Capítulo 0.1.1 - A ponte (piloto)

Conto de AB como (Seguir)

Parte da série The Junkies

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Olá, sou bem novo aqui e ainda estou fazendo uns testes para ver se consigo escrever algo decente. Optei por escrever em primeira pessoa por conseguir me expressar mais fácil desse modo. Sou bem detalhista e acho que se eu parar pra descrever tudo com detalhes eu não conseguiria adiantar muita coisa. Enfim, gostaria de um feedback sobre a maneira que o conto se desenvolve, sobre a fluidez da leitura, se está chato ou se está legal e o que é legal e o que é chato para eu poder revisar o que escrevo e me adaptar. Minha tentativa é trazer personagens próximos do real, sem aquele toque de perfeição abusiva. Espero que eu consiga.

Beijos,

Bleu.

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The Junkies

Chapter 01. A ponte

Eu não sei onde estava com a cabeça, né? Mas enfim, já foi. Se eu for parar pra pensar no início do dia viria em minha cabeça as imagens de uma cama desarrumada, uma preguiça em plena sexta-feira que, felizmente, eu não teria aula na faculdade. Meu quarto por si só é uma bagunça, ligo o computador, deixo aberto nas redes sociais e abro o spotify e coloco pra tocar alguma coisa no aleatório.

Dou uma volta pela casa e vejo que não tem ninguém aqui além de mim. Meu pai deve ter ido levar minha mãe ao trabalho e meu tio ao médico ou resolver coisas da reforma da casa, essa é a melhor sensação pra mim "ninguém em casa". Voltei pro quarto com um sorriso de felicidade por vários motivos, eu poderia fumar meu cigarrinho aqui tranquilamente, poderia bater uma também sem ser incomodado. Então comecei a fazer a segunda coisa, aquela coisa de abrir mil abas do xvideos ou ficar trocando de webcam no cam4 enquanto passa muita coisa em sua cabeça que você não tem nem noção. Ufa! Pronto, gozei, aquela coisa básica de sempre, o abdome todo melado de porra e aquela caminhada pro banheiro pra limpar.

Volto pro pc e vejo que tem mensagem de Alexandre, começamos a conversar, mandei uma foto do meu pau pra ele e disse que o visitaria, que pegaria a bicicleta e iria de minha casa até a dele. Pela manhã eu curto fumar um beck para relaxar e agora que eu tinha a tarefa difícil de pedalar uns 8km já me desanimava. Quando estou chapado acabo fazendo coisas da casa, arrumando meu quarto, lavando a louça ou então eu fico jogado na cama, mas é isso mesmo e já era hora de eu sair do meu estado de sobriedade.

Pego uma prancheta antiga que era de meu irmão e eu me apropriei, fico fuçando no quarto sem saber onde eu deixei uma necessáire com minhas coisas (triturador, bolador, seda, tesoura, etc) quando eu acho tenho um quase orgasmo. Abro a porta do guarda-roupa, abro uma lata e pego um vaso cheio de maconha, tiro uns dois camarões, escondo tudo de volta e sento no chão com a prancheta no colo. Sempre ouvi dizer que /bolar/ é uma das melhores coisas a se fazer e acho que é verdade. Toda aquela concentração, todo aquele esmero pra fazer uma coisa certinha, com o mínimo de defeitos possíveis. Assumo que nessa vida eu já bolei uma pastelaria inteira. Para aqueles que não sabem pastel é o apelido que se dá ao beck que foi bolado e que ficou ou com aparência estranha ou que foi realmente mal feito mesmo. Enfim, atualmente consigo bolar minhas bombinhas e com qualidade aceitável ao menos, dá pra fumar. Bolei uns dois becks bem finos, vacas magras, cintos apertados, becks finos. Na tranquilidade de meu quarto onde a música ecoava decidi sentar com os pés na cadeira, inspirar e expirar bem fundo e poder gritar de felicidade internamente as palavras FOGO NA BABILÔNIA.

Sobre o ato de fumar: acho muito legal a fumacinha

Pode parecer idiota, mas foi assim que comecei a fumar, por achar um charme na fumaça. Fui apresentado à Mary Jane (Marijuana) por acaso. Certa feita estava eu em um evento familiar e fui pedir um cigarro a uma prima que sabia que era fumante para que eu dividisse com outro primo meu. Ela me disse uma coisa maravilhosa:

- Fumar com Kayque? Não, menino, deixe de ser otário. Tenho uma coisa melhor pra gente, só precisa esperar um pouco.

Esperei e enquanto esperava saia pela festa com um copo aqui e em poucos minutos substituia por outro. Já tava bem naquele estágio calibrado, feliz, tranquilo, alegre que nem as pessoas quando recebem salário, só que eu tinha recebido álcool. Minha prima ressurge, me arrasta para o estacionamento onde avistei outros dois primos meus e um primo de um primo meu. Encostados no carro minha prima tira um beck e diz para eu ir com calma pois aquela era da boa. Nunca tinha fumado maconha antes, mente inocente a minha. Fumei como fumava tranquilamente um cigarro, dividimos aquele beck e foi tudo ótimo.

Não senti a lombra bater propriamente dita, já estava alcoolizado, não tinha muito o que fazer com a minha cabeça aquele momento. Acabou que um dos meus primos me chamou no carro para conversar, nessa conversa até pó ele me ofereceu, mas recusei, nunca viajei muito na onda do pó, nunca usei e nem sinto vontade. Ele acabou cheirando o pó dele, voltamos ao convívio dos outros primos que ainda enconstavam no carro e até sobre a minha sexualidade conversamos e o melhor que apesar de não termos muito contato, pois eles são de outra cidade, eles nutrem um respeito por mim que acho fantástico e por eles nutro o mesmo. Detalhe rápido para encerrar, o beijo do primo de meu primo era até bom. O bichinho barbudíssimo, com dreads, branco, olhos castanhos, alto, até bonito (apesar de que não curti muito os dreads e nem a barba imensa dele). Ah, e ainda fiquei com esse menino na frente de meus primos?! Foi divertido.

Voltando ao meu início de estágio HIGH:

Peguei o isqueiro preto que estava tentando segurar comigo, pois um certo alguém chamado Alexandre têm mania de às vezes se apropriar de meu isqueiro, acendi o beck e tranquilamente fui aproveitando cada tragada possível. Nesse tempo fiz bolinhas, tentei fazer um truque com fumaça que Shandy tentou me ensinar e ainda fiquei fazendo um truque de puxar a fumaça com as narinas depois de ter passado elas pela boca, meio que formando um ciclo. Acabou o primeiro beck e eu já sentia as mudanças no meu corpo. Tudo um pouco mais relaxado, as ondas perpassando meu corpo, a sensibilidade relativamente aflorada, a paz de espírito. Alexandre ainda estava online e decidi ligar a webcam para conversarmos e gastarmos a minha lombra.

L: Bom dia, otária.

A: E aí, viadinha?! Tá chapadíssima não é?!

A: VIADO, OLHA SÓ PRA TUA CARA

L: Que foi, moure?

A: Tu tá claramente chapado, viado.

L: Eu sei, mas eu gosto de estar assim. (voz meiga)

A: Eu também, baby.

A: Tu vem me visitar logo, viado desgraçado? Vai almoçar aqui?

L: Eu vou, babu, mas ainda vou fumar mais um antes de pegar a bike.

A: Tu só ligou essa webcam pra me torturar não é? Eu te conheço!

L: Foi não, babu. Enfim, eu vou fumar logo para pegar a bike.

A: Aff, Lucas! Ave maria! Bota logo fogo nisso, eu não aguento mais de aflição.

L: A mão tá aí tremendo, não é? HAHAHAHAHAHAHAHAHA

A: Mas tu é estúpido, viu?

-Rimos-

L: Moure, não consigo achar o isqueiro, eu acho que perdi.

A: Calma, procura aí que tu acha.

A: Ah, tu já sabe o que vai colocar pra ouvir agora?

L: Não sei, moure. Acho que vou colocar aquela ...

...

...

Ah, lembrei! Aquela playlist que a gente fez pra festa.

A: Ah, tá massa mesmo! Ouça ela mesmo. Achou o isqueiro?

L: Tô procurando aqui na bolsa, lembro que levei ontem pra faculdade.

L: Achei! (E levanto o isqueiro para a câmera, vitorioso)

A: pronto, fogo!

Queimei o beck com calma, o cheiro delicioso subiu, e eu sorvia a fumaça como alguém que sente o cheiro de um perfume e quer que aquele aroma fique preso dentro de si por muito tempo.

A: Viado, tu fica tão bonito fumando!

L: Deixa de ser retardado, viado.

A: Ah, mas eu acho. E termina isso logo. Tu vem aqui pra casa mesmo?

L: Eu vou, gato. Só preciso terminar isso aqui, pegar a bike e sair.

A: Pronto. Eu vou fumar uma pacaia aqui.

L: Oxe, fume!

E assim continuamos a conversar um tempinho. Meu beck terminou, guardei a chia (ou ponta) e comecei a tentar me organizar. Separei uma roupa, meti umas coisas na mochila e fui até o quintal pegar a bike. Levei a bike pra frente de casa, a mochila eu tinha largado na sala então voltei pra buscar. Já fazia alguns minutos que tinha terminado a conversa com Alexandre, ele esperava que eu estivesse lá cedo hoje, eu também. Enfim, peguei a bike, coloquei o ipod no bolso, os fones bem posicionados em meus ouvidos e fui carregando a bike até o portão, a deixei encostada no muro, fechei o portão, montei e comecei a pedalar.

Pode parecer alguma coisa idiota, mas pedalar chapado é delicioso. Estava eu motivado pelo meu estágio high da vida e por ir até Alexandre. Eu me sinto idiota ao pensar isso, mas eu gosto dele. Felizmente eu gosto e muito e isso me faz pedalar sei lá quantos km pra chegar lá. (Na verdade são quase 20km ida e volta) A música também gera um astral legal pra pedalar, aquele rock clássico bem delicioso, o vento na cara, o calor que agora não importa tanto. É assim a vida, a gente sendo carregado pelos sopros de vida e pelos laços invisíveis. Demoro 50 minutos mais ou menos para chegar.

L: ALEXANDRE, VIADO!

Ele aparece na janela do quarto

A: Perainda, viado. Vou jogar a chave.

Ele jogou a chave, abri o protão, deixei a bicicleta na parte de baixo da casa (que não pertence a ele) e subi as escadas que ficam do lado de fora e que dão na moradia dele. Chego e sem cerimônias abro a porta. Ele já me esperava em frente a porta do quarto dele e nos beijamos.São poucos segundos, mas dá para sentir o gostinho de cigarro que ele fumava há minutos atrás e o desejo que rola entre nós.

A: Eu adoro tu assim todo suadinho. Pode chegar aqui mais vezes assim que eu não vou reclamar.

L: Quantas vezes tu quiser, viado. Agora só não me explora viu?!

A: Mas tu já me explora demais, desgraçado.

L: Mas é exploração de amor, tá?

A: Ah tá, como se eu acreditasse.

L: Vem cá, viado.

Seguro o braço dele, puxo para perto do meu corpo e o beijo carinhosamente. Nos desconectamos, bato na bunda dele e ele vai pra cozinha pegar café.

A: Quer café?

L: Que pergunta, viu? Traz aí!

Tiro a minha camisa, minha bermuda e o tênis e fico só de cueca na cama dele esperando o café.

<Continua>

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