Diário Secreto - Ramon - Capítulo 10

Conto de C.E Demetrio como (Seguir)

Parte da série Diário Secreto

AVISO IMPORTANTE

Esta é uma obra de ficção baseada na livre criação literária e sem compromisso com a realidade, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

***************************************************************************

Série: Diário Secreto

Capitulo 10 - Ramon

Criado por: C.E. Demétrio

OBS.: Neste capitulo Douglas revela o que aconteceu no ano de 2011, portando a momentos que voltamos para a atualidade e retornamos ao passado.

***********************************//********************//******************//

° Outono de 2011 °

-Douglas! Viro para ver quem está me chamando.

-Ramon. Ele está correndo em minha direção, vamos nos encontrar para comemorar sua nota máxima no nosso trabalho de escola.

Antes de sermos amigos ele andava com outro rapaz que não sei o nome, eles faziam da minha vida um inferno.

Duas semanas antes:

- Bom dia turma, falta duas semanas para as férias. Todos ficam bem animados, estamos precisando - Uau! Que animação! Pensando nisso preparei um trabalho, vocês vão se juntar em duplas para melhorar a nota e quem sabe passar raspando, sei que alguns já estão passados, mas é um trabalho bem gostoso de fazer, eu vou escolher as duplas.

Graças à professora de artes que separou a classe em duplas para criar uma maquete com uma das sete maravilhas naturais do mundo, eu fazia a maioria do trabalho escolar sozinho ou com as garotas, pois os meninos não queriam se juntar a mim, não ser para me infernizar, a professora uni eu o estranho da classe, mas inteligente e Ramon, a rapaz problemático da sala, ele tinha reprovado duas vezes, suas notas não iam muito bem, ele respondia os professores, faltava muitas aulas, vivia se metendo em brigas, acho que a professora queria juntar dois mundos completamente diferentes para ver se ele se regenerava um pouco, mas ele acha que vai ficar de brincadeira enquanto eu faço todo o trabalho ele está muito enganado.

-Eu não estou a fim de fazer esse trabalho... E muito menos com você.

-Escute, eu também não queria fazer esse trabalho com você, eu preferia estar fazendo sozinho, eu só quero terminar esse bendito trabalho e curtir minhas férias, então pare de choramingar e vamos trabalhar.

Tivemos muitas brigas até nos acertar, nos encontramos umas quatro vezes, por volta do segundo encontro ele estava mais calmo, conseguimos até conversar.

-Acho que vamos tirar uma boa nota com esse trabalho. Comentou

-Claro que sim, olha está lindo. Digo

-Posso lhe fazer uma pergunta?

-Sim.

-Porque você é assim?

-Assim como?

-Você não é como os outros meninos, você não gosta de jogar futebol, você brinca com as meninas, o seu caderno é tão delicado que eu achava que era de uma das nossas colegas de classe, você parece um boneco.

-Eu não sei, eu sou assim... Eu queria ser como os outros meninos, mas eu penso que Deus me fez assim para provar que nem todos os meninos são como você. Respondo

-Meus Pais dizem que você não é normal, meus amigos lhe chamam de ‘’bicha’’, meus tios dizem que pessoas como você não vão para o céu.

-Você acha que eu vou para o inferno? Pergunto, ele tem muitas dúvidas ao meu respeito.

-Eu não sei, mas você nunca me fez mal, nem há mim muito menos aos outros, você é uma boa pessoa, eu fico confuso às vezes... Eu falo uma coisa, eles me dizem o contrario.

-Você está crescendo, você tem suas próprias opiniões, pensamentos. Se você acha que sou uma boa companhia você que decide, é a sua vida. Foi isso que me ensinaram. Foi assim que me ensinaram

-Você é legal, pode me ajudar com a lição de Geografia?

Desde então começamos a nos aproximar, uma amizade começou a surgir, muitos dos amigos dele pararam de andar com ele, pois diziam que eu manchava a reputação dele, e mesmo assim nossa amizade foi ficando mais forte, finalmente terminamos nosso trabalho de artes e as férias começaram, duas semanas para descaçar naquela época Lívia e Jhonatan foram viajar com suas famílias, eles ficaram com um pouco de ciúmes quando eu e Ramon descobrimos um lugar para fazer nossas brincadeiras, uma oficina, borracharia antiga, tinha dois andares, em baixo deveria ser o local de trabalho e em cima uma casa, estava tudo velho, enferrujado, uma escada de ferro sem barras dividia a oficina do lar, ao redor só tinha mato e arvores, com certeza tinha uma estrada, mas foi tomada pela mata, agora era um lugar úmido, misterioso... Tornou-se nosso esconderijo.

- Conseguimos terminar o trabalho e agora estou com boas médias, eu devo á você, muito obrigado!

- Imagina, o esforço foi todo seu, eu só dei um empurrão.

- Acho que foi mais um chute.

- Cala a boca. Começo a rir, estamos no nosso esconderijo, levamos alguns sanduíches e suco, colocamos um tapete velho no chão e sentamos para comer.

- Isso aqui precisa de uma boa limpeza. Comenta Ramon

- Com certeza. Pego uma tábua de madeira com vários pregos atravessados. - Isso é um perigo. Lanço a tábua para bem longe, ela atravessa o salão ouço quando ela cai no chão e se parte. - Mas tem potencial, eu gosto de lugares assim, misteriosos, é um refúgio do mundo.

- Lugares assim me trazem uma paz, sinto-me muito bem aqui... Escute, eu queria lhe pedir desculpa por ter sido um idiota com você todo esse tempo... Se eu soubesse que você é tão legal, eu teria pegado leve com você. Disse Ramon

- Tudo bem, já passou. Agora somos amigos. Digo

- Acho que você é um dos meus poucos amigos, eles me abandonaram depois que comecei a andar com você, mas eu não ligo, pois você me entende e eu me sinto bem com você, sinto que somos irmãos.

- Eu também sinto isso.

Depois fomos brincar, fazemos o que quisermos naquele lugar, pois ninguém nunca ia nos achar, pelo menos era o que eu acreditava.

-Beba um pouco de água. Você vai se acalmar. Diz o policial, a água atravessa minha garganta aos poucos, mal conseguia falar estava soluçando muito, minha cabeça está latejando de dor... Respirei fundo. – Pode continuar?

-Estávamos brincando na parte de cima, eu avisei que era perigoso correr lá em cima, pois não tinha barra para nos proteger, ele insistiu, começamos a brincar, o chão estava escorregadio por conta da umidade quando ele perdeu o equilíbrio e caiu do segundo andar, fiquei em pânico desci a escada, mas escorreguei e caí de cabeça nos degraus, desmaiei e quando acordei ele estava lá deitando no chão inconsciente.

-Essa foi à versão que eu contei para os policias e para os outros. Digo á Murilo. – A verdadeira versão não foi um acidente, foi um assassinato.

-Você... Pergunta Murilo.

Ele não consegue terminar a frase, ele acha que eu matei o meu amigo, decido tomar fôlego e continuar.

°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°

-Encontramos o ninho de amor dos veadinhos. Fala um rapaz, bem mais velho que Ramon, deve ter uns treze anos. Levo um susto, ele nos pega de surpresa, Ramon fica na minha frente para me defender, ele estudo em nossa escola.

-Luiz? O que você está fazendo aqui? Pergunta Ramon

-Eu segui vocês, seus otários, não sabem esconder nada. Eu estava entediado, então segui vocês dois já terminaram o trabalho de artes? agora vieram namorar é?

-Estou falando sério, saia daqui.

-Olha que valente, desde quando vi você com essa bicha, eu sabia que você ia acabar virando gay. Achava que você não ia trair seu amigo, a sua turma. Diz Ele cheio de raiva.

-Eu não gosto de maltratar as pessoas, o Douglas é um cara legal, eu estava cansado daquilo, eu mudei, sou um cara mais humano agora. Diz Ramon

-Ah. Cale a boca, não venha com esse papinho de bicha pra cima de mim, Pessoas como ele devem ser exterminadas, foi o que eu aprendi, e é o que eu vou fazer.

-Você está maluco, O que ele fez para você, Luiz?

-Ele me incomoda, o jeito que ele é me tira do sério, eu estou fazendo um bem para você e a para a humanidade.

-Por favor, vai embora... Deixe-o em paz.

-Vá se fuder, eu vou dar um jeito no seu amigo.

-Você não vai tocar nele. Diz Ramon. – eu o amo.

-Saia da minha frente.

O brutamonte pega Ramon pelo braço e bate com a cabeça dele na parede até que ele desmaie no chão.

-Desgraçado. Grita Ramon

-Não. Ele me segura. – o que você fez com ele.Grito

-Agora vou dar um jeito em você.

Ele começa a me bater, me dá um soco no rosto, começo a andar, ele me dá um chute na perna que caio no chão, Ramon bate em suas costas com uma tábua ele fica descordado começamos a correr, e correr, meu Deus temos que sair desse lugar, ele nos alcança quando estamos próximo à escada, ele dá um soco nas costas e na cara de Ramon que cai no chão novamente, alcanço o primeiro degrau da escada, mais onze degraus e estou livre dele, sinto sua mão em mim, ele me vira e me encara.

-Você não vai fugir... Eu vou te matar.

Ele olha para mim, vejo o mal em seus olhos, ele é o diabo em pessoa, a figura humana do demônio, o mal está encarnado nele. Eu não quero morrer agora.

-Não vai mesmo. Diz Ramon, indo a sua direção.

-Nãaaaaooooo. Grito.

Ele me empurra do alto da escada, meu corpo rola, sinto a baque quando minhas costas e minha cabeça batem em cada um dos degraus, um escuro toma conta de mim. É a morte.

Ninguém pensa no dia de sua morte, ou como ela vai ser se vai doer, ou se você vai chorar esperando a escuridão dominar você, eu nunca pensei nisso não quando se tem oito anos de idade. Abro os olhos, minha cabeça dói, estou muito tonto, está nublado, vejo arvores enormes, levando minha mão que está com sangue e com vários hematomas, viro a cabeça e vejo uma escada, depois de muito esforço me seguro no degrau da escada para me levantar, tudo está girando, cada parte do meu corpo doí, vejo um corpo desmaiado no chão.

- Eu olhava para ele com os olhos arregalados, ele não abria os olhos, eu gritava, chamava socorro, mas não tinha ninguém perto, porque ele não acordava? Deitei meus ouvidos no seu peito, mas fui tomado pelo som do silencio, passei a mão no seu lindo rosto, sua pele gelada e macia, seu cabelo liso e escorrido e de um preto tão preto que chegava a brilhar, passei a mão em seus cabelos, sinto meu dedos molhados, pressiono meu dedos levemente, meus dedos afundam em sua cabeça e minha mão fica encharcada, virei sua cabeça e quando vejo um prego enfiado em sua cabeça acima da nuca, aquele desgraçado teve coragem de fazer isso, maldito. Eu tinha que fazer alguma coisa, me segurando e com a cabeça pesada, foi até o telefone público do parque e liguei para emergência, minha cabeça latejava de dor, minhas mãos estavam encharcadas pelo sangue dele, tudo começou a rodar novamente, quando me desliguei e acordei no hospital.

-Mãe? Acordo assustado. - O que aconteceu com o Ramon?

Minha mãe começa a chorar, fico mais assustado do que já estou.

-Onde ele está? Grito, chorando, soluçando. – Onde ele está?

-Os médicos fizeram tudo que podiam. Mas ele não resistiu.

-Não. Não! Não! Começo a chorar descontroladamente. Perdi meu único amigo, meu irmão que não tive, ele morreu por minha culpa, porque fui levar para aquele lugar, porque ele começou a andar comigo, eu causo raiva nas pessoas, eu deveria ter morrido no lugar dele.

°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°

-Depois que recebi alta do hospital fui para minha casa, fiquei um mês sem falar, estava em choque pelo o que tinha acontecido, pensei em tirar minha vida várias vezes para acabar com aquele sofrimento, mas eu não consegui. Eu não tive coragem.

Murilo me abraça forte, estou aos prantos, é muito dolorido trazer a tona o que aconteceu naquele dia, mas é um peso que tiro da minha consciência.

-Eu estou aqui, vai ficar tudo bem!

Aos poucos vou me acalmando, minha respiração volta ao normal.

E o rapaz... Luiz?

- Ele fugiu, Os avos dele tinha uma pensão, fui atrás para tentar descobrir alguma coisa, mas não consegui nada um lugar horrível, sujo, eles me disseram que ele era o demônio em pessoa, os pais dele morreram quando ele tinha cinco anos, um tempo depois descobriram que a pensão de seus avós era um prostíbulo de crianças, eles adotavam e ás molestava. E pensar que eu sou o culpado de tudo isso.

- Não, você não é. Quem matou ele foi esse tal de Luiz, não você. Diz Murilo olhando diretamente nos meus olhos.

- Mas eu levei o Ramon para aquele lugar. Eu crio o ódio nas pessoas. Meus olhos estão marejados.

- Escute. Ele segura minha cabeça - Você não teve culpa, você é um bom garoto, não fiquei se martirizando. Por favor.

- O pior é que esse demônio está à solta por aí, e se ele estiver esperando o momento certo para acabar comigo?

- Esse filho da mãe, não teria coragem de aparecer aqui depois do que aconteceu, e se ele ousar lhe tocar... Eu vou acabar com ele. Diz Murilo em um tom de raiva.

- Eu tenho medo, medo de acontecer algo comigo, com você com a minha família, ele é um psicopata, não sabemos o que passa na cabeça dele, não sabemos do que ele é capaz.

- Calma. Ele me abraça e beija minha cabeça. – Você tem que contar isso para a polícia.

Fico cara a cara com ele, meus olhos estão marejados de tanto que chorei.

- Não, não quero voltar ao passado, não quero passar por tudo que passei novamente, você acha que eles vão acreditar em mim, esse Luiz planejou tudo, ninguém sabe que ele pareceu naquela oficina, com certeza ele limpou as provas, não vou contar a polícia, por enquanto não agora. Digo - Ele apagou todas as provas que o podiam incriminar, ele fez parece um acidente ou que fosse culpa minha, pois só o meu DNA estava no corpo de Ramon, por isso não falei que tinha uma pessoa terceira pessoa, eles iam me chamar de maluco.

- Tudo bem. Como você quiser. Ele me abraça mais forte

Sinto-me tão aliviado, depois que expus esse segredo, mas ainda me sinto culpado, ainda lembro-me do desespero de seus pais quando receberam a notícia, ouvi gritos e choros pelos corredores do hospital, aquilo me matava por dentro, foram dias bem sombrios, depois de muitas entrevistas com os policiais e detetives, eles arquivaram o processo, Luiz está por aí, ou não eles podem ter dado cabo daquele demônio, mas minha intuição é que ele ainda está vivo, ele deve ter uns vinte anos agora, deve ter feito alguma cirurgia plástica para mudar seu rosto, trocou de nome, isso parece coisa de serie policial, mas existe, há muitos criminosos no mundo que mudam seu rosto para não serem identificados.

Ficamos ali deitados na cama, olhando um para outro, quero esquecer tudo isso, pelo menos por algumas horas, Murilo me deixa com a áurea renovada.

- Muito obrigado por ter-me contato seu segredo, pode ficar tranquilo. Isso só vai ficar entre nós. Diz Murilo me acariciando.

-Eu que agradeço por você ter me escutado. Digo

-Está com fome?

-Estou.

Colocamos nossas roupas e fomos para a cozinha, preparamos uma pizza, comemos e depois fomos assistir uma série no sofá bem agarradinho. Seu corpo me esquenta, logo acabo adormecendo, minha mão deve chegar daqui a pouco, ele não pode adormecer, estou num lugar lindo, pelo menos essa noite vou sonhar com os anjos ao invés dos demônios que me atormentavam á cinco anos, mas sinto que isso ainda não acabou, se esse filho da puta estiver vivo quero que ele pague pelo que fez.

Continua...

Comentários

Há 2 comentários.

Por C.E Demetrio em 2016-09-01 11:17:54
Neste capitulo acompanhamos o que aconteceu no ano de 2011(capitulo 1),Douglas tinha sete anos de idade e Ramon dez anos, Luiz o rapaz que o atacou tinha aparentemente treze anos. Agora vamos iniciar a segunda fase da história, vamos conhecer os personagens mais profundamente, seus segredos. Vamos ter mais tensão, emoção , sensualidade e muitas surpresas. Aguardem !
Por ®red® em 2016-08-31 12:47:51
Foi ótimo. Pensei que ele tinha matado o Ramón pra fugir de um estupro (o Ramón não tinha idade ou eu que não li direito) mas, agora faz sentido. esse Lucas será uma pedra no sapato? só volte logo pfv. 🙏🙏🙏