Capítulo 11 - Chorar, Superar e Amar

Parte da série UM EM UM MILHÃO

- Ele me pediu em namoro mano. Eu disse que iria pensar. – falou o Luis se referindo ao Ricardo.

- Se você quiser, não vejo o que te impede – falei já deitado na minha cama, meus olhos estavam ardendo pelas lágrimas derramadas horas antes.

- Não quero que você pense que trai sua confiança nem quero ver você triste.

- Eu vou superar mano, já fiz isso tantas vezes.

- Um dia vai chegar sua vez mano.

- Estou fazendo um esforço tremendo para não matar o próximo que me repetir essa história de “Um dia”, “Uma hora”, “Tudo tem seu tempo”.

- Você precisa ser paciente mano.

- Eu preciso ficar sozinho aqui no quarto tentando dormir.

- Vai ficar bravo comigo?

- Se você não me deixar dormir eu vou.

- Está bem então. – falou ele decepcionado – Boa noite mano.

Ele saiu e fechou a porta. Tentei fechar os olhos e dormir, mas os pesadelos me incomodaram a noite toda. No sonho o Luis ria de mim e dizia “Você achou mesmo que alguém como o Ricardo gostaria de você?”, então os dois se beijavam e depois riam de mim e a cena do beijo voltava e voltava num replay infinito.

Acordei e pensei que bobagem o Luis nunca faria isso comigo. Fiz minha higiene, troquei de roupa e fui tomar o café. Todos continuavam dormindo era melhor assim, não queria falar com ninguém, pelo facebook conversei com o Victor, isso me alegrou bastante e tirou um pouco da depressão daquele dia, até que ele teve que sair e ficou off. Então eu resolvi dar uma volta e fui até a praça e me entrei naquele mesmo lugar onde o Ricardo me encontrou da ultima vez. Coloquei o meu fone de ouvido e comecei a ouvir “Bella Notte – Ruby Summer” Essa música me transportava para outro lugar longe de problemas e sentimentos que me faziam sofrer.

Fiquei na praça por bastante tempo e depois resolvi para casa, pensei em como iria trabalhar amanhã, não queria mais a carona do Ricardo, seria melhor sair mais cedo e ir de ônibus, era o orgulho falando mais alto, mas seria difícil de convencer do contrário.

Cheguei em casa e estavam todos lá: Bruno, Auro, Luis e o Ricardo. Talvez eu devesse ter ficado na praça até anoitecer. Dei bom dia simples e sem vida para todos e me tranquei no meu quarto. Foi inevitável não chorar mais, me sentir péssimo e com o coração apertado.

O domingo foi torturante, mas estava acabando, mudei o horário do despertador e fui para a cama mais cedo.

Acordei antes de todos e comecei a me arrumar, tomei café rápido sem fazer muito barulho e deixei um bilhete para quando acordassem.

“Bom dia. Fui para o trabalho de ônibus, Não quero mais caronas avisem o Ricardo. até mais.”

Fui para o ponto de ônibus e o dia ainda não tinha nem clareado, quando o ônibus chegou estava bem cheio, mas era o preço a se pagar pela minha escolha e isso era uma das coisas que a vida me ensinou e eu aprendi: Quando se faz uma escolha tem que aceitar as conseqüências.

Como no ônibus o percurso era mais longo cheguei à empresa faltando poucos minutos para entrar e tive que andar uma pequena parte do caminho andando.

No escritório todos perceberam meu desanimo e tristeza, apesar das perguntas, eu disse que não queria tocar no assunto.

Comecei o meu trabalho e tentei me concentrar o máximo possível, numa determinada hora eu resolvo ir ao banheiro, já estava lavando e secando as mãos quando o Paulo entra no banheiro também.

- O que você tem hoje? Não gosto de ver você assim.

- Já disse que eu não quero tocar no assunto Paulo, me desculpe.

- Você sabe que aqui sou mais que seu chefe, voe pode contar comigo pra qualquer coisa e se quiser desabafar também vou estar aqui.

- Obrigado Paulo, acho que é por isso que gosto tanto de trabalhar aqui. – eu sorri e ele foi se aproximando de mim.

- É a primeira vez que você sorri hoje, quero te ver sempre assim. – ele passou a mão suavemente no meu rosto e nesse momento me senti paralisado e sem reação a não ser olhar em seus olhos que já estavam tão próximos aos meus.

Ele me pegou pela cintura e gentilmente me puxou para mais perto dele e nos beijamos e ali eu me senti feliz, protegido e completo, parecia que duraria a eternidade sentir seus lábios, o calor do seu corpo próximo ao meu.

Quando paramos, ele olhou nos meus olhos e como se despertasse de um transe se afastou e saiu correndo do banheiro. Ele precisava viver correndo assim? O que tinha acontecido de errado? Suspirei e resolvi voltar para a sala, já estava tempo demais ali.

Voltei à sala e ele estava lá sentado, olhou para mim sorridente, mas quando desviou o olhar percebi que estava preocupado.

Quando deu o horário de almoço ele pediu para que eu ficasse, pois queria conversar comigo. Pensei que tivesse feito algo de errado com o meu trabalho, nessas horas se pensa o pior.

- Você almoçaria comigo em um restaurante aqui perto? Acho que precisamos conversar e o refeitório não é o melhor lugar.

- Tudo bem então.

Eu peguei meu casaco na cadeira, o dia estava frio. Acompanhei-o até o estacionamento ele abriu a porta do carro pra mim (que cavalheiro) entrei, ele também e seguimos ao restaurante que não era muito longe.

Chegamos, era um lugar bem agradável e aconchegante e sentamos numa mesa para dois em uma parte reservada do lugar e fizemos nossos pedidos.

- Então, sobre o que quer falar? – disse eu nervoso.

- Sobre nós dois, sobre o beijo de hoje.

Meu olhar se perdeu por um instante, não acho que viria coisa boa dessa conversa.

- Isso tudo é muito novo pra mim, eu nunca tinha gostado de outro cara antes. Sempre fui hétero, até te conhecer eu pensava que só gostava de mulheres.

- Eu entendo.

- Mas eu quero ficar com você, eu quero estar ao seu lado só não sei se estou preparado pra me assumir nem seu se o que eu estou fazendo é o certo são tantas dúvidas, eu ainda não consigo assimilar que eu posso ser gay.

Eu entendia o lado do Paulo, se aceitar é um processo demorado, algo que exigia tempo e muitas horas de reflexão.

- Só espero que você consiga se achar Paulo, eu não sou muito bom em dar conselhos, não sei como te ajudar.

- Se você tiver paciência com esses meus questionamentos, eu já vou agradecer muito. E se não for pedir demais, guardar esse segredo pra mim.

- Quanto a isso não precisa se preocupar.

- Eu te amo.

Ouvir aquilo me deixou ruborizado, mas eu sabia que “eu te amo” eram palavras complicadas demais, mesmo que fossem sinceras no momento elas podem sumir como apareceram e te fazer sofrer por simplesmente terem um dia sido pronunciadas

Voltando ao trabalho éramos apenas chefe e subordinado, mas ele sempre me tratava com aquele carinho de sempre e trocava olhares comigo a todo instante sempre sorrindo.

Na hora de ir embora me lembrei que teria que pegar um ônibus pra voltar pra casa e isso me desanimou, o Paulo desceu comigo até a entrada conversando.

- Quer que eu espere seu amigo chegar pra te buscar aqui com você?

- Não precisa, ele não vai vir eu vou pegar o ônibus pra casa.

- Claro que não, não vou te deixar pegar um ônibus lotado quando eu posso te dar uma carona.

- Mas... – Eu já estava pronto para protestar quando chegamos na frente da empresa e o carro do Ricardo estava lá com ele do lado de fora esperando de braços cruzados

- Pensei que tivesse dito que ele não iria vir? – indagou Paulo.

- O que deu em você? Por que não quer mais pegar carona comigo? - perguntou o Ricardo sério como nunca e o Paulo e ele começaram a se encarar... CONTINUA

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DarkPrince amo vc obrigado pelo apoio de sempre e por ser meu fã número 1!!!

Kõning obrigado pelos comentários bjo pra vc tbm

fozzi muito obrigado ^^ que bom que está gostando

Comentários

Há 6 comentários.

Por jamilson em 2014-04-21 20:49:14
muito bom
Por Luh em 2013-10-08 17:05:28
Simplesmente perfeito! Well você é demais ^^ Beijo.
Por Kaka em 2013-10-05 05:18:02
Adorando!!!!!! Posta o próximo cápitulo logo!!!! Estou aguardando... ;) rsrs
Por König em 2013-10-05 03:29:07
Não tem que agradecer, a história tá perfeita!
Por Thiago em 2013-10-04 15:14:42
Ótimo :DD
Por DarkPrince em 2013-10-04 12:26:53
Sempre sempre sempre well!! Um beijinhoooo, continua que eu tô amando