Diário Secreto - Chega de Segredos - Capitulo 18

Conto de C.E Demetrio como (Seguir)

Parte da série Diário Secreto

# AVISO IMPORTANTE #

Esta é uma obra de ficção baseada na livre criação literária e sem compromisso com a realidade, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

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Anteriormente em DIÁRIO SECRETO

- ''O que ele fez?'' (Estudante um)

- ''Que horrível... É nojento'' (Estudante dois)

- ''Como ele teve coragem de fazer isso?'' (Estudante três)

- Isso é o útero de uma pessoa. (Professor)

- Você mandou pediu para matarem ela? (Murilo)

- Não, meu Deus... Eu poderia odiá-la, mas não faria uma atrocidade dessas... Você tem que confiar em mim. (Douglas)

- Fica muito difícil confiar em você, depois disso... Eu preciso de um tempo, nós precisamos de um tempo. (Murilo)

- Você não imagina quem fez isso? (Delegado)

- Não, mas sei que foi a mesma pessoa que matou a Jéssica. Ontem eu recebi os três dedos dela. (Douglas)

- Douglas, se você não está se sentindo bem... Posso lhe liberar das aulas hoje. (Diretora)

Vou pedir para um de nossos policiais lhe acompanhar até sua casa. (Delegado)

- Você é policial... Interessante... Não tinha ideia... Médico, Contador... Empresário, mas policial não. (Douglas)

- Você gosta do perigo... Ou você não faria aquilo comigo na mesa do restaurante. Tire a roupa, quero ver você nu. Sua pele é perfeita, seu corpo tem curvas, abra a boca. (Anthony)

- Quem é esse Luiz? (Anthony)

- Ele matou a Jéssica Alano. (Douglas)

- A menina que foi violentada? (Anthony)

- Sim, essa mesmo... E eu sei que vocês já transaram. (Douglas)

- Luiz Ricardo Rodriguez, nascido em 19 de janeiro de 1996... Não constam informações dele, nenhuma passagem, a não ser... Vamos procurar em Filiação, Pedro Rodriguez e Amanda Montebelo, sua mãe sofria de Transtorno de Personalidade Limítrofe, ela suicidou-se.

- Duas mensagens recebidas: ''Boa noite, aproveitando o jantar?''.

''O suco de uva está gostoso? Coloquei um ingrediente especial nele''.

- Mamãe, por favor... Fale comigo... Não me deixe sozinho, por favor! (Douglas)

- Ela está bem agora, conseguiu vomitar todo o veneno, mas precisa ficar mais um dia para limpar todo organismo o veneno pode ter prejudicado o fígado e o estômago. (Médico)

MENSAGEM RECEBIDA: ''Sua mãe não se foi desta vez... Mas eu levei seu cãozinho. A sua hora vai chegar, aguarde!

- Porque você ficou nervosa de repente? - Nádia! Ele quase matou minha mãe, por favor! (Douglas)

- Não posso... Eu prometi a ela. (Nádia)

- Você precisa saber a verdade. (Hellen)

- - Que verdade? Que eu e minha mãe fomos para a cama com assassino, um psicopata... Eu vou matá-lo com minhas próprias mãos... Aquele desgraçado, ele está acabando com a minha vida, e por quê? O que eu fiz para ele? Ele merece morrer. (Douglas)

- Não fale assim... Do seu irmão. (Hellen)

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Série: Diário Secreto

Capitulo Dezoito - Chega de Segredos

Escrito por C.E Demétrio

OBS.: Este capítulo é narrado por Hellen e Douglas.

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Narrado por: Hellen

Novembro de 1996

Hoje completo dezoito anos de idade, como fazemos todo sábado vou á praia com minha melhor amiga, conheço Nádia desde o ensino fundamental.

- Como é ter dezoito anos? – Pergunta Nádia.

- Sinto-me normal... Só que mais velha e responsável, pelo menos não sou mais virgem.Respondo.

- Vamos comemorar... Meus pais estão num cruzeiro pelo pacífico, vou preparar uma festa.

- Não precisa... Eu só quero sair para beber em qualquer barzinho.

-Amiga... Deixe eu lhe dar este presente... Please! - Detesto quando Nádia faz isso.

- Você vai encher o meu saco se eu disser não?

- Vou.

Não gosto de dar trabalho para os outros, apesar de nunca ter uma festa exclusivamente para mim, eu gosto da ideia, Nádia começa a ligar para os promoters... Vai ser um grande evento.

Vou para minha casa que fica alguns do outro lado da cidade, felizmente não vou de ônibus hoje, Nádia deixou seu motorista me levar até minha casa.

- Oi mãe. – Falo assim que adentro a porta, dou-lhe um beijo. – Cadê o papai?

- Seu pai foi pescar com os amigos. Está com fome?

- Não, eu almocei na praia.

- Como está a Nádia?

- Está ótima como sempre, vou dormir na casa dela hoje, vamos fazer uma festa.

- Ok. Divirta-se

- A limousine está me esperando, estou com meu look festa de dar inveja... Não gosto de gabar, mas eu sempre arrasei nas festas, e o esquenta está só começando, garrafas de champanhe e uísque estão ali esperando por nós.

- Vai um cigarro de chocolate? Pergunta Nádia

- Sim. - Dou uma tragada. - Delicioso.

- Vamos fazer uma brincadeira? - Pergunta Sebastian, amigo de Nádia - Gira a garrafa!

- Eu já fiz essa brincadeira várias vezes, mas tudo bem. Respondo.

- Jogo da garrafa só com quatro pessoas, eu, Nádia, Sebastian e Christian, começo girando a garrafa e para em... Sebastian, seus lábios são muito secos, mas sua língua é muito habilidosa, queria saber o que ela faz no meu corpo... Dou a vez para ele, a garrafa para em Christian.

- Não, puta que pariu! Eu não vou beijar um homem.

- É o jogo, regras são regras.

- Isso não pode sair daqui.

Os dois se aproximam... Seus lábios quase se tocam.

- Não, tem que ser de língua, vai mete a língua na boquinha dele. Digo.

- Vai cara vamos acabar com isso de uma vez. - Diz Christian.

Sebastian o beija de língua, é estranho, mas aquilo me excitou de uma forma inexplicável.

Depois Christian me beijou, eu beijei Nádia e gostei, os lábios são macios e seu beijo tem gosto de menta e champanhe, delicioso.

- Enfim chegamos á casa de Nádia, a casa estava cheia, o chão tremendo com as batidas do som, a sala de estar parecia uma casa de swing, casais se beijando, cheirando cocaína, fumando maconha, bêbados, jogando strip poker, uma garota acabou de fazer top less, pegamos uma taça de champanhe fomos para fora de casa onde estava realmente a festa, adoro isso...Ver todos dançando de divertindo.

- Quem é o DJ? - Pergunto.

- Amigo, do Christian... Manda bem né?! - Responde Nádia

- Muito, e que tesão hein?! - Digo.

- Ui, safadinha... Tenho uma surpresa para você. Diz Nádia

Nádia me leva até o palco próximo ao DJ, fala algo em seu ouvido e ele abaixa o som e ela pega o microfone.

- Boa noite... Quero agradecer a presença de vocês aqui, e quero pedir uma salva de palmas para minha amiga Hellen que está fazendo dezoito aninhos hoje.

Sou ovacionada e aplaudida pela multidão, adorei a sensação.... Sinto-me uma celebridade.

- E agora... O meu, o nosso presente para você. Se joga amiga!

- Os garçons trazem um bolo gigantesco, eu imagino que seja, um homem de sunga bem colada para dançar comigo, Nádia é demais, simplesmente amo minha amiga. Desço e vou para junto da galera que está animada com a surpresa, teve ter uns cem convidados, abro o meu bolo de aniversário gigante... E sou surpreendida pelo som de um tiro que deixa todos em pânico, olho para o palco e vejo que Nádia está imobilizada por um cara com gorro na cabeça... Isso não está acontecendo.

Assim que percebo que estamos rodeados de homens armados, entro em desespero quando um dos homens me conte e cobre minha boca com a mão, ele está usando uma luva de couro... Outro cara fazendo o mesmo com Nádia, ouvimos alguns disparos, cinco pessoas estão baleadas, e eles continuam atirando, com certeza os empregados estão mortos, é uma quadrilha, pois havia rapazes que já estavam entre nós, e foi na hora do bolo surpresa que a chacina começou.

Eles nos levam para dentro de casa, há pessoas baleadas, e eles continuam atirando, um deles dá cinco disparos em um cara, outro dá chutes e ponta pés numa garota, é o inferno na terra.

- Por favor, vocês querem dinheiro? - Pergunta Nádia, chorando em desespero.

- Cala a boca, sua maconheira do caralho...Nós queremos curtir com vocês e pegar a grana que o filho da mãe do seu irmãozinho me deve. Diz um dos caras no ouvido dela, com a arma apontada para a cabeça de Nádia.

- Ei, cara... Olha que gostosinha essa aqui. - Diz o cara que está comigo. - Por que você está nervosa, amor?

- Me deixa em paz, eu não tenho nada para oferecer. - Digo, estou soluçando de medo, dou um chute na virilha, todo acontece em um segundo... Ele me solta, consigo escapar de seus braços... Estou quase perto, consigo sair, mas um dos bandidos que estava na porta me detém, estou dentro de casa novamente... Nádia não mais na sala.

Estou de volta a sala, mas Nádia está mais lá.

- Onde está minha amiga? O que fizeram com ela? - Pergunto em desespero.

- Cala essa boca sua vadia. - Sinto sua mão pesada no meu rosto, me derrubando no chão, nesse segundo me arrasto não chão, sinto sua mão puxando meu pé, tento resistir movimentando as minhas pernas, pego um garrafa de vodca vazia e quebro em sua cabeça, ele dá um grito, mas o outro homem me segura, me contem, estou a mercê desses bandidos novamente, o rapaz que atingi está em cima de mim, seus joelhos prendem meus braços no chão, ele me dá um, dois, três, quatro... Não sinto mais meu rosto, ele não para de me esbofetear, ele para, começo a sentir o meu rosto, está latejando de dor, sinto-o enxado, coloco a mão na boca, está coberta de sangue, meu olho esquerdo não abre... Sinto sua mão na minha perna, entrando no meu vestido.

- Você tem um corpo muito lindo... Vamos ver o que você tem pra mim hoje.

Sinto seus dedos passeando por dentro de minha calcinha, porque ele não me mata de uma vez.

- Humm...Bem molhadinha, papai gosta...Vem cara, vamos mostrar o que é bom para essa vagabunda.

- NÃO! - Grito. - Eu imploro não faça isso comigo, por favor!

- Segure-a!

- Não, pare... Eu lhe imploro. - Tento impedir com minhas pernas, mas sou derrotada, pois um de seus comparsas me detém, grito... Olho para o meu lado e vejo pessoas mortas, baleadas... Ele tira a minha calcinha, o ouço desfivelar o cinto da calça, após alguns segundos sinto seu pênis dentro de mim, me invadindo sem um pingo de delicadeza, começo a gritar, mas ele cobre minha boca, aquilo é agoniante, não é prazeroso... É humilhante e doloroso, não é a mesma coisa do que eu rapaz que já conhecemos, e nunca vai ser... Ele penetra mais fundo.

- Sua putinha...Você é apertada pra caralho...Tá gostando do seu presente?

Não consigo falar, não tenho forças, estou no limbo...Como ele consegue sentir prazer com isso.

- Fale... Fale que está gostando. - Ele mete mais fundo ainda, acordo do meu transe. - Fale sua cachorra... Diga sua puta!

- Porra, cara eu estou ficando excitado...Posso ''comer'' essa vagabunda?

Um momento agoniante, humilhante... Preferia estar morta, estava exausta e ele não parava, o suor de seu rosto pingava no meu, meu estomago começou a embrulhar, ele beijava meu pescoço, o outro segurava minhas pernas enquanto o desgraçado me violentava, não havia mais ninguém na sala, apenas nós três... Eu quero que isso acabe eu só quero voltar para casa... Eu quero voltar para a minha mãe, não sei se sou capaz de contar para ela, o sujeito começa a gemer e urrar... Ele ejacula dentro de mim... Neste momento ouço um tiro, sua cabeça explodiu na minha frente, entro em pânico no momento que o sangue jorra em meu rosto, Nádia está com a arma, o outro sujeito tenta fugir, mas é atingido nas costas.

Eu não queria ser vista daquela maneira pelos policiais, tudo o que eu queria era tomar um banho, me entupir de calmantes e nunca mais acordar, não se como eu iria olhar para a cara dos meus pais, não sei se deixaria qualquer homem me tocar, depois desse dia...Meus planos para o futuro se desmantelaram, deixaram de existir, eles tiraram minha vida, minha alegria, meu pudor...Minha vida acabou.

- Hellen, eu imagino sua dor, mas você precisa falar com o delegado, depois vamos ao hospital. - Diz Nádia

- Eu não quero que minha mãe me veja assim. -Estou soluçando de tanta dor que sinto. - Não, eu não consigo... Por favor, eu não quero.

- Hellen, Mesmo com o seu mundo de cabeça para baixo... Você tem que unir forças e seguir em frente. É possível... Sei disso.

Suas palavras me dão um pouco de esperança, quero tirar o cheiro daquele filho da mãe do meu corpo, não quero pensar em nada... Só quero tomar um banho e dormir.

Estou em farrapos, Nádia me ajuda a sair daquela situação deplorável, não consigo me olhar no espelho de tanta vergonha, fui degradada, humilhada... Violentada... Estuprada.

Todos os agressores e bandidos estão mortos, daqui a pouco a polícia vai chegar, pego uma toalha do lavabo, umedeço com agua e limpo as manchas de sangue em meu rosto... Levo um susto quando Nádia abre a porta do banheiro.

- Eu preparei uma pequena mala, vamos passar a noite no hotel, não quero ficar aqui nesta casa... Pelo menos hoje.

- Eu nunca mais serei a mesma garota... Eu me sinto suja, sinto-me...

Não consigo terminar a frase, e as lagrimas caem involuntariamente, meu corpo dói, minha alma está sangrando... A morte viria a calhar uma hora dessas.

- Não fique assim... Você é forte, você é uma guerreira... Eles morreram por nada, você está aqui, viva! - Diz Nádia

Nádia não me toca, ele entende que não quero nenhum tipo de contato corporal esse momento, ou nunca mais.

A polícia chega em seguida, um pouco recomposta consigo falar o que aconteceu, tivemos que passar na delegacia para realizar os devidos depoimentos e finalmente chegamos ao hotel, a agua quente acalma meu corpo...esfrego meu corpo contra espoja tão forte que chega a arder minha pele...Ainda sinto o cheiro daquele filho da puta em mim, enrolo uma toalha no minha cabeça e coloco um roupão do hotel.

- Pedi um lanche... Se tiver com fome, fique a vontade, eu vou tomar uma ducha.

Procura na mala, Nádia trouxe dois pijamas de dormir, o quarto tem duas camas de casal, deito na cama, me cubro com o cobertor e os mais um edredom... Encolho-me na cama enorme, sinto-me tão pequena, tão indefesa nesse mundo tão podre e nojento, faço uma oração e caio no sono.

Algumas Semanas Depois...

Depois de noites em claro chorando, e pesadelos constantes... Na verdade eram lembranças aterrorizantes daquela noite horrível, estou conseguindo me reerguer, Nádia passou pela mesma experiência, porem ela é mais forte... Enfrentamos isso com muita força, não sabia que existia tanta força dentro de mim... Decidimos manter isso em segredo, não contamos nem mesmo para nossos pais... Vamos privá-los desse acontecimento, nossa vida foi voltando ao normal com o passar dos dias... Abro os olhos no meu quarto, me arrumo para a aula, tomo meu café da manhã, geralmente não tenho apetite a essa hora da manhã, escovo os dentes e vou para faculdade.

Chegando lá encontro Nádia no banheiro, está retocando a maquiagem.

- Quer emprestado? - Pergunta Nádia.

- A cor é linda. - Passo o batom em meus lábios. - Amei.

- E como você está?

Dou uma olhada no banheiro para ver se há terceiro.

- Barra limpa, estamos a sós. - Responde.

- Depois de algumas sessões de com Dr. Phillip, eu estou melhorando, ainda bem que não precisei tomar nenhum antidepressivo. E você?

- Eu estou bem também... Nós vamos superar isso juntas. - Nádia pega minha mão, nos abraçamos.

- Obrigada amiga. Digo, na verdade estamos nos recuperando juntas.

Sinto o cheiro do perfume de Nádia e me dá embrulhos no estomago, corro para o vaso... Coloco todo meu café da manhã para fora.

Nádia está me acudindo, mas já estou bem, ele me dá um pedaço de papel para limpar minha boca.

- O que foi isso? Você comeu algo estrago? - Pergunta Nádia, preocupada.

- Não comi torradas e uma xícara de café... Esse seu perfume é muito forte. - Forte mesmo, ele me dá náuseas.

- Meu perfume? É aquele francês que você adora. Nádia retruca.

- Mas ele é muito forte para usar durante o dia.

- Está bem, está bem... Vamos para aula!

No intervalo, peço um suco de laranja e um sanduíche natural.

- Para quem deixou o café da manha no banheiro, você está bem faminta hein?! - Diz Nádia com aquele tom debochado.

- Melhor do que chocolate. Digo, comi chocolate ontem.

- Ai, deixa que eu estou naqueles dias...Minha regra desceu na terça e eu fico louca para comer chocolate. Diz Nádia

- A minha não veio ainda... Nem quero ver quando descer.

- Compra um tampão.

- Cala a boca.

Começamos a rir, acho que é a primeira risada não forçada que dou em três semanas, três semanas já faz quase um mês que não menstruo... Será que foi efeito do... Incidente. Preciso ir ao médico.

Três dias depois...

Pedi para Nádia ir comigo na consulta, pois não menstruei ainda e estou preocupada com minha saúde, o doutor fez alguns exames e pediu para aguardar o resultado.

- Hellen, Após a nossa bateria de exames... Descobrimos a causa dos enjoos e do atraso da sua regra... Você está grávida!

Sinto o chão cair sobre meus pés, tudo que eu fiz para me reerguer esses dias foi por agua abaixo depois desta notícia, o que vou fazer agora? Como vou chegar aos meus pais e explicar que eu fui estuprada e que estou grávida. Saio do consultório médica transtornada, aos prantos.

- Hellen! - Ouço a voz de Nádia vindo de longe, ela está correndo atrás de mim, paro para ele me alcançar.

- O que eu faço da minha vida, Nádia? - Mal consigo falar, estou desesperada, ela me abraça.

- Nos vamos dar um jeito... A gente faz uma viajem, vamos para a minha casa de campo, ficamos lá uns meses até você ganhar o bebê... Mas primeiro vamos para a casa.

Chegando à casa de Nádia, após dois copos de água com açúcar e de chorar um oceano de lágrimas, me acalmo.

- Eu tinha tantos planos... Tantas esperanças, mesmo depois daquela noite, mas agora me sinto num pântano, no escuro, como se me puxassem para baixo... Eu não quero esse bebê.

- Você está pensando em abortar? - Pergunta Nádia

- Eu não quero o filho de um estuprador... Essa criança vai ter os olhos, as feições daquele desgraçado... Eu fui violentada por um homem que nunca vi na vida, ele está morto e agora estou grávida. - Digo

- Se você não quiser ter esse bebê eu vou entender... Mas você teria coragem de fazer isso?

- Eu não sei... Estamos falando de uma vida, mas e se cada vez que eu olhar nos olhos desse bebê eu lembrar aquela noite.

- Você tem que contar para alguém da sua família... Pelo menos para sua mãe... Eu vou com você. - Propõe Nádia

- Tudo bem, que Deus me ajude!

Deixei passar uns dois dias, convidei Nádia para ir há minha casa... É a hora da verdade, minha mãe ficou pasma, se emocionou, sentiu nojo do agressor, sentiu pena e ficou muito brava por não ter contado á ela.

- Sei o que você está passando filha... Fui estuprada pelo seu avô quando eu e o seu pai estávamos noivos, ele tirou minha virgindade... Não foi o seu pai.

- Mãe, eu sinto muito. - Ficamos todas emocionadas.

- Tudo bem filha, mas agora a prioridade é você e esse bebezinho que você está esperando... O que você vai fazer? - Pergunta minha mãe

- Eu não sei se eu fico com ele ou... - Ela não deixa eu terminar a frase.

- Não, nem pense nisso, não é porque um filho da mãe te violentou que você vai fazer mal a essa criança, tenha esse filho... Nós vamos cuidar dele e dar muito amor á ele. Diz mamãe.

- E o papai? O que ele vai fazer quando souber disso.

- Querida, se você sobreviveu á um estupro... O seu pai você tira de letra.

Tão bom saber que minha família me apoia... Papai ficou transtornado com a situação, mas depois se deteve e também me apoiou.

Os meses foram passando, minha barriga de grávida foi ficando mais aparente, até que cheguei ao nono mês de gestação, ao longo desse tempo fui criando uma relação de amor com meu filho, sim já estou chamando de meu filho... Pois ele é só meu, criação independente... Não importa como ele foi gerado, o importante é que ele terá muito amor, eu o amo demais.

O dia do parto chegou a bolsa estourou por volta das 21 horas... Mamãe me levou para hospital, papai tinha viajado para uma cidade vizinha para pescar, minha bolsa já estava pronta á dias, agora é só esperar o meu grande amor, meu filho...Luiz Paulo está chegando.

Já se passaram cinco horas, não aguento mais... Estou exausta, a dor é insuportável, eu grito...Mordo a toalha mas ele não sai.

- Vamos, força Hellen... Força, você consegue... Estou vendo o topo da cabeça. VAMOS!

- Vamos filha você consegue! - Diz mamãe.

Ouço uma voz aguda de choro, é ele... meu filho...Sou levada para a noite onde tudo isso começou, os gritos do bebê são confundidos com os meus, toda a dor e sofrimento voltam á tona, depois de nove meses sem pensar nisso porque na hora do parto?

Minha mãe está segurando ele... Ela se aproxima de mim... Não quero olhar para ele, não quero ouvir o choro dele... Não quero ficar com ele, viro a minha cabeça.

- Tirem ele daqui... Por favor! - Não consigo olhar para ele, não consigo tocar nele...Lembro me dele.

- Hellen, você não quer ver o seu filho.

- Esse bebe foi o resultado daquela noite horrível... Tire-o daqui.

Eu quero morrer agora, sinto-me um lixo.

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Dias Atuais

Narrado por : Douglas

Dou-lhe um copo d'água para se acalmar, seus olhos estão vermelhos de tanto chorar... Os meus também... É muito triste sua história, Após alguns goles ela se acalma e continua.

- Eu não consegui ficar com ele... Eu olhava nos olhos dele e enxergava o estuprador... Eu sentia vergonha, raiva... Nojo... Mas eu não sentia amor como eu sentia antes... Eu comprei roupas, organizei um chá de bebê... Mas quando ele nasceu... Não conseguia sequer ficar no mesmo ambiente.

- Então você o entregou para adoção? - Pergunto á ela

- Sim... Depois de alguns anos eu conheci seu pai, tivemos você... E eu apaguei esse lado sombrio da minha vida.

- E como você descobriu que o Luiz Ricardo é seu filho?

- Eu contratei um detetive... Ele me passou todo o histórico dele... E eu soube que ele morava perto da nossa casa... Ele ofereceu os serviços de jardinagem, mas foi a partir deste dia que eu comecei a investigar e contratei os serviços do Anthony.

- Anthony, o marido da Nádia?

- Sim, ele faz serviços de investigações particulares... Descobri toda a vida dele em apenas uma tarde, o dossiê de Luiz Ricardo... Ele passou por dois orfanatos e depois foi adotado por um casal... Só que a mulher tinha problemas psicológicos, os pais morreram e ele cresceu com os avós.

- Ele era o garoto que me atormentava na escola, ele fez da minha vida um inferno... Ele matou o Ramon... Cinco anos depois eu transo com ele e descubro que ele é meu irmão... É demais para mim...Eu não tenho estomago para isso.

- Você acha que eu estou bem com essa situação... O meu filho tentou me matar... Até você ia querer me matar.

- É diferente... Não dá para igualar o que aconteceu com você vinte anos atrás... Eu entendo as suas escolhas mesmo ela afetando tantas pessoas ao seu redor. – Respiro fundo. - O papai sabe disso?

- Não, eu tenho tanta vergonha do meu passado, sem saber ele me ajudou a enfrentar todos os meus medos

- O que você vai fazer com o seu outro filho?

- Eu não sei... Só o vi aquela vez... Ele teve uma infância muito conturbada, não teve bons exemplos... Ele está desaparecido... Mas ainda o sinto entre nós... Ele matou a Jéssica, o Ramon... Tentou me matar.

- Isso não está acontecendo... Isso só pode ser um sonho... É surreal. Digo

- Você não sabe como é horrível esse sentimento... Raiva, desgosto... Tristeza. - Diz mamãe

- A gente precisa conversar mais sobre outros assuntos, vou deixar você descansar...Eu te amo!

- Também te amo

Minto para Nádia que estou com dor de cabeça, preciso de tempo para pensar nisso tudo... Minha mãe foi estuprada quando tinha dezoito anos, o filho da puta do estuprador a engravidou, mas ela aceitou o bebê porem no momento do parto ela o rejeitou, pois ele representava o que ela tinha passado uma espécie de depressão pós-parto, vinte anos depois... Casado e com um filho do homem que ela ama, o filho retorna... E o mais estranho é que eu já conhecia o meu irmão... Ele matou meu melhor amigo, Ramon e vinte anos depois se apresentando como Ricardo eu vou para cama com ele, mas como eu iria saber, minha mãe escondeu essa parte de sua vida para mim, até hoje... E Murilo que não aparece... Ele pediu um tempo, mas nem seus pais sabem onde ele está, preciso dele comigo... Preciso do abraço dele.

Papai vai me buscar na casa de Nádia... Estou deitado na cama, fecho os olhos... Tento limpar a mente, tirar os últimos acontecimentos, de repente meus pensamentos são interrompidos com a campainha...É Lívia, ela está me trazendo as matérias que perdi.

Conversamos um pouco, passo toda a matéria para o meu caderno.. Enquanto ela faz a lição de casa, depois decidimos dar uma volta para espairecer a cabeça... Estamos no parque.

- Você tem visto o Ricardo? - Pergunto

- Não, faz uma semana que não o vejo. Por que a pergunta?

- Vou te contar uma história.

Conto tudo o que aconteceu com minha mãe e sobre meu irmão mais velho, Lívia fica estupefata, boquiaberta com o que acabara de ouvir, acabei chorando... Pois não sei o que eu faço.

- Calma amigo... Isso é... Complicado, mas sua mãe vai ficar bem, vocês vão encontrar o Ricardo, vocês têm de interná-lo ele é um psicopata, mesmo ele sendo seu irmão ele é um perigo para vocês... E pensar que eu dei minha virgindade á ele, filho da mãe. - Diz Lívia.

- Eu também transei com ele. - Digo.

- O que?... Você teve relações com seu irmão, Isso é...

- Incesto. Completo

- Insano! Puta merda! ...Quando acho que você está ficando chato... Você me surpreende. Diz Lívia.

Solto uma risada leve, melhor rir do que chorar... É uma sensação boa, mas ao mesmo tempo um tanto inapropriada, pois estou passando por momentos intensos.

- Você é muito forte, você está passando por isso tudo e ainda está de pé. Diz Lívia.

- Sim, mas na verdade estou em pedaços... Mas não posso me abater. Digo para mim mesmo, e para ela.

- Você falou com Murilo? Ele pode te dar uma força, os namorados também servem para dar apoio também.

- Nem sinal de vida... Ele sumiu, nem a mãe dele sabe onde ele está... Desde o dia que tivemos aquela discussão por conta da Jéssica... Eu sinto falta dele.

- Você o ama? - Pergunta Lívia

- Sim, amo muito... Tudo o que eu quero me encontrar com ele, contar tudo o que aconteceu e abraçá-lo muito... Ele me faz tão bem. Respondo.

- Vou perguntar para o meu irmão, ele deve saber de alguma coisa. - Diz Lívia.

- Seria ótimo, eu estou tão apreensivo.

Estamos entrando em nosso esconderijo, tenho lembranças boas e ruins deste lugar... Lembro-me do tempo que brincava com Ramon, mas também me lembro do dia que ele morreu, me recordo das brincadeiras que eu, Lívia e Jhonatan fazíamos aqui, lembro-me daquela tarde maravilhosa que passei aqui com Murilo.

- Douglas, encontrei um celular...Esse é dos bons. - Diz Lívia

Lívia encontra um celular jogado no canto da escada, a tela está trincada e rachada... Não tem bateria.

- É o celular de Murilo... Ele está ou estava aqui. Digo, preocupado.

Lívia sobe as escadas, calmamente até chegar ao segundo andar, vou atrás dela... Ouço um grito de pânico... De horror... Não, por favor, não... Se aconteceu alguma coisa com ele, eu não vou me perdoar.

Continua...

Faltam apenas dois episódios para o final de Diário Secreto, pensando nisso abrimos uma enquete para interagir com você, então lá vai...

O que você acha que aconteceu com Murilo?

Dê seu palpite nos comentários abaixo ou na pagina ‘’Demetrius Land’’ no Facebook.

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Comentários

Há 2 comentários.

Por ®red® em 2017-01-31 15:43:15
Voltou boy? Quero o próximo... Acho que o Ricardo tá com o Murilo de refém, por isso o grito da Lívia. Bjk
Por Elizalva.c.s em 2017-01-20 11:38:19
Ele foi atacado por Ricardo esta ferido mais esta vivo,pois ele não pode morrer ele tem que ficar ao lado de Douglas e ser feliz com ele.😍😍😍😍😍😘😘😘😘😘