Capítulo 3 - Punição

Parte da série Pré Astecas

Mais tarde, houve um apedrejamento público. Haviam encontrado um homem entre os prisioneiros, que pareceu querer tocar outro intimamente, sendo acusado de homossexualismo. Ele foi trazido, arrastado, o olhar cheio de medo. Era impossível ouvir se ele dizia algo, pois a multidão que se formara gritava, chamando-o de palavras feias, usadas somente para aqueles homens que não conseguiram resistir ao seu desejo por prazer com outros homens.

Era o que o líder temia. Que o seu próprio desejo fosse desmascarado, e que seu fim fosse terrível como aquele. Ele observava os detalhes atento, como se estivesse doutrinando a si mesmo, fixando o castigo se falhasse em ocultar seu desejo por homens como o seu prisioneiro especial. Os guardas amarraram o infeliz de joelhos, preso a algumas estacas no chão e começaram a se afastar. As pessoas ao redor começaram a se abaixar para pegar pedras.

Em paralelo, o líder imaginava o que aquele coitado prestes a morrer teria feito. Teria ele conseguido desfrutar das delícias do corpo de outro homem alguma vez? Ou era virgem, tentando sem sucesso apaziguar uma fome irresistível nesta sociedade castradora? Ou apenas uma vítima heterossexual da fobia homo instalada no coração dessa gente?

E das mãos desse povo veio a primeira pedra. O silêncio da expectativa foi cortado pelo grito do executado, que se contorceu, indefeso e temeroso. E uma chuva de pedras caiu sobre ele, seus gritos se fundindo e enfraquecendo num choro, até que seu corpo caiu e aquietou.

E o líder percebeu que estava sendo tomado pela raiva. Aquelas pessoas, que julgaram e executaram o recém morto, qual diferença fazia em suas vidas se ele gostava de estar junto a outro homem? Será mesmo que era esse o motivo de estarem ali, assassinando-o, ou era apenas pelo prazer de se sentir dono do destino de alguém, para se deleitar no sangue de uma pessoa, independente do que ela fosse? Não igualmente mereceria uma morte semelhante qualquer um daqueles que havia atirado as pedras? Ou que como ele, nada havia feito para impedir? Pois ele sabia, isso ia mudar, e profundamente...

Finalmente, firme em seu autocontrole, ele voltou ao seu pensamento inicial. Ele nunca poderia ser descoberto. A consequência seria morrer ensaguentado entre pedras e abandonado para apodrecer como um animal. Um terrível pensamento...

No dia seguinte, ele vistoriou a construção do altar. Era alto e simples, pensou, quase como uma mesa de pedra no alto da escadaria que dava para a frente de um dos templos. Mas os escravos resistiam às ordens, o que o aborreceu um pouco. "Isto logo irá acabar também" - pensou, se afastando.

Depois do segundo dia de cárcere, o comportamento violento do guerreiro havia terminado. Já era previsível, afinal, ele estava apenas com uma dieta de sucos e água, enfraquecendo seu corpo, e nos líquidos havia uma poção preparada cuidadosamente pelo líder, para enfraquecer a sua mente. Ele não havia tomado a liderança sem ter conhecimentos dessas técnicas.

De seu esconderijo, ele observou seu prisioneiro, deitado em sua cama de palha, o olhar vazio e desesperançoso. Se deleitou com a nudez frontal dele, observando sem pressa o volume de seus peitorais e ombros, o movimento da respiração no abdômen segmentado e plano, as coxas grossas e másculas. Claro que deu uma atenção especial ao sexo dele, que mesmo relaxado e caído sobre o farto tufo de pentelhos, lhe pareceu muito apetitoso... Desviou o olhar repentinamente, pois chegara ao fim essa apreciação distante, e se aproximava o momento de desfrutar carnalmente aquele homem!

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