Amor Platônico - 03

Conto de Biel como (Seguir)

Parte da série Amor Platônico

Primeiro dia de trabalho, primeiro dia de cansaço. Henrique começaria o dia limpando a privada de um banheiro.

Ele abriu a porta sentindo um cheiro de vômito antes mesmo de entrar:

- ai que nojo, antes vômito a coco - disse ele - andando com um balde de água e produtos de limpeza nas mãos, ele ouviu alguém vomitando de dentro das divisórias. Parecia ser uma garota.

- Tudo bem aí? - Perguntou ele abrindo a porta lentamente.

Ela era ruiva. Usava uma calça jeans e uma camiseta preta com um gorro na cabeça.

- está tudo ótimo. Veja a minha cara de garota saudável - ironizou a ruiva virando rosto para Henrique. Ela estava com os olhos inchados e vermelhos. Alguns fios de cabelo estavam grudados nas bochechas dela.

- Nossa... - Henrique deu um leve sorriso.

Ele deixou o seu material de trabalho no chão e se sentou perto da garota ruiva.

- Me chamo Henrique.

- Que se dane - respondeu ela.

Ele riu baixo - não vai me dizer o seu nome?

- Eu já disse - falou ela, cuspindo no vaso sanitário.

- Sério? - Perguntou ele.

- Sim. Me chamo Kesydane - respondeu a ruiva. Ela se virou para ele e sentou no chão apoiando-se com um braço na privada - eu odeio o meu nome. Sofri bullying na escola por causa dessa merda.

Henrique riu disfarçadamente - peço desculpa...é que chega a ser engraçado.

- Tudo bem. Todo mundo ri disso. Mas ele tem tudo a ver comigo sabe? Kesydane o mundo, Kesydane você, Kesydane tudo.

- Você tem o nome mais legal que já conheci, é sério - risos de Henrique.

- E você tem o nome mais lucrativo do mundo. Henrique mais, Henrique menos. Henriquecer.

Henrique e Kesydane riram juntos como bons amigos.

- Eu vou limpar os banheiros.

- A Marina te contratou para isso? - Perguntou Kesydane.

- É.…a única coisa que ela poderia me oferecer.

- Eu vou indo, até mais Henrique - se despediu de Henrique ao lavar as mãos na torneira.

Ele limpou os banheiros o dia inteiro. Aquela lanchonete era bem movimentada, e é claro, não faltava gente para usar os banheiros.

- Hei seus filhos duma puta. Parem pichar o banheiro! - Gritou Henrique com dois adolescentes que desenhavam um pênis na parede.

Os dois garotos correram de tão assustados que deixaram o spray cair.

18:30. Henrique estava sentado e uma das mesas para os clientes quando Marina se aproximou dele e disse:

- Eu deveria te liberar só as 20:00, mas você trabalhou demais hoje menino - disse Marina se sentando na mesa de Henrique.

Marina é gorda e vive usando o cabelo com o famoso penteado "Rabo de cavalo". Ela rígida em trabalho mais é um amor de pessoa.

- Vai me deixar sair mais cedo? - Perguntou ele com a cabeça apoiada nas duas mãos.

- Sim. Nem eu aguento mais essa lanchonete. Trabalho nisso a 10 dez anos. Sinto que estou ficando velha.

- Obrigado.

Ele saiu de lá com a enorme vontade de cair naquela cama e esquecer de tudo o que ele passou.

Ao chegar em casa, Henrique notou vários carros com logomarcas das mais diversas mídias como Emissoras de televisão, rádios, sites de fofoca e revistas bem famosas pela rua que o levava até em casa.

Chegando ao hotel, ele percebeu que vários jornalistas rodeavam aquele lugar...era obvio que estavam a sua procura. Henrique não pensou duas vezes em colocar o capuz em sua cabeça e entrar despercebido pelos seus "predadores".

Entrando em seu quarto, Henrique se direcionou a olhar pela janela o nível de repercussão lá fora. Ao colocar a sua cabeça por detrás da cortina, um homem do prédio vizinho tirava fotos de Henrique sem que ele percebesse.

Os jornalistas já haviam ido embora nessa hora, mas Henrique continuava de cabelo em pé.

O tal homem que tirou as fotos de Henrique estava no próprio quarto sentado em uma cadeira de frente a um computador. A lâmpada estava desligada, o que deixava a cargo do computador iluminar aquele espaço.

Esse homem era Flávio - aquele cara que se mostrou gentil em acompanhar Henrique até a sua casa.

- Te peguei - disse para si mesmo com um sorriso ambicioso. Ele vasculhava as duas pastas com fotos. Todas continham o Henrique inclusive dele beijando o namorado quando o pai ainda estava vivo.

Naquela noite, Henrique lavava a louça que havia acabado de deixar quando a campainha toca.

- JÁ VAI! - Gritou.

Ele abriu a porta e se deparou com Kesydane. Ela usava uma camisa azul com o desenho do Bart (personagem de Os Simpsons) e uma calça jeans azul.

- Oi? Como me achou?

- Não foi difícil. O seu nome e o seu endereço não param de passar pela televisão - respondeu ela entrando.

- Merda. Não sei porque ainda me procuram.

- Você é "filhinho de papai"? - Perguntou a ruiva se deitando na cama.

- Odeio essa expressão. Mas eu sou.

Ela observava o quarto, riu e perguntou:

- Morando nesse ninho?

- É. Não tenho muita grana.

- Eu to com fome. Tem alguma coisa aí?

- Não. Mas podemos sair para comer.

- vambora filhinho de papai.

Henrique e Kesydane chegaram a uma panificadora. Enquanto comiam, eles conversaram muito.

- Vai rolar uma festa amanhã – Comentou Kesydane – quer ir?

- Eu não conheço ninguém rsrsrs. Vou ficar tímido – Respondeu Henrique.

- Ah por favor vem comigo. Eu não quero ir sozinha. A minha ex vai tá lá. Ainda não consegui esquecer aquela vadia.

- Agora você é lésbica? – Riu Henrique.

- Sou. E você? É gay né? – Perguntou ela pegando a salsinha de seu cachorro quente e apontando para Henrique – curte salsinhas?

- (risos) Hurrum.

- Prefere as mais grandes ou as mais grossas?

Ele pegou um pouco do sorvete de morango com a mão e jogou em Kesydane e disse:

- Vai se fuder (risos).

- Seu filho da puta – Ela chutou o pé de Henrique como forma de punição – vai ter vários bofes lá. O que não falta ali é veado.

- Tudo bem, eu vou com você. Mais vê se não me abandona?! Tchau Kesydane, to morrendo de sono – Disse ele se levantando

- Vai dormir ué. Não esquece do nosso compromisso amanhã.

- Ta certo – respondeu ele já do lado de fora da panificadora.

No outro dia seria folga. Henrique trabalharia um dia sim e um dia não. Por causa do celular vibrando, ele acordou e olhou a tela para ver do que se tratava. Era uma solicitação de amizade de Kesydane no Linkedin. Ele deu um sorriso e pensou “Já adoro essa ruiva”.

Em Nova York, Kevin chegava com suas malas em seu apartamento. Ele carregava 4. Deixou todas no quarto e foi trocar-se de roupa. O celular tocou e ele atendeu.

- Alo?

- Oi Kevin, eu vim te avisar sobre a sua saída do filme que o Davi iria dirigir.

- Saída? Eu mal entrei e já saí?

- Um novo diretor foi escalado para assumir o filme ele não foi com a sua cara.

- Eu que ainda nem o vi já o detesto. Afff

- Eu sinto muito. Tchau, beijos.

- Tchau – se despediu Kevin bloqueando a tela de seu iPhone 5S

Ele começou a chorar no chão feito uma criança.

- EU ODEIO VOCÊ DAVI! – Gritou.

A Noite, Henrique já buscava a melhor roupa para sair com a Kesydane. Ele usava apenas uma tolha na cintura. Acabará de terminar de seu banho.

- Essa não. Essa eu já usei demais. Não, essa eu vou ficar veado demais.

Henrique finalmente termina de se arrumar ao ver que já está atrasado. O horário marcado era as 9h PM. Enquanto ele passava o seu perfume, Kesydane já subia as escadas do hotel em que ele morava quando o Flavio simula uma queda de seus papeis perto dela.

- Peço perdão pela minha falta de atenção – Disse ele recolhendo os papeis.

Ela se ajoelhou e o ajudou.

- Pronto, mais cuidado da próxima vez – disse ela.

- (risos) eu sou desastrado assim mesmo. Você mora aqui?

- Não, eu vim buscar um amigo.

- Ah sim, será que ele deixa eu usar o banheiro dele?

- Acho que sim. Bora lá.

- Me chamo Edgar e você?

- Kesydane.

A campainha toca e Henrique rapidamente abre a porta em segundos.

- Oi Kesydane. Flavio? – Olhou Henrique para ele.

- Flavio? Você me disse que se chamava Edgar – falou Kesydane para Flavio.

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