo no rosto dele. Eu realmente estava melhor. Estava animado sobre o jantar na casa do Jay. Era a chance que eu precisava para poder provar pra mim mesmo que o que aconteceu na lanchonete não aconteceria de novo.

- bom dia – falou meu pai com um sorriso no rosto. Você está mesmo bem. Talvez devesse ter te ouvido.

- eu te disse – hoje estou melhor – falei colocando as luvas e pegando leite na geladeira – hoje vou fazer minha caminhada, ler, navegar na internet e mais tarde vou para o trabalho.

- não precisa – falou meu pai. – eu liguei para o seu chefe e disse que você não se sentia bem.

- pai! – falei olhando pra ele colocando a mão na testa – eu disse que estou bem.

- eu acredito em você. Só que achei melhor você ficar em casa hoje, mas se você está bem é só ligar dizendo que vai.

- tudo bem – falei voltando a fazer o café da manhã;

- você vai mesmo no jantar na casa do Jay?

- sim... ou vai dizer que cancelou também?

- ainda dá tempo se quiser desistir.

- não precisa pai.

- você quer que eu vá com você.

- isso é uma coisa que eu preciso fazer sozinho.

- ok – falou ele abrindo o jornal e começando a ler.

Depois que fiz o café da manhã eu vesti minha roupa para caminhada e fui até a praça para poder relaxar um pouco.

Como sempre cheguei antes do trabalho.

- boa tarde – falei passando em frente há sala do Rupert.

- boa tarde – falou ele indo atrás de mim. – você está bem?

- estou sim – falei parando em frente ao trocador onde ficavam os armários e os banheiros.

- eu pensei que sei lá... Tivesse alguma coisa a ver com o nosso beijo.

- não se preocupe. – falei.

Nós ficamos nos olhando.

- então... você não sentiu vontade nenhuma de repetir aquele beijo? Já se passou uma semana e você não tocou no assunto comigo. Você não gostou?

- não é isso... e só que... não tenho certeza absoluta se estou pronto. As coisas acontecem com relacionamentos acontecem muito inesperadamente e eu gosto de ter o controle de tudo.

Ele foi se aproximando de mim.

- não tem problema – falou ele se aproximando. – agora eu vou colocar minha mão esquerda no seu rosto. Minha outra vou colocar na sua cintura. – a medida que ele falava ele fazia.

Eu olhei fundo nos olhos dele.

- agora ou você me abraça ou coloca as mãos aquí no meu peito – falou ele pegando minhas mãos e posicionando. – agora vou aproximar meu rosto do seu e te dar um beijo. Não sei quando vou parar e não sei se você vai corresponder, mas vou tentar.

Ele então me deu um selo e ficamos olhando nos olhos um do outro. Eu então aproximei minha boca da dele e entendendo como um sim ele colocou a língua em minha boca. Eu fiquei surpreso com minha reação. Eu me atrevi a colocar a língua na boca dele e começamos a nos beijar. Eu sentia seu perfume e seu corpo em minhas mãos. Estava me sentindo ótimo.

- boa tarde – falou Kamylla interrompendo. – me desculpe.

- não tem problema – falou Rupert.

Eu estava surpreso.

- boa tarde – falei olhando para Kamylla.

- tudo bem? – falou Rupert olhando pra mim.

- estou sim.

Ele então se aproximou e me deu um selinho.

- depois falo com você. – falou Rupert indo embora.

- obrigado – falou Rupert batendo de leve no ombro de Kamylla.

- quando precisar é só avisar – falou ela rindo.

Eu abri a porta e entramos na sala.

- o que foi aquilo? – perguntou Kamylla.

- não foi nada – falei envergonhado.

- acho que foi algo – falou ela amarrando seus cabelos castanhos.

- e você e seu namorado? Estão bem?

- não muda de assunto – disse ela irônica – parece que você deu seu primeiro beijo.

- me deixa – falei rindo.

Depois que acabou o horário de expediente fiquei até mais tarde a pedido de Rupert.

- boa noite – falei entrando no escritório dele.

- boa noite – falou ele se levantando e fechando a porta. – sente-se aquí comigo – falou ele se sentando no sofá que tinha na sala dele. – não se preocupe está bem limpo.

Eu me sentei do lado dele.

- eu queria te perguntar se... aquele beijo significou algo?

- sim. Quer dizer... foi muito bom.

Ele se aproximou de mim e me deu um beijo. Ele então parou o rosto próximo ao meu e respirou fundo no meu rosto. Eu me assustei e me afastei.

- me desculpa – falei.

- não tem problema.

Eu então peguei meu lenço e passei no meu rosto.

- me desculpa – falou ele outra vez. – eu sei que você ainda não se sente 100% confortável comigo. A gente se conhece a 3 meses, mas eu sei que leva tempo.

- obrigado – falei chegando perto dele e aproximando meu rosto e dando um beijo de língua nele. Um beijo calmo que durou alguns segundos.

- então, você acha que sei lá... Podemos tentar um relacionamento? Tipo namoro?

Eu olhei pra baixo pensando. Tentando relaxar.

- eu gosto de você, mas será que podemos tentar ficar apenas nos beijos por enquanto?

- tudo bem – falou ele me dando outro beijo. – eu posso conviver com isso.

Eu me levantei e se despedi e fui pra casa.

Meu pai ainda estava acordado assistindo algum filme. Eu decidi assistir com ele. Meu pai conhecia Rupert e fiquei pensando se devia contar o que tinha acontecido e pedir a opinião dele, mas decidi não fazer isso. Eu iria dar esperanças falsas de que eu estaria me curando e não queria fazer ele sofrer mais.

- pai acho que vou me deitar.

- não quer terminar de assistir o filme?

- não... Eu realmente estou muito cansado.

- tudo bem, boa noite.

- boa noite.

Eu subi as escadas e entrei no meu quarto. Tomei um banho quente e depois fui me deitar pensando o que tinha acontecido e tentando ver meus sentimentos reais, mas tudo o que eu conseguia pensar era no jantar. Queria muito contar para Jay o que tinha acontecido.

Em quanto estava deitado ouvi o telefone de casa tocando e meu pai atendeu. Eu me levantei e fui até o banheiro e peguei a extensão. Era meu irmão. Eu desliguei o telefone na mesma hora. A última coisa que eu precisava era um ataque.

Eu tentei esquecer e fui me deitar e enquanto pensava em tudo e antes que pudesse sentir qualquer coisa eu adormeci.

No dia seguinte era sábado e acordei mais tarde. Acordei por volta das 09:10. Eu me levantei e tomei um banho. Felizmente eu nem lembrava mais do meu irmão ter ligado. Ou eu lembrava e meu cérebro tinha bloqueado para evitar mais sofrimento. Kamylla almoçou em casa.

- obrigado por ter vindo – falei pra ela – assim eu posso treinar em comer com outra pessoa antes do jantar de hoje.

- mas o jantar de hoje não é um treino?

- sim... esse é o treino antes do treino.

Assim nós três sentamos a mesa e eu estava na esperança de que o dia valesse a pena.

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