Todo teu / 3 capítulo

Conto de Jeff-Lúcio como (Seguir)

Parte da série Todo teu / 1 Temporada

Fresco!

Sair do quarto foi um alívio, o meu amigo Pimentel precisava desesperadamente de investir num ar condicionado, casa alugada ou não. Toda a gente gosta de frequentar uma sauna, mas é impossível dormir numa. Não bastavam já as coisas que me preocupavam ao ponto de me dificultar o sono, a casa do meu amigo ser praticamente inabitável foi o

golpe de misericórdia no meu humor.

– Bom dia, Duarte, dormiste bem?

– Não – respondi ao Ricardo, o namorado do Pimentel, concentrando­me na máquina do café sem sequer olhar para ele.

– O calor é insuportável.

– Deixa­me fazer isso… – disse suavemente. – Eu sirvo­te…

Tirou­me a pastilha de café da mão ao ver que eu não conseguia descobrir a forma de a encaixar na máquina.

– Ótimo, obrigado.

Afastei­me rapidamente, para me instalar à mesa da cozinha, aguardando. Gosto de ser servido, estou habituado a sê­lo, mas não gostei da forma como ele me tocou ao pegar na pastilha do café, não gostei da forma como apoiou a mão nas minhas costas, num gesto de

intimidade, e principalmente não gostei que me aparecesse à frente em cuecas justíssimas, ainda por cima, cor ­de ­rosa. O Ricardo é um rapaz interessante, tronco bem moldado, as pernas cobertas de pelos louros, exatamente como eu gosto, mas irrita­me profundamente que me tente seduzir quando está numa relação com um dos meus melhores amigos. Eu não toco na propriedade dos outros, em geral, e não toco na dos meus amigos, em particular. Devia ter escolhido uma das outras opções para o

fim de semana, foi um erro, não devia ter vindo para o Meco.

– Queres que te faça uma torrada?

Caramba!

– Não é preciso, Ricardo, obrigado, vou dar uma corrida pelo pinhal –

anunciei, aborrecido, a situação estava a tornar­se constrangedora, até para mim.

– Queres companhia?

O sorriso era sedutor, sim, ele sabe que é um rapaz atraente, mas sempre me irritaram as bichas oferecidas. Não há paciência, fugi de Lisboa para ter sossego e agora tinha o namorado do meu amigo a…

– Quero estar sozinho – anunciei de uma forma perfeitamente clara. – Se queres ser útil acorda o Pimentel… precisas que te sugira como?

O Ricardo estremeceu, apesar de eu ter sido gentil com ele; é certo que não fui simpático, mas também não fui muito desagradável… não pelos meus padrões, pelo menos. Amuou, respondeu­me com um seco “não”, fazendo o papel da vítima ofendida. Saí de casa com um sorriso nos

lábios, imaginando a quantidade de nomes que ele me estaria a chamar, furioso, sentindo­se desprezado no seu brio de galã sedutor. Mas eu não tenho paciência para homens oferecidos, nem para sensualidade básica, nem para… no entanto ele era capaz de ficar bem, algemado, pendurado no teto da minha sala de jogos, balouçando enquanto eu lhe arrancava aqueles pelos louros um a um… só que não estou com pachorra para treinar esta criatura, principalmente quando ando preocupado com o

processo do Quintilhas, principalmente quando a mulher dele contratou um bom advogado que, raios o partam, me está a dar luta. Gosto que me

deem luta mas é na cama, não é no tribunal. E mesmo na cama…

Contínua...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-01-11 22:53:41
Tá cada dia melhor,continue e surpreenda-me cada dia mais.😘😘😘😘😘