Conhecendo o Diabo

Conto de Anjo perdido como (Seguir)

Parte da série Uma noite a mais

Sai dali correndo, como se quisesse fugir de mim mesmo e do que estava sentido. Não queria aceitar, não devia aceitar, mas estava claro Allan havia me abandonado sem sequer me dar uma explicação.

Me senti um lixo por dias, mas o tempo passou e só deixou lacunas para trás, não odiava Allan mas também não o perdoaria por sair assim da minha vida.

Estava perto de Jacque ter o bebê, desde que Allan sumiu sempre ficamos juntos não voltamos a namorar mas nos pegávamos de vez em quando era sempre bom estar com ela, mesmo com os ataques de sensibilidade que a gravidez lhe causava.

Hoje estava um dia calmo e nublado, estava me preparando para o fim das aulas fui fazer umas compras sai do shopping e logo começou a chover, corri de cabeça baixa tentando escapar da chuva e esbarrei em alguém do impacto fui ao chão, quando levantei a cabeça a pessoa em que esbarrei continuava de pé como se nada tivesse acontecido, ele me estendeu a mão e eu segurei tentando me levantar. Levanto-me e vou olhar o rosto de quem acabava de me ajudar quase caía de novo, sofri um colapso instantâneamente com tanta gente no mundo pra mim esbarrar tinha que ser justo em Antônio.

Eu: Obrigado!

Antônio: Por nada Eduardo! Você se machucou?

Eu: Não, está tudo bem! (Disse sorrindo)

Menti deslavadamente não estava nada bem, não havia reconhecido Antônio do chão porque ele estava muito mais forte, acho que devido ao treinamento militar não deixei de pensar se Allan também estaria assim e aquilo acabou abrindo uma ferida que achei já estar cicatrizada.

Antônio: Podemos conversar um pouco.

Eu: Claro! (Respondi meio desconfiado, afinal ele tinha as "qualidades" do pai).

Antônio: Aqui em frente ten um café, pode ser lá?

Concordei com a cabeça e fomos ao local, meio aconchegante embora pude notar um certo nervosismo em Antônio.

Eu: Bem...

Antônio: Te chamei aqui não por um encontro casual Eduardo. A tempos queria te ver, não o procurei em sua casa porque não sabia como você reagiria mas acho que o destino quis que esse encontro acontecesse.

O tom da voz dele era sério e ele não parecia gostar do que estava me falando ou do que ia me falar nesse momento tentei intervir.

Eu: Olha Antônio se for sobre o Allan eu entendo a gente é jovem ele ficou com medo e fugiu...

Ele riu de modo a me interromper era sarcástico e maldoso ao mesmo tempo.

Antônio: Ele não te abandonou, ele te salvou Eduardo.

Eu: Como assim? (Não pude conter meu espanto e nervosismo ao que acabará de ouvir)

Antônio: Fui mandado pra reserva onde Allan está tempos atrás, e percebi que todas as noites ele chorava sei que nunca me importei com ele. Mas em uma dessas noites perguntei o que ele tinha e porque chorava todas as noites.

Vi seus olhos se encherem mas ele piscou tentando segurar as lágrimas em si, enquanto eu o ouvia devotamente.

Antônio: Ele me falou de vocês dois, e que nunca havia amado alguém assim quando o perguntei porque ele tinha ido pra tão longe então se queria estar com você. Ele me disse que o papai havia o ameaçado, e que se Allan não fizesse o que ele queria você Eduardo é quem sofreria as consequências. No começo eu duvidei pois papai não faria isso, até que.

Eu: Até que o quê Antônio?

Antônio: Até que descobri que ele é corrupto.

Entrei num estado de choque momentâneo, então Allan não havia me deixado e sim me protegido meu ódio pelo pai deles crescia ainda mais não sabia o que fazer mas eu encontraria a solução com todas as minhas forças agora movido tanto pelo amor quanto pelo ódio.

Eu: Antônio obrigado, todo esse tempo eu tive a ideia errada de seu irmão.

Antônio: Cara eu não podia deixar você pensar assim ele te ama, pena que existam coisas tão fortes entre vocês.

Eu: Logo elas não existiram mais.

Nem mesmo eu reconheci aquele tom da minha voz era sombrio e totalmente novo.

Antônio: Cuidado pelo que percebi, meu pai é um tanto perigoso e eu não o confrontaria se fosse você.

Parecia que não conseguia ouvir os conselhos de Antônio, aquele monstro ia pagar pelo que me fez em pensar que eu culpava Allan por imaturidade mas não podia imaginar que o pai dele pudesse ir tão longe aquilo definitivamente não ia ficar assim.

Nos despedimos, eu fui pra casa durante meu banho tudo que Antônio me disse parecia um fantasma a me assombrar. Não sabia o que fazer peguei a moto e topei o acelerador sem rumo só eu e o asfalto as lágrimas caíam do meu rosto, até que tive a pior das ideias. Fiz um retorno agora sabia pra onde ia, cheguei sem aviso e entrei de sala adentro com as lágrimas ainda caindo era só eu e ele ali sem mais ninguém.

Eu: Como você pode? Como pode chantagear seu próprio filho?

O desgraçado parecia nem se importar com a minha presença.

Tenente Carlos: Não sei do que está falando. Mas aconselho a sumir da minha frente antes que eu esqueça do trato com meu filho.

Eu: Ainda tem a coragem de confirmar.

Agora minhas lágrimas eram de fúria eu senti a vontade de bater naquele canalha ali mesmo e nem vi alguém se aproximar atrás de mim. Ia avançar contra ele quando sou parado por alguém que me imobiliza sem muito esforço.

Tenente Carlos: Solte-o quero ver do que ele é capaz.

Antônio: Não pai, ele está alterado e não creio que esse seja o momento pra isso.

Eu: Me solta Antônio, vou acabar com esse babaca.

Antônio: No estado em que está só pode acabar consigo mesmo, e é isso que ele quer. (Ele susurrava ao meu ouvido)

Eu: Isso não vai ficar assim, escreve o que eu tô falando.

Tenente Carlos: Realmente de todos os problemas que tenho, você é o que mais me assusta. (Ele ria de deboche da minha cara).

Até a porta Antônio me acalmava. Saí em disparada pra casa pensei em tudo e tava a decidido a não chorar mais, liguei para Gustavo a tempos que não nos falávamos perguntei se ele ainda tinha contato com Lucas, meio desconfiado da minha pergunta ele disse que sim. Assim que desliguei com o contato de Lucas na mão, resolvi ligar estava determinado ir até o fim.

Lucas era um ex-colega da escola que tinha envolvimento com o mundo do crime (causa que o fez deixar a escola), uma vez o salvei de uma roubada lhe emprestando uma grana desde então ele me devia uma e tava na hora de cobrar.

Eu: Lucas?

Lucas: Oi, Eduardo é você?

Eu: Sim sou eu mesmo.

Lucas: O que aconteceu pra você me ligar?

Eu: Pode vir aqui em casa, pra gente conversar?

Lucas: É claro o que você me pedir eu faço correndo. Em meia hora estou aí.

Ele realmente faria correndo, mas não por estar me devendo a última vez que nos falamos ele disse que me amava, e no meio dessa situação não tinha a quem recorrer se ele não me ajudasse por vontade o faria porque me devia.

Lucas chegou e eu expliquei tudo que estava acontecendo e que precisava de algo para intimidar o Tenente Carlos.

Lucas: Quer dizer que Allan conseguiu o que nunca tive?

Eu: Como?

Lucas: Seu coração Eduardo, o que sempre quis. Mas acho que agora devo perder de vez as esperanças eu vou te ajudar não por gratidão mas por saber o que é amar sem controle.

Me limitei a abraçá-lo sem nada dizer meu coração pertencia a Allan de fato e eu não ia parar até ter ele de volta ao meu lado. Lucas é muito bonito, alto, cabelos lisos loiros meio cumpridos, olhos azuis e um sorriso avassslador o tipo que seria modelo num piscar de olhos, nunca soube o quê tinha o levado a vida do crime mas agora pouco importava. Dentro de poucas horas tínhamos um plano.

Lucas: Você vai mesmo em frente com isso?

Eu: Sim, e nada do que disser me fará desistir....

Continua...

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