Capítulo 9 - Inimiga, Amigo e Algo Mais

Parte da série UM EM UM MILHÃO

A semana passou voando e já era sexta-feira, estava adorando meu emprego, já não precisava mais que o Paulo me ajudasse tanto, conseguia me virar sozinho, mas o Paulo insistia em acompanhar meu desenvolvimento. Jéssica, Melissa e eu nos tornamos bons amigos, elas me faziam rir e me ajudavam no que era preciso.

O Paulo também continuava sentando ao meu lado na nossa mesa em todos os almoços. As meninas me explicaram que ele nunca havia sentado com elas antes e que quando eu entrei tinha sido a primeira vez. Por mim tudo bem, o problema era que a Carla tinha vindo de brinde com ele, pois ela também não se sentava ali antes e a presença dela era um incômodo até para o Paulo.

Ela era totalmente fútil e interesseira, por vezes chegava a ser vulgar para se insinuar para o Paulo ou qualquer outro homem que considerasse uma presa. Além disso, descobri que ela tinha sido responsável por espalhar para a empresa toda sobre a minha opção sexual. Isso me deixou preocupado, pois poderia chegar até os meus superiores. Até que o Paulo pede pra falar comigo em particular, então saímos da sala e fomos ao banheiro masculino.

- Well, chegou aos meus ouvidos que esta circulando um boato na empresa que você é gay? É verdade?

Eu fiquei vermelho e tremendo de medo, não queria ser mandado embora, estava adorando trabalhar por mais que ainda não tivesse passado nem uma semana ainda.

- E... Eu sou, mas não fui eu que espalhei pra todo mundo. – eu não consegui me controlar e as lágrimas começaram a cair.

- Calma, não precisa chorar. – disse limpando minhas lágrimas – Todo mundo aqui vai te respeitar e ai daquele que te fizer alguma coisa.

Eu não conseguia falar nada só balançava a cabeça positivamente.

- Quer dizer que alguém espalhou isso sobre você? Tem idéia de quem foi?

Eu disse que não, não queria mais problemas, eu sabia que tinha a Carla tinha seus motivos, mas não tinha como provar nada e fora ela somente as meninas sabiam, não sei se alguma delas poderia ter feito isso ou deixado escapar sem querer.

Ele olhou pra mim, eu ainda chorava então ele simplesmente abraçou. Senti o seu calor, o seu perfume e sua força, me senti seguro, olhei em seus olhos e ele nos meus.

Ficamos segundos assim, mas pareceu uma eternidade e assim como de repente ele me abraçou, também me soltou e saiu apressado do banheiro me deixando ali sozinho sem entender nada.

Lavei meu rosto, já estava mais aceitável e voltei para a sala. Ele estava sentado em sua mesa e olhou pra mim de maneira triste. Sentei em minha mesa e voltei ao trabalho.

Na hora do almoço daquele dia já tínhamos acabado de comer e só estávamos conversando como sempre, até que eu resolvo me levantar e levar minha bandeja e a Carla faz o mesmo, estávamos caminhando na mesma direção lado a lado, quando ela finge que tropeça e derruba seu suco e um resto de comida em mim. Minha roupa estava manchada e toda suja d comida. Como eu iria trabalhar naquele estado?

- Ai querido desculpa! Sou tão desastrada! – disse a Carla com a voz mais sonsa do mundo e saiu andando como se nada tivesse acontecido.

As meninas tentaram me ajudar, mas aquela sujeira não iria sair assim tão fácil. O Paulo me pegou pelo braço e me levou até o banheiro.

- Fica aqui que eu já volto. Não saia daqui.

- Mas o que você vai fazer? – mas ele já tinha ido antes de eu terminar a pergunta. Eu tentei passar água e tudo o mais, mas nada fazia a mancha sair.

Que raiva eu estava daquela vaca, mas estava mais preocupado em aparecer por aí todo sujo.

Passaram-se quinze minutos e o Paulo ainda não tinha voltado e só faltavam mais dez minutos para voltarmos ao trabalho, eu andava de um lado para o outro do banheiro e quando alguém entrava tentava disfarçar tentando inutilmente amenizar o prejuízo.

Faltavam apenas cinco minutos para o fim do horário do almoço quando o Paulo entra correndo novamente ao banheiro.

- Aqui está!- disse ele sorridente, porém suado e ofegante como se tivesse corrido a maratona e me estendendo uma sacola de alguma loja de roupas.

- O que é isso? – perguntei, pegando e abrindo a sacola.

- Eu comprei pra você fui o mais rápido possível numa loja que eu conheço aqui perto.

- Mas você gastou seu dinheiro comigo? Eu não posso aceitar. – tentei lhe devolver a sacola, mas ele recusou.

- Se você não aceitar vou ficar muito magoado e já esta comprado mesmo. O que custa você aceitar? É um presente meu para você.

- Mas você nem sabe que número eu uso. – falei sem relutar mais.

- Não é tão difícil, qualquer um que reparasse em você poderia comprar sem problemas em saber o seu tamanho.

Eu entrei em uma das cabines do banheiro e me troquei colocando a roupa suja dentro da sacola que ele havia me dado.

Ele realmente tinha acertado o número. A Camisa azul claro, não estava nem folgada nem apertada demais, também não estava curta nem longa e o mesmo podia se dizer da calça social preta. Estavam tão perfeitas que me senti até mais bonito.

Sai de lá e o Paulo estava me esperando e me olhou dos pés a cabeça.

- Ficou ótimo. – ele disse.

- Tenho que admitir que você sabe comprar roupas. – e ele riu.

- Vamos voltar, ou chegaremos atrasados.

A maior vitória do dia foi chegar tão bem arrumado na volta para a sala e acabar com o sorriso da Vaca da Carla e ganhar elogios das meninas enquanto o Paulo se sentava orgulhoso em sua cadeira.

O resto do dia passou rápido e novamente era hora de ir pra casa, esperei o Ricardo chegar e antes de entrar no carro agradeci mais uma vez o Paulo.

Entrei fechei a porta e coloquei o cinto e o Ricardo me olhou de cima a baixo.

- Você já estava com essa roupa antes?

- Que observador! Eu nem notaria a diferença, sou tão distraído. – ri sozinho.

- Está bonito. – disse me deixando vermelho.

Seguimos até em casa sem mais conversa. E então seguimos a mesma rotina dos outros dias, tirando a parte que o Ricardo estava ficando cada vez mais na nossa casa conversando com o Luis e só indo embora quando este se dizia com muito sono.

Me incomodava um pouco a intimidade dos dois, mas eu não podia fazer nada, dormir era o meu melhor remédio, já que o Auro tinha planos para o sábado que envolviam todo mundo...CONTINUA