MEU CORPO É MUITO PESADO!!!

Conto de Alan Bortolozzo como (Seguir)

Foi numa conversa informal, há uns anos atrás, onde relembrei com tantas alegrias a minha vida ao lado dos homens da minha vida. Sentado aqui hoje, sem muito que fazer, decidi criar um livro ou diário, assim espero. Falando da vida de três homens, Alan, Burro e Murilo, no qual sem eles, eu não poderia dizer que sou o homem que sou.

Grande beijo e sejam bem vindos ao mundo do Alan Bortolozzo.

“Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou à hora da partida, a raposa disse:

__ Ah! Eu vou chorar.

__ A culpa é tua - disse o principezinho. __ Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

__ Quis - disse a raposa.

__ Mas tu vais chorar! - disse ele.

__ Vou - disse a raposa.

__ Então não terás ganho nada!

__ Terei, sim - disse a raposa __ por causa da cor do trigo.

__ Adeus... - disse ele.

__ Adeus - disse a raposa. __ Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

__ O essencial é invisível aos olhos - repetiu o principezinho, para não esquecer.

__ Os homens esqueceram essa verdade - disse ainda a raposa. __ Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

__ Eu sou responsável por aquilo que cativo - repetiu o principezinho, para não esquecer”.

O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

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PRÓLOGO

Quando por fim terminei a história, fiz um breve silêncio para que eu pudesse ouvir sua risada fraca, um gemido ou alguma respiração que demonstrasse que ele estava ali me ouvindo. Porém, a única coisa que presenciei fora o silêncio agonizante e o som dos pingos grossos de chuva na bela janela de vidro a minha frente. Fechei os olhos por um momento e tentei controlar minha respiração, mas no fundo, não sei por que, eu sabia que ele não estava mais comigo. E no segundo seguinte, pude ouvir a confirmação vindo do monitor de pressão arterial ao lado da cama. Virei-me de frente e olhei para meu anjo deitado. Estava lindo como sempre. Meus olhos se encheram de água e como um tiro no coração, pude sentir a dor latejante me contagiar, fazendo faltar o ar dos meus pulmões. Fui até a cama e passei a mão no seu rosto ainda quente, me curvei de dei um abraço bem apertado e um leve beijo nos lábios.

“Eu Te Amo e sempre vou Te Amar” disse ao pé do ouvido dele.

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Capítulo 01

Da infância a adolescência

Desde que me conheço por ser humano,ouvia ciência dizendo quehomossexualidade é algo que está no sangue. Que, durante o fundamental período de formação do feto, podemos receber mais – no caso dos héteros - ou menos – no caso dos gays – testosterona, ou seja, é um segundo a mais ou a menos que nos transformará “diferentes” dos “normais”. Ouvi dizer que é a criação vinda dos nossos pais que nos tornará mais ou menos homem. Ouvi dizer que é a nossa convivência com a sociedade, durante o período nossa adolescência, que nos faz “escolher” qual caminho tomar. Outros porque foram molestados quando crianças. Outros porque tiveram experiências sexuais, conscientes, porém sem saber o que é certo e o que é errado, como no caso dos “troca-trocas” entre primos ou amigos. Como também, sempre ouvi dizer que é coisa do Lúcifer. Mas, parando para pensar, não sei bem ao certo o que aconteceu comigo. Sei que, ao escrever olivro, nesse exato momento, tive um flashback daqueles que você não sabe de onde surgiu, mas é uma lembrança forte, tão forte que sou capaz de até sentir o cheiro do lugar.

Lembro-me de algo que ocorreu na minha infância, mais ou menos quando eu tinha entre 05 e 10 anos de idade. Meu pai era jogador de futebol – daqueles que só jogam aos finais de semana – e sempre que podia, ele acabava me levando junto aos treinos ou aos jogos do campeonato. Durante a partida de futebol, eu ficava brincando com outras crianças, filhos dos jogadores e, ao final dos jogos, acompanhava o meu pai, com todo o time, ao vestiário para tomar a ducha. E, durante esses banhos com uma diversidade de corpos, eu acabei pegando gosto em admirar o pênis deles. Não era nada malicioso - comparado a hoje que sou adulto - apenas gostava de ficar admirando-os quando iam tomar banho. Como eu estava acostumado em ver apenas o meu pênis, achava legal ou talvez estranho, o formato, tamanho, cores, muito ou pouco pelos, etc. de todos aqueles homens. Era mais uma curiosidade em comparar o meu pipi com os demais. Imaginando e torcendo e, às vezes, rezando para o meu crescer igual ao deles.

Depois de conhecer tudo que minha idade permitia eu conhecer sobre as diferentes formas da anatomia humana - aquela pura curiosidade sobre as formas e tamanhos - comecei a admirar a maneira que os seus respectivos donos, manuseavam seus membros. Ficava escondido ou sentado perto do meu pai enquanto os jogadores se lavavam. Eu gostava olhar a maneira que seus respectivos donos os lavavam. Chamava-me atenção como eles seguravam o pênis e o ensaboava, na maneira que lavavam a cabeça, tirando o prepúcio e alisando a glande. Uns davam a preferencia por uma lavagem mais completa, mais devagar, com muito sabão, alisando por diversas vezes o pênis e os testículos, quase os escondendo pela espuma de sabão. Já outros, preferiam uma lavagem mais simples, sem se dar ao luxo do sabão formar uma singela e transparente espuminha que fosse.

Depois de passado a admiração das formas anatômicas e das várias formas de lavagem do pênis, comecei a pegar gosto por algo que me faz sair do eixo até hoje, os testículos. Ficava cada vez mais evidente que aquilo que era apenas uma curiosidade, estava formando parte da minha vida. Como eu adorava ver um homem de cueca, apenas para observar como o saco dele ficava “acomodado” nela. Durante as várias de partidas de futebol, corria até o vestiário ao final do jogo, só para ver os jogadores de cueca. Parecia que pra ficar completa a cena, eu precisava ver o presente antes de abri-lo– ficar naquela ansiedade de saber como era e torcendo para ser do meu gosto - e depois de aberto. Quando eles tiravam a cueca, eu escolhia aquele que mais me chamava atenção - de preferencia aqueles que davam a impressão de serem maiores ou pesados - e o esperava tomar banho, para ver como o cara o lavava. Se eles iam apenas passar uma água ou se ficariam ali, massageando-as de forma suave, com a palma da mão, alisando uma na outra. Algumas vezes deixando escapar entre os dedos.

“Bolas, meu grande fetiche com homens. É a primeira coisa que reparo em um homem quando estão de cueca ou nus. É algo que me deixa extremamente excitado e, meu namorado, sabe muito bem disso.”

Poderia passar a tarde toda ali, vendo homens tomando banho que eu não me cansava. Na verdade, não me cansou até chegar, mais ou menos, nos meus 10 anos de idade.Cansar não é bem a palavra, eu ainda continuo a gostar de passar meu tempo admirando homens, mas, naquela idade, acho que meu corpo pedia por algo que ia além de passar meus sábados vendo homens no chuveiro.Quando cheguei aos meus dez anos, comecei o famoso “troca-troca” com meus primos.

Eu tinha dois primos, o Renan e o Felipe. – que não farão parte da verdadeira história -que eram quatro anos mais velhos que eu.

“Da para acreditar? Dois guris de 14 anos “brincando” com um de guri de dez?”

Eu era uma criança, com corpo de criança e mentalidade de criança. Já eles, eram adolescentes, cheio de hormônios, com o corpo já formado pela puberdade, se masturbavam, sabiam o que era um orgasmo, sabiam o que era ejacular. E eu? Nem entendia ao certo o que significava uma ereção. Quer dizer, até ali, só conhecia aquela tal ereção matinal.

“Não que eu queira culpa-los por alguma coisa, não quero. Como eu mesmo disse, não sei ao certo como nos tornamos homossexual, por isso, talvez eu nunca tenha tirado satisfações com eles sobre algo.”

Com 10 anos de idade, apenas fazia aquele básico do rela aqui e rela ali, mas nada que me fizesse chegar a um orgasmo. Mas, ao passar dos anos, com muita “pratica”, com muitos hormônios aflorando, fomos adquirindo experiências e,aos treze anos, nos considerávamos verdadeiros experts no assunto. A maior descoberta nossa vinha através dos filmes pornôs que roubávamos dos nossos tios. Era de praxe, em todas as festas de família, esperar todos dormirem para nós assistirmos. O que chamava atenção naqueles filmes, não eram tanto as personagens ou os corpos delas, na verdade, ficávamos mais interessados nas posições, beijos, toques, batidas, gozadas, sacanagem mais pesada, etc. A cada novo filme, novas aulas práticas, novas experiências adquiridas.

E não eram apenas os filmes que chamavam nossa atenção, tinha revistas, cenas de novela, conversa sobre sexo entre garotos mais velhos, conversa de sexo entre os homens da família, ou seja, tudo que para nós fosse relacionado a sexo, nós filtrávamos e praticávamos mais tarde. Aos treze anos, já tinha transado mais que qualquer amigo meu durante toda a juventude. Isso, sem falar em todas as “brincadeiras” que na vida de muitos casais hoje em dia, nunca sonharam em fazer. Éramos tão viciados que sempre que pintava um feriado prolongado ou final de semana com nossos pais, nós combinávamos de ficar juntos. E nessa “sede”por sacanagem, me custaram anos de humilhações com minha família.

Eu tenho um irmão 02 anos mais velho chamado Arthur. Esse irmão mais velho, após a separação dos meus pais (quando eu tinha 07 anos), acabou ficando com a responsabilidade de me cuidar quando minha mãe ia trabalhar e estudar. Como toda semana livre, não era de se estranhar que nós ficássemos tão unidos. Unidos até chegar nesses finais de semana com primos. E, como eu fugia completamente do Arthur quando encontrava com o Renan e o Felipe, logo, não era de se estranhar que ele ficasse com ciúmes de mim. E foi aí que ele me sacaneou. Um dia, a família toda se reuniu na casa da minha avó para comemorarmos o aniversário de um primo meu que tinha apenas 02 anos de idade e, na hora de dormir, eu e meu primos logo roubamos a sala da TV, onde além ter o vídeo cassete, tinha um lugar amplo, com espaço para três colchões caberem folgados. E foi nesse dia que fomos pegos.O Arthur se enrolou numa coberta e se escondeu debaixo do sofá da sala que nós usávamos de quarto. Pacientemente, ele esperou que todos fossem dormir que nós arrumássemos os colchões, assistíssemosao filme que tínhamos arranjado e, por fim, começássemos a “brincadeira”.

Final da história, ele nos pegara apenas no famoso “pega aqui e pega ali” – graças ao bom Deus ele não chegara a nos ver fazendo penetração – e aprontou o berreiro na sala, fazendo todos acordarem. Por sorte, minha bondosa e discreta avó, fez meus pais nos trancarem nos quartos para levarmos bronca, sem que o resto da família pudesse ouvir. Meus pais ficaram tão furiosos que nunca mais me deixaram ir ver meus avós quando meus primos tivessem lá. Além do mais, fizeram terapia de pais e filhos por uns dois meses, seguidos,comigo. Sem falar que sobrou até para o meu irmão que ficou sem poder sair enquanto eu estivesse de castigo. É bem aquela lei da fofoca e fofoqueiro. Que ambos os lados precisam ser castigados.

Durante esses dois meses preso, as únicas coisas que fazíamos, era ir à escola e voltar para casa. Como meu irmão sentiu injustiçado por estar de castigo por algo que EU fiz, ele decidiu tornar-se o cara mais infernal da Terra. Quando eu ia à escola, não podia conversar com nenhum amigo meu e nem tentar me aproximar de algum colega - por mais amigos que fossemos -que meu irmão já me dedurava. Ele fazia questão de me esperar à porta da minha classe quando íamos para o intervalo e quando tocava o sinal para ir embora. Na saída, fielmente a minha mãe estava colada em frente ao portão. Com certeza, esses formamos dois meses mais longos da minha adolescência. Para ajudar, naquela época, minha janela ficava de frente para quadra poliesportiva onde sempre estava lotada.

Lembro-me do dia que sai do castigo e pude ver a luz do Sol. Como durante esses anos meus primos formam meus únicos amigos, me senti perdido ao sair da minha casa e andar pelo condomínio. Não tinha amigos no colégio, não tinha amigos no condomínio e meu irmão, que por um bom tempo fora meu amigo, agora não fazia questão alguma em estar perto de mim. Foi então que decidi sair para fazer novas amizades. Como eu vivi toda minha infância e adolescência com primos e irmão mais velhos, era de se esperar que minha cabeça fosse mais avançada que toda a minha nova turma. No começo achei bem estranho, mas depois fui conquistando a todos e não tardou muito a me tornar o líder da garotada. Para todas as suas perguntas, eu já sabia a resposta.

Para todas as brincadeiras, eu tinha os melhores métodos ou estratégias. Sem falar que eu me destacava, também, pela minha altura. Aos 13 anos, já media 01 metros e 80 centímetros. O que para idade, em comparação ao resto da molecada, era considerado bastante alto.Fui também o segundo e único garoto a subir na “Árvore”. Como ela ficava no mesmo nível do prédio ao lado, era fácil saber a altura exata que ela tinha. Era nessa árvore de 06 andares de altura que eram desafiados os novatos quando queriam entrar para nossa turma. Fora o Murilo, somente eu havia alcançado, assinado e pendurado minha camiseta ao lado da sua. Por isso, éramos considerados os Reis do condomínio. Eu era idolatrado, tratado com um verdadeiro Rei. Menos para um, o mais velho de todos, o Murilo.

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