Cap. 4 - O outro lado

Parte da série Entre Labirintos

Narrado pelo Enzo

Apesar de ter costume de dormir aqui no Dam sempre, não gostava de incomodar. Sempre acho que é um incomodo. Mas não posso negar que por outro lado eu adoro. Ver ele dormindo e acordando com aquela cara de sono, tão lindo. O jeito que ele boceja, que se estica todo manhoso assim que acorda. Não lembro ao certo quando comecei a pensar essas coisas, mas lembro que elas me assustaram bastante. Sempre fomos muito próximo e sempre nos demos bem. Nossas mães nos tratavam como primos ou até mesmo irmãos.

• Lembrança do passado

Estavamos deitados no quintal da sua casa, em uns lençois que colocamos no chão. Era fim do ano, e no ano seguinte iamos entrar no ensino médio.

- Enzo, agora que somos quase adultos, e temos que começar a pensar mais serianente no nosso futuro... Você acha que iremos mudar nossos gostos e conhecer pessoas novas? Fazer outras amizades? Nos afastarmos... - ele termina de falar a última frase bem baixo.

- Claro que não. Para de besteira. Vamos dividir nossas responsabilidades. Imagina só, a gente vai pra faculdade eu, você e a Amy, vai ser muito legal. - falava empolgado.

- sim, verdade. Espero que não estejamos sonhando muito como em filmes. - falava ele rindo um pouco.

- Claro que não. - falava afirmando. Eu sabia que ele era muito sentimental, e que tinha medo. Não podia deixar ele se sentir mal com esses pensamentos.

- Se você arrumar uma namorada e deixar de me ver. Eu corto seu brinquedinho. - falou ele sério e rindo em seguida.

- Nossa, você é muito cruel. - sorri.

- Sou mesmo, vai ter que ficar como um triângulo amoroso... Ou um quarteto, a Amy vai querer participar. - falava entre risos.

Eu sabia que ele falava aqui na brincadeira. Mas por alguns segundos eu pensei na seriedade daquilo. Amar dessa forma sem maldade, existe? Comecei a me imaginar com uma namorada e com ele. E depois só com ele. Aquilo foi uma chave que abria a porta de possibilidades da minha cabeça e me fazer imaginar um futuro com ele. Claro que fiquei confuso, sobre tudo, mas com o tempo fui aceitando que eu gostava realmente dele.

Presente

Me acordo de noite e ouço alguém sussurrando meu nome.

- Enzo... Ei... Ta acordado? - falava o Dam baixinho.

- Não, estou sonhando. - disse sussurrando.

- Idiota. - falou ele ficando em silêncio.

- Aconteceu algo? Insônia? - falo me sentando no colchão e pondo a cabeça na cama dele. O quarto estava razoavelmente claro, dava pra enxergar quase tudo. A janela estava aberta e a lua clariava lá dentro.

- Não, só não estou conseguindo dormir... Acho que fiquei agoniado com o sonho. - fala ele.

- Esquece isso, é bobagem. - digo tentando convencê-lo do que falei. Ele suspira. Me levanto e deito ao lado dele. Que da espaço para mim.

- Me da sua mão. - falo botando a mão para frente esperando ele segurar. - Olha, agora eu estou aqui. Se sentir que não consegue dormir, basta apertar minha mão.

- Você é realmente um ótimo amigo. Uma pena não sermos irmãos. - diz ele.

- Ou não... Talvez se fossemos irmãos não seriamos tão próximos. - há muito tempo já não o via mais dessa forma, apenas como irmãos.

- Verdade. - falou bem baixo.

Ele entrelaçou sua mão na minha e colocou por cima de sua barriga. Eu fiquei deitado de lado olhando pra ele e pensando nas milhares de possibilidades de ele gostar de mim. Mas não sabia nem se ele gostava de garotos. E é complicado, foi pra mim e ainda é. Não o forçaria a nada. Fiquei ali com meus pensamentos até adormecer.

Narrado por Adam

Acordei com o Enzo deitado ao meu lado. Na mesma posição que estava de madrugada. Coitado, sempre se preocupando comigo. Acho incrível o fato dele se preocupar com todos e sempre fazer com que todos se sintam seguros. Pelo menos com ele eu me sentia assim.

- Oi. - diz ele me tirando dos meus pensamentos e esfregando os olhos.

- Olá. Parece que dormimos juntos. - falo em um to sarcastico. Levanto o edredom e olho por baixo. - Hm, eu estou de roupa. Definitivamente só dormimos.

- Só você pra fazer graça logo de manhã cedo. - falava ele sorrindo.

- Como assim cedo? São quase onze e meia. - digo enquanto ele se espanta.

- Meu Deus, isso é maravilhoso de se ouvir. - falou.

- Siiiiiiim, amo os sábados. Sem aula, sem acordar cedo. - falo em tom comemorativo. - E tenho que ir ajudar o Flávio de duas horas. Promessa é dívida né.

- Pois é. - falou ele meio seco.

Em seguida nos levantamos e comemos. Enzo foi embora logo em seguida e eu voltei a dormir mais um pouco.

Engraçado, logo depois que ele deitou comigo eu consegui dormir normalmente. Cerca de uma hora da tarde eu me levanto e vou tomar banho e vestir uma roupa simples. Espero não conseguir ajudar ele a fazer o trabalho e não atrapalhar.

Saio de casa e vou para casa do Flávio. Chego lá e toco a campanhia. Ele mesmo atende.

- Olá, boa tarde. - falou comprimentando com a mão. - Entre, sinta-se em casa.

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Olá lindos, tudo bem? Não esqueci dessa história da qual tenho muito carinho. Estou com duas séries agora, e espero dar conta de ambas. Quero alternar e postat um capitulo dessa em um dia e da outra no outro. Espero conseguir. Caso não consiga, pelo menos dois capitulos por semana de cada quero postar. No mais, obrigado a todos que leem. ❤❤