Escreva Seu Nome [Capítulo 28]

Parte da série Doces Sonhos

Eu abri meus olhos devagar e estava na cama de um hospital, provavelmente a centésima vez daquele ano.

Eu olhei para os lados e jay estava ao meu lado sentado em uma poltrona.

- bom dia bela adormecida.

- vocês o pegaram! – falei assustado tentando em sentar com medo de colocar a mão entre minhas pernas.

- Jack, fique calmo, pegar quem?

- quem? Ted.

- Ted? O nosso vizinho? porque?

- porque? A gente estava transando e ele...

- o que? Tranzando? Sua alucinação dessa vez foi com o nosso vizinho que acabou de conhecer?

- que alucinação?

- eu disse isso colocando a mão no meio das pernas e olhando pra Jay.

- o que foi? – perguntou ele.

- nada – respondi – o que aconteceu?

- Jack eu chegue em casa encontrei você desmaiado no chão. Você teve uma alucinação e logo após uma convulsão. Eu encontrei você caído no próprio vômito.

- o que você escorregou não foi sangue?

- claro que não.

Eu respirei um pouco para poder processar tudo.

- ainda bem – falei.

- ainda bem o que?

- nada Jay. – falei me acalmando tentando esquecer aquele pesadelo. – quer dizer então que os sintomas do câncer já começaram.

- eu não sei, o médico fez vários exames e nós estávamos esperando você acordar para falar.

- como está? – falou Dr. Max entrando no quarto.

- me diz que tem boas noticias – falei me sentando na cama.

- Jack, infelizmente o câncer voltou.

- o que? Mas tão rápido você disse que seria em mais ou menos 10 meses, só tem 6 meses.

- infelizmente seu câncer desenvolveu metástase.

- o que é isso? – perguntou Jay.

- é quando uma lesão se forma a partir do tumor. Estão crescendo outros tumores nos seus órgãos a partir do tumor na sua cabeça.

Eu olhei para Jay que apertou minha mão.

- sinto muito. – falou Max.

- quanto tempo eu tenho? – perguntei.

- sinto muito – falou ele.

- quanto tempo? – perguntei outra vez.

- talvez 1 mês. – depende de como o câncer se desenvolver.

- eu preciso de mais tempo – falei olhando para Jay – eu preciso ver meus filhos nascerem. – eu disse isso começando a chorar e Jay me abraçou também chorando.

- sinto muito – falou o médico saindo do quarto.

Eu abracei Jay forte sem acreditar que aquilo estava acontecendo, meu último desejo era ver meus filhos nascerem e nem isso eu teria.

Assim que cheguei em casa eu fui direto para a cama e me deitei, eu estava triste de meio depressivo.

Jay se sentou na cama e ficou me olhando.

- tudo bem Jack? – perguntou ele.

- eu só queria ver eles nascerem Jay.

Ele se deitou na cama e me puxou me fazendo deitar em seu peito.

- eu também Jack.

- porque isso está acontecendo comigo?

- eu não sei, eu realmente não sei – falou ele tentando me consolar.

Eu não disse mais nada e fiquei deitado sem acreditar que no dia anterior eu estava feliz conversando com meus filhos e agora eu estava deitado chorando porque não veria eles vivos.

No mesmo dia Jay ligou para meu pai vir com Lara até nossa casa para podermos dar a notícia. Meu pai não aceitou a notícia muito bem. Eu o via sofrer o dobro do que eu sofria todas as vezes que ele recebia uma noticia sobre mim.

Assim que eles foram embora eu voltei para o quarto e deitei na cama sem saber o que fazer. Minha vida parecia fazer mais sentido.

Jay fez o almoço e eu não quis comer.

- você precisa comer Jack.

- estou sem fome.

- por favor Jack, não torne mais difícil tudo isso. Você precisa aguentar o máximo que puder.

Eu fiquei olhando pela janela o tempo lá fora.

- vamos até a dra. Jessye para um consulta nós dois.

- tudo bem – falei – eu vou tentar.

Naquela mesma tarde Jay marcou uma consulta e ela nos atendeu no mesmo dia.

- bom dia – falou ela enquanto eu e Jay entrávamos na sala.

Nós nos sentamos na poltrona e Jay contou tudo pra ela. Eu não consegui dizer nada. Eu já tentava não pensar no que estava acontecendo.

- como você se sente Jack? – perguntou ela. Eu não respondi nada. – você deve estar decepcionado.

- estou péssimo. O pior é que não estou péssimo por mim. Eu não me importo de morrer. Eu estou péssimo porque meus filhos nunca irão me conhecer.

- ele irão te conhecer - falou Jay. – eles conhecerão o outro pai.

- não é isso Jay. Sabe aquele momento em que eles nascem e você o pega os braços e por um instante ele te olha e se sente seguro e te conhece e ama por toda a vida? Eu não terei esse momento.

- seu filho vai te conhecer – falou a psicóloga.

- como?

- você conversa com eles? Você tira um momento todos os dias para conversar com eles na barriga?

- sim – respondi.

- então eles te conhecem. Eles sabem que tem um pai que todos os dias está lá por eles, conversando e os tirando do tédio que é estar dentro de um lugar apertado.

Eu comecei a chorar e peguei um lenço e limpei meus olhos.

- não deixe que este diagnóstico te defina. Seja um bom pai agora e pode ter certeza q eu seus filhos vão se lembrar de você e vão te amar.

- obrigado – falei.

Depois da consulta eu fiquei mais animado. Realmente o que Jessye tinha dito me tocou, eu tinha que ser um bom pai.

Era por volta dás 16:40 quando saímos do escritório. Nós entramos no carro e Jay começou a dirigir.

- eu nunca vou te esquecer – falou Jay.

- também nunca vou te esquecer.

Ele então começou a andar por um caminho diferente.

- aonde vamos.

- surpresa.

Nós andamos um pouco e chegamos no centro e ele estacionou em uma galeria. Nós entramos e entramos em um estúdio de tatuagem.

- você vai fazer uma tatuagem? sério? Eu morrendo e você pensando em fazer uma tatuagem.

- calma Jack, eu vou tatuar o seu nome.

- o meu? Não se deve tatuar o nome de namorados no corpo, só de filhos.

- seria bom se eu soubesse o nome dos nossos.

- e quando você encontrar outro namorado? E quando você se apaixonar? O que vai dizer para ele quando vir sua tatuagem?

- vou dizer que eu só tive um verdadeiro amor na minha vida e está marcado em mim pra sempre.

- tudo bem – falei sorrindo – eu também vou tatuar seu nome Jay.

Ele deu um sorriso e segurou minha mão enquanto entrávamos no estúdio. Eu fiz a tatuagem primeiro um coração em chamas no braço esquerdo escrito Jay no centro. Logo após foi a vez de Jay que fez a mesma tatuagem só que no braço direito e com o meu nome.

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