É Sempre Mais Escuro Antes Do Amanhecer [Capítulo 10]

Parte da série Doces Sonhos

Havia se passado algumas horas que eu tinha acordado. Depois que os médicos fizeram alguns exames eu recebi ordens para descansar. Eu ficava deitado na cama tentando me lembrar do que tinha acontecido até que alguém entrasse no quarto e me dissesse.

- olá – falou meu pai entrando no quarto.

- oi – falei olhando pra ele. – o que aconteceu.

- filho... você tomou todos os seus remédios.

Ele se sentou na poltrona ao lado da minha cama.

- você tentou se matar? – perguntou ele.

- não – respondi olhando para ele. – eu só queria ajudar o meu irmão... espera... eu vou ser internado ou coisa assim?

- não – falou ele sorrindo. Como você já faz terapia e se você disse que não tentou se matar eu confio em você.

- obrigado – falei levantando a mão para apertar a dele.

Ele deu um beijo na minha mão:

- não sei o que faria se tivesse te perdido.

- quanto tempo eu fiquei dormindo?

- 3 dias. Você se lembra de alguma coisa?

- a última coisa que eu me lembro de tomar meu remédio e depois acordar aquí. Foi como se eu tivesse apenas fechado os olhos e aberto rapidamente.

Eu ouvi a porta do quarto abrir e Jay entrou.

- oi – falou Jay.

Eu fiquei olhando para ele e seus olhos verdes. Eu fiquei olhando como se eu já o conhecesse mais do que o conhecia. Alguma coisa estava diferente.

- não vai me responder? – falou Jay.

- oi – falei pegando na mão dele.

- outras pessoas vieram te ver. – falou Jay e eu ví Kenny entrando.

Ele entrou e estava com uma caixa de chocolates na mão.

Ele trazia um sorriso no rosto.

- olá Jack – falou ele se aproximando.

Eu fiquei sorrindo pra ele por um tempo.

- oi Kenny – falei sentindo um pouco de falta de ar que tentei controlar afinal não queria assustar ninguém.

- eu trouxe pra você eu sei que você gosta – ele falou colocando em cima do criado mudo ao lado da cama

- onde está meu irmão? – falei sorrindo para todos. – você fizeram o transplante.

- não – falou meu pai – nós mesmo que você queira você precisa assinar o consentimento.

- droga! – exclamei – pensei que tinha pensado em tudo.

- não se preocupa – falou meu pai – não precisa fazer se você estiver com medo ou não se sentir confortável.

- eu quero – falei. – o quanto antes melhor eu só quero salvar meu irmão.

- tudo bem – falou meu pai.

- ele está acordado?

- sim. – falou meu pai.

- eu quero vê-lo.

- tudo bem – falou meu pai.

- nós vamos deixar vocês á sós – falou Jay e Kenny saindo do quarto.

Eu sentei em uma cadeira de rodas e me levaram até o quarto dele.

Meu irmão estava dormindo e ele tinha vários curativos na cabeça e nos braços. Meu pai parou a cadeira ao lado da cama do meu irmão e eu levantei minha mão e apertei a dele. Meu irmão apertou minha mão.

- pai? – falou ele.

- sou eu – respondi.

Quando disse isso meu irmão soltou minha mão.

- não quero te ver – falou ele abrindo os olhos devagar e com a voz rouca.

- Jakob – falou meu pai se aproximando.

- eu não quero – falou meu irmão.

- tudo bem pai – falei me afastando com a cadeira.

Meu pai me levou de volta para meu quarto e eu me deitei na cama.

- quando podemos fazer o procedimento? – perguntei para o meu pai.

Havia se passado duas semanas desde que eu tinha acordado. Um dia depois que eu acordei eu doei um dos meus rins para meu irmão que estava de repouso em casa... e não falava comigo. Eu não me importava dele não falar comigo mesmo eu tendo salvo a vida dele, desde de que ele estivesse vivo e bem. Eu andava meio estranho desde que tinha voltado para casa. Minha casa não parecia à mesma e nem as pessoas. Eu mesmo parecia diferente. Era como se eu conseguisse controlar meu TOC. Eu me sentia como se um peso enorme tivesse sido tirado de cima de mim.

Kenny passava mais tempo lá em casa fazendo companhia para meu pai. Quando ele entrava em casa eu sentia um arrepio que não conseguia explicar.

Kenny às vezes se sentava ao meu lado enquanto eu assistia televisão. Eu ficava meio incomodado, mas eu não queria mais evitar as pessoas já que eu me sentia melhor.

- tudo bem campeão? – falou Kenny pegando na minha mão.

- tudo.

- vou lá em cima ver seu irmão.

- vou dar uma saída, mas pode ficar a vontade – falou meu pai pegando na mão do Kenny e o cumprimentando.

Eles subiram as escadas e eu fiquei sentado no sofá assistindo TV. Depois de algum tempo Kenny desceu as escadas e se sentou ao meu lado outra vez.

- está se sentindo melhor? – falou ele.

- estou sim. Melhor do que eu esperava.

- você sabe, qualquer coisa que precisar não precisa contar só com seu pai, o tio Kenny está aquí pra você. – ele disse isso colocando a mão na minha perna.

Eu senti um choque quando ele disse isso. Eu olhei para frente e ví meu eu com 9 anos de idade parado olhando pra mim.

- me ajude! – falou ele entrando dentro do armário de tinha na sala.

Eu olhei para Kenny começando a suar e tremendo um pouco.

- está se sentindo bem? – perguntou ele tentando colocar a mão no meu rosto, mas eu me afastei assustado.

- fica longe de mim. – falei assustado.

O sorriso do Kenny desapareceu e ele ficou olhando pra mim sem dizer nada.

- está com medo do titio? – falou ele.

- tira a mão de mim. – falei.

- Shhh – você não quer acordar seu irmão ou quer? – falou ele colocando o dedo na boca – não se preocupe eu não vou fazer nada com você.

Eu tremia e agora me lembrava de tudo o que ele tinha me feito quando tinha 9 anos, eu me lembrava do Kyle.

- eu sempre pensei no dia em que você fosse se lembrar – falou Kenny se levantando. – não adianta você contar. Ninguém vai acreditar em você. Você é um garoto patético e doente.

Ele ficou sorrindo pra mim em pé.

- você quer alguma coisa eu vou até a cozinha.

Eu fiquei sentado no sofá limpando as lágrimas no meu rosto enquanto ele voltou com uma lata de refrigerante e me entregou. Ele se sentou do meu lado.

- toma um gole.

Eu não conseguia me mover. Eu parecia aquele garotinho de 9 anos indefeso que estava prestes a passar por uma coisa horrível.

Ele tomou um gole da cerveja dele e disse:

- seu pai ainda vai demorar que tal você ajudar o titio.

- não – falei baixo e começando a chorar soluçando.

- Shhh – não faz barulho ok? Você se lembra do que o titio te ensinou.

- meu irmão está lá em cima! – falei na esperança de que ele me deixasse em paz.

- seu irmão não liga pra você, ele já é acostumado a seus ataques de pânico e grito e a não fazer nada. Ninguém se importa com você Jack. Nem sue pai nem seu irmão. Onde está seu pai para te defender? Ele te deixou sozinho outra vez.

Ele pegou minha mão e colocou sobre a calça dele.

Eu virei o rosto para não olhar e não mexi a mão.

- vamos lá Jack, faz o titio gozar.

- tira a mão dele – falou meu irmão em pé na escada.

Kenny ser assustou e se levantou. Meu irmão estava com um pouco de dificuldade de andar devido a cirurgia.

- Jakob – falou Kenny sorrindo pra ele – seu irmão já é maior de idade e se ele quer isso, o que eu posso fazer? Foi ele quem se jogou em cima de mim.

- eu ouvi tudo seu desgraçado – falou meu irmão terminando de descer as escadas.

Eu me encolhi no sofá.

- você já fez isso comigo – falou meu irmão. Eu nunca disse nada pra ninguém. Eu não quis decepcionar minha mãe e meu pai. você fez tantas vezes e todas elas fez parecer minha culpa, todas as vezes eram a última e quando você finalmente parou eu me senti livre.

Meu irmão falava cada palavra e seus olhos se enchiam de lágrimas. Ele olhou pra mim encolhido no sofá.

- quando você não fez aquilo comigo era porque você estava fazendo com meu irmão. Eu nunca disse nada pra ninguém porque era passado e eu não queria causar problemas para minha família, mas eu não acredito que você fez isso com o Jack.

- vai embora – falou meu irmão. – vai embora para longe porque quando meu pai descobrir ele vai atrás de você e eu vou com ele. eu vou te matar.

Kenny então abriu a porta e saiu por ela cantando pneu.

Eu fiquei sentado olhando para meu irmão enquanto ele se aproximava de mim. Ele se sentou no sofá ao meu lado.

- me perdoa – falou ele chorando.

Eu o abracei.

- eu devia ter te protegido.

Depois de alguns segundos meu pai entrou pela porta. Ele viu eu e meu irmão abraçados e chorando.

- onde está o Kenny? o que aconteceu aquí? – perguntou meu pai.

Meu irmão deu um beijo no meu rosto.

- me perdoa. – falou ele – se eu tivesse dito antes você não teria passado pro isso.

- passado pelo que? – falou meu pai colocando as sacolas no chão e ficando em nossa frente.

Meu irmão tentou me soltar, mas eu não soltei ele.

- não precisa ficar envergonhado. A culpa não foi sua.

Meu pai olhou para nós dois abraçados e tentava adivinhar o que tinha acontecido.

Essa é a vida real? Ou será que é apenas fantasia? Eu já não tinha mais a respostas para essas perguntas. Eu tinha me deitado na cama e meu pai discutia com meu irmão. Meu irmão disse que meu pai não deveria fazer nada, especialmente matar Kenny que era o que ele pretendia. Eu me sentei na cama para ouvir melhor o que eles falavam. Já era de noite e eles estavam no quarto do meu irmão;

- como ele teve coragem de fazer isso? – falou meu pai. – eu sempre o recebi de braços abertos em casa. Como ele teve coragem de pegar meus dois garotos e fazer o que fez.

- me perdoa pai. Eu não tive coragem de contar pra ninguém.

- você também é vítima filho.

- vamos deixar a policia fazer o trabalho deles.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos.

- ele se lembrou de tudo – falou meu irmão.

- ele deve estar tão confuso. Isso foi culpa minha, se eu não tivesse obrigado ele a tomar aqueles remédios ele poderia ter me dito antes o que tinha acontecido.

- Jack teve estar cheio de perguntas. Vamos conversar com ele.

Eles vieram até meu quarto e acenderam a luz dele.

- pensei que estava dormindo – falou meu pai entrando junto com meu irmão.

- estou sem sono.

Ele se sentou na cama e meu irmão ficou parado na porta.

- agora que eu me lembro eu sinto saudades do Kyle.

- não pense nisso filho. Eu posso fazer algo por você? – perguntou meu pai.

- qualquer coisa! – falou meu irmão.

- pede para o Jay vir aquí. Eu sei que o senhor falou para ele me dar um tempo para descansar, mas eu quero vê-lo eu tenho saudades dele – falei limpando uma lágrima do meu olho.

- agora? – perguntou meu pai

- sim.

Meu pai se levantou e saiu do quarto para fazer a ligação.

- faça companhia pra ele Jake. – falou saindo do quarto.

- tudo bem – falou ele entrando e se sentando na cama. – você está bem? Quer comer alguma coisa?

- estou bem – falei – verdade.

Ele abaixo a cabeça sem saber o que dizer.

- você denunciou o Kenny? – perguntei.

- sim – falou Jakob – mas, infelizmente ele não vai ficar preso muito tempo... acho que apenas 72 horas já que não temos prova do que nós falamos, mas eles vão investigar ligações, e-mails e tudo na vida dele e com sorte vão descobrir alguma coisa para incriminá-lo.

- eles precisam do nosso depoimento?

- sim. O policial disse que quando quisermos ele pode vir aquí em casa devido a nossas cirurgias.

- não deixe meu pai fazer nada de errado... e você também não faça.

- fica tranquilo.

Nós ficamos calados alguns segundos.

- obrigado – falou meu irmão – por doar o rim pra mim apenas de tudo o que eu te fiz passar.

- não foi nada – falei dando um sorriso forçado porque lá no fundo eu me sentia vazio.

- eu já liguei pra ele. – falou meu pai entrando no quarto.

- o Jay sabe?

- não – respondeu meu pai.

- será que... – falei hesitando em fazer uma pergunta que eu queria muito fazer?

- pode perguntar – falou Jakob.

- será que é por isso que eu gosto de homens? – fiquei envergonhado de fazer essa pergunta, mas eu estava me perguntando aquilo o dia inteiro.

- filho – falou meu pai se aproximando – quando você tinha 8 anos de idade você disse queria se casar comigo quando crescesse e me deu uma flor branca que eu guardo até hoje. Eu sei que pode não significar muita coisa, mas desde aquele dia eu sabia quem você era e sempre te apoiei. Não se preocupe com isso porque o que Kenny fez com você não te define. Ele vai pagar pelo que fez.

- obrigado – falei sorrindo pra ele.

Logo ligaram no telefone de casa. Era o porteiro do condomínio perguntando se autorizada a entrada de Jay Rodriguez.

Assim que desligou o telefone meu pai disse que iria recebê-lo na porta.

- pai – falei rápido antes que ele saísse – eu quero contar para o Jay o que aconteceu. Ele vai saber o que dizer.

- tudo bem – falou ele saindo do quarto.

Meu irmão se levantou da cama e disse que se precisasse dele ele estaria junto com meu pai lá embaixo.

Eu respirei fundo e logo ví Jay aparecer na brecha da porta.

- posso entrar? – falou Jay.

- pode – falei forçando um sorriso que saiu melhor do que esperava.

- como você está? – falou ele se sentando na cama.

- estou me recuperando bem.

- que bom – ele disse sorrindo.

Agora eu via a semelhança dele com Kyle. Os dois tinham olhos verdes e isso me acalmava de algum modo essa semelhança de Kyle nunca saiu de minha cabeça.

- posso te dar um beijo? – perguntou Jay.

- claro – falei me aproximando dele. Nós demos um beijo calmo. Enquanto nos beijávamos eu alisei o rosto barbudo dele com as costas da minha mão. Sem querer derramei uma lágrima.

- algum problema? – perguntou ele me olhando um pouco assustado.

- é que aconteceu uma coisa – falei limpando o olho.

- quer falar sobre isso?

- sim, foi por isso que te chamei, eu tenho tantas perguntas.

- eu me lembrei de Kyle.

Ele ficou olhando pra mim surpreso.

- seu pai te contou?

- não. Eu simplesmente lembrei.

- isso é raro, mas às vezes fica traços de uma memória apagada e apenas um detalhe ou não sei... qualquer coisa pode fazer ela voltar. – ele falou isso limpando meu rosto. – como você se sente?

- não sei, acho que neutro. Acho que conformado. Agradeço por não ter ficado de luto por ele.

- acho que você está sentindo mais do que isso.

Quando ele disse isso meu braço pinicou. Eu o alisei.

- Jay eu vou te contar uma coisa e a partir de agora você é apenas meu terapeuta, não me leve a mal.

- tudo bem – ele se levantou da cama e puxou uma cadeira que tinha no meu quarto e colocou do lado da cama bem de frente de mim.

Eu ainda sentado na cama tentei relaxar para o que eu ia contar.

- quando se sentir confortável pode dizer eu sou apenas seu terapeuta.

- eu... – fechei os olhos e respirei fundo. – sabe o Kenny o amigo do meu pai do qual eu já te falei antes?

- sim – falou ele.

Eu me sentia envergonhado de dizer aquilo e mais uma vez senti meu corpo todo pinicando.

- fica calmo – falou Jay. – se concentre no que você quer dizer. Você está bem. Está seguro.

- ok – falei ficando com os olhos vermelhos, eu estava realmente envergonhado do que eu ia dizer.

Nós ficamos em silencio por um tempo. Ele apenas olhava pra mim e eu olhava pra ele e imaginava o que ele iria pensar de mim. Eu precisava que ele fosse apenas meu terapeuta, ele não poderia ter reações.

- acho que com o tratamento de choque e os remédios para esquecer Kyle e o acidente outra memória minha foi apagada junto.

- é impossível saber – falou Jay – se for um trauma ou uma lembrança ruim pode sim desaparecer junto com outra memória mesmo sem você querer, mas como eu disse, é impossível saber a menos que você se lembre.

- eu me lembrei – falei apertando os lábios.

- você quer me falar sobre essa lembrança?

- sim.

- sei que pode ser difícil, mas nós vamos trabalhar juntos seja qual for a lembrança que voltou.

- quando eu tinha 9 anos de idade, um dia antes do meu aniversário de 10 anos, Kenny, o amigo do meu pai me tocou.

- eu sei que você não gosta de ser tocado – falou Jay – nós nunca vamos saber exatamente quando o TOC começou, mas acho que esta lembrança não é tão ruim...

- não é isso – falei interrompendo ele – Jay, Kenny me tocou quando tinha 9 anos.

Ele ficou sem expressão no rosto ainda sem entender, ele provavelmente me achava obcecado ao me lembrar que pessoas me tocavam o tempo todo.

- ok – falou Jay – tem algum motivo pelo qual você acha que essa lembrança foi apagada e voltou agora que você se lembrou do Kyle.

- Jay – falei engolindo seco – Kenny me tocou... literalmente – falei outra vez pesando que ele entenderia.

- as vezes ficar remoendo não é bom pra você...

- Jay – falei interrompendo ele outra vez. – ele abusou de mim.

Ele não disse nada e apenas ficou olhando sem expressão e sem piscar.

- Ele abusou de mim quando tinha 9 anos, ele me tocou... Ele me fez tocá-lo em alguns lugares. Eu não me lembrava disso até hoje mais cedo quando ele se chamou de “titio Kenny”.

Ele ficou sem dizer nada apenas olhando.

- era assim que ele te chamava para poder ganhar sua confiança? – falou Jay.

- sim – falei limpando algumas lágrimas que escorreram no meu rosto. – ele ficava perto de mim e dizia ser meu tio Kenny.

- foi apenas uma vez?

- não – falei. – ele fez outras vezes, mas todas às vezes eram sem penetração. Acho que ele sabia que me machucaria.

- eu sei que é difícil e vai levar tempo, mas falar sobre o que acontecia pode te ajudar a se livrar de um peso muito grande, nós podemos descobrir que seu TOC na verdade não tem nada a ver com o trauma de sua mãe ter falecido com uma infecção, mas ter outra origem. Se não estiver pronto para falar.

- eu estou pronto – falei – está queimando aquí dentro. – falei colocando a mão na minha garganta.

Jay se acomodou na cadeira. Eu precisava que ele fosse 100% meu terapeuta naquele momento. Eu seu que o Jay terapeuta já tinha ouvido histórias como centenas de vezes, mas não sabia que Jay meu namorado, o homem que amava estava preparado para aquilo.

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