Capítulo 03 - Aquarela
Parte da série Aquarela
O Felipe perdeu a memória? - perguntou Luiza.
- sim, agora é impossível achar os familiares.
Eu estava deitado na cama quando a Luiza apareceu.
- Felipe você quer passear comigo pelo hospital? - perguntou Luiza.
- sim senhora.
Eu me levantei e quando coloquei o meu dedo no chão, eu quase dei um pulo. O chão estava muito gelado, e tentei e dessa vez foi fácil, coloquei o outro pé e fui andando com a Luiza pelos corredores. Ela me mostrou cada lugar daquele prédio, mais teve um momento em que ela teve que sair, ela iria voltar a trabalhar e então eu tive que descobrir os lugares sozinho.
O hospital era muito movimentado, entrando, saindo, andando para os lados, Pessoas feridas.
12:00 eu decidi voltar para o meu quarto, entrei no elevador e um belo homem me ensinou a usar. Quando eu sai do elevador ouvi alguém me chamando:
- olá - disse um paciente vindo em minha direção.
- oi - respondi.
- finalmente você acordou.
- por que? - perguntei.
- ce passou 5 anos em coma, é maravilhoso você ter acordado.
Eu sentei no banco da parede e coloquei as mãos na minha testa e fiquei pensando, eu tinha ficado 5 anos naquela cama, eu ainda estava surpreso.
- esta tudo bem? - perguntou o homem.
- eu to bem.
- meu nome é Rodrigo e o seu?
- Felipe - falei olhando para o teto.
- Felipe, vem comigo, eu quero que você conheça algumas pessoas.
Eu me levantei e segui Rodrigo até o quintal do hospital, la ficava alguns idosos e as crianças brincando. Rodrigo me apresentou para Érica.
- oi Érica - falou Rodrigo.
- oi Rodrigo.
Érica estava em uma cadeira de rodas e com óculos escuros.
- Érica, esse aqui é o Felipe.
- oi Felipe - falou Érica me olhando.
- oi - falei tímido.
- Felipe, é esse o garoto que estava em coma? - perguntou Érica.
- sim, eu o vi andando pelo 3 andar.
Naquela tarde eu tinha conhecido muitas pessoas, eu aprendi a viver com aquelas pessoas, elas valorizavam a vida, e principalmente os pacientes com câncer.
Eu descobri que eu não era o único que foi abandonado no hospital, o sr Lucindo foi abandonado pelos filhos.
16:33 Luiza me leva de volta para o meu quarto:
- então Felipe, como foi o seu dia - perguntou Luiza ajeitando o meu lençol.
- foi muito legal - falei empolgado.
- fico feliz que você esteja se divertindo Felipe, mais agora precisamos conversar.
Meu sorriso desapareceu.
- o que?.
- Felipe, você perdeu a memória.
- am?
- você esqueceu de tudo que você viveu - falou Luiza sentada.
Eu fiquei um pouco triste.
- é, então eu nunca vou lembrar do meu passado? Dos meus pais? Da minha família?
-segundo o André, não.
Ficamos em silêncio por 5 segundos.
- Então, eu vou ficar aqui? - falei, eu fiquei feliz.
- por enquanto, sim - falou Luiza sorrindo.
- eu tenho que voltar para casa, Tchau Felipe - falou Luiza fechando a porta.
Era 18:00 quando o Rodrigo entrou no meu quarto:
- Felipe esta acordado? - falou Rodrigo fechando a porta.
- sim - me levantei.
- Felipe você quer ir para o meu aniversário? Vai ser amanhã de manhã.
- claro.
- valeu, até a amanhã - falou Rodrigo saindo.
- até amanhã.
00:00 eu sonhava com uma criança, ela era linda. Eu brincava com ela até ouvir o barulho da porta do meu quarto abrindo. Eu acordei:
- Bom dia - era a Luiza.
- que horas são? - falei esfregando meus olhos.
- 7 horas, vamos, você vai ao aniversário do Rodrigo?
- claro que eu vou.
Eu escovei os meus dentes e sai com a Luiza do quarto. O hospital estava menos movimentado nessa manhã. Logo eu cheguei no local da festa, era no quintal do hospital que era grande e bem bonito. As pessoas estavam conversando e eu vi Rodrigo conversando com a Érica:
- Oi Rodrigo, feliz aniversário - falei abraçando ele.
- obrigado por ter vindo, e por falar nisso quando é o seu?
Eu pensei, pensei...
- não sei.
- como não sabe? - perguntou Érica.
- eu perdi a memória quando eu vim pra cá.
- sério? - perguntou Rodrigo.
Respondi com a cabeça.
Eu me divertia com aquelas pessoas, elas eram legais e tinham muita historia pra contar.
09:32 Rodrigo me leva para conhecer o último andar do prédio que era o décimo. Quando eu vi aquela paisagem, fiquei olhando feito um doido. Era tudo muito impressionante sentir o vento tocar em você.
- nossa Rodrigo, é muito lindo aqui de cima.
- é mesmo - falou ele me abraçando por trás.
Ficamos conversando la, olhávamos para baixo eu sentia um frio na barriga.
- então Felipe, e se a gente inventa uma data para o seu aniversário? - falou Rodrigo.
- seria ótimo, e quando seria?
- dia 08 de abril? Ja que foi o dia em que você acordou.
- e o ano? - perguntei
- você podia ter a mesma idade que eu.
- quantos anos você tem?
- 20 anos.
- então agora eu tenho 20 anos.
Rolava um clima entre a gente, e eu não podia negar.
Eu fiquei com sono e decide voltar, e Rodrigo me levou de volta para o meu quarto.
Continua...