O Garoto Misterioso- Chapter 2
Parte da série Always
Oi oi, obrigado a todos que comentararam, e lá vai mais um capítulo.
Luã: Obrigado☺️ também sou muito fã do garoto da mesa 09.
Fernando_kalleb: que bom que você gostou😊 as coisas vão ficar bem interessantes, não perca!
Nickkcesar: Obrigado pela atenção😉 também gosto de contos mais longos, acho que vou aplicar isso aqui. Valeu pela dica!
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Senti meu peito aquecer-se, uma sensação nova, sem perceber comecei a andar em sua direção, até que sou puxado para trás por Michelle, que enganchou seu braço no meu.
- O quê você está fazendo- perguntou ela.
Desviei o olhar daquela feição nova e encarei minha irmã.
- Eu... Eu acho que vi alguém.
- Depois você vai conversar com seus amigos, agora temos que ir para o auditório, não gosto de sentar atrás, e se bem me lembro você também.
Tentei racionalizar em meio as batidas frenéticas do meu coração.
- Sim, vamos.
Retomamos o caminho até o auditório, mas antes lancei um olhar sobre o ombro procurando o rosto que me cativara em meio ao mar de faces.
O auditório era grande, como o restante da escola, tinha um palco elevado para os teatros, que contava com grandes cortinas vermelhas e o piso de madeira tradicional. O assento da plateia era confortável, uma cadeira almofadada com descanso para o braço. Sentamos na segunda fila. Assim que sentei me virei para trás a fim de encontrar aquele rosto.
- Deus! Por que tamanha empolgação?
Ignorei a pergunta da minha irmã, contudo me endireitei no assento.
- O que você acha que vai ser este ano- perguntava minha irmã- entrada triunfal? Ou a banda marcial?
Deliberei por um instante.
- Entrada triunfal.
- Banda marcial.
Ela discordou.
Logo após terminar a frase as cortinas abriram e revelaram a banda marcial da Augustine, tocaram alguma coisa desconhecida a mim.
- Ganhei!
A orquestra diminuiu e um saxofonista fazia um solo, logo ele jogou o chapéu que tampava seus rosto e a surpresa foi geral, lá estava Eduardo Zimermamn, nosso diretor.
- Entrada triunfal com banda marcial- ponderei- acho que temos um empate.
Michelle revirou os olhos e riu baixinho. Os diretores eram os descendentes diretos do milionário que comprou a escola, isso sempre nos rendeu personalidades diversas, e Eduardo era a personalidade extravagante. Tinha 35 e as feições tão normais que não combinavam com suas ações, havia assumido a diretoria a exatos 5 anos,por que o diretor que iria assumir tinha filhos estudando no colégio, e pelas regras um diretor não poderia assumir enquanto seus filhos estivessem estudando,desde lá vinha fazendo das reuniões do primeiro dia de aula um show. Apesar do entretenimento, desliguei meus sentidos e pensei no aluno que me fascinava. Quem seria ele? Tentei me lembrar de sobrenomes que tinham as características físicas parecidas com a dele. Cada característica era tão comum, mas todas naquela ordem não, era único.
Desisti de minha tarefa quando todos começaram a se retirar do auditório, tinha que ir para o dormitório e organizar minhas coisas. Na porta faziam a conferência dos alunos davam as chaves de seus quartos. Ao chegar na minha vez a funcionária conferiu meu nome e o de minha irmã de uma vez, já que éramos conhecidos ali.
- Esse ano vocês dois tem o espaço plus.
Sorri levemente, o espaço plus era simplesmente pagar por mais espaço, nosso quarto seria grande e aconchegante, era a primeira vez que ganhava o espaço plus. Ao passar pela porta puxei minha irmã e disse:
- Não acredito que ganhamos isso!
- Ah, papai tem falado disso toda hora- disse como se fosse uma coisa banal, prosseguiu satirizando a voz de nosso pai- este ano ele vai se tornar um homem, precisa de seu espaço.
Ri da imitação, mas logo retruquei:
- E porque você também ganhou?
- Porque sou uma dama! Além do mais não seria justo você ganhar e eu não.
Sorri sem querer e olhei ao redor procurando aquele rosto.
- O choiffer está ali na frente.
Segui ela em direção ao Volvo preto, o choiffer conversava com outros motoristas, mas parou quando nos viu. A saudação automática tirou minha atenção da busca por aquele rosto.
- Senhorita Michelle, Senhor Nicollas.
- As coisas- disse Michelle- já estão nos dormitórios?
- Sim, Senhorita.
Ela entrou dentro do carro e eu repeti o movimente, olhando de relance pela ultima vez á multidão.
O choiffer deixou Michelle em seu dormitório e a ajudou com suas malas, encostei a cabeça no vidro e pensei naquele garoto, ao despertar a lembrança meu peito aqueceu de novo. O que havia nele ? Com certeza algo me atraiu, mas o que? Suspirei e apreciei o inchaço quente em meu peito. Já no dormitório eu procurei pelo quarto 07+, deveria estar na frente do dormitório, mas não conseguia achar, até que achei a sequência 01+, 02+, e segui até o 07+. O corredor era exclusivo de quartos com plus, e ao entrar no meu me deparei com uma cama de casal simples, coberta por um jogo de lençóis cinza, um criado mudo, e uma televisão na frente da cama, a parede espelhada era um guarda-roupas, andei até depois da cama e vi uma entrada para o banheiro. Os quartos normais tinham dois beliches e um banheiro, ainda bem que nunca tinha dado o azar de ficar com pessoas desorganizadas, e sempre podia contar com o batalhão de funcionárias da limpeza. O banheiro era simples, a única coisa mais arrojada era o espelho, longo e com três luzes na parte de cima. Voltei para o quarto e notei a presença do choiffer.
- Senhor- disse polidamente- posso deixar suas coisas aqui?
- Oh sim, sim.
Ele deixou as malas perto do guarda-roupas e seguiu até a porta, antes de sair disse.
- Senhor, sua mãe disse-lhe que qualquer coisa que desejar em relação a decoração do quarto é só contata-la.
- Ok. Muito obrigado.
Ele saiu e me joguei na cama. O que eu deveria fazer agora? Corri para as malas e peguei o cardigan que fazia parte do uniforme, vesti rapidamente prevendo o vento frio e sai do quarto, antes de tudo trancando-o, já vi os trotes de primeiro dia de aula, e não queria minhas roupas no lago.
Andei através do campus procurando por ele, onde poderia estar? Passei pelos atletas, pelos estudiosos e não o achava. Passei pelos quiosques, heranças do antigo clube, e finalmente o encontrei, olhando para as copas das árvores. Parei e passei a mão no meu cabelo tentando arrumar os cachos, alinhei o cardigan e fui conversar com o rosto, que até então me era estranho.
- Oi.
De perto os traços se tornaram ainda mais belos, agora podia ver a boca desenhada, e o cabelo em um topete com as laterais quase raspadas, aquele corte modinha, que parecia ter sido feito pra ele. Não houve resposta, eu tentei de novo, mais alto agora.
- Oi?
Ele parecia estar em transe, cheguei perto o suficiente para captar sua atenção e em recompensa ganhei um sorriso estonteante, branco como neve.
- Oi, tudo bem?- a voz levemente rouca fez os pelos da minha nuca arrepiarem- Sou Vinicius.
Sorri, meu rosto tão almejado acabara de ganhar um nome.