Um Novo Capítulo [Capítulo 33] - FINAL

Parte da série A Grande Maçã

Finalmente tinha chegado o dia da audiência. Eu e Warren tínhamos nos casados á 10 dias e era uma terça-feira e meu irmão, meu tio e minha mãe iriam vir para Nova York para presenciarem a audiência da ordem de restrição já que meu pai tinha contratado um advogado para que o pedido da ordem fosse retirado. Além de me espancar ele ainda queria poder chegar perto de mim sem quebrar nenhuma lei.

Eu e Warren estávamos no aeroporto esperando o voo das 10:00 da manhã esperando todos chegarem.

- você está nervoso? Para conhecer minha família?

- só um pouco.

- não precisa ficar. – falei acalmando ele – minha família é bem calma.

- e seu irmão homofóbico? Eu preciso esperar uma briga?

- quantas vezes eu vou ter que dizer que ele não é mais, aconteceu muita coisa, ele era homofóbico.

- estou só brincando – falou Warren.

- e não se assusta meu tio é a cara do meu pai, eu sei que você nunca viu meu pai, mas a única diferença entre meu pai e meu irmão é que meu irmão usa barba e meu pai não.

Logo vimos uma porção de pessoas entrando pelo portão, um voo tinha chegado. Nós olhamos para as pessoas chegando e logo vi meu tio e meu irmão chegando e um pouco mais atrás minha mãe. Eu fui em direção dele e dei um abraço no meu tio e no meu irmão, fui até minha mãe e dei um beijo no rosto dela.

- que saudades – falei abraçando ela forte.

- parece uma eternidade – falou minha mãe.

Eu reparei que ela parecia forte e rosada, ela com certeza estava bem de saúde.

- então, aonde está esse tal de Warren? – falou meu irmão.

- logo ali – falei sinalizando com a mão para ele e Warren respondeu. Logo chegamos perto dele e eu os apresentei.

- Warren essa aqui é minha mãe Sarah, meu irmão que é seu xará, Charles e meu tio Jeff.

Eles se cumprimentaram.

- Mãe, Charles, tio Jeff, esse é Charles Warren, meu marido.

- marido? – perguntou meu irmão confuso.

- sim, nós nos casamos faz uma semana.

- parabéns – falou minha mãe me abraçando – só fico triste porque você não me chamou para o casamento.

- foi uma coisa pequena mãe.

meu irmão apertou a mão do Warren.

- cuide bem do meu irmãozinho.

- aonde você se casaram? – perguntou meu tio.

- em Las Vegas – respondi.

- fico feliz por vocês – respondeu meu tio.

Logo estávamos na casa do Warren e mostramos o quarto de cada um. A audiência seria no dia seguinte eu estava muito nervoso. Minha vida estava perfeita exceto por esse detalhe. Eu não poderia viver minha vida tranquilo sabendo que meu pai poderia aparecer a qualquer momento e fazer alguma maldade a mim ou mesmo ao Warren.

No jantar todos sentamos a mesa e enquanto comíamos contávamos as novidades.

- como est[a meu sobrinho e minha cunhada Charles?

- estão muito bem, ela te mandou um abraço.

- manda um pra ela também e um beijão no meu sobrinho.

- e a senhora mãe? Anda bem ou passando mal?

- estou ótima, não fico sozinha porque seu irmão não para de me visitar e seu tio as vezes dorme 2 noites comigo.

- e o Joseph? – perguntou meu tio fazendo minha mãe corar e tentar guardar um sorriso.

- quem é Joseph? – perguntei.

- por favor Jeff e Charles não vamos falar sobre isso.

- me fala mãe quem é Joseph? – perguntei.

- é um namoradinho que sua mãe arrumou – falou tio Jeff.

- namoradinho... até parece que tenho idade pra isso – falou minha mãe envergonhada.

- não precisa ter vergonha mãe, o amor não tem idade. O Warren por exemplo, ele tem 38 anos e eu 22. 16 anos de diferença. Quando Warren tinha 18 anos eu tinha apenas três, quem diria que nós ficaríamos juntos? ninguém, muitas pessoas jogaram água fria, como o irmão dele e a própria mãe e o pai, mas nós continuamos juntos.

- obrigado por isso filho – falou minha mãe.

- então, você gosta mesmo desse tal Joseph?

- sim – falou ela sorrindo.

- então mãe, tudo o que tem que fazer é ser feliz.

Depois do jantar nós comemos sobremesa e depois de uma conversa todos decidimos ir nos deitar.

Eu estava no quarto ao me deitando ao lado de Warren quando alguém bateu na porta. Eu fui até ela e abri, era meu irmão.

- Fry eu queria conversar com você, será que você pode vir um pouco.

- claro – respondi.

- será que eu posso roubar meu irmão um pouquinho Warren? – perguntou meu irmão.

- claro que sim – falou Warren.

Eu sai do quarto e fechei a porta.

Nós fomos em direção ao quarto dele.

- então você está nervoso com o amanhã? – perguntou Charles.

- um pouco, falei me sentando na cama que ele iria dormir.

- espero que dê tudo certo e nosso pai deixe você em paz.

- eu estava pensando em algo Charles. – falei escorando na cabeceira.

- o que? – falou Charles se sentando ao meu lado.

- eu sou gay, você não é gay, mas gosta de mulheres e homens. Meu marido é gay, o irmão dele; Homer; também é gay. Meu tio é gay... você não acha que meu pai com todo esse ódio também não seria?

Meu irmão ficou pensando por um tempo e ví que ele seguiu minha lógica.

- com todo esse ódio por gays só pode ser isso, especialmente porque eles são irmãos gêmeos e a chance dos dois serem são maiores. – falou meu irmão.

- não sei o porque de todo esse ódio. – falei.

- pois é, mas você não precisa ficar com medo amanhã estará tudo resolvido.

- vou para meu quarto então.

- deita aqui com o maninho.

Eu então me deitei ao lado dele e deitei a cabeça em seu braço direito que ele usou para me abraçar.

- sinto saudades de você.

- também penso muito em você. Fico preocupado com seus sentimentos as vezes.

- fica pensando em mim é? Que fofo.

- claro eu me preocupo com você, afinal você é meu irmão.

- eu também penso em você. Antes de me contar sobre o seu relacionamento com o Warren eu ficava imaginando se porque acaso você não estaria em perigo nas ruas e se prostituindo outra vez.

Eu levei um susto quando ele falou isso.

- meu tio te contou?

- claro que contou. E eu agradeci por ele ter contado, qualquer problema que você tivesse era mais uma pessoa para te ajudar.

- você realmente me ama não é Charles?

- com certeza.

- é bom saber que posso contar com você.

Eu me levantei da cama.

- já vou indo estou muito cansado.

- me dá um abraço.

Eu o abracei e dei um beijo no rosto dele.

- me dá um selinho maninho.

Eu então dei um selinho na boca dele.

- eu te amo Charles nunca se esqueça de mim.

Eu então fui para meu quarto. Eu abri a porta e Warren já estava dormindo. No escuro mesmo eu fiquei apenas de bermuda e me deitei ao lado dele e fiz conchinha com ele e antes de fechar os olhos dei um beijo na nuca dele e senti o cheiro dos cabelos dele e respirei bem fundo antes de dormir como um bebê.

No dia seguinte nos arrumamos e antes de percebemos já estávamos no tribunal esperando apenas pela juíza. Tudo tinha sido tão rápido, desde a surra que meu pai de deu e finalmente estávamos no tribunal para resolver tudo aquilo.

Antes de entrar uma mulher me parou no corredor.

- Fry? – perguntou ela.

- sou eu mesmo – respondi confuso.

- eu sou Janet, esposa do seu pai Dean.

Eu fiquei confuso e deveria estar pronto para uma briga.

- eu só queria te dizer que sinto muito pelo que aconteceu.

- ele te contou? – perguntei espantado.

- claro. E eu sei que pode parecer inútil, mas ele está realmente arrependido.

Eu apenas concordei com a cabeça ouvindo o que ela tinha a dizer.

- eu sei que você deve ter sofrido muito com o que ele te fez, mas espero que você reconsidere, porque ele realmente está arrependido.

Ela se despediu e entrei na sala de julgamento.

Logo todos nos levantamos para que a Juíza Mary tomasse seu posto.

O advogado do Warren iria me representar e logo ele se levantou e deu as declarações iniciais e logo foi à vez do advogado do meu pai.

- porque meu cliente deve se manter longe do próprio filho? Ele não quer nada mais do que poder ver o filho que já é maior de idade. Esse homem se arrepende do que fez e quer que vocês apenas deem outra chance para ele.

O advogado se sentou e logo foi a vez do meu advogado.

- o que este homem quer é uma segunda chance? Para que? Terminar o que começou?

- protesto – falou o advogado do meu pai.

- eu retiro a declaração – falou meu advogado. – eu tenho aqui comigo as fotos que meu cliente Fry tirou no dia do ocorrido.

Ele pegou algumas fotos e mostrou para a juíza e para as pessoas que assistiam.

Eu ví que minha mãe, meu irmão e meu tio ficaram desconfortáveis ao ver as fotos de meus machucados e do meu rosto.

- tudo o que meu cliente quer é paz. Ele não prestou e não pretende prestar queixas contra o pai ele só quer sossego.

Eu olhei para meu pai e ele estava de cabeça baixa sem expressão.

- então peço que considere a saudade e o bem estar não só do meu cliente, mas também do seu marido e parceiro que pode também sofrer as consequências de um preconceito sem precedentes.

O advogado se sentou.

- vocês tem mais declarações.

Nenhum dos dois respondeu.

- devido aos fatos apresentados, não me resta escolha se não.

- excelentíssima? – falou meu pai se levantando.

- sim – falou ela.

- posso dizer algumas palavras.

- por favor senhor Dean, deixe as declarações para seu advogado.

- Fry – falou ele interrompendo a juíza – eu sei que eu errei e estou realmente arrependido.

Meu pai disse isso, mas sua expressão não apresentava nem ódio e nem amor, era como se ele estivesse confuso com os próprios sentimentos.

- eu me arrependo pelo o que fiz e espero que um dia me perdoe.

Ele disse isso e se sentou.

- bom, se não temos mais declarações eu gostaria de dar o veredicto. Depois de analisar os fatos apresentados eu...

- excelentíssima? – falei me levantando. – eu gostaria de retirar o pedido da ordem de restrição.

Ouve um murmúrio no tribunal.

- o que você está fazendo? – perguntou Warren.

- o que eu acho certo.

A juíza bateu o martelo até que o alvoroço terminou.

- bom, já que não há mais o pedido eu encerro esta audiência.

Todos começaram a conversar e se levantar.

Minha mãe, meu irmão, meu tio e Warren vieram para conversar comigo e brigar pelo o que eu fiz.

- o que você fez? – perguntou meu irmão e meu tio – você está louco? Não lembra o que ele te fez? Eu não tinha visto as fotos até agora e confesso que estou com ódio dele.

Eles ficaram em volta de mim, mas eu não ouvia o que eles diziam, era como se todo o barulho fosse diminuindo gradativamente e eu olhei em direção ao meu pai e a esposa o abraçava e o advogado apertava a mão dele.

Meu pai olhou em minha direção e nós ficamos nos encarando de longe. Eu então me atrevi a dar um sorriso de leve. E ele deu um sorriso de volta e piscou o olho direito ele foi saindo do local com a esposa. Eu senti um frio na barriga. Era hora de um novo capítulo na minha vida.

~FIM~

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