Capítulo 02 - Aquarela
Parte da série Aquarela
A noite eu nem dormi, fiquei pensando no que a Paula disse. "Será que eu deveria contar logo para minha que eu sou gay?" É a pergunta que eu me fazia naquela noite, só o que faltava era coragem.
Na escola eu estava resolvendo um exercício no meu caderno, eu estava tão concentrado que nem percebi que a Paula estava me chamando.
- FELIPE! - falou a paula mais alto.
- o que, o que foi? - perguntei assusto.
Ela riu e falou:
- Eu to te chamando a horas cara.
- desculpa, eu estava viajando na maionese.
Ficamos conversando em todas as aulas até terminou a ultima aula e saímos da escola juntos.
- Felipe eu vou embora hoje - falou ela.
- Hoje? Você não ia só no fim do bimestre?
- não, eu tenho que ir, não suporto mais a minha mãe. Ontem quase brigamos.
- nossa, eu vou sentir sua falta Paula.
Nos abraçamos e fomos na minha casa apresentar a Paula para a minha mãe Glaucia.
Cheguei, abri a porta e ela estava na sala assistindo TV e a Malu estava brincando.
- oi mãe - falei jogando a mochila no sofá.
- oi querido, você trouxe visita?! - falou Glaucia.
- sim, mãe essa é a Paula.
- oi senhora Glaucia - falou Paula abraçando ela.
- oi querida.
Depois disso eu me despedi dela, seria a última vez que eu a veria.
Depois de termina minhas atividades eu fui até o quarto da minha mãe, ela estava cansada, estava dormindo feito uma pedra.
- mãe? - falei baixo, entrando no quarto.
- oi querido - falou ela.
- a gente precisa ter uma conversa.
- conversa? - falou ela levantando.
- sim, uma conversa seria.
- o que você quer falar comigo filho?
- mãe, eu não sei se você vai aceitar, mais eu ja me aceitei. E estou preparado - falei sério.
Ela ficou calada...
- mãe, eu sou gay - falei respirando bem fundo.
A cara que ela fez foi de raiva, colocou a mão na cabeça e ficou calada.
- eu não vou aceitar uma aberração dentro de casa - falou Glaucia levantando e saindo do quarto.
- mãe a senhora não pode me tratar assim, eu sou seu filho.- falei seguindo ela.
- arrume suas coisas e vá embora dessa casa.
Meus olhos começaram a ficar vermelhos, eu estava com o coração acelerado.
- EU NÃO MATEI, NÃO ROUBEI, NÃO AGREDI NINGUÉM PARA VOCÊ ME TRATAR ASSIM - falei gritando.
Ela saiu do meu quarto e falou apontando o dedo pra mim.
- você acha que eu vou deixar o demônio do homossexualismo entrar na minha filha Malu? Eu não quero você perto dela, esta me ouvindo? - falou ela.
Eu percebi que a minha mãe nunca me amou de verdade, nunca se importou comigo. Eu sai de casa correndo, chorando e com raiva dela, eu fiquei andando pela cidade sem rumo, triste, eu queria morrer nessa hora.
Eu estava com fome e com muito frio até que um carro desgovernado me atropela brutalmente e me faz desmaiar. ..
1 dia depois
Fazem uma cirurgia em Felipe, e até então ele ainda estava em coma.
1 semana depois...
Nem um familiar desse garoto apareceu? - perguntou a enfermeira Luiza.
- Não, esse garoto esta em coma e ninguém apareceu, ja foram até na televisão procurando o pai e a mãe - falou Mariana.
2 semanas depois...
Felipe tem uma convulsão e os enfermeiros e o médio André socorrem Felipe...
1 mês depois
Luiza, ja passou muito tempo e ninguém da família apareceu- falou André para Luiza.
- o que será desse jovem? - perguntou Luiza desesperada.
Felipe completa 2 anos no hospital e ainda estava em coma.
5 anos depois...
Eu abro os olhos e não consigo me levantar, eu não sabia aonde estava, eu não sabia quem eu era. Então eu ouço uma voz:
- acordou? - era uma mulher, toda de branco.
- quem é você? - pergunto com medo.
Ela sorri e se aproxima.
- meu nome é Luiza, sou enfermeira. E qual é o seu nome? - perguntou Luiza e eu lembrei.
- meu nome é Felipe - falei sorrindo.
Luiza era uma senhora de 41 anos, ela era considerada a melhor enfermeira do hospital segundo os pacientes.
- Felipe, fique aqui eu ja volto ta?
- tudo bem - falei.
Luiza estava muito feliz por Felipe finalmente ter acordado e avisa o médico André.
Ela entra na sala dele e senta, ela não tirava aquele sorriso do rosto.
- Dr André o senhor não vai acreditar - falou Luiza com as duas mãos na boca.
- o que? -
- aquele garoto finalmente acordou.
- meu deus - falou André rindo.
- Dr André vamos la conversa com o garoto? O nome dele é Felipe - falou Luiza.
- ok, vamos eu estou tão animado, ja estava acostumado ver ele de olho fechado - falou André entrando no elevador com Luiza.
Eu me impressionava com aquelas coisas do hospital, era tudo tão novo, eu parecia um maluco olhando para as pessoas. Eu tentei me levantar e sair do quarto mais a Luiza e um homem entram e eu rapidamente disfarço.
- oi - falou o homem.
- oi - falei.
- meu nome é André, a Luiza ja me falou o seu nome - falou o homem.
- Então você sabe se você tem algum parente que possa vim buscá-lo?
- Eu não tenho parentes - falei, e eu não lembrava de ninguém, de ninguém mesmo. Meu cérebro tinha sido formatado.
André saiu do quarto com Luiza e ficaram conversando no corredor.
- eu ja imaginava que isso iria acontecer - falou André.
- o que? - falou Luiza preocupada.
- o Felipe esqueceu de tudo, da vida dele, ele perdeu a memória - falou André.
Continua...
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Eu gostaria de agradecer a quem esta acompanhando "Aquarela" e vim dizer que essa série sera mais longa que a minha antecessora, a "Noite do Pijama".