Cap. 1 - A ligação (Part II)

Conto de Tyler Langdon como (Seguir)

Parte da série Entre Labirintos

Ao chegar em casa, fui direto para meu quarto tomar um banho e vestir uma roupa confortável. Quando desci notei que minha irmã já havia feito o almoço e deixado a louça suja, que sempre é minha responsabilidade lavar. Odiava essa parte. Fui ao seu quarto e bati na porta.

- Mel? - disse após bater

- pode entrar - gritou ela lá de dentro.

- Você já almoçou? - disse sentando na cama, ela estava deitada fazendo algo no celular.

- Ainda não. Estava esperando você chegar, não gosto do fato de comer só e como a mamãe sempre almoça no centro... - falou ela virando os olhos. - enfim, você já sabe.

- Mel, você sabe que ela é bem ocupada lá na Grife, se ela pudesse viria sempre, mas as coisas não são tão simples assim. Agora vamos comer que estou com fome. - ao terminar de falar, peguei o celular de sua mão e sai correndo.

- ADAM! - gritou ela saindo correndo atrás de mim. - me devolve seu filho da... - antes de terminar a interrompi.

- OPA! olha lá o que vai dizer. - ambos rimos e então devolvi seu celular.

Sempre fomos muito unidos, assim como também sempre tiramos brincadeiras um com o outro. Lembro que quando criança, ela me fez tomar perfume alegando que era bom e parecia refrigerante. E claro, eu acreditei. Ela é a única que sabe sobre minha orientação sexual, descobriu isso há uns dois anos quando eu estava conversando com um garoto, de uma forma mais "íntima" e, como ela sempre foi curiosa, logo me questionou muito até eu confessar. Eu chorei muito pedindo para não falar pra ninguém que eu iria parar e ela riu de meu desespero. "Como é ingênuo. Você acha que eu não sei que você só assistia a ginástica artística por causa das calças apertadas dos atletas" Dizia ela rindo, enquanto eu chorava muito. No início achava estranho falar a respeito, mas hoje já conversamos normalmente. Não contei pro Enzo e Amélia porque ainda não achei necessário.

- O que fará hoje a tarde? - me perguntou colocando o prato com sua comida na mesa americana e sentando em seguida. Eu já havia sentado.

- Irei estudar com o Enzo, ou melhor, irei dar uma aula de reforço. Porque convenhamos, ele sabe menos que nada. - eu sorri ao acabar de falar.

- Huum, não sabia que estava dando aulas privadas. - falou de uma forma sarcástica.

- Eu entendi o que quis dizer. - falei lhe dando um empurrãozinho.

- O que eu quis dizer? Como assim? - ela ironizou e riu. - O Enzo é tão... Gato e eu pegaria ele se não fosse seu amigo e morasse praticamente aqui... - ela parou de falar e me olhou. - Você nunca deus uns amasso nele Adam?

- Que? - falei me engasgando com a comida, a essa altura já deveria está vermelho. - Você é louca? Óbvio que não. - falei me recompondo.

- Mas... - tentou falar, interrompi.

- Mas nada Mel, não cria novela onde não existe. - falei sério.

- Tá, desculpa. Não falo mais. - falou levantando as mãos de rendida.

Depois de comermos, lavei a louça e ela foi para o quarto descansar, tinha aula a noite. Subi no meu quarto pra ver séries, e depois peguei o just dance, que havia comprado semana passada, para dançar um pouco. Eu poderia ser desastrado, mas amava dançar em casa. Algum tempo depois a campanhia toca.

- Já vai! - desço correndo todo suado. Abro a porta e me assusto. Era o Enzo. - Já? Que horas são?

- Exatamente 14:45, um pouco adiantado. - ele sorri.

- Nossa, nem percebi a hora passar. Vamos lá pra cima. - falei subindo pro meu quarto. - espera um pouco, vou tomar banho. - peguei minha toalha e uma roupa e levei pro banheiro.

Como havia dito, sou inseguro quanto a minha aparência. Não troco de roupa na frente de ninguém, nem mesmo a camisa. A Amélia já me viu sem camisa uma vez e disse que não sabe porque de tanta insegurança, porque segundo ela sou um "magro charmoso" e que namoraria comigo se não fossemos amigos. Minha mãe já quis me levar ao Psicólogo por causa disso, mas recusei. Não havia necessidade e não era pra tanto. Quando voltei pro quarto, o Enzo estava deitado na cama com os olhos fechados. Ele era realmente muito lindo. Seu cabelo estava bagunçado e sua respiração calma e um pouco ofegante. Acho que ele estava cansado Me aproximei e gritei em seu ouvido:

- MEU DEUS, UM INCÊNDIO. - me afastado e ele dá um pulo da cama ficando sentado.

- Você é louco cara. Quer me matar? - falou um pouco alto e assustado, enquanto eu só fazia rir. Sentei ao seu lado e lhe dei um abraço, de modo que seus braços ficassem presos por baixo dos meus.

- Calma, calma. - falava ainda rindo da cara que ele fez. Seu cheiro era ótimo. Sempre tivemos essa intimidade eu, ele e a Amélia, abraços e beijos no rosto. E como éramos amigos de tempos, todo mundo já era acostumado com isso. Somos quase uma família. Afinal, família são aqueles que amamos. Ele se levantou e foi para a banquinha. Eu o segui.

Passamos quase duas horas estudando. Até que o celular dele toca.

- Oi mãe? - dizia ele após atender. - sim, chegou?.... Certo... A senhora chegou a abrir?.... Ok... Vai precisar que eu vá agora?... Está bem, tchau. - ao desligar, sua feição mudou, me parecia preocupado.

- O que houve? - perguntei

- Eu tenho que ir, depois estudamos mais. - seus olhos estavam marejados. Me preocupei.

- Pode ser, mais você não vai me contar o que houve depois, não é?

- Falo sim, claro? - falou ele se levantando.

- Certo, qualquer coisa manda mensagem - disse dando um abraço. Em seguida ele saiu.

Enzo era o tipo de amigo brincalhão, seguro de si, e divertido. Pra ele não havia tempo ruim. Também era bem protetor e com uma personalidade muito forte. Dificilmente algo o deixava abalado. Fiquei muito preocupado pela forma que se expressou ao falar ao telefone. Espero que não seja nada demais.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Arcanjo em 2016-10-09 13:15:29
Babadeirooo