A Ponte - 06

Conto de ChannelR como (Seguir)

Parte da série Nas Laterais Do Mundo - Fanfic Original

— Como você pode afirmar que ele não presta?

— Porque ele já me iludiu, como está fazendo contigo! — Sebastian respondeu, lagrimando.

Cadu ficou sem ter o que dizer. Ele olhou sentado para Sebastian, como quem não acreditava no que ouviu:

— O que você disse? — Cadu perguntou.

— Nada! Esquece o que eu disse — Sebastian respondeu ao correr dali. Cadu apenas o olhou. E depois de 30 segundos, ele resolveu segui-lo.

Desviando dos outros alunos, dobrando corredores cheios, Cadu seguia Sebastian. Ele não sabia no que acreditar. Ele olhava para os olhos de quem ele esbarrava, e cada vez mais se sentia perdido. Sebastian foi ao banheiro e quando ia entrar, o professor de história (Cesar) o colocou contra a parede. Quando Cadu viu aquilo, se escondeu atrás de uma parede.

— Me larga! Não te devo nada — Sebastian falou para o Cesar. E ele se livrou do professor, que ficou ali parado, pensando.

Cadu viu aquela curiosa cena. Ele estranhou. Sebastian tinha muitos segredos. E Cadu sentia uma enorme necessidade de descobri-los. Seu amigo era mais misterioso que do se imaginava. Aquelas feridas na pele gritavam para terem suas razões descobertas.

Ao final da aula, Cadu não encontrou Sebastian em nem um momento. Ele sumiu desde a discussão que tiveram.

Ao final da aula, Cadu encontrou Sebastian sentado na parada de ônibus, aquela que fica perto de um hospital. Vendo o amigo de cabeça baixa, ele se sentou perto dele e disse:

— Acho que precisamos conversar.

— Quer ir pra minha casa? — Perguntou Sebastian.

— Quero.

Eles andaram por ruas conhecidas popularmente como perigosas. As casas pareciam estar abandonadas; a rua era mal asfaltada, com buracos e uma lama que invadia o caminho deles. Cadu acabou conhecendo a casa de Sebastian. Ela era pequena em um terreno grande, o portão estava enferrujado.

Sebastian fechou trancando a porta quando Cadu entrou em seu quarto. Cadu olhou para as paredes; elas estavam se descascando, deixando o cinza apoderar-se sobre a tinta azul. O chão era de madeira; uma madeira muito boa; era gostoso de andar descalço.

Cadu se sentou no colchonete que estava jogado no chão. Ali era a cama do seu amigo. Sebastian fez o mesmo, em silencio. Eles quase estavam acocados se não fosse pela cama:

— E então? Vai falar alguma coisa? — Cadu disse, olhando para o amigo com um ar de preocupação.

— Eu não sei por onde começar — Confessou Sebastian, com um olhar perdido — O Bruno só fez brincar comigo. Com os meus sentimentos. Você corre o mesmo perigo.

— É difícil de acreditar — Discordou Cadu, esfregando as mãos para gerar calor ao corpo — Você não vai acreditar no que passamos juntos; no que ele me fez conhecer — Ele contou, se interrompendo para pensar no que falar — Ele falou que me ama.

— Ele te contou que ele tem uma namorada? — Completou Sebastian, com um riso de ar que saiu, como se estivesse rindo dele.

— Não pode ser — Gaguejou Cadu — Ele não pode faria isso comigo — Ele insistiu para si mesmo, ficando de pé e pondo a mãos sobre os lados do rosto.

— Ele me levou ao parque de diversões numa noite — Lembrou Sebastian, com um sorriso que via com as recordações — Ele me deitou sobre a agua e me fez olhar as estrelas enquanto me segurava, como se eu fosse sua noiva — Ao vir isso, Cadu colocou uma mão sobre sua boca, e fechou os olhos com força, deixando uma lágrima cair. Ele estava de costa para Sebastian

— Ele me beijou. Disse que me amava. Que queria cuidar de mim ... — Lembrava-se Sebastian

Sebastian lembrava cada momento. Mas ele não sentia dor. Ele já havia sofrido muito, e aquelas recordações viraram armas contra os futuros erros.

— Chega! — Gritou Cadu, quando tentou sair do quarto abrindo a porta, mas estava trancada.

— Calma Cadu — Confortou Sebastian, abraçando o amigo — Eu precisava te avisar. Desculpa.

Cadu o abraçou também, pondo sua cabeça sobre o ombro dele. Sebastian começar a fazer carinho no cabelo do amigo, enquanto Cadu deixava suas lágrimas caírem, expressando sua dor.

— Você não tem que me pedir desculpas — Pediu Cadu — Eu fui um completo tolo em pensar que tudo aquilo era verdade. Agora eu preciso ir pra casa. Tenho que resolver coisas...

— Que coisas? — Cochichou Sebastian, olhando para ele.

Ele não respondeu, e saiu da casa com uma velocidade que surpreendia.

Cadu pegou um ônibus e se sentou no lado da janela, bem no fundo do transporte. De repente, começou a chover. As gotas faziam caminhos na diagonal quando caíam sobre a janela, deixando tudo borrado. Os olhos vermelhos de Cadu viam elas. Ele estava bem concentrado. Seu peito doía. Seus lábios secaram. “Por que ele faria isso comigo? “ Pensou Cadu, com a cabeça encostada no vidro. Depois de uns minutos, Cadu desceu do ônibus em um piso molhado. Já era meio-dia. A chuva já havia acabado, mas ainda sim se sentia o frio daquela manhã. O piso formava poças de água, por onde Cadu passava sem pestanejar. Ele chegou até a casa de Bruno. Tocou o interfone preto com o dedo indicador. Ouviu-se aquele som “TENNNN” que o aparelho fazia sempre que era pressionado. Uma voz feminina o atendeu:

— Olá. Com quem falo? — Perguntou a voz.

— Boa tarde — Cumprimentou Cadu — Meu nome é Cadu, e eu vim falar com o Bruno. Ele está?

— Só um momento — Pediu a voz misteriosa, desligando a conexão.

Cadu se encostou com a costa toda no muro amarelado com umas pedras coladas dentro. Elas pareciam ser de verdade. Uns carros passaram pela rua. O movimento era fraco. Depois da espera, Bruno apareceu abrindo o portão para Cadu, que levemente se assustou com o barulho que aquilo fazia:

— Oi — Apresentou-se Bruno, com aquele conhecido sorriso, que era tão natural ver quanto a água.

— Oi — Respondeu Cadu de forma seca, sem emitir expressão nem uma. Ele se aproximou do Bruno e o olhou sério — Podemos ir para o seu quarto?

— É claro. Você já conhece o caminho, né? — Tentou confirmar Bruno. Cadu fez que sim com a cabeça, e andou em direção a porta. Bruno fechou a entrada que ficava no portão e seguiu o amigo.

Cadu entrou no quarto olhando bem para os lados, e se sentou naquela cama de solteiro. Bruno chegou fechando a porta e se sentando ao lado dele:

— Vai me dizer o que está acontecendo? — Exigiu Bruno, percebendo o clima — Vem cá — Ele pediu puxando Cadu para um beijo. Cadu se livrou da atitude levantando-se da cama:

— O que você e o Sebastian tiveram? — Ele exigiu uma resposta.

— Eu e o Sebastian? Do que você está falando? —Estranhou Bruno.

— Por favor. Não minta pra mim — Implorou Cadu — Já está sendo difícil pra mim.

Bruno olhou para ele sem entender:

— Me explica! — Repetiu Bruno.

— Eu fiquei sabendo que vocês tiveram um caso. Eu sei que isso é verdade — Acrescentou Cadu.

— Nós só tivemos um rolo. Nada de mais. Isso faz mó tempão.

— Você só tá me usando, não é? — Insistiu Cadu — Responda! — Ele gritou.

— O que foi que ele te falou? Hein? — Perguntou Bruno, se levantando da cama e ficando de frente para a janela

— Você tem uma namorada — Afirmou Cadu. Quando ouviu aquelas palavras, os olhos de Bruno quase saltaram.

— O que? — Perguntou Bruno, olhando para ele do outro lado da cama.

— Eu conheci ela. O nome dela é Sacha. Vocês já namoram a muito tempo — Falou Cadu.

— Sim. É verdade. Mas eu posso explicar — Pediu Bruno, mostrando nervosismo.

— Quando iria me contar? — Perguntou Cadu os olhos inundados pelas lágrimas.

— Você não entende Cadu — Explicava Bruno — Meus pais poderiam desconfiar de mim. Eu precisava de uma prova para manter minha imagem ...

— Você também levou o Sebastian naquele parque — Interrompeu Cadu — Com quem mais você fez isso? — Ele perguntou. Com os olhos cheios de raiva.

— Eu ... eu ... é que — Gaguejava Bruno tentando se explicar.

— Você também deitou ele sobre a água. Não é? — Cadu pedia respostas — também disse que o amava.

Bruno começou a chorar e tentou beijar Cadu, mas ele impediu:

— Sai de perto de mim! — Exigiu Cadu, com os olhos vermelhos, com caminhos de lagrimas deixados em seu rosto.

Bruno limpou as lagrimas e trancou a porta do quarto:

— O que você está fazendo? — Perguntou Cadu, olhando para ele.

— Terminando a minha missão — Bruno respondeu colocando uma câmera direcionada para a sua cama — Nem tudo acontece como a gente quer...

Bruno começou a tirar sua calça preta. Depois retirou sua camisa regata. Desceu sua cueca.

Cadu começou a tentar fugir batendo na porta e mexendo na maçaneta mesmo sabendo que estava trancada.

— Sabe o aniversário da Sacha? — Lembrou Bruno — Eu ia te convencer a dar a bunda pra mim num quarto de lá. Eu iria chamar todos os meus amigos para filmarem — Ele ria ao falar.

— Mas como você acabou percebendo antes. Eu vou ter que realizar a tarefa à força — Bruno falou olhando para ele.

Cadu pulou sobre a cama e tentou fugir pela janela. Mas Bruno o segurou com as duas mãos por trás:

— Calminha! Você vai gostar. Viado não gosta de rola? Você não queria a minha? Agora vai ter! — Ele caçoava de Cadu.

Bruno pôs um pano sobre o nariz dele, que começou a fazer um efeito de calmante. Cadu relaxava e foi deitado de bruços na cama. Ele olhava para as paredes sem entender. Tudo estava girando. Bruno tirou a calça jeans junto com a cueca. Ele começou a pôr seu pênis dentro de Cadu. Ele iniciou o movimento de vai-e-vem aceleradamente. Cadu apenas correspondia aos movimentos. Seu corpo balançava junta à cama, que fazia barulho de mola. Bruno apenas repetia os mesmos movimentos.

Depois do estupro, Cadu foi carregado para fora da casa no ombro de Bruno. Ele o jogou no chão como se fosse lixo. Entrou em casa e fechou o portão sem olhar para trás, como se nada tivesse acontecido.

Ainda com os olhos abertos, Cadu sentia o molhado da calçada vinda da chuva invadir sua roupa. Pelo menos ele havia vestido ele antes de jogar lá. Cadu se levantou tremendo; suas pernas tremiam; sua boca tremia; suas mãos tremiam. Todo o frio que havia seria mais forte depois de hoje. Seu coração estava em coma. Totalmente abalado.

Sentado, Sebastian conversava com Dona Célia na cozinha dela:

— Hoje vai rolar o aniversário de uma amiga — Comentou Sebastian.

— E por que você não vai? — Ela perguntou, olhando atentamente a sopa que preparava no fogão. Ela era famosa pela comida elogiada.

— Eu sei que não sou bem-vindo lá. Só vão os “famosinhos” — Debochou Sebastian, que brincava sem perceber com uma uva na boca.

— Você não quer fazer “A Cinderela” comigo — Ela brincou — Eu sei que você está doido pra ir nessa festa.

Sebastian riu para ela. O cheiro da panela tomava conta de toda a cozinha rosa de Dona Célia.

— Que cheirinho bom. O que a senhora está fazendo? — Cheirou Sebastian.

— É uma canja de galinha. Você me parece estar gripado — Ela comentou.

— Não tem como escapar desse frio — Ele confessou.

— Vou tirar um prato para você — Ela falou ao pegar um prato.

Ele saboreava a sopa alegremente. Ainda estava quente, portanto, os cuidados com a boca eram maiores. Célia se sentou em uma cadeira perto dele, envolta daquela mesa retangular:

— Quer dinheiro para ir à festa? — Ela perguntou olhando para ele. Sebastian estava com muita fome, e comia quase que selvagemente aquele prato.

— Se não for pedir muito, eu quero.

Longe dali...

Cadu andava como um zumbi pela calçada. Ele estava passando por uma ponte, que embaixo ficava uma estrada. Os carros iam e viam, como se não tivessem destino. Seu rosto era iluminado pelos faróis dos carros sempre que um passava. A ponte era escura, e o caminho era longo. Ele andava sem mover seus olhos, ou a cabeça. Umas sirenes soavam da rua debaixo, formava um x junto à ponte.

Cadu olhou para a barra de proteção. Ele subiu devagar até ficar em pé nela. Ele olhou para baixo e viu os carros passando pela rua debaixo.

— Por que você fez isso comigo Bruno? — Ele perguntou sozinho. Uma lagrima caiu, e desceu até o asfalto que ficava sob a ponte e se dividiu em várias gotinhas naquele piso maltratado.

O vento batia na direção contraria. E os pensamentos o levavam a se jogar daquela ponte. O vento era forte, e fazia muito barulho em seus ouvidos.

— Eu te amo — Cadu pensou. Ele fechou os olhos com força. Apertou seu peito onde ficava seu coração destruído com uma mãe.

“Resolva isso de uma vez. Pule” Ele pensou.

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Nota: Eu estou um pouco desanimado com a baixa repercussão do romance. Não quero parecer que estou pondo a culpa em meus leitores, ou sendo muito exigente. Às vezes, eu sinto que estou escrevendo algo ruim, ou desinteressante. Se tiver alguém tiver a gentileza de comentar algo animador, isso me ajudaria muito 

Agradeço ao will taiso; seus comentários me parecem muito sinceros. Eu dei uma acelerada na história. Você deve ter recebido a sua resposta neste capítulo ;-)

Sem esquecer do edward; que me motivou muito no início.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Reeh❤ em 2016-02-16 15:51:57
Queridoooo. Eu espero cada segundo todo santo dia para ler essa História Por favor não para de escrever ❤️❤️❤️❤️
Por will taiso em 2016-02-16 11:57:04
Escrevendo algo ruim, que pensamentos são esses sua história é ótima eu adoro ler sem falar que você é um ótimo escrito. Não desanima não ta bjs e tô esperando o próximo capítulo meu lindo.