Capítulo 5 (Epílogo) - Horror

Parte da série Pré Astecas

Quase todos estavam reunidos em frente ao altar já finalizado naquela manhã. Os temerosos prisioneiros vigiados por vários guardas apenas pareciam esperar pelo pior. O líder os encarou com um sorriso de satisfação. Tudo corria de acordo com sua vontade. Em sua mente, lembrou-se da mentira que contou ao conselho para conseguir tudo aquilo.

Disse que tivera um sonho com os deuses. Que eles lhe contaram como criaram o mundo. Ele fora feito da própria carcaça de um deles. Mas era um corpo frio e sem vida. Para que houvesse vida, outros dois deuses se sacrificaram para gerar o sol e a lua. Com isso, surgiu vida em nosso mundo, abundante e plena.

Soldados surgiram, trazendo o guerreiro prisioneiro. O líder interrompeu seus pensamentos relembrando seus íntimos momentos com ele, mas lhe pareceu outra vida, outra pessoa. Aquele coitado parecia apenas desorientado e incomodado com a luz do sol, não oferecendo resistência ao ser preso ao altar.

Sim, a luz do sol, prosseguiu o líder, era a fonte de vida do mundo. E depois prosseguiu com a revelação: se não fosse alimentada, ela cessaria, trazendo a morte de todos. Para manter a luz sempre viva, novos sacrifícios teriam que ser realizados. O sangue correndo alimentaria o sol para sempre!

Com este pensamento, o líder se aproximou do indefeso guerreiro. Ele estava deitado e amarrado, seu peito altivo para o alto. Sua cabeça estava meio pendente, e ele olhava para a multidão, parecendo confuso. Logicamente ele estava devidamente drogado. Não sofreria muito, pensou o líder, quando o segurou pelos cabelos, expondo-lhe bem o pescoço, e sem hesitar, esfaqueou-lhe com precisão.

O corpo do guerreiro se sacudiu em um forte expasmo, um grito irreproduzível saiu de seus lábios, distorcido pelo inevitável jorro de sangue e pela interrupção violenta de sua traquéia. A multidão se agitou, verdadeiramente impressionada com a cena que estava presenciando.

Até mesmo o líder se paralisou por alguns momentos, ao ver todo aquele sangue. Uma pequena parte dele tingia agora as suas vestes, e também marcava a sua alma. Os jatos emitidos pelo corpo do guerreiro estavam cessando, então ele continuou o ritual, esfaqueando-o logo abaixo do peito, cortando-lhe o abdômen.

Parecendo hipnotizado, enfiou o braço pelo corte, numa nova invasão ao corpo da vítima, e quando o retirou, completamente ensaguentado, trazia o coração do pobre guerreiro. Ele o elevou exibindo-o para toda a multidão, horrorizada com a violência do ritual.

Mas os efeitos foram exatamente como ele havia planejado. Agora ele tinha uma justificativa perfeita para eliminar o excesso de escravos, e o restante estava trabalhando com muito mais dedicação, temendo serem os próximos sacrificados. Agora ele vingava os homossexuais mortos em público, qualquer um poderia ter esse destino. E é claro, sua preferência sexual nunca foi descoberta, pois apesar dele se ter se saciado com centenas de belos prisioneiros, todos eram mortos antes que pudessem dizer o que acontecia com eles no cárcere.

O que ele não poderia prever é que seu ritual continuaria por muitos anos depois de sua morte, e tornaria os astecas um dos povos mais sanguinários da história da humanidade.

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