Capítulo 8
Parte da série O Show
Pessoal, primeiramente quero pedir desculpas pela demora na postagem desse episódio. Eu estava bem atarefado no trabalho e então entrei de férias. Estava descansando e consegui um tempo pra escrever agora. Nessa semana estarei viajando, então peço a compreensão de vocês, já que todo mundo merece uma praia nas férias hahaha.
O episódio de hoje ficou um pouco mais curto que o normal, mas acredito que o conteúdo valerá a pena.
A música indicada é Armin van Buuren feat. Cindy Alma - Beautiful Life
http://youtu.be/VAo-t6bmGbo
Andrê Louis C.: Muito obrigado pelo comentário. Realmente o Gustavo é de se apaixonar! hahahaha. Abraços!
BielRock: O Juliano realmente mordeu demais aquele beijo que o Gustavo deu na menina, mas muitas coisas estão pra ocorrer no capítulo de hoje. Prometo te enviar um email assim que possível! Abraços.
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Eu inicialmente fiquei sem reação ao ver Gustavo em pé na bancada da cozinha conversando com a minha família. Todos ali estavam dando risadas e até parecia que Gustavo era um membro da família pela intimidade que parecia existir entre eles.
- Fala alguma coisa! Ficou sem reação ao me ver aqui? - disse Gustavo vindo em minha direção.
- Oi, é que eu estou meio com sono ainda - respondi sem saber o que dizer no momento.
- Vai lá lavar esse rosto inchado e escovar esses dentes, garoto! - disse minha mãe.
- É, vou ali no banheiro e já volto - disse.
Eu segui caminho para o banheiro tentando digerir que o que estava acontecendo. Há poucas horas eu tinha ficado bravo, sem motivo (a não ser pelo ciúmes) com Gustavo e agora eu acordo e vejo ele na minha casa conversando com a minha família numa boa como se já os conhecessem há muito tempo. Fiz a minha higiene e quando saí do banheiro Gustavo estava no corredor me esperando.
- E aí, cara? Nem me cumprimentou direito, mas eu dou um desconto porque você tinha acabado de acordar - disse Gustavo e então me abraçou.
- O que você está fazendo aqui? - perguntei sem delongas.
- Ah, eu tentei te ligar mas acho que o seu celular está desligado, então resolvi vir aqui. Quando toquei a campainha a sua irmã me recebeu e me chamou para entrar. Então eu estava ali cumprimentando os seus pais e poucos minutos depois você saiu do seu quarto.
- Entendi. Eu devo ter esquecido de colocar o celular pra carregar quando cheguei ontem - disse.
Ficamos os dois sem dizer nada até que eu o chamo para vir ao meu quarto.
- Está tudo uma bagunça, afinal, eu acabei de acordar.
- Não liga pra isso. Na verdade eu queria conversar contigo sobre o que aconteceu ontem lá na balada - respondeu ele.
- Como assim “o que aconteceu ontem”? - respondi me fazendo de sonso.
- Ah cara, não se faça de desentendido. Do nada você ficou todo mal humorado, me dando o maior gelo. Fala a verdade pra mim, foi por causa da menina lá, não foi?
- Cara, eu estava bêbado, nem lembro direito o que aconteceu.
Gustavo então me respondeu apenas com uma cara de incredulidade e não me disse nada. Alguns segundos depois adicionou:
- É porque eu fiquei com aquela garota ou não?
- Gustavo, você é homem e é livre pra ficar com quem você quiser. A menina te deu bola… é claro que você tinha que atacar - respondi na retranca.
- Mas você sabe quem realmente era a pessoa que eu queria ter ficado ontem a noite inteira, não sabe?
Assim como tinha acontecido na balada, aquelas palavras de Gustavo me tiraram o ar. Eu fiquei sem saber o que responder apenas olhando para a sua cara séria. Naqueles segundos muitas coisas passaram pela minha cabeça. Nesse momento eu já sabia o que estava acontecendo comigo, mas eu não queria aceitar isso, muito menos demonstrar aquilo que pra mim parecia uma fraqueza.
Gustavo então colocou a mão no meu ombro e disse bem baixinho:
- Eu não tenho vergonha e vou falar logo de uma vez: acho que estou apaixonado por você!
Booooommm!!! Aquela “bomba de verdade” explodiu no meu estômago. Eu permaneci ali parado. Minha cabeça foi para o espaço. Eu sequer sabia o que pensar. Muitas coisas vieram na minha boca para serem ditas. Eu não sei quanto tempo se passou depois da revelação de Gustavo, mas pra mim aquilo parecia ter durado uma eternidade. Depois desse momento de transe, minha cabeça voltou à realidade. Fixei os olhos de Gustavo que demonstravam angústia à espera de uma resposta minha e disse:
- Eu também! Eu também sinto isso dentro de mim, mas estava ignorando esse sentimento que começou a crescer desde que conheci você! - respondi para Gustavo, mas também falando baixo pois meus pais estavam na sala.
Eu estava em êxtase. Como eu queria estar sozinho com Gustavo para poder beijá-lo naquele momento. Assim como eu, ele ficou alguns segundos apenas olhando para a minha cara com um sorriso no rosto sem dizer nada após a minha revelação.
- Cara, eu não sei nem o que dizer, mas eu estava com medo de falar a verdade e você me ignorar. Não conseguia decifrar se você estava na mesma vibe que eu. Você não sabe como eu estou feliz agora! - disse Gustavo quase eufórico, mas ainda mantendo a voz baixa.
- Eu estava na mesma situação. Fiquei com medo de que esse sentimento não fosse recíproco e acabei guardando-o para mim.
Nesse momento me levanto e Gustavo me acompanha. Ele me olha por alguns segundos e então me beija. Eu simplesmente não consegui resistir, nem mesmo ao perigo de alguém da minha família nos ver. Nos beijamos por alguns instantes e então eu me afasto dele.
- Desculpa cara, mas era impossível não fazer isso depois dessas revelações que fizemos um para o outro - disse Gustavo.
- Eu concordo com você. Quase parti pra cima assim que você disse pra mim - respondi.
- Mas o que vai ser da gente agora? - perguntou Gustavo.
- Eu honestamente não sei responder a sua pergunta. Vamos deixar para finalizar essa conversa num lugar mais tranquilo? Eu estou muito tenso porque o pessoal de casa está todo aqui.
- Você tem razão. Eu comentei com os seus pais que tinha combinado da gente ir almoçar hoje com uma galera e que eu passaria aqui. Espero que não fique bravo.
- Na verdade foi uma ótima idéia! A galera aqui de casa com certeza já almoçou e a gente ainda pode aproveitar pra conversar com mais tranquilidade.
Me levantei e fui tomar um banho rápido e deixei Gustavo no meu quarto jogando videogame. Nos despedimos do pessoal de casa informando que íamos num restaurante com uma turma nossa (senão poderia soar estranho eu ir almoçar sozinho com ele).
Entramos no carro de Gustavo e fomos em direção a um restaurante porque estávamos realmente com fome. Chegando lá nos sentamos na mesa após fazermos os nossos pratos e começamos a comer.
- Então você ficou mordido de ciúmes quando eu beijei aquela garota na balada ontem? - me perguntou Gustavo rindo.
- Ihh… Já tá se achando aí - respondi também rindo para Gustavo.
- Então só pra gente ficar quite, eu te digo que também fiquei quando você beijou aquela garota lá na minha frente. E me fala a verdade, foi pra fazer ciúmes, não foi?
- Lógico que não. Você não viu que gata que a menina era? Eu troco você por ela fácil fácil.
Continuamos ali naquela conversa descontraída enquanto comíamos. Por já ser um pouco tarde, 14:30h, o restaurante não estava tão lotado, então podíamos conversar com um pouco mais de liberdade.
Depois que acabamos de comer, Gustavo me chama para dar uma volta no condomínio dele. Depois que descemos no carro vamos em direção ao parque arborizado que tinha lá pra fugir do sol quente das 15:00h. Andamos um pouco por ali até encontrar um banco um pouco mais afastado da rua e que não tinha ninguém por perto.
- E qual vai ser o nosso lance agora? - me pergunta Gustavo assim que sentamos no banco.
- O lance é que a gente se curte e acho que devemos continuar do jeito que estamos - respondi.
- Na boa? Eu acho uma boa idéia. Eu não estou preparado para assumir esse lance não. Na verdade eu fico com medo só de pensar no que isso daria. Imagina a gente se assumindo para nossas famílias?
- Eu vou ser franco com você: eu gosto de você e não consigo parar de pensar em você o dia todo. Sinto que esse é um sentimento forte que está nos ligando, mas gostaria de deixar claro que não sinto nenhum atração por nenhum outro homem. Eu já até te disse isso, mas queria enfatizar. Esse sentimento de atração só acontece com você.
- Poxa, Ju. A gente se combina mesmo, porque é exatamente o que acontece comigo. Você é o único homem que eu sinto atração - me disse Gustavo colocando sua mão em cima da minha.
- Que legal isso entre a gente. Eu gosto muito de você, Gu, e estou disposto a continuar nisso até onde os nossos sentimentos nos levarem - disse pra ele.
- Tirou as palavras da minha boca, mas agora vamos parar com essa melação de casal adolescente. Ainda é estranho ouvir isso de outro homem - disse Gustavo cortando o momento e rindo.
- É verdade!
Nos levantamos e demos algumas voltas no parque e então subimos para o apartamento de Gustavo. Seus pais estavam na sala assistindo TV e nos cumprimentaram assim que entramos. Gustavo disse a seus pais que fecharia a porta pois íamos ouvir música, assim não atrapalharia a assistirem TV.
Assim que entramos no quarto Gustavo fecha a porta, mas sem trancá-la. Ele liga o som num volume não tão alto e parte pra cima de mim me beijando.
- E se seus pais abrirem a porta? - pergunto.
- Eles nunca entram no meu quarto quando estou com a porta fechada. E outra, jamais que eles vão desconfiar de algo entre nós dois - responde Gustavo e então voltamos a nos beijar.
Passamos o resto do dia daquele jeito, dentro do quarto de Gustavo, saindo de tempos em tempos para beber água, comer alguma coisa para disfarçar um pouco. Não aconteceu nada além dos nossos beijos.
Aquele dia inesquecível termina com Gustavo me levando de volta para casa. Depois de tomar um banho, me despedir do pessoal de casa e me deitar, fico ali horas pensando em tudo o que tinha acontecido.
Gustavo tinha se declarado para mim e eu tinha feito o mesmo. Eu estava apaixonado por ele e muito feliz, afinal é muito bom quando os nossos sentimentos são correspondidos. Aquela paixão que estava dentro de mim era diferente das que já tinha sentido pelas minhas ex-namoradas. Parecia ser algo mais forte, mais intenso. Comecei a pensar também no que ia fazer se aquele sentimento crescesse. Me dava calafrios só de pensar em me assumir para todos e assumir o meu relacionamento com o Gustavo. Pensar em ter aquele tipo de conversa com os meus pais era a última coisa que queria na vida. Apesar dessa paixão que sentia dentro de mim, eu não gostava sequer de me imaginar ser visto como gay pelas outras pessoas. Era como se fosse um bloqueio mental dentro de mim. Eu realmente não estava pronto para expor aquilo para todos, até porque esse lance entre nós era recente; tinha apenas poucas semanas, e eu estaria me precipitando ao tomar qualquer decisão naquele momento.
Adormeci dessa maneira, extremamente feliz pela paixão correspondida, mas também preocupado com o que aquilo acarretaria para a minha vida.