Capítulo Dois – Reencontrando Felipe
Parte da série Minha vida...
Avistei Felipe na quadra depois de passar pela multidão eufórica, que falava demais, sobre as férias todos queriam conversar, entrei na roda de "amigos" e logo falei.
— Oi gente?
— Iaew – Disse o Fernando – Ele é moreno, tem um cabelo castanho com mechas loiras, meio funkeiro do séc 21, um dos únicos no colégio, 1,65 talvez.
— Quem é esse – Perguntei – Olhando pra um menino, que tava na roda.
— Gostou?, recrutamos é um novato. – Falou o Felipe.
— Novo brinquedo é? – Perguntei, o menino era muito mais baixo que eu tipo uns 12cm, eu que cresci demais, tinha cabelo liso e preto, parecia que nem ligava muito para estudos e era meio fortinho.
— Como é seu nome?
— Ricardo – respondeu ele.
— Sou Arthur – Falei dando a mão, ele me deixou no vácuo.
— Que arisco kkkkkk. – Todos riram.
— Ah gente eu vou lá na sala deixar a mochila, tá pesando tu vem Felipe.
— Ah vou, quero te falar sobre o novo PC que saiu – ele vinha falando e a gente já se afastava de Ricardo e Fernando.
— Ah mano, por que minha vida é tão complicada?
— Naja de novo é?
— Claro, e o Pedro e mais uma centena de gente e parece que minha irmã vem no final de semana, pode isso? – Falei sentando na cadeira, a sala é pequena tem quatro fileiras e 8 cadeiras em casa, dois ar condicionados, mas só um funciona a lousa e uma janela de vidro pro pátio.
— Por isso a gente tem que jogar Swdrr, pra tirar o estresse.
— Ah man sei não, vamos comprar um PC novo na hora do intervalo, não quero mais o meu, tá travando demais.
— Tu trouxe, o not? Se comprar me dá o teu?
— Claro mano. – Triiiiiimmmmmmm o sino tocava.
— Ah mas já. – Falei.
— Aguenta mano e boa sorte com a vida.
— Quero ver quem tu pegou nas férias.
— Os jogos servem? kkkkkk, mal saí – Sério que viciado.
— Sei não, que sem futuro.
Sentei na minha cadeira e o Pedro passava por mim, e já abria o sorriso, talvez por ontem, mas não ia durar muito tempo, o professor chegou e resolveu passar um trabalho, em dupla sabe com quem fiquei, adivinha? [Errou]
— Ricardo, tu pode passar na minha casa hoje à noite para resolvermos logo hoje?
— Por que não vem pra minha? – Perguntou ele já atrevido.
— Creio que a minha tem mais condições de pesquisa e estudo.
— Insisto, não há lugar melhores ou piores pra se estudar, importante é o barulho. – Falou ele, devia tá fazendo hora com a minha cara.
— Aceito, onde fica?
— Distrito 11.
— Onze?, quer que eu vá para um distrito que tem a segunda maior taxa de homicídios da cidade?
— Apenas membros de gangues morrem.
— Olha Ricardo vou tentar se não der certo eu falo com você pelo Facebook.
— Certo, estou no grupo do colégio.
Fala sério esse pivete mimado nem deve ter 16 anos direito, quer que eu vá pro 11? Deve ter muito orgulho da sua vidinha, pelo menos isso, já superou eu. Pensava quando o Felipe pulou atrás de mim, quebrando minha coluna toda.
— Tá gordo né Felipe.
— Diferente de você kkkkk.
— Esqueci o meu not, tá na mochila, pega e vem pra cá, vou no banheiro enquanto isso tá?
— Certo até jaja – Ele falou e eu já ia caminhando para o banheiro quando entrei a turma do Pedro tava lá, humilhando um menino.
— Sabia que você é o Quinto viadinho nesse colégio? – Falou dando um murro na cada do menino.
— Eu também não aguento mais ver gente da sua espécie – Yago falou segurando o loiro pelo cabelo e cuspindo na cara dele.
— Epaaa, o que é isso?, Pedro tá passando dos limites.
— Quer entrar é Primeiro? – Perguntou Pedro.
— Ta vendo, é culpa sua, depois que você apareceu agora tem aos montes – Yago Falou.
— Ainda bem que súditos me seguem.
— Cala a boca sua puta no cio. – Pedro veio pra cima de mim e me deu um murro que eu caí no chão de cerâmica gelado do banheiro.
— Corre man – Gritei. Ele se soltou do Yago e saiu, que veio de deu um chute na minha barriga.
— kkkkkkk – Ri com muita dor – Parece que vocês perderam o brinquedo de hoje.
— Viaado – Ele gritou e me deu um murro.
— Vamos Pedro amanhã à gente desconta o Quinto pode ter ido falar pro diretor.
— Sorte a tua – Falou ele apontando pra minha cara.
— Um dia eu ainda te mato – Falei quando eles já haviam saído, no espelho me perguntei, quem sou eu? Lavando o rosto apesar dos murros, sem sangue, só um pouco inchado eu acho, diferente e com dor na barriga, quem será o menino? Provavelmente nada de Diretor, a sociedade ainda nos machuca muito, Deus meu, se você existe, por onde anda.
— Voltei, demorei?...
— Demorou nada não, o not já até esquentou, pera a bateria já tá acabando é isso mesmo?
— Eh tava com problemas na torneira do banheiro.
— Sei, kkkkk, ta todo molhado foi tomar banho é?
— De levs, kkk.
— Aqui ó, i7, GTX, e memória Kingston.
— Ah eu não sei disso muito, escolhe o melhor que puder e leva na sala pra mim parcelar no cartão da mãe.
— Tem certeza, é muito caro.
— Vai fundo.
— É muito muito caro.
— Dinheiro não é o problema, e coloca acessórios tipo Headset, Mouse e teclado de gamer.
— Certo.
— Vou lá na sala ligar pra Daniel.
Na sala, na minha mochila, analgésicos, anti inflamatórios, iriam passar toda essa dor, e eu com um sorriso é conversando com o Felipe como se estivesse tudo bem.
— Sei disfarçar – Falei baixinho.
— Daniel? – Perguntei ao telefone.
— Arthur?
— Meus remédios acabaram, trás quando vim me buscar.
— Ta certo.
— Até as onze.
— Tia, vou ter que ir pra casa de um amigo fazer uma tarefa.
— Certo Arthur, mas volte cedo.
- Tia é longe talvez eu chegue tarde, não me espere. – Desliguei.
— Esse povo quer me controlar, pensam que nasci ontem, tenho Mattias no sangue.
Parei um pouco e admirei as telhas do teto, sujas que só faltava aparecer uma bruxa em meio as teias de aranha, e fiquei pensando sobre o ano, a vida, Deus até que o Felipe apareceu.
— Está aqui – Falou ele me dando o not.
— Pronto. – Falei depois de preencher diversas informações, vai ser pra minha casa, a entrega só vai chegar sexta e com sorte, alguém lá de casa recebe.
— Quando chegar te dou o lá de casa certo?
— Beleza, finalmente vou jogar meu i3 fora...
— Eii gente – Falou o Fernando entrando, com um sorriso no canto da boca.
— Que foi? – Perguntei.
— Sabe da ultima já tem novato chorando.
— Serio onde? – Perguntei.
— Lá no primeiro ano já tá pedindo pra sair...
— Sabe quem é?
— Um tal de Thiago.
— Thiago? – Perguntei.
— Hoje em dia o povo não aguenta nada – Falou o Felipe.
— Ah gente só quer- Trrrriiiiimmmmm o maldito alarme soava, acabou o recreio.
— Como eu ia dizendo só quero paz.
— Deve ter sido bem o grupo do Pedro ou Gustavo que andam aprontando com os novatos.
Thiago é, será o louro, quero ver depois, parecia legal, amigos talvez, onde ele mora? Vai ver que é no 11, não a pele era muito limpa pra isso, vamos ver.
— É, Deve ser...