Quando nos veremos novamente?

Conto de Brulei como (Seguir)

Parte da série Desculpa se te quero!

In mind: ROBERTO.

Sempre pensei que morreria sozinho, tirei essa conclusão depois de várias relações que, evidentemente, fracassaram. O ser humano tem essa necessidade de querer ser amado, e se colocarmos essa necessidade em porcentagem a minha seria 100%.

Desde cedo me descobri homossexual. E pude aproveitar bastante a minha juventude, incluindo as decepções amorosas. É, eu sei, é besteira, “relacionamentos entre jovens tendem passar por diversas situações e blá blá bla...” , eu sei muito bem disso. Por esse motivo e vários, eu decidi ser um Psicólogo.

Formei-me na UFG (Universidade Federal de Goiás). E é aqui que a gente começa essa história.

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Não fui ao baile da formatura, não estava tão animado para isso. Mas fui direto ao aeroporto para comprar minha passagem para São Paulo, minha querida cidade natal. Estava escuro também, mas fui de ônibus e assim pude evitar acidentes (eu estava aprendendo a dirigir e não confio inteiramente em mim ainda). Comprei a passagem para ali dois dias. Voltei para o ‘apartamento’ dos estudantes e aguardei, ansiosamente, a bendita terça-feira chegar.

Incrível que o dia que você quer que chegue logo parece levar anos para chegar. A mala estava pronta desde domingo (claro). A viagem não foi tão longa, porém foi cansativa. Ao chegar no aeroporto de Guarulhos, lá estava, na portaria, minha família.

- ROBERTO! – grita a minha mãe com um rosto feliz, me abraçando e beijando – Filho! Saudades de você, meu caçulinha. Como foi a viagem?

- Foi tranquila, mãe. E vocês, como se comportaram em minha ausência?

- Mamãe está assaltando a padaria do Tonho, ela sabe muito bem que não pode comer doces, mas mesmo assim é teimosa! – minha irmã Irina se junta nos abraçando em um abraço grupal.

- Ah! Minha filha, eu amo doces, você sabe. Venham!

Meu pai, meu dois irmãos e minha vó se juntaram e me abraçaram fortemente. Saudades foram mortas ali mesmo. E por fim, o bom filho ao lar torna.

Enquanto estávamos indo pegar minhas malas, minha mãe sugere que eu vá comer um pouco em alguma lanchonete.

- Vá, e deixe que eu pego para você as malas, afinal elas são minhas e eu reconheceria de longe. E você precisa se alimentar.

Fui a uma lanchonete mais próxima (e menos movimentada). Lá eu encontrei apenas a atendente assistindo televisão.

- Boa tarde! Por favor, um café expresso e um...

A porta do banheiro (ao lado do balcão de atendimento) se abriu. Um jovem saiu. Não, não era um jovem qualquer... era um rapaz bonito... não sei dizer, só sei que me senti atraído. E ele me olhou, com um livro na mão e... é um pedaço de papel higiênico grudado na testa? Sim. Ele me atraiu de uma forma tão... ah! Ele era perfeito, e eu queria olhar e admirar ele ainda mais.

Era um jovem aparentemente novo, com cabelo e olhos castanhos claro, uma pele branca não tão branca. Com um olhar inocente, porém desafiador. E tinha mesmo um pedaço de papel higiênico na sua testa, e eu ri. Ele percebeu e riu junto. Aprontei-me e disse o famoso: Olá!

- Olá!

- Olá! Desculpe por ter me visto assim. – respondeu ele envergonhado mas alegre. Sua voz era dócil e calma – Pode ir ao banheiro! Desculpe se demorei. Mas sabe, eu estava me olhando no espelho e cheguei a uma conclusão que a vida é mesmo uma coisa louca, né? Tantas pessoas tristes por aí, esperando enxergar o lado bom da vida.

Eu olhei para aqueles olhos inteligentes e fiquei ainda mais encantado com a naturalidade dele ao me preferis essas palavras. Éramos como se tivesse continuado um assunto que estava em pauta.

- Isso se chama Esperança, não mal algum. – respondo.

Ele me lança um olhar surpreso.

- De fato. Obrigado por me lembrar (até sendo irônico esse garoto me encantava!). Você parece ser alguém importante. – disse ele olhando para os lados – não vejo paparazzis, seguranças... mas você parece ser uma pessoa interessante.

- É mesmo? Talvez eu seja mesmo! Você pode me conhecer ainda mais, se quiser.

Hmmm... – ele me encarou com uma postura avaliativa. – Você lembra da sua infância?

- Algumas partes, sim. Por que?

- Alguns adultos esquecem.

- Você não me parece ser tão jovem. Te dou 20 aninhos... – eu disse.

- Ah! sim. 19 anos. Ah! E você parece ter uns 80 anos. – respondeu ele.

- O QUE?! Hahaha, claro que não! Tenho 27 anos. Mas por que me julgasse tão velho assim?

- Pois seus olhares são sábios. E gente idosa são sábias, e grande maioria são sinceras. Mas você se está cansado – ele me olhou ainda mais profundo, e eu estava mais nervoso. Ele parecia me descrever todo! – Você é bonito, mas você também não enxerga o lado bom da vida. Lembre-se que o essencial é invisível aos olhos.... Aliás! Me chamo João! Então... Quando nos veremos novamente?

Não consegui reagir na hora, mas as palavras dele ainda estavam se posicionando em minha mente. Ele me conhece! Não é possível! Ele é mesmo muito diferente. ‘João... você é muito interessante... muito’.

- Me chamo Roberto, e vamos nos ver sempre que você quiser – e lhe entrego meu cartão.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Fla Morenna em 2016-06-15 13:27:06
muito bom
Por Pop-Afro em 2016-06-01 05:20:12
Bom bom bom...gostei bastante quero ver o proximo capotulo. Esta de parabens
Por Brulei em 2016-05-31 13:12:06
Haverá continuação...