Todo teu / 8 capítulo

Conto de Jeff-Lúcio como (Seguir)

Parte da série Todo teu / 1 Temporada

Sentei­me na minha rocha, mesmo à beira da falésia, com a praia a meus pés e a imensidão do oceano à minha frente. Tal como eu, o mar não estava muito bem­disposto, estava encrespado e rebentava violenta e

estrondosamente na areia. Por vezes, sentia uns salpicos na cara, que

voavam desde lá de baixo, arrastados pela brisa. Adorava estar ali, principalmente com o mar assim, aquele era um dos meus sítios favoritos.

Estávamos no início de junho e já havia algumas pessoas a chegar à

praia, lá ao longe. Não havia nuvens, o sol estava descoberto, mas corria uma aragem constante. Lembrei­me do meu avô dizer que este estava a

ser o ano mais frio dos últimos duzentos anos, o bom tempo estava atrasado. Tinham passado a notícia na televisão e ele estava preocupado com as terras e a produção. O clima estava descontrolado, parecia que as

estações se atrasavam cada vez mais. Devia ser o aquecimento global… as temperaturas anormais e as estações irregulares, tínhamos falado disso na escola.

Enfim, pelo menos o Chico iria, certamente, ter mais trabalho; com o

tempo mau, os jardins precisam de mais cuidados. Tinha tirado o curso de jardinagem no centro de formação onde eu estudava, aliás, fora ele quem me convencera a voltar a estudar. Agora cuidava dos jardins dos

lisboetas, não chegava para enriquecer, mas dava para sobreviver. Era por isso que conhecia todos os gays que tinham casa de fim de semana no Meco, era quase o jardineiro oficial da comunidade gay da região.

Ainda sorria com a ideia quando senti alguém a passar atrás de mim e

pelo canto do olho vi um vulto. Não era normal andar gente a passear por ali, no alto da falésia, àquela hora da manhã. Era um tipo bem mais velho, já devia ter mais de quarenta anos. Eu até gosto de gajos mais velhos, mas não tanto. E ainda por cima era gordo. Virei­lhe as costas e

fixei o mar.

Se tens o azar de me dizer alguma coisa, meu! Ai se dizes alguma…

Felizmente não o fez.

Eu sabia bem que aquela era uma zona de engates de verão. Os arbustos baixos, de giestas e camarinhas, entre o pinhal e a falésia, permitiam avistar os tipos que andavam por ali a “passear.” Sabia bem que corria o

risco de uma cena daquelas me acontecer… um gajo meter­se comigo. O Pedro passava por aqui de vez em quando. Eu tinha ciúmes, nunca aceitei bem esse comportamento: tinha­me a mim, tinha namoradas, qual a

necessidade de ter encontros ocasionais com outros homens em sítios como este? Ele dizia que ia apenas ver, mas por favor… fazia­me cenas quando me via com alguém e depois vinha para aqui sozinho? Sempre me irritaram as pessoas que me quiseram fazer passar por estúpido!

Sacudi a cabeça para afastar aqueles pensamentos. O homem já se tinha ido embora, tinha desaparecido. Menos mal. Devia estar mesmo desesperado para andar por ali tão cedo. Se calhar tinha estado com o

bonzão. Seria possível? Vi­o reaparecer a alguma distância e, quando espreitei melhor, nem queria acreditar.

Ele está a bater uma!

Levantei­me imediatamente e arranquei a correr, de volta a casa. Era

impossível descer mais baixo. Ter um gajo daqueles a olhar para mim e a

masturbar­se? Ninguém merecia uma coisa assim. Primeiro, um gajo podre de bom que me ignora, depois, um trambolho daqueles a… mas estaria à espera que eu fosse ter com ele? Não percebia que não tinha qualquer hipótese comigo, tal como eu não tinha com o corredor bonzão? Por falar nele, seria gay? Com o aspeto que tinha, devia estar mais que casado. Estaria a passar o fim de semana? Se estivesse podia ser que o

voltasse a encontrar, talvez à noite. Ele tinha olhado para mim e até acho que me piscou o olho…

Contínua...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-01-18 15:51:10
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