O AMIGO PARTE 7
Parte da série O AMIGO
7* postagem
Tivemos uma aula turbulenta, muitos exercícios pra fazer, não tivemos tempo nem de conversar direito. Terminamos de fazer todos os deveres e assim finalmente pudemos resolver como seria feito o trabalho em dupla. Decidimos fazer todo o trabalho de uma vez só na casa dele no dia seguinte. Christiano insistiu para que eu fosse pra festa da escola e eu acabei aceitando, mesmo sabendo que iria ter que aturar ele abraçando sua namorada. ... Me deu um sono terrível na aula de história. Coloquei meus braços em cima da mesa, deitei minha cabeça e assim eu dormi. Quando acordei eu vi Christiano dormindo do mesmo jeito que eu e com o rosto virado pra mim. Eu ainda estava com sono, mas continuei acordado e na mesma posição. Fiquei o observando enquanto dormia. Parte de seu cabelo cobrindo um de seus olhos e sua boca carnuda levemente aberta, o que era até engraçado de ver, mas que também só aumentava minha vontade de beijá-lo. Fiquei uns dois minutos observando aquele rosto bonito até que ele abriu os olhos e me olhou. Levei um susto que senti tudo em meu corpo contrair, gelei na mesma hora, mas não deixei que ele percebesse isso. Eu não sabia se fechava os olhos e fingia que estava dormindo ou se desviava o olhar... - Acordei. - disse ele com um sorriso no rosto. - Acordamos. - eu disse completamente sem graça. - Daqui a pouco é hora do intervalo. - disse ele olhando pro relógio. - Ahan. E dessa vez eu vou pagar meu lanche ok? - Tudo bem, já que você insiste. - ele sorriu.
Tivemos dois testes nas aulas após o intervalo, foi bem cansativo e chato, mas mesmo assim Christiano não deixava de ser divertido, até fez com que o professor chamasse minha atenção de tanto que eu ria com ele. A manhã tinha sido muito divertida e na hora de ir embora eu senti uma pontada de tristeza por ter que ficar o resto do dia sem ele junto comigo. O resto do meu dia se resumia em aguardar o dia seguinte pra me divertir um pouco mais com Christiano. Eu passava dia inteiro pensando nele e naquele sorriso lindo que estava sempre estampado em seu rosto. ... Fui pra escola sozinho mais uma vez, mas assim que desci do ônibus eu encontrei Christiano e caminhamos juntos até a escola. Naquele dia eu decidi apresentá-lo para meus amigos que já estavam ansiosos para conhecê-lo.
- Oi gente. - eu disse. - Até que enfim hein... Essa semana praticamente nem falou com a gente. - disse Lidiane. - Ah desculpa. Bom, quero apresentar o Christiano pra vocês...
Meus amigos gostaram do Christiano e deixaram ele tão a vontade que ele até pediu pra tocar um pouco de violão que Fernando havia levado pra escola. Ele começou a tocar e quando eu achei que não podia ficar melhor, Christiano começou a cantar. Uma voz tão suave e limpa. Ele cantava de uma forma que não tem como descrever, dava pra ver que ele sentia a música e que cantava com todo seu coração, era como se ele vivesse daquilo. Christiano fechava os olhos em certos momentos da música e algumas vezes até fazia umas caretas engraçadas. Todo aquele conjunto me deixou totalmente encantado. A música terminou e ele foi elogiado por todos, já eu, acabei não comentando nada de tanto que eu tinha adorado.
O sinal tocou e voltamos pra aula de história. O professor passou um filme e nos liberou um pouco mais cedo que o normal. Eu e Christiano saímos juntos para fazer o nosso trabalho.
- Ta com fome? - perguntou ele.
- Não. - menti.
- Duvido.
Eu estou com fome. - ele disse sorrindo pra mim.
Eu tinha que me controlar pra não me perder nos olhos dele. Na verdade eu estava com muita fome, mas neguei porque sabia que ele iria querer comprar algo pra mim, mas não adiantou de nada. Passamos no KFC e ele comprou dois baldes de tirinhas de frango frito e logo em seguida entramos no prédio dele que ficava bem ao lado. Saindo do elevador, andamos por um longo corredor até chegar em seu apartamento
- Chegamos - disse ele ao abrir a porta.
- Pode largar a mochila por aí Marcos. Deixei minha mochila ao lado do sofá e fui até a cozinha onde ele estava.
- Vem comer alguma coisa.
- disse ele assim que entrei.
- Acho que não quero comer não.
- Claro que quer! Quando você chega em casa tu não come não?
- Sim, eu como, mas...
- Então pronto! - disse ele me interrompendo.
- Vamos comer. Prefere comer o frango com arroz, feijão ou prefere comer puro. - Prefiro puro. - Beleza... Liga lá a televisão.
- Que? Eu não. - cruzei os braços
- Acabei de chegar e não sei como funcionam as coisas aqui.
- É só apertar o botão lá, cara. - ele percebeu que eu não iria ligar nada.
- Ta bom, então traz os baldes e os refrigerantes pra sala. Ele ligou a grande televisão e abriu o sofá-cama.
- Vem - disse ele sentando. - senta aqui. - A gente não vai fazer o trabalho?
- Vamos, mas antes a gente precisa comer né! Temos a tarde toda pro trabalho. Você mora por aqui mesmo, não sei nem pra que vem de ônibus
- ele disse rindo. - É a preguiça de andar de manhã cedo.
Sentei na ponta do sofá-cama e entreguei os baldes pra ele.
- Encosta aqui cara. Vai ficar com dor nas costas sentado aí.
O sofá-cama dele mesmo aberto como cama, tinha uma cabeceira e era lá que ele queria que eu encostasse. Christiano pegou dois edredons pra nós e finalmente nos acomodamos. Aquilo tudo me deixava nervoso e sem jeito...