Prólogo

Conto de Alessandro Fonseca como (Seguir)

Parte da série Prova de amor

"Querido Felipe,

Se estiver lendo esta carta, saiba que a esta hora estarei morto – Ou morta como preferir. Não sei por quanto tempo demorará a ler ela. Contudo, quero que saiba que o amo, como nunca amei alguém assim em minha vida. Saiba que você seria o homem da minha vida. Porém, é chegado o meu momento de partir.

Mas, antes de eu fechar os olhos a realidade e ir ao celeste, vou expressar em alguns poucos parágrafos o que sinto dentro de mim acerca de você.

No primeiro dia que o vi ali sentado naquele banco de praça, olhando para o nada, vi algo especial em você. Algo que existe dentro de você, impediu de eu fazer uma loucura – Na qual não impedirá esta última tentativa mina – naquele momento que eu estava passando.

Eram vários motivos. Dentre eles, são: depressão, aceitar minha orientação sexual, agressões físicas e psicológicas, não aceitar nascer como homem – Sendo que me sinto como uma mulher – e por não ter tido a oportunidade de me entregar a ti mais uma vez, depois que fiz uma transição de gênero e você foi o meu primeiro homem.

Sabe, quando estou sozinha – Ou sozinho, caso você se confunda – gosto sempre de mantê-lo a frente das coisas que me vêm à mente, daquilo que me obriga a "fazer", quando aquelas vozes vêm e me pedem coisas horríveis em que eu faça comigo mesmo.

Deitada certa vez em minha cama, lembrei-me de quando você me desflorou quando eu era ainda um garoto. Com apenas dezessete anos e você dezenove. Você me tratou com tanto carinho. Parecia que estava cuidando de uma linda moça. E nem sabia que eu seria uma em sua, que, logo depois iria ser novamente desflorada por ti. Toda vez que me lembro de ti, nu, com seu membro duro, seu corpo forte, seus lábios carnudos e doces que usavam e abusavam da minha boca, dá-me comichões, arrepios e sinto o bico dos meus seios coçarem e minha vagina umedecer com tamanha sensualidade que tu és.

Certa vez eu senti o gozo esparramar entre as pernas quando eu me masturbei pensando em ti, nas palavras doces e eróticas que tu falaste comigo nas duas vezes em que fizemos amor. Quando você metia firme e, ao mesmo tempo, com carinho e amor.

Você foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Quando eu pensava que o fio da minha vida iria se acabar, você chegou e me ajudou na caminhada para me tornar a Sara que sou hoje.

Todas as vezes que pensei que ia partir sem amar realmente alguém, onde esta pessoa não tivesse preconceito contra minha orientação sexual e a minha transsexualidade. Você foi o único que me acompanhou até um dia antes de isso acontecer comigo.

Tu és um homem bom. Não se deixe enganar por qualquer mulher ou homem –Caso gostes de homens também. Tens um coração bom, sabe perdoar e não guarda rancor. Eu acredito em você. Sempre acreditarei.

Continue trabalhando, invista em você. Estude. Se forme e continue trabalhando. Ocupe sua mente. Não fique trancado em casa. Conheça pessoas novas, vá ver seus pais, parentes, amigos, colegas.

Namore alguém. Não quero você solitário. Quero-o acompanhado por alguém que o ama e quer o seu bem.

Antes de fechar esta carta, vou dar alguns conselhos do fundo meu coração – E listado, claro.

© Não fique triste com o ocorrido comigo. Levante a cabeça e siga em frente. Isto é algo natural da vida. Uma hora se nasce, uma hora se morre.

© Não se humilhe a ninguém. Aprenda a dar a valor a si mesmo. Você é uma pessoa muito especial a mim e especial.

© Não deixe o brilho do seu olhar e o brilho que vejo sair de si, se apagar. Seja sempre esta pessoa alegre e brincalhona que amo.

© Namore alguém. Nem que seja um homem, mas o namore. Não fique sozinho. Eu quero vê-lo feliz e não triste por causa de mim. Siga sua vida, eu sou apenas o passado e suas lembranças. Não estou presente em carne. Não sou um empecilho. Case-se, tenha filhos, viaje com seu amado ou amada esposa (o).

© Estude. Invista em você e em seus conhecimentos. Conhecimento nunca é pouco. Seja sempre estudioso e sempre seja esforçado, como sempre foi.

© Não seja capacho de ninguém.

© Se valorize e não dê ouvidos a quem só sabe lhe dar defeitos.

© Ouça mais e fale menos em certas ocasiões.

© Não use drogas ilícitas e seja um homem de verdade – Com responsabilidade, respeito ao próximo, paga as contas e um belo macho na cama.

© NUNCA SOFRA SOZINHO.

© Demonstre e aproveite do seu talento da escrita. Você é um belo escritor. São doces as suas palavras que li naquele livro, em que tu me enviaste por e-mail e, depois, li e fiquei apaixonada ainda em você.

© Cuide sempre do seu corpo. Seja saudável. Sempre seja esse cara gostoso que conheci.

© Cuide bem do seu corpo mental. Seu psicológico é também precioso.

Sempre siga estes conselhos e saiba que sempre estarei olhando para você lá de cima. Estarei feliz vendo-o feliz.

Foi difícil escrever esta carta, porque você é a pessoa que mais amo e amarei por toda a oportunidade e que não é fácil escrevê-la no estado que estou neste momento.

Felipe, você é a última pessoa na qual eu escrevi esta carta. Me desculpe, me perdoe por qualquer coisa.

Eu te amo.

Beijinhos no coração.

"Te amo infinito. "

Atenciosamente,

Sara L. Karshall.

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O corpo esguio estava em frente ao espelho da penteadeira. Se encarava no espelho enquanto vestia um sutiã de renda na cor bege. O seu membro entre as pernas estava duro e preso na calcinha de renda que pegara escondido de sua mãe.

O sutiã pegou escondido de sua tia enquanto ela tomava banho. Aos treze anos de idade, Gustavo não gostava de ter pênis. Gostava mesmo era de "buceta". Nele, claro.

Ele adorava ver aquelas mulheres nuas com seu genital à mostra enquanto dentro de seus pensamentos, não pensava em se masturbar excitado pelo o corpo nu feminino e sim pelo o desejo de ter uma vagina no meio, ser uma mulher "de verdade". Ele sempre achou e afirmou a si mesmo que queria ser mulher.

Não se reconhecia como homem. Achava que nascera no corpo errado.

Seu maior sonho – além de ter uma vagina no meio das pernas – era de ter seios grandes e poder sentir excitação vindo do bico dos peitos, poder pegá-los e os apertar, afirmando que ali havia dois melões.

Ao terminar de colocar o sutiã e o prender, Gustavo apertou seus mamilos por cima do tecido imaginando que ali haviam grandes seios. Ajeitou-se no pequeno Pufe e olhou-se ao espelho vendo o reflexo de seu corpo.

Fecha os olhos e se imagina com seios e uma vagina no meio das pernas enquanto está nua e mergulha numa banheira. Sua mente viaja ao longe, sem perceber que sua mãe entra no quarto, flagrando-o no ato, praticamente, ilícito.

Depois de ser espancado e surrado, ficou trancado no quarto durante dias. Só saíra para voltar aos estudos depois das férias. Ainda havia marcas em seu corpo das agressões terríveis que sofreu dos pais.

De ferros a madeiras usadas para agredir Gustavo por apenas vestir peças íntimas de sua mãe e tia. Levou vários tapas e socos que deixaram seu rosto marcado. Durante o encarceramento ele só sabia chorar. Quando estava próximo de voltar a estudar, ficou em silêncio.

Seus pais apenas viam dar o almoço e janta, pegar as roupas, as lavar e secar e as devolver e ele tomar banho de balde em seu quarto num canto afastado da cama.

Era uma total humilhação.

Depois de dias assim ele, enfim, voltou a estudar e levou consigo as marcas. Ao chegar na sala de aula, sentou-se ao fundo na última cadeira e encolheu-se, na tentativa de esconder-se dos professores para não mostrar seus machucados. Passou o dia inteiro se escondendo, até que, por fim, o sinal bate e finalmente é o horário para ir embora para casa.

Colocou os materiais na bolsa, fechou-a, a pôs nas costas e foi saindo rapidamente da sala se misturando aos milhares de alunos pelos os corredores da escola.

Ao sair daquele mar de gente, sentiu seu braço segurado.

Olhou para trás e viu o garoto mais bonito e inteligente da sala.

Felipe.

― Gustavo né? Por que está tão machucado? Foi seus pais né? ― ele realmente parecia estar preocupado com o garoto.

Mas por que um cara que mal conhece, quer saber disto? Quer saber como ele está e quem fez aquela barbárie?

― Com licença. Meu pai está me esperando. Até amanhã. ― respondeu-lhe seco desvencilhando do braço forte dele e saindo a passos apressados em direção ao portão principal da escola e entrando no carro do pai.

Sentiu-se com medo, encurralado pelo o seu colega Felipe Loyola.

No outro dia iria esconder-se dele e tentar a todo custo fugir de suas perguntas que o encurralava.

Na cabeça dele, Felipe era o mais bonito da sala e deveria ficar entre as garotas modelos da sala, e não perder tempo com uma pessoa que ele mal conhece.

Era o que pensava.

Chegou em casa, foi direto ao quarto. Tomou um banho, vestiu-se, escondeu seu celular com os fones de ouvido e o carregador debaixo do colchão da cama e foi jantar.

Esperou sua mãe e seu pai irem dormir e desceu para jantar.

Ao adentrar a cozinha, abriu a geladeira e lá estava a comida dele posta no prato que sua mãe tinha feito. Ele pegou-a, comeu, lavou o talher e o prato, guardou-os e foi dormir.

Entrou no quarto, trancou à porta e deitou-se. Mas, mesmo assim, o sono não veio.

A única coisa que permeava sua mente, era Felipe Loyola o encurralando e querendo saber o motivo de suas feridas.

Ficou em posição fetal e, por fim, chorou. Ficou horas chorando em silêncio, até que adormecera e acordara já na hora de levantar e voltar a sua rotina.

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Oi meus amores!

Ahistória terá continuação na plataforma Wattpad.

Me sigam lá: @Alessandrofonsseca

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