Descobertas Do Céu - 02

Conto de ChannelR como (Seguir)

Parte da série Nas Laterais Do Mundo - Fanfic Original

-Relaxa, estou zoando hahaha - Riu Bruno. Cadu ficou sem graça com a situação. O sinal tocou, e todos os alunos deveriam retornar às suas salas. Cadu se despediu de Bruno e foi ao bebedouro. Ele pegou um copo plástico e pôs sob a torneira do bebedouro quando de repente, um menino o pegou por trás e segurou seu braço. Cadu deixou o copo cair sobre o chão com essa ação:

-Você vem comigo - Disse o garoto.

Bruno deu soco no rosto do garoto estranho, que acabou soltando Cadu no chão:

-Você está bem? - Perguntou Bruno à Cadu. Ele o ajudou a levantar do chão. O menino de camisa preta se foi e Cadu não sabia como agir diante daquela situação.

-Vida de novato é difícil - Falou Bruno.

-Obrigado - Agradeceu Cadu massageando os pulsos machucados.

-Vem, estamos atrasados.

Chegando na sala, eles encontraram a professora de arte na entrada da sala de aula; a Srta. Megan.

-Estão atrasados hein? - Disse a professora

-Eu peço perdão... - Falou Cadu.

-Não precisa meu anjo - Interrompeu a professora sorrindo. Ela era muito amada pelos alunos mais tímidos. Pois a mesma, tinha um dom de despertar nas pessoas um ânimo de mostrar suas virtudes escondidas por máscaras públicas. Megan sempre usava roupas coloridas que às vezes nem mesmo combinava. Para algumas alunas prepotentes, ela era ridícula.

Cadu se sentou em sua carteira e Sebastian não gostou de ver que Bruno entrou ao mesmo tempo que ele. A professora pôs as pastas sobre a mesa e olhou para os seus alunos ajeitando os óculos:

-Sejam bem-vindos - Ela disse, sorrindo. Percebendo que três alunas estavam rindo, conversando e olhando para ela. Aquilo era um claro sinal de que estavam rindo dela. E então disse - O que as três porquinhas tanto conversam? - Nas mesma hora, elas pararam.

Megan voltou a se concentrar na aula. Pensando em como iniciar o ano letivo, ela teve uma ideia -Preciso que todos façam dupla. Vou passar uma tarefa legal para vocês antes de iniciar o assunto.

Quando Cadu ia pegar no ombro de Sebastian para chama-lo, Bruno veio e pegou em seu ombro dizendo - Faz dupla comigo? - Cadu viu aquele sorriso sem jeito, aquele olhar que o fazia mudar de ideia:

-Tudo bem. Eu faço - Disse Cadu encantado.

Bruno voltou à sua carteira no final da sala. Cadu já se via apaixonado por ele. Sebastian ouviu tudo aquilo, e de feliz ele mudou sua expressão para triste.

-Carina, quer fazer dupla comigo? - Perguntou Sebastian à sua amiga ao lado.

-Desculpa, já estou combinada com a Larissa.

Sebastian procurou fazer dupla com alguém, mas não conseguiu. Todos já haviam encontrado parceiros. E depois de tanto andar por aquela sala, ele foi até a professora:

-Professora, eu não encontrei alguém com quem eu possa fazer dupla.

A professora pensou, pensou, colocou sua caneta tampada na boca (um costume) e disse:

-Eu posso te deixar fazer essa atividade sozinho, se você quiser.

-OK. Eu aceito - Ele disse antes de se virar, mas Megan falou:

-Espere. Pegue esse envelope. Vai precisar.

-Obrigado - Ele agradeceu pegando o envelope laranja.

-Agora se sente, eu vou explicar sobre o trabalho - Ela disse. Ele obedeceu e sentou sem olhar para Cadu, que estava mal pelo amigo recente.

A professora começou a falar da primeira atividade do ano. Explicou passo a passo como deveria ser feito, sem nem gaguejar ou se perder em meio as interrupções dos alunos. As duplas deveriam criar um desenho com diversos materiais que pudessem ser apreciados sem o uso dos olhos. Depois que o trabalho estivesse feito, eles deveriam entregar o papel embrulhado à professora. Os trabalhos não deveriam ser compartilhados entre as duplas:

-Todos vocês entenderam? - Paciente ela perguntou.

-Sim! - A maioria disse.

Megan sentou-se em sua cadeira e voltou a olhar os papéis trazidos por ela.

Cadu chamou por Sebastian:

-Ei? Sebastian?

Sebastian virou os olhos, dizendo por eles um “Afff” ou “Que se dane”:

-Pois não?

-Está brabo comigo?

-E por que eu estaria? - Sebastian respondeu pondo o cotovelo sobre a cadeira.

Cadu olhou em seus olhos sabendo da resposta. Ele sorriu achando aquela situação engraçada. Ele então disse:

-Curte Lady Gaga?

-Mona, eu vivo Lady Gaga -Sebastian respondeu rindo.

Eles acabaram conversando muito durante a aula. Megan deu tempo a todos que pudessem se conhecer. No final da aula, como seria a última, Megan liberou todos para irem embora.

Cadu e Sebastian já estavam longe da sala de aula quando Bruno chamou por Cadu:

-Cadu! -Ele gritou de longe.

-Bruno? - Falou Cadu olhando para trás ajeitando sua mochila.

-Precisamos conversar sobre o trabalho, não acha? - Ele disse se aproximando.

-Ah sim. Desculpa, eu esqueci.

Sebastian se sentiu incomodado com a presença de Bruno e disse:

-Eu vô indo, tchau Cadu - Ele se despediu dando de ombros.

-Mas já?

-Yeah, estou com pressa. Bye!

Cadu ficou olhando Sebastian indo embora, sendo engolido pela distância com a multidão. Enquanto Sebastian andava até o portão de saída, ele pensou “O Bruno nunca deu atenção aos trabalhos. Sempre aquelas nerds trouxas faziam os trabalhos por eles em troca de atenção o um boquete”. Sebastian percebeu um movimento estranho na frente da escola. Ele olhava atentamente para todos os lados, em cada olhar, em cada movimento, em cada boca que dizia algo. Havia coisa errada, ele sabia. Sebastian passou pelo portão com vários alunos e viu que um grupo de meninos o observava. Ele então andou na direção oposta a eles, que estavam justamente na direção que o levava à sua casa. Ele acelerou seu andar quando percebeu que estava sendo perseguido. Um som de seus passos era a única coisa que se ouvia além do vento frio. E cada vez mais seu coração batia, batia e batia. Sebastian ia dobrar para o lado direito no canto da calçada da escola, mas apareceu um garoto que estava esperando por ele. Ele se assustou e viu que na mão do menino havia um pedaço de aproximadamente 20 centímetros e fino. Sebastian olhou para trás e viu que estava cercado.

-Pensou que ia fugir da gente hoje? - Falou um deles.

-Você é a putinha dessa escola. E putas devem apanhar para aprenderem uma lição - Disse o garoto que o cercava com aquele pedaço de madeira.

Sebastian ficou parado, e numa tentativa de fugir, ele deu um soco no garoto que estava atrás dele. Eram quatro, todos o cercavam. Ele correu como pôde, mas foi capturado:

-SEGURA ELE! - O líder deles gritou.

-Não! Não! Por favor! - Sebastian falou chorando - VÂO PRO INFERNO! EU ODEIO VOCÊS! - Ele gritou se debatendo tentando se livrar. Seus olhos só podiam ver os escurecer do céu. Seu cérebro já trabalhava para poupá-lo das dores. O ódio era o que controlava aquilo. Sebastian apenas pediu que não morresse.

Cadu conversava com sua paixão no pátio dentro da escola:

-Me dê seu número. Eu te ligo para combinarmos - Bruno disse pegando seu celular.

-Ok.

Cadu ditou o seu número:

-Vai ser na sua casa mesmo? - Perguntou Cadu.

-Hurrum.

-Mas eu nem sei aonde você mora?

-Eu posso te levar em sua casa agora e depois te buscar para fazermos o trabalho - Sugeriu Bruno.

-Sério? Valeu!

Os dois foram até o carro do Bruno, que estava estacionado em frente à escola. Cadu então lembrou do que Sebastian disse quando abriu a porta do veículo “Quando chegar a hora da saída, você sai pela porta de trás da escola”. Sebastian só tinha dito aquilo para ele não ser vítima da gangue da crueldade que se instalou naquela escola, como estava sendo naquela hora; Sebastian estava apanhando na calçada pelos garotos. Ele não gemia, só ficava calado. Os garotos o chutavam com toda força e pegavam paus para machuca-lo mais ainda.

Cadu entrou no carro pensando naquilo que seu amigo tinha dito, e Bruno estranhou:

-Tudo bem contigo? - Perguntou.

Cadu não ouviu, e colocou o seu sinto de segurança.

-Cadu? - Bruno tentou chama-lo novamente -CADU?

-Oi? O que foi? - Respondeu Cadu.

-Você ficou parado aí feito uma estátua.

-Ah é? - Cadu riu - Desculpa. Eu estou bem.

-Hmmm.

Bruno ligou o carro e foi indo rumo à casa do Cadu. Eles nem quis puxar assunto com Bruno. Ficou olhando as casas passarem e o céu nublado com pássaros voando acompanhados. Bruno as vezes olhava para ele, e mostrava gostar da companhia dele. Cadu orientava Bruno pelo caminho, e até que chegaram:

-Então é aqui? - Perguntou Bruno se referindo a casa de Cadu.

-Sim. Valeu pela carona. Você é legal - Disse Cadu abrindo a porta do carro.

-Amanhã então está marcado? - Confirmou Bruno.

-É. Até amanhã Bruno - Disse Cadu fora do carro, sorrindo para ele. Bruno retribuiu.

Bruno foi até a casa da namorada Sacha; uma adolescente famosa na cidade pelo Instagram com as fotos que posta. Sacha é uma princesinha, bancada pelo pai Lírico. Quando Bruno chegou, Sacha estava na piscina da casa rosa enorme dada pelo pai, dando uma “minifesta” com as suas ditas “BFFs“.

Sacha percebeu chegada do namorado. Toda animada, ela pediu licença das amigas:

-Ai gente, meu bofe-escândalo hahaha. Já volto - Ela disse saindo da piscina usando um biquíni sexy.

Ela chegou vendo o Bruno saindo do carro:

-Vejam só. Chegou o cara mais gostoso que já conheci -Ela disse mordendo os lábios.

Bruno gostou do que viu e se virou para ela.

-Já estava com saudades hein? Hahaha

Ela se aproximou dele e começou a beija-lo intensamente:

-Vamos brincar lá no meu quarto? - Disse Sacha.

Cadu entrou em casa e viu o pai dormindo de frente para a televisão. Ele foi até o seu quarto e abriu a porta se deparando com a sua mãe revirando suas coisas:

-O que você está fazendo? Larga isso! - Cadu disse jogando a sua mochila no chão e impedindo Marga.

-Você mora debaixo do meu teto e come a minha comida. Não venha querer mandar em mim - disse Marga.

-Você é louca! Eu arrumei o meu quarto ontem e olha o que você fez?!

Marga ajeito seu cabelo chanel ruivo e disse:

-Para de reclamar. Você não ajuda com merda nenhuma nessa casa.

Cadu se irritou com aquilo. Ele não gostou de ver sua privacidade violada:

-Você estava procurando dinheiro não é?! -Cadu disse. Marga se calou diante daquela pergunta - NÃO É? - Ele falou mais alto. Marga então deu um tapa no rosto do filho, fazendo ele cair na cama:

-Não grita comigo. Eu sou a sua mãe e você me deve respeito - Ela disse, e saiu do quarto deixando a porta entreaberta.

Sebastian chegou em casa com pressa de entrar em seu quarto sem que seu tio o visse. Ele entrou e se trancou. Ele abriu o casaco diante do espelho que ficava perto da sua janela, tirou a sua camisa e mostrou as marcas que ganhou dos anos naquela escola, e dentro de casa. Havia marcas roxas na barriga, no pescoço, na costa. Se vendo daquele jeito, ele começou a se arranhar de raiva e lagrimou. Ele gemeu de dor se jogando em seu colchonete. Ele não tinha uma cama, mal tinha o que comer. Quem tinha a guarda dele era seu tio Tom, que era um alcoólatra dia-a-dia. A casa vivia imunda e cheia de lixo pelos chãos. Sebastian sempre que podia, ele ia até a casa da Dona Célia, que sempre cuidou dele realmente.

À noite, Cadu jantava com seus pais na cozinha. Só era o som que as bocas faziam mastigando. Romulo nem olhava direito para Cadu, ele não gostava do filho. Cadu também fazia o mesmo. Nem mesmo Marga tentava alguma interação. Cadu nem sabia o porquê daquilo.

-Vou dormir. Boa noite a vocês - Disse Cadu terminando de lavar o seu prato. Ele andou até o seu quarto, mas quando ouviu o barulho da colher caindo sobre a mesa e som da cadeira sendo arrastada, ele correu até o seu quarto e trancou a porta o mais rápido possível, e sentiu a força que seu pai fazia para arromba-la:

-ABRE! ABRE! - Gritou Romulo. Cadu ficou encostado na porta ouvindo seu pai - Por que você teve que nascer assim? HEIN? - Falou seu pai.

Romulo estava ficando doido. Ele sabia lá no fundo a verdade sobre o filho, mas não aceitava, e por isso, ele resolvia espanca-lo para tentar corrigi-lo.

Às 1h da madrugada, Cadu estava olhando o céu através da janela do seu quarto. Era noite de lua cheia, e o vento que batia fazia o seu coração bater de felicidade. Cadu aprendeu a lidar com os pais desde que foi parar no hospital em coma por causa de um espancamento feito por Romulo enquanto ele dormia, e por isso, ele tranca sempre a porta antes de dormir.

De repente, Cadu vê o Bruno no quintal de sua casa, ele estava todo de preto, como roupa de espião. Ele usava uma máscara feita de pano preto que cobria toda a sua cabeça exceto os olhos e a boca. Cadu então voltou para a cama e fingiu estar dormindo. Então ele ouviu batidas na janela de vidro. Cadu foi rápido abrir e viu Bruno retirando sua máscara:

-O que está fazendo aqui? - Perguntou Cadu rindo.

-Quer sair comigo? Bora? - Perguntou Bruno.

Cadu abriu melhor a janela e olhou melhor para aqueles olhos. “Como ele pode ser tão lindo e fofo ao mesmo tempo? ” Pensou Cadu olhando para ele. Eles se entenderam com aquele silencio, se encarando deixando alguns sorrisos escapar.

-Espera aí - Disse Cadu indo colocar um casaco.

Eles saíram pela janela feito dois namorados apaixonados, eles correram até o carro e entraram rindo:

-Isso é loucura - Disse Cadu aquecendo as mãos com o ar da boca.

-O que seria a vida se não as loucuras? Deixa de ser careta - Disse Bruno ligando o carro.

-Para onde vamos? - Perguntou Cadu.

-Você vai ver.

Bruno levou Cadu até um parque de diversões. Andaram até uma roda gigante e Bruno pagou à um funcionário de lá para ter uma sessão VIP. Cadu e Bruno entraram na roda gigante ficaram parados bem no topo dela:

-Eu gosto de parque de diversões mas rodas gigantes não fazem meu gosto - Falou Cadu.

Bruno olhou para ele disse:

-Aqui é um ótimo lugar pra isso...

-Para isso o que?

-Para pensar, pensar na vida, no futuro...

Cadu olhou para o alto como Bruno estava fazendo:

-... e para te beijar - Bruno falou virando o rosto dele, indo até Cadu com um sorriso, mais precisamente à boca dele.

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