Capítulo 8 - A Irritante, O Gentil e o Misterioso

Parte da série UM EM UM MILHÃO

Eu fiquei sem entender nada, porque a coisa mais normal do mundo era o Paulo sentado ali comendo junto com a gente. No entanto, meu raciocínio foi quebrado com a vinda de mais uma criatura querendo se sentar na nossa mesa. A Melissa revirou os olhos novamente, acho que era um gesto próprio dela e a Jéssica colocava o dedo na boca como se quisesse vomitar. Meio de relance acho que vi o Paulo rir das duas. Então a Carla se sentou em nossa mesa sem pedir licença nem nada, ficando de frente para o Paulo e ao lado da Melissa. Parecia que eu não era o único que não tinha ido com a cara dela.

- Ai Paulinho por que você veio se sentar aqui tão longe de onde você sempre senta! Fiquei te procurando – Nossa que voz irritante, como eu conseguiria dirigir minha comida depois de ouvir essa voz de violino desafinado falando “Ai Paulinho”. Agora entendia a vontade de vomitar da Jéssica.

- Que história de Paulinho é essa Carla? – disse ele com uma cara séria, parecia que queria voar no pescoço dela.

- Ai desculpa é só um jeito carinhoso de dizer seu nome – Ela falava de um jeito tão meloso que todos em volta dela poderiam morrer de diabetes.

- Nós não precisamos de tanta intimidade assim ok? – Disse o Paulo zangado.

As meninas seguraram o riso, pelo menos a bronca serviu para a Carla calar a boca, mas mesmo assim ela ficava me olhando com cara de poucos amigos e isso me incomodava.

Terminada a refeição ainda tínhamos um tempo livro antes de voltar a trabalhar, então continuamos a conversar. O Paulo e as meninas me fizeram um verdadeiro interrogatório: Quantos anos, o que fazia antes dali, se estudava, com quem morava e me perguntaram até se eu namorava.

Apesar de tudo foi divertido, tirando a enjoada da Carla estar lá o tempo todo fazendo careta a cada comentário e me olhar feio quando não estava devorando o Paulo com o s olhos. Então logo acabou nosso intervalo e era hora de voltar ao trabalho.

E a mesma situação de antes de repetia, a cada dúvida que surgia o Paulo me ajudava e me aconselhava, mas já estava pegando o jeito da coisa, tanto a Jéssica quanto a Melissa também me ajudavam em alguns momentos. No entanto a Carla parecia ter esquecido completamente como fazer o seu trabalho e chamava o Paulo a todo instante em sua mesa para que ele a ajudasse e ao que parecia o Paulo não estava gostando nenhum pouco disso.

- Carla você ficou burra de uma hora para a outra! Presta atenção no que está fazendo. – disse o Paulo, na hora até eu me assustei.

- Ai me desculpa Paulo. – Falou a Carla que saiu apressada do escritório.

O Paulo me olhou sem jeito, acho que percebendo que podia ter passado um pouco dos limites.

- Desculpa pessoal. Mil perdões meninas, e principalmente mil perdões pra você também Well, você não merecia ter visto isso no seu primeiro dia, mas a Carla está me tirando dos eixos hoje.

Quando o ouvi falar “Well”, eu meio que senti um choque, mas lembrei que já tive outras pessoas com quem trabalhei que também me chamavam assim, inclusive ex-chefes.

Ele pediu para a Melissa ver se estava tudo bem com a Carla e voltou para sua mesa. A Melissa foi meio a contragosto com uma cara de quem pedia socorro.

Alguns minutos depois as duas voltaram e o Paulo disse que queria ter uma conversa em particular com a Carla e os dois saíram da sala e a Melissa então pode desabafar.

- Nossa não aguentava mais aquela garota chorando no banheiro, “o Paulo me odeia e buá buá”. – disse a Melissa imitando a voz da Carla que nos fez rir instantaneamente.

Quando os dois voltaram, nós ficamos em silêncio e continuamos o trabalho. Então o Paulo me pediu para levar uns documentos até outro departamento que ficava em um andar diferente ele me ensinou o caminho, mas com certeza eu iria ter que pedir informações até chegar lá. O elevador estava demorando então como não era um andar muito longe eu resolvi ir pelas escadas. Como era de se imaginar eu precisei de informações, mas não foi muito difícil de achar, entreguei os documentos e me deram outros para que eu entregasse ao Paulo. Na volta acabo resolvendo ir pelas escadas novamente, mas quando vou fazer a curva para entrar na nossa sala acabo esbarrando na Carla que vinha na direção oposta e deixo os papeis caírem no chão.

- Olha por onda anda moleque idiota! Se você acha que vai se dar bem aqui, está muito enganado, aqui não é lugar para um gayzinho como você!

Eu fiquei em estado de choque, como ela já estava sabendo que eu era gay? E por que ela me odiava tanto? Esta bem que eu também não gostava nenhum pouco dela, mas eu não queria ferrar com a vida de ninguém como parecia que ela queria fazer.

Recolhi os papéis do chão e voltei o mais rápido para a sala, entreguei os documentos para o Paulo.

- Desculpa a demora.

Tudo bem demora um pouco pra se localizar aqui, logo você vai estar craque – disse dando uma piscada pra mim, que me deixou vermelho e fez a Jéssica rir descaradamente da minha cara.

Sentei na minha mesa e chamei a Melissa:

- Melissa, vocês contaram de mim para a Carla? – perguntei preocupado.

- Não eu não falei nada e acho que nem a Jéssica falou? Por que era segredo?

-Não, eu não ligo, mas eu esbarrei com a Carla no corredor, ela disse que aqui não era lugar pra mim e que eu era um gayzinho.

- Não liga para ela, você não percebeu que falta um parafuso nela?

- É disso que tenho medo.

Então o assunto encerrou, pois a Carla tinha voltado para a sua mesa.

O dia de trabalho logo acabou, arrumei e guardei os meus pertences na mochila, havia passado mais rápido do que eu esperava. Me despedi das meninas e do Paulo e desci até a entrada do prédio para esperar o Ricardo chegar para me buscar, mas ele ainda demoraria um pouco para chegar.

Nisso o Paulo aparece correndo em minha direção e ainda ofegante para na minha frente.

- Você saiu tão apressado, não tive tempo nem de perguntar se você queria carona para casa.

- Muito obrigado por se preocupar, mas um amigo vai vir me buscar, ele já deve estar chegando.

Assim que eu acabo de falar o carro do Ricardo para na minha frente e da uma buzinada.

- É ele. Até amanhã Paulo.

- Até amanhã. – disse com um sorriso meio forçado.

Entrei no carro e a fisionomia do Paulo era de decepção e dentro do carro a cara do Ricardo também não era uma das melhores. Apertei o cinto e acenei para o Paulo mais uma vez. O carro acelerou ma de longe ainda pude ver a Carla se aproximando dele, então me virei e observei o Ricardo, ele estava com raiva de alguma coisa.

- Como foi o seu dia? – Tentei quebrar o gelo.

- Bom e o seu?

- Foi bom também, as pessoas são muito legais, tirando uma, e o trabalho também não é tão complicado quando se pega o jeito.

- E quem era o sujeito que estava falando com você?

- Era o Paulo é ele quem está me ensinando tudo. Ele estava me oferecendo carona para ir pra casa. Por que a pergunta?

- Nada, só curiosidade.

Logo chegamos em casa, e os meninos também tinham acabado de chegar, contamos como foi o nosso dia e depois eu fui tomar um banho e o Auro se preparar para a faculdade. Quando volto o Auro já tinha ido e o meu irmão e Ricardo tinham ficado conversado esse tempo todo, mas fingi que não notei e fui para a cozinha preparar algo para comer. Logo era tarde o Ricardo já tinha ido e o sono também estava chegando, então fui dormir para encerrar mais um dia e aguardar o que viria nos próximos dias...CONTINUA

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Amando os comentários vocês são uns lindos <3 <3 <3

Comentários

Há 4 comentários.

Por Kaka em 2013-10-01 22:26:17
Continua, please!!! Está ótimo! ;)
Por Thiago em 2013-10-01 16:12:42
Ótimo!! Continua :)
Por fozzi em 2013-10-01 15:06:37
Perfeito seu conto!!!continua logo
Por DarkPrince em 2013-10-01 12:43:16
Amando de paixão esse conto!! A-M-E-I, bjinho Well