Novas responsabilidades

Conto de Anjo perdido como (Seguir)

Parte da série Uma noite a mais

Fiquei bobo com aquele comentário, foi impossível não lembrar do pedido meio que estranho que Jacque havia nos feito. Mas ela sabia que nós nos amamos e seria bom para o Rhian crescer num ambiente assim, ela sempre me disse que seu pai era um carrasco e que não se davam bem, fui distanciado dos meus pensamentos por Allan agarrando minha cintura, e beijando meu pescoço. Viro o rosto pra olhar em seus olhos.

Allan: Como se chama nosso pequeno?

Eu: Rhian.

Allan: Rhian?!?

Eu: A Jacque escolheu antes de morrer então vou registra-lo assim.

Allan: Ahnnnnn...

Ele me olhava meio desconfiado e com medo de me falar algo, via em seus olhos.

Eu: Desembucha!

Allan: O quê?

Eu: Eu sei que quer falar algo, então fala logo.

Allan: Sabe essa uma razão pra te amar tanto você me conhece como ninguém.

Ambos rimos, mas de fato eu o conhecia como se ele fosse parte de mim e agora sentia isso mais que nunca.

Allan: Sabe... É que tipo assim..

Me pus a rir dele todo embaraçado, e o impedindo de continuar havia me esquecido o quanto ele ficava tímido quando queria algo.

Eu: Não sei como, mas você fica ainda mais bonito todo enrolado desse jeito.

Lhe dei um beijo carinhoso.

Eu: Melhorou? Agora pode falar.

Allan: Você é sinistro cara, e esse controle que tem sobre mim me assusta apesar de adorá-lo. Tá bem o meu pai disse que queria ver o neto, e eu queria saber se podemos levar Rhian pra conhecer a família ou a família conhecer ele tanto faz.

Eu: Era só isso? (Arqueei uma sombrancelha) Então Carlos quer conhecer o neto?

Allan: Carlos?

Eu: Ele insistiu pra eu parar de chamar ele de tenente, claro que podemos levar Rhian pra conhecer sua família. Só vou dar banho nele trocá-lo e já estaremos prontos.

Allan: Só que eu queria.... (Ele me olhava com aquele olhar safado)

Eu: Tem certeza que vai querer perder a comemoração do seu pai?

Ele sabia tão bem quanto eu que se começassemos não iríamos parar por agora.

Allan: É tem razão, mas eu venho dormir aqui hoje. Eu sei que você tá todo coruja e não tem como não ficar mas se pudesse deixar ele em outro quarto por hoje sabe.

Eu: Pra falar isso a tímidez não ataca. (Ri da cara dele) Me espera lá embaixo por favor.

Allan: Por quê?

Eu: Porque eu também vou tomar banho e tenho certeza que se você não me atacar no banheiro, me ataca quando eu for me trocar.

Ele ria mas sabia que era verdade e desceu, não demorei muito no banho e de dar banho e trocar o Rhian, peguei tudo o que precisava joguei na bolsa e desci com Rhian no colo.

Allan conversava com minha mãe, os dois pararam pra me olhar descendo as escadas.

Eu: Vamos?

Stella: Pra onde vocês vão levar Rhian? (Parecia preocupada)

Eu: Vamos a casa de Allan, vai ter uma confraternização lá coisa do tipo. Ah? Advirta a babá que Rhian irá dormir no próprio quarto hoje, digamos que vou receber visitas. (Não pude segurar um riso ao dizer isso)

Stella: E vocês pretendem levá-lo assim tá um gelo lá fora....

Eu: Nós vamos de carro mãe.

Stella: Que eu me lembre ambos não tem carteira e são menores de idade...

Eu: Dona Stella, você pode ir com a gente, satisfeita!?

Stella: Sim meu filho, e quando vocês pensam em me falar que estão namorando?

Eu: Não falamos porque ainda não estamos oficialmente dona Stella, ainda estamos nos conhecendo.

Stella: Isso foi piada? Só pode ter sido piada. Vocês se conhecem desde crianças e sinceramente acho que isso demorou até demais pra acontecer.

Eu: Mãe sultileza nunca foi o seu forte.

Allan: A gente não namora, porque seu filho é cabeça dura e não me aceita dona Stella.

Ele falava como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Eu: Ahhhh... Agora a culpa é minha, você viu né mãe? Fui pedido em namoro da forma mais banal do mundo.

Allan: Já que insiste. Dona Stella me dá a honra de namorar seu filho?

Clark: Eu acho que esse pedido deve ser feito a mim.

Eu reconheceria aquela voz extremamente grave em qualquer lugar, todos nos voltamos pra porta era ele meu pai, corri pra abraçá-lo mas não pude deixar de notar que mesmo sendo moreno o Allan havia ficado vermelho de tanta vergonha.

Eu: Pai! Mamãe não disse que você vinha.

Clark: Deve ser porque ela não sabia filho.

Stella: Então o grande Clark Rodrigues deu o ar de sua presença. A que devemos tal honra?

Clark: Embora você não acredite Stella eu tenho um coração, e não poderia ficar sem conhecer meu mais novo herdeiro.

Ele falou tirando o Rhian de meus braços.

Stella: Sabia que você viria.

Ela o beijava. Eu estava preocupado apenas com meu filho nos braços de meu pai.

Eu: O momento tá lindo, mas o senhor está com o Rhian nos braços. E mãe estamos atrasados!

Clark: Não mudem de assunto, o Allan tem que pedir algo,

Eu: Pai você quer matar o garoto de vergonha? Para de graça e vamos.

Clark: Vamos pra onde.

Eu: Eu explico no caminho.

Allan: Sim seu Clark, eu vou pedir seu filho em namoro, e .....

Meu pai sorria enquanto dava palmadinhas nas costas de Allan.

Clark: Meu filho eu sempre soube que isso aconteceria, mais dia menos dia. E não é isso que importa.

Saímos enfim de casa no caminho as coisas foram se normalizando, e já estava tudo em paz. Nós ríamos até chegar a casa de Allan, onde já fomos entrando chegamos na sala e todos pararam pra nos olhar. Não era pra menos ninguém esperava a família Rodrigues ali, e meu pai mesmo sendo discreto não podia fugir dos assédios da mídia.

Cleude: Ele é quem estou pensando?

Falava enquanto olhava o Rhian que dormia em meus braços.

Eu: Sim é! Rhian alguém quer ver seus olhinhos...

Dona Cleude o pegou com minha permissão, e se derretia em carinhos. Ouço uma voz vindo lá do fundo, era Carlos que já chega me abraçando.

Carlos: Espero que deixe um pouco do meu neto pra mim Cleude. (Ele ria ao falar)

Clark: Detesto lhe desapontar mas nosso neto Carlos.

Carlos: Tem razão Dr Clark.

Clark: Esqueça a formalidade, afinal estamos em família.

Carlos: Tem razão.

Eles se retiraram a um canto pra conversar, minha mãe e Dona Cleude insistiram que estava barulhento demais (mesmo com todo mundo falando baixinho) e levaram Rhian pro quarto coisa de mãe. Allan me arrastava pra todo canto, me roubando beijos.

Eu: Tô louco pra saber o que tanto nossos pais conversam.

Allan: Eu também.

Nos olhamos como nos olhávamos quando éramos crianças prestes a aprontar. Atravessamos para o outro lado mas foi em vão o Clark parecia sempre saber quando eu estava por perto.

Clark: Pode sair Eduardo, já ia mesmo lhe chamar.

Eu: É estranho como sempre faz isso pai.

Carlos: E pode trazer seu amigo com você.

Allan e eu ficamos com cara de criança que foi pega fazendo arte.

Clark: Meus jovens quero lhes fazer uma pergunta mesmo já sabendo a resposta. Vocês vão realmente ficar juntos?

Allan e eu nos olhamos brevemente e respondemos juntos. _Sim!

Clark: Esse caminho que escolheram não vai ser fácil, mas nunca é. E antes que me digam que estão preparados, não vocês não estão, vão enfrentar muitos desafios pela frente mas nossa família sempre apoiará vocês.

Carlos: E quando ele diz nossa família, ele quer dizer toda nossa família.

Clark: Em menos de um mês você faz aniversário Eduardo, e vai tomar conta de nossas empresas, como meu único filho.

Eu: Mas pai, ainda tem a faculdade e eu ainda não me decidi ao certo quanto a isso.

Clark: Você acha que eu não pensei nisso filho? Pois se enganou logo após sua maior idade, vai poder assumir a empresa e claro que Allan vai estudar para auxiliá-lo.

Eu: Você só não perguntou pra gente se é isso que queremos pai.

Allan: Se for pra ficar com você eu topo o que você quiser Dudu.

Ele me olhava com ternura e sinceridade.

Eu: Pai eu não sei nada de administração, e como pretende que eu te ajude sem saber de nada?

Clark: Ouvir isso do cara que ousou mentir em rede nacional, forjou provas, desafiou a polícia, se envolveu com traficantes é meio irônico filho?

Pensei que o meu coração ia sair pela boca ali, Carlos não deveria ter contado.

Clark: Não, não foi o Carlos que me contou. Você acha mesmo que eu te deixaria sem seguranças te vigiando? Você querendo ou não é um herdeiro rico, e isso atrai muitos olhares não ia correr o risco do nosso dinheiro afetar o meu bem mais precioso que é você.

Eu: Porque nunca me falou sobre isso pai?

Clark: Porque você ia gritar, fazer birra, e eu não tava querendo nada disso apenas te proteger. Agora sinto que você já cresceu meu filho e pode se defender sozinho. Quando eu comecei também não tinha a menor noção de como ia fazer, mas eu lutei e cheguei onde cheguei. Se você defender nossos interesses, como defendeu sua família e amigos tenho certeza que a empresa não estará em melhores mãos. O que me diz?

Eu: Tem como dizer não pro Clark Rodrigues?

Clark: Não.

Todos ríamos mas no fundo eu sentia que meu pai me preparava pra algo, que ele ainda não havia falado. Mas eu não ia quebrar aquele momento de entendimento, conheço o meu pai e Clark Rodrigues me escondia algo.

A noite estava quase no fim, meus pais eram os últimos a se despedir no portão.

Stella: Tchau a todos, obrigada pela noite maravilhosa.

Cleude: Voltem mais vezes, e tragam Rhian.

Olhei pro Allan de lado.

Eu: Vamos?

Allan: Dorme aqui hoje.

Eu: Mas não tínhamos combinado?

Clark: Tá certo o Eduardo fica, mas o Rhian vai.

Eu: Pai! Se eu fi...

Clark: Nem se atreva, eu não viajei horas pra dormir longe do meu neto. E sinceramente espero que já exista um berço no nosso quarto Stella.

Stella: Amor? Aquilo é uma casa e não uma maternidade, Rhian é apenas um, e tem berço no quarto dele, e no quarto do pai dele que puxou isso a você. Me recordo claramente de você colocando um berço em nosso quarto e dispensando a babá quando Eduardo era recém-nascido.

Clark: Fique tranquilo meu filho. Eu vou cuidar dele como cuidava de você.

Carlos: Não se discute mais o assunto o Eduardo fica, pena que meu neto não possa ficar. Mas amanhã mesmo mando comprar um berço e reformar o quarto pra ele.

Eu: Ei? Ou? Eu tô aqui lembram, e se não notaram estão falando do meu filho, e Rhian sempre estará comigo.

Carlos: E porque você acha que não quero te deixar sair daqui.

Todos caímos na gargalhada, era bom saber que a família estava unida, tudo estava em paz naquele momento. Meus pais se foram com Rhian, e eu fiquei na casa de Allan, subimos pro quarto.

Eu: Enfim juntos.

Ele me dava o mais lindo de todos os sorrisos, e caminhava até mim.

Allan: Sempre juntos....

Continua...

Comentários

Há 0 comentários.