Faces - Capítulo 01

Conto de Biel como (Seguir)

Parte da série Faces

Eu tinha 19 anos quando fui assassinado no dia 06 de setembro de 1988. Uma pena, eu ainda nem tinha experimentado tudo que queria.

Meu irmão Márcio era o meu melhor amigo até os 10 anos, e depois disso eu e ele nunca mais nos falamos direito.

Meu pai e minha mãe trabalham na empresa que ele herdou da minha vó.

Eu sempre me senti diferente, de todos. Cada um naquela "humilde" família tinha uma meta;

-Minha mãe Mariana, queria roubar as ações do meu pai na empresa Webber e fugir com o amante;

-Meu pai Daniel queria dar todas as ações ao Márcio, seu filho favorito;

-Ja o meu irmão seguia as vontades do meu pai, pra variar.

E por último, eu.

- Eu nunca quis nem um centavo daquele império que foi construído com as mãos de gente trabalhadora. Mais quem levou o lucro, foi a família Webber.

Capítulo 01

Acordei no acento do avião quase babando, e olhei pela janela e estava amanhecendo.

Eu estava voltando para Natal para passar as férias com a minha família. Era novembro e ja era costume todos da família se reunir. Eu iria ficar na enorme casa do meu pai, Daniel.

Cheguei em frente ao portão de taxi, e o porteiro abriu me dando um bom dia. Respondi da mesma forma e paguei o taxista.

O céu estava nublado e percebi que iria chover. Abri a porta e vi o meu pai na sala assistindo a televisão:

- pai, cheguei! - disse Michel colocando as malas de rodinhas para dentro.

Daniel não respondeu.

Me aproximei dele, e o meu pai estava dormindo.

- pai, pai, pai - chamava Michel pelo pai.

- ham, o que? - acordou ele.

- eu vim te ver.

- ah taaa, agora eu lembrei. Seja bem-vindo filhão.

Eu fui até o cozinha e encontrei o Márcio tirando suco em um copo:

- oi, bom dia mano.

- oi - disse Márcio em um tom seco.

- parece que nada mudou por aqui.

- hum - fez Márcio, terminando de beber o seu suco.

- e você também não - provoca Michel.

Quando Michel disse isso, ele parou de andar meio do caminho. Ele voltou a andar e subiu a escada. Eu entrei no meu velho quarto e fechei a porta.

Deitei na minha cama que me dava uma vista pela janela. Eu abri a cortina e vi um carro chegando, quem saiu do carro foi a minha mãe. Eu estranhei uma coisa, ela havia beijado o motorista daquele carro, só não consegui ver o rosto dele.

Mariana abre a porta de casa, com um sorriso no rosto que logo teria uma desculpa:

- oi amor.

- que felicidade é essa? - perguntou Daniel se levantando.

- já já eu vou te contar.

Os dois dão um selinho, e ele avisa a esposa da chegada de Michel.

Eu estava quase dormindo e ouvi a porta do meu quarto abrindo, mais nem liguei:

- querido, nossa como você cresceu rápido - disse ela sentando na ponta da cama. Apesar de a minha mãe ser ambiciosa e estar traindo o meu pai, ela é uma boa pessoa. Ela me ama, e eu também a amo.

- oi mãe, que saudades.

- me dá um abraço filho - Michel abraça Marina, e um abraço bem apertado.

- Michel, eu quero reunir a nossa família nesse jantar que, eu pretendo fazer hoje a noite. Aliás é natal.

- você quis dizer "re re re reunir né? Eu o Márcio nunca nos damos bem.

- mais eu tenho certeza que isso vai mudar.

- te amo mãe.

- eu também te amo filho. Ei, vamos descer, vai fazer companhia para o seu pai.

- tudo bem.

Desci a escada com ela, devagar, sem fazer barulho.

- fique aqui, eu vou tomar meu banho e depois eu volto aqui para almoçar com vocês, e chama o Márcio.

- você quem manda.

Ela me deu um um beijo no rosto e subiu novamente. E eu fui lá fora, no quintal, para ver se eu encontro o meu pai.

Eu o vi caminhando pelo jardim com um cigarro na boca:

- como vão as coisas na Webber? - falou Michel tentando puxar assunto.

- vão bem, só falta eu escolher quem vai ser meu sucessor.

Eu e ele continuamos caminhando:

- Michel, por que eu nunca te vi com uma mulher?

Nessa hora, eu fiquei nervoso, parei de andar.

- o senhor está enganado, eu namorei com uma, enquanto eu estava viajando - mentiu Michel.

- É melhor você casar logo, se não vão ficar falando por aí que você é viado. Filho meu não!

- eu sei.

Eu convidei o meu pai para sentar na mesa-redonda que ficava perto da piscina.

- você precisa provar que é digno de ser dono da Webber, caso contrário, eu darei tudo ao Márcio - falou Daniel.

- o senhor sabe que eu nunca me interessei pela Webber.

Quando o meu pai ouviu isso, deu soco na mesa-redonda.

- eu sei que isso é uma fase, logo você vai ver que esse é o SEU caminho, o seu destino.

- eu não vou discutir com você.

Eu saí de lá e entrei em casa, e o meu pai continuou sentado, furioso comigo.

21:40 - Michel pensava deitado em sua confortável cama de solteiro.

- eu nunca me vi sendo proprietário da Webber. Rodeado de pessoas que só querem o seu mal.

Eu quero virar jornalista, esse sim é o que eu sei fazer e gosto dessa profissão. Na escola, eu sempre tirava 10 em redação.

No quarto de Daniel e Mariana:

- ele continua com essa ideia de ser jornalista, qual é o problema dele?

- amor, eu ja te disse é só um fase, vai passar. E o Márcio também merece reconhecimento - disse Mariana tirando os brincos em pé.

- afff.

- eu tive uma ideia - disse ela se sentando na cama - por que você não me dá Webber? Eu sou responsável e uma ótima profissional.

- você ficou doida? - disse Daniel, com uma cara de nojo - a Webber e para os nossos filhos.

- eu trabalhei feito uma condenada naquela empresa - disse ela se levantando.

- eu ja disse, a Webber é para os nossos filhos. Ela não é pra você! - falou Daniel se estressando.

- POR QUÊ? - gritou a mãe de Michel.

- POR QUE VOCÊ E A MINHA MULHER E TEM QUE ME OBEDECER.

Os dois respiravam rápido e suavam.

Daniel desliga o abajur e se embrulha com o edredom.

Mariana entra no banheiro rapidamente, e coloca as duas mãos no cabelo e puxa de raiva:

- seu filho da puta! - disse Mariana baixinho.

Mariana volta do banheiro e diz ao marido:

- o jantar está pronto.

- eu ja vou.

- e vá mesmo, tô tentando unir a nossa família e principalmente o Michel e o Márcio.

Eu olhei pela janela e vi uma estrela cadente, sorri pra ela e fiz um desejo.

- eu quero ser feliz!

A empregada me avisa sobre o jantar, e desço para marca presença:

- boa noite família! Cadê o meu pai? - disse Michel se sentando. - o NOSSO pai está no quarto dele - responde Márcio.

- obrigado Márcio.

Enquanto todos estavam ocupados saboreando a comida, o Daniel parece com um leve sorriso no rosto:

- peço perdão pela demora.

- bem, agora o que todo mundo está presente, decide contar uma coisa pra vocês - disse Mariana.

Eu olhei pra ela e para o Daniel e pensei, "o que será?".

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