A igreja e o padre
Parte da série Guilherme
Capitulo dois.
Era Agosto, um dia brilhante de verão na Europa e eu continuava aflito por dentro sem saber a razão. Ao acordar naquele dia parecia que meu coração ia voar longe, eu não conseguia entender de forma alguma.
Eu era um garoto normal, havia me mudado pra uma pequena vila no norte de Portugal alguns anos atrás quando meus país foram transferidos no trabalho, não era o que se chama de "beleza padrão": magro, cabelo negro, extremamente pálido, algumas sardas no rosto dos descuidos com o sol , e um par de olhos lilás que por sua raridade se tornavam a principal peça do meu rosto; todos diziam que eu carregava duas ametistas nos olhos.
Tinha completado dezesseis anos a apenas um mês e não estava contente ou animado, minha vida era o que se podia chamar de: TÉDIO.
Todos os dias eu acordava cedo e saia antes mesmo de meus pais acordarem, gostava de andar no meio daquelas colinas geladas até a escola, porém naquele dia algo diferente aconteceu.
No meio do caminho havia a ruína de uma igreja, pela qual eu passava todos os dias sem muito me importar, naquele dia não.
Meu coração apertou e sem saber o motivo me deu uma vontade completamente louca de entrar lá. Foi o que eu fiz.
A igreja estava fechada a quase 50 anos, ao entrar não esperava achar um lugar limpo ou bonito, porém me surpreendi, a igreja estava intacta, como se nunca tivesse sido abandonada.
Continuei andando em direção ao altar quando sinto uma mão em minhas costas e um arrepio logo percorreu meu corpo inteiro: " Garoto não é permitido que se entre aqui, não estás a ver que isso é uma igreja, e que está fechada?" falava meio zangado um rapaz todo vestido de preto. Nossos olhos se cruzaram e eu sem saber o que responder disse: " Desculpe, eu não sabia só entrei aqui hoje por curiosidade, mas já estou indo de qualquer forma."
O rapaz continuou estático e eu mais ainda, ele era o que se chamava de "beleza divina", alto, corpo perfeito, a pele dourada de sol e os cabelos castanhos claros que na luz lembravam um loiro, seus olhos eram da cor de avelã e ele tinha uma barba meio mal feita(ou nunca feita), porém tinha a expressão bondosa e eu por alguma razão não conseguia desviar os olhos dele: "Desculpe se eu fui um pouco rude, não estou ainda acostumado com visitas, prazer meu nome é Guilherme, sou o novo pároco dessa igreja." dizia ele estendendo as mãos num gesto amigável, eu meio que muito sem graça estendi as mãos e o cumprimentei: "Benjamim; prazer padre, desculpa o inconveniente de invadir sua igreja essa hora da manhã eu realmente estava distraído e não percebi a placa de obras." sussurrava eu tentando não parecer nervoso, inutilmente claro.
Guilherme então meio que puxou um sorriso de canto de rosto: "Não precisa se assustar, bom eu realmente gostaria de ficar para conversar mas tenho que ajeitar as coisas dessa igreja ou ela não vai ser reaberta nunca." dizia ele numa voz grave e com sotaque pesado. Eu então me despedi e sai da igreja com o coração quase para pular fora do peito e continuei seguindo no meu caminho da escola , quando escuto um grito ao longe: "Espera, eu preciso falar com você."
CONTINUA