Um Dia Sem Luz - 05

Conto de ChannelR como (Seguir)

Parte da série Nas Laterais Do Mundo - Fanfic Original

Por um incidente, Sebastian descobriu que Cadu e Bruno estavam vivendo um romance. Ao vê-los se beijando na janela da casa de Bruno, ele saiu em sua bicicleta dali atordoado. Na estrada que dividia as residências da mata fechada, Sebastian parou com sua bicicleta branca sem garupa, e sentou-se na beira do asfalto, com sua bike jogada ao alcance de suas mãos. Ele olhou para a mata e pensou “Não pode ser verdade. Como ele se deixou levar desse jeito? Pensei que ele seria mais esperto do que eu; mas na verdade é tão ingênuo quanto eu fui”.

Longe dali, Bruno beijava a boca de Cadu de forma lenta. Ao perceber que eles poderiam ser vistos pela janela, Cadu se afastou dele:

-Acho melhor começarmos a fazer nosso trabalho.

-Desculpa. É que eu estava morrendo de saudades sua - Bruno falou, pegando em sua mão e o puxando para si.

-Eu gosto da maneira que você me trata - Confessou Cadu, com um sorriso de canto.

-Podia ser sempre assim.

-Como assim? - Cadu perguntou.

-Nada. Esquece - Bruno respondeu se jogando em sua cama. Cadu fez o mesmo, olhando para ele.

-Acho que estou apaixonado. Será que é muito grave? - Bruno disse fingindo preocupação.

Cadu riu ao ouvir aquilo. Ele olhou para o teto e com um suspiro ele disse:

— Sério?

— Sim — Ele respondeu com uma risada.

— Eu posso saber por quem é? — Perguntou Cadu.

— Por um nerd da minha sala.

— Me acha um “nerd”?

— Só um pouquinho — Ele respondeu com os dedos. Cadu deu chute de leve nele enquanto os dois riam.

Cadu lembrou-se de seus pais. Nunca um “Eu te amo” foi tão reciproco quanto o de Bruno. Ele começou a lagrimar ao lembrar do desafeto que ele é para Marga. Bruno viu. Preocupado, ele se aproximou dele e pegou em seu rosto, olhando profundamente em seus olhos castanhos:

-O que houve?

-Eu nunca tive uma relação boa com os meus pais. Parece me odeiam por estar morando com eles. Eles me odeiam.

-Não fale isso. É claro que eles devem te amar de alguma forma

-Não! Você não sabe. Meu pai já tentou me matar. Minha mãe é doida pra me ver fora daquela casa. Eu digo que odeio todos eles. Mas de alguma forma eu ainda os amos - Cadu falou emocionado.

-Ei! - Bruno disse, passando seu polegar pelas bochechas dele, enxugando as lagrimas - Você tem a mim. Nunca esqueça disso tá?

Cadu olhou para ele deu sorriso mostrando seus dentes. Bruno começou a deixar uma lagrima cair. Ele disse:

-Eu te amo - Ao ouvir isso, ele encostou sua boca quente, que estava pouca aberta na boca de Cadu tão apaixonadamente, que um calor subiu até eles.

-Também te amo - Disse Cadu. E eles se beijaram.

No sofá de sua sala, que refletia a luz dos raios solares vindouros da janela para o ambiente, naquele pôr-do-sol, estava Marga, lendo um jornal com as penas cruzadas. Ela usava uma saia longa que atingia os joelhos. Ela acabou se atraindo por uma notícia em meio a tantas outras. Era sobre uma menina que foi expulsa de casa por ser lésbica. Ao terminar de ler aquilo, ela disse sozinha “Pelo menos ainda existe gente com bom senso nesse mundo”. Nesse mesmo instante, Romulo entrou em casa deixando a porta da sala aberta. Ele estava usando seu material como de costume, que fica pendurado pelo uniforme de mecânico. Ele trabalhava em uma oficina de carros. Romulo abriu a geladeira que estava na cozinha, e pegou uns ingredientes para fazer um sanduiche. Vendo que o marido esqueceu a porta aberta, Marga a fechou e foi à cozinha. Ela viu o marido esfomeado, comendo rapidamente. Ele olhou para ela e perguntou:

-O que foi? Tá olhando o que?

-Nada. Só vim te ver. Pensei que...

-Pensou nada - Ele a interrompeu - Sai logo daqui antes eu meta minha mão na sua cara - Ele disse. Romulo olhava furiosamente enquanto mastigava.

Marga o encarou. Se levantou furiosa da cadeira dizendo:

-Por que você me trata assim? HEIN? - Ela respondeu com os olhos vermelhos, contendo o choro.

-Como você quer ser tratada? Vagabunda você já é. Não tenho opções.

-Eu mereço mais respeito nessa casa. Fui eu que sempre lutei para manter essa família unida, e você só faz jogar merda na minha cara - Ela falou.

-Eu vi. Transformou o meu filho em uma mariquinha. Daqui há pouco ele aparece com um namoradinho. Não vou engolir isso.

-PARA! - Ela gritou chorando - EU NÃO TENHO CULPA. EU CUIDO DELE MUITO BEM. VOCÊ SABE DISSO E QUE TUDO ISSO PODE SER APENAS UMA FASE!

-Uma fase que já dura anos - Ele disse indo para o seu quarto.

Marga ficou na cozinha. Ela se encostou na parede e foi escorregando até chegar ao chão. Ela pôs as mãos sobre os olhos e começou a chorar.

Depois de se recuperar, Marga lavou o rosto na torneira do banheiro. Olhando para o espelho, ela pensou “Preciso saber o que o Cadu anda fazendo. Aquele viadinho de merda. Ele não vai estragar meu casamento que tanto lutei pra ter”

Na casa de Bruno...

Já era noite. Cadu pintava a bola de isopor com um pincel fino. Ele estava em uma mesa perto da piscina. A casa dos pais de Bruno era realmente grande. Em umas pausas para descanso, Cadu observava as paredes e as lâmpadas modernas, diferente de sua casa. Todas as paredes eram brancas. Na frente do condomínio, ficava um gramado que ia até o quintal de trás, onde ficava a piscina. Bruno começou a ajuda-lo pondo um tecido que cobriria o “planeta” que eles estavam fazendo. Quando eles terminaram, Cadu ficou sentado no chão perto da piscina, brincando com os pés na água. Bruno deu um mergulho, dando um susto em Cadu. Ele nadou até Cadu e ficou entre suas pernas:

-Entra aqui comigo! - Bruno falou com um sorriso.

-Não. Obrigado - Ele respondeu rindo - Você vai me levar em casa?

-Vou sim. Te levo aonde você quiser.

Nessa hora, os pais de Bruno chegaram em casa fazendo barulho da sala de estar, que ficava bem próxima da piscina. Cadu estranhou os dois e perguntou:

-São seus pais?

-São. Vem comigo. Eu vou te apresentar a eles - Bruno falou saindo da piscina com um short molhado.

Ao chegarem, a mãe de Bruno ficou surpresa ao ver que eles tinham uma visita:

-Mãe, esse é o Cadu. Um amigo meu - Bruno o apresentou meio envergonhado para sua mãe Lícia.

-Oi Cadu. Muito prazer - Ela respondeu com um abraço. Lícia usava um vestido branco que realçava o belo corpo que se esforçou para ganhar na academia depois que teve seu único filho; Bruno. Ela é uma mulher muito elegante. Sempre mantendo distância dos negócios da família, administrado pelo seu marido; pai de Bruno, o Sr. Johnson. Ele ganhou muito dinheiro investindo em ações de uma empresa.

-Muito prazer em te conhecer Cadu - Disse o Sr. Johnson com um aperto de mão- Você tem cara de quem gosta de matemática financeira — Ele brincou com um sorriso.

— Ah, pare com isso amor — Lícia disse — Não vamos falar de negócios agora. Né? Perdoe-me Cadu pelo meu marido.

— Que isso ... ele está certo — Cadu falou — É um talento ainda não aceito.

— Viu?! Eu não estava certo!? — O Sr. Johnson falou.

Lícia riu forçadamente para o filho e a visita.

— Você vai jantar conosco? — Lícia perguntou ao Cadu.

— Não, mas obrigado pelo convite — Cadu agradeceu sorrindo — O Bruno vai me dar uma carona agora.

Bruno andou até a porta que os levaria para fora e abriu olhando para Cadu, que se despediu com um — Boa noite. Eu já vou. Tchau — Ele disse, andando e olhando para trás. Eles entraram no carro, e o veículo foi saindo aos poucos pelo portão. Lícia ficou observando pela janela da sala atrás da cortina, o carro sair.

Dentro do carro, Cadu colocava o sinto de segurança enquanto Bruno olhava atentamente para a janela de trás, dando ré no carro. A rádio ligou automaticamente tocando a música “Bad Romance” da Lady Gaga:

— Não acredito, eu amo essa música — Disse Cadu.

— Não brinca!? Eu também — disse Bruno saindo com o carro totalmente de casa e saindo pela estrada de asfalto.

Os dois começaram a cantar juntos enquanto faziam umas danças com as mãos e com a cabeça. Eles se divertiam e também riam quando um dos dois errava a letra:

— Oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oooh-oh-oh! Caught in a bad romance — E assim foi o caminho até casa de Cadu. Eles cantaram quase todas músicas durante o caminho. Quando havia muita gente, eles disfarçavam apenas mexendo a boca.

Já 9h da noite, e o carro estacionou no canto do quarteirão da rua de Cadu, como um pedido dele para evitar problemas com a mãe:

— Bem. Acho que agora é o momento em que eu te dou “tchau” — Disse Cadu, olhando para ele e retirando o cinto de segurança.

— Você quer ir comigo à uma festa amanhã à noite? — Bruno perguntou com as mãos sobre o volante.

— Que festa?

— Vai ser um aniversário de uma menina lá da nossa escola.

— Está falando da Sacha?

— É.

— Okay! — Cadu falou. Ele abriu e saiu do carro, fechando a porta duas vezes, já que na primeira ele não fechou direito. Ele andou pela calçada iluminada apenas pelos postes que ficavam naquela rua, e ainda sim era escuro. Quando de repente, Bruno o puxou pelo braço e roubou um beijo seu.

Marga ouviu um barulho quando estava na cozinha cortando um cheiro-verde com uma faca de cabo de madeira. Ela saiu de casa e andou até a beira da calçada que ficava em frente à sua casa, passando pelo gramado.

Antes Marga chegar perto da rua, Cadu empurrou Bruno, terminando o beijo que jamais esqueceria:

— Nunca mais faça isso — Cadu disse, rindo. Bruno apenas deixou a cabeça inclinar para a esquerda, e olhava para Cadu com um sorriso que dizia mil coisas.

Cadu continuou seu caminho, enquanto Bruno voltava para o carro olhando para ele. Só faltava passar por duas casas até chegar a sua. Cadu sabia disso perfeitamente. Ele chegou em frente a sua casa encontrando sua mãe saindo de casa:

— Chegando à essa hora? — Ela falou, cruzando os braços.

— Sim. Eu estava fazendo um trabalho.

— Vai lavar o banheiro e a louça! Agora! — Ela mandou.

Depois de terminar as tarefas dadas pela mãe, Cadu tomava banho. Ele pensava em Bruno. Por várias vezes ele relembrou dos beijos que eles tiveram. Ele se ensaboava. Sua mão começou a passar pela barriga, foi indo à sua coxa. E ele começou a relembrar das vezes em sentiu o “objeto” de Bruno por cima calça. Ele começou a se excitar.

Já de manhã, Cadu encontrou Sebastian na sala de aula. Sebastian estava com a cabeça e as mãos sobre a mesa. Cadu sentou-se na cadeira à sua frente e se virou para o amigo:

— Oi? Oioi? — Disse Cadu.

— Oi Cadu — Sebastian respondeu sem se mover.

— Está tudo bem aí?

— Comigo sim ... — Ele respondeu. “Mas contigo não” Sebastian pensou.

Megan entrou na sala com um sorriso diário. Ela deixou seu tablet as pastas que carrega em cima da sua mesa. Passou as mãos na roupa para limpar o pó de giz, e olhou para os alunos. Todos estavam presentes:

— Hoje, vamos começar a apresentação dos trabalhos — Megan disse.

Bruno havia entregue o trabalho deles à professora. Foi esse o combinado. Sebastian esqueceu de fazer o trabalho, e ele lembrou disso na aula.

A aula foi divertida. A maioria conseguiu acertar o que eram os trabalhos usando uma fenda nos olhos. No intervalo, Sebastian estava no canto do pátio da escola, sentado em uma bando de concreto. Cadu comprava um salgadinho quando viu o amigo sozinho em baixo da sombra do muro:

— O que você tem? — Perguntou Cadu, sentando do lado dele no banco.

— Nada — Sebastian respondeu. Ele olhava para o chão perdidamente, e brincava com os dois polegares segurando as mãos.

— Por que você não consegue confiar em mim?

— NÃO! Você que não consegue confiar em mim? — Sebastian respondeu, irritado.

— Você que não consegue se abrir pra mim. Fica cheio de machucados na pele e quer fingir pra mim que está tudo bem. Você nunca se quer me deu uma explicação! — Respondeu Cadu, iniciando uma discussão.

— E VOCÊ QUE ESTÁ FICANDO COM O BRUNO DEPOIS DE EU TER TE AVISADO QUE ELE NÃO PRESTA! — Sebastian rebateu.

— Do que você está falando?

— Eu vi vocês se beijando na janela do quarto dele.

Cadu olhou para ele surpreso. Ele ficou perplexo:

— Como você pode afirmar que ele não presta?

— Porque ele já me iludiu, como está fazendo contigo! — Sebastian respondeu, lagrimando.

Comentários

Há 1 comentários.

Por will taiso em 2016-02-14 14:27:33
Nossa será que o Bruno vai só usa o cadu?