Ted Lui

Conto de Alequino como (Seguir)

Parte da série HAPPY - Felizes apesar de tudo

_Theodore Lui

Bem-sucedido? Acho que poderia me atribuir este título. Eu era jovem, pós graduado, reconhecido no trabalho, e muito bem casado, obrigado.

A primeira coisa que fiz ao entrar em casa, depois de largar aqueleas malas, lógico, foi pegar um dos porta-retratos da estante e suspirar pela foto.

Nela um negro - com os lábios mais que carnudos de olhos tão castanhos quanto marrons, que mesmo com um sorriso brilhante na boca, lhe dava um ar de seriedade e carranquice, que combinava perfeitamente com seus ombros largos e seus músculos bastante torneados - segurava no colo, um eu magro e baixinho, negro, de olhos mais escuros que os do outro e um sorriso largo no rosto, tão largo quanto a felicidade que eu sentia, não só naquele momento, mas em todos os outros que eu passava ao lado dele, meu marido.

- Ted? - ao ouvir aquela voz grave que além de apaixonante, eu não seria puritano, me dava um puta tesão, eu só virei e corri em sua direção, pulando em seu colo, e segurando sua cintura cominhas pernas, tão curtas que quase não fechavam naquele homem imenso, e meus braços em seu pescoço, lhe dando um beijo tão feroz, como se aquele fosse o primeiro e último.

- Estava morrendo de saudades, meu baixinho - disse ele, entre os beijos, que agora eram mais calmos e gentis.

- Faço das suas as minhas palavras, daddy.

Ele sorriu. Adorava quando eu lhe chamava assim. Depois que fui para os Estados Unidos me ligava de uma em uma hora só para ouvir.

- E por falar em saudades, como está minha sogra? - Perguntou ele.

- Ela está ótima. Quase não me deixou vir embora. Cheguei a pensar em trazê-la comigo, mas não acho que ela trocaria seus Estados Unidos, pelo nosso Brasil.

- Eu não a culpo. Nosso país não é um dos melhores para se viver. Surpreendo-me por você ter ficado.

- Depois que meu pai faleceu eu vim conhecer a família dele e ficar não estava nos meus planos, mas aí eu te conheci - disse, pousando meus lábios nos dele.

- Já disse que não seria sacrifício ir com você.

- Não, amor. Suas empresas estão aqui. Você teria que começar do zero. Não vale a pena.

- Primeiro, são nossos negócios. Além de ser meu consultor financeiro, você é minha... primeira dama - disse ele, sorrindo, do quão engraçado aquilo lhe soou. - E tem mais, do seu lado, qualquer coisa vale a pena.

Eu sorri, e mexi a boca, dizendo "eu te amo" sem falar.

Depois de matar as saudades eu prcisava era de um banho para tirar os vestígios de uma viagem direta de Oklahoma. Ele foi comigo, e o casal agradece a privacidade.

Deitados na cama, nus e molhados, ele mexia no meu cabelo enquanto eu percorria seu peitoral com meus dedos.

- O que você acha de visitarmo o Gedson amanhã?

- Falta menos de um mês para o processo acabar. Como está se sentindo?

- Com medo. E se eu não for um bom pai?

- Ei - disse ele, agora acariciando minha bochecha com o dedão. - Você será um excelente pai. Nós dois seremos.

Eu concordei, me ergui até olharmos nos olhos um do outro e o beijei. Ele começara a se excitar de novo, não que estivesse totalmente relaxado, ele quase nunca estava.

Depois de mais um round na cama nos levantamos, nos arrumamos e fomos jantar.

O restaurante não estava muito cheio, nem poderia, era terça feira.

- Boa noite, senhores. Já vão fazer o pedido? - Perguntou o graçom. Ele ficou um pouco desconfortável quando Olívio pousou suas mãos na minha, em cima da mesa.

- O melhor vinho da noite, e a sugestão do chefe. - Era o que ele sempre pedia, não gostava de saber o que vinha. Olívio adorava surpresas e novas experiências, talvez tenha sido por isso que eu tinha me apaixonado por ele.

- Sim, senhor - disse o graçom, se retirando.

- É tão difícil nos sentirmos totalmente confortáveis.

- Somos um casal gay, negros e da elite. Você acha que vamos viver para ver o dia que seremos aceitos numa sociedade hipócrita e racista? - Perguntei.

- Que nosso filho viva - disse ele. - Por falar nisso. Estou preocupado com uma coisa apenas.

- O que, amor?

- O Gedson ser gay. Sabe que teremos, nós três que enfrentar uma barra enorme, não sabe?

- Mesmo que ele não fosse, ele já seria alvo de um preconceito tremendo. Ele é maduro e vai saber lidar com isso. E nós concordamos em fazer terapia. Você ainda está dentro?

- Claro que sim. Sempre tive vontade de fazer, e essa é a oportunidade perfeita.

Ele concordou com um sorriso e apertou minha mão.

- Estava com saudade do calor da sua pele - disse ele.

- E eu com saudades do meu, marido.

- Você vai me amar até depois que nos separarmos?

- Não diga isso.

- Não temos o controle sobre a vida...

- Eu sei, mas eu não quero viver sem você... Mas se um dia a acontecer eu vou te amar para sempre.

Enquanto jantavamos, um garoto que estava com um mulher, provavelmente sua mãe que naquela hora tinha ido ao banheiro foi até a nossa mesa.

- Um dia quero ser igual a vocês, ser quem eu sou sem me importar com os outros - disse o jovenzinho de cabelos negros, que aparentava ter 13 ou 14 anos.

Nós apenas sorrimos em agradecimento, enquanto ele saiu para esperar a mãe.

Um homem se aproximou do menino, abordando-o de um jeito estranho.

- Ele está armado - disse Olívio, se levantando e indo lá fora.

Foi tudo rápido apartir dali.

Olívio se atracou com o homem, que na luta corporal, disparou a arma, o homem saiu correndo, e assim eu soube, Olívio fora atingido.

Eu corri até ele.

- Você vai me amar para sempre? - Perguntou ele.

- Vai ficar tudo bem - disse.

- Apenas prometa.

- Vou.

Seu sangue escorria pela minha camisa, assim coo a vida escorria de seus olhos.

- Eu te amo - disse ele.

- Eu também te amo muito - disse, antes dele suspirar uma última vez.

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