Capítulo 4

Conto de Tyler Langdon como (Seguir)

Parte da série (Don't) Like You

Acordei por volta das quatro horas da tarde. Os meninos já devem está chegando. Levantei para tomar banho e preparar algo para que pudéssemos comer durante o filme. Fiz brigadeiro de panela. Suficiente. Caminhei até meu quarto, peguei meu notebook e deitei na cama. Não demorou muito e começam a bater na porta do meu quarto.

- Pode entrar. – era a Amy.

- E aí gatinho, que esta fazendo? - fala vindo em minha direção e me dando um abraço.

- Nada demais. Estou só contribuindo um pouco sendo a decoração da mobília do meu quarto.

- Que Bad infinita essa sua. Está precisando sair um pouco do casulo e conhecer o mundo. - deita do meu lado após falar. Vamos entrar nesse assunto novamente mesmo?

- Você sabe mais que tudo que eu não gosto de muito contato. – digo.

- Conhecer novas pessoas, se apaixonar, dançar numa baladinha é tão libertador. E faz bem pra saúde. Experimenta e me diz depois. – tenta argumentar.

- Você tem certeza que está me dando esse conselho? Passo. – não sei por que ela ainda tenta.

- Talvez não seja só do quarto que você precise sair e se libertar. – O que você quis dizer mesmo?

- Como? – pergunto confuso.

- Às vezes as pessoas se sentem presas em si, e só conseguem se possibilitar a novas experiências quando se libertam de alguns problemas. – ela me deixou muito mais confuso depois desse discurso.

- Eu não me lembro de você ter tirado licença poética. – faço piada antes que a conversa fique ainda mais estranha. Acho que já entendi onde ela está tentando chegar.

- Aí Adam, não é nada. Esquece ai o que eu falei. - disse e suspirou. - Eu te amo, sabia?

- Que linda Own. Eu também te amo. – solto um beijo no ar pra ela e retribuo a cara fofa que ela fez. - E então o que houve entre você e o Guilherme?

- Nossa, achei que nunca ia perguntar. A gente se beijou, tipo, foi lindo. Meu Deus, ele é um amor. - ela da uma pausa e respira. - Ele está conversando comigo já faz uns dias, sendo muito atencioso e fofo. Falou que desde o ano passado tem vontade de conversar comigo, mas não sabia como ter uma aproximação. Principalmente porque ele achou que eu namorava o Enzo, acredita? – era da uma gargalhada.

- Sério isso? – acompanho-a rindo.

- Não sei de onde as pessoas tiram essas coisas. – muito menos eu, amiga. – Continuando... E ele falou que gostaria de me conhecer melhor, ficar mais próximos. Naquele dia antes da aula que a professora passou o trabalho em dupla, ele estava falando que ia estudar comigo. Fomos fazer parte do trabalho na biblioteca, e ele me deu um beijo bem calmo e foi todo carinho. – seus olhos brilham a cada nova palavra que sai da sua boca. E eu estou realmente feliz por ela.

- Isso é incrível. Mas tipo, vocês estão namorando?

- Não. Ainda não pelo menos. A gente prefere ficar se conhecendo e conversando antes de partir pra essa outra etapa. É melhor. – eu concordo com isso que ela falou. – Ele é muito lindo.

- É mesmo. - congelo ao perceber que falei demais. Fico todo vermelho. Ela não fala nada e nem eu. Esse silêncio é tão constrangedor. Porque eu tinha que pensar tão alto assim? Queria ter coragem de falar pra ela logo que tenho interesses em garotos, mas não consigo. Talvez o fato de ter falado isso seja porque eu já me sinta a vontade com ela pra conversas esse tipo de assunto, mas não sei como chegar e dizer.

- Ficou nervosinho, Dam? – me provoca. Estava mesmo demorando.

- Não! Porque ficaria. - respondo rápido.

- Não sei, eu lhe pergunto. Teria motivo? - fico calado. Ela se senta ao meu lado e continua. - Adam, eu vejo o jeito que você come banana. – deixou todo o ar sério que se formava em seu rosto antes e começou a fazer graça de mim. Eu mereço.

- Que ridícula, para disso.

- Vai Dam, fala logo que você gosta de garotos. Sou sua melhor amiga, eu sei disso faz tempo. Imagine só, podemos ser BFF's. Quer dizer, já somos. - ela se mantem sorrindo.

- Como você soube? - falo sentando olhando pra minhas mãos que estavam depositadas no meu colo.

- Como disse, somos melhores amigos. E seremos ainda mais agora, vamos falar sobre pintos. Amo.

- Você tem problemas. - digo sorrindo.

- Eu sei por isso que você me ama. A gente se completa. – ela pisca pra mim. - E olha, não vou contar a ninguém, isso é algo seu e só quem tem direito de falar sobre é você. E não ache que é coisa de outro mundo, porque não é...

- Eu sei que não. - a interrompo. - Na verdade sempre quis te falar, mas não tinha coragem.

A porta do quarto se abre e Enzo surge para nós.

- Falar o que? - fico sem saber o que falar.

- Que ele é apaixonado por mim. Vem cá. - Amy responde fazendo biquinho de beijos.

- Você já está expondo meus sentimentos? – entro no jogo dela.

- Vocês não existem. - diz Enzo.

Depois falei que era sobre o corte de cabelo dela que não havia gostado muito e não tinha coragem de falar. Acho que ele caiu nessa, porque também disse que compartilhava da mesma opinião que eu. Fomos deitar na sala de TV que havia lá em baixo. Tinha um sofá cama no chão e umas almofadas. Deitamos os três. Eu no meio, Enzo do meu lado direito e Amy do meu lado esquerdo. Colocamos um filme de suspense muito bom. O Enzo como sempre dormiu em algumas partes do filme. Enquanto eu e a Amy ficávamos vidrados vendo. Definitivamente era um dos nossos gêneros de filme preferido.

Após o filme, passamos o resto da tarde conversando e comendo porcarias.

Havia combinado de sair com o Flávio alguns dias atrás, ele falou que o vídeo game estava no concerto e não sabia quando iria ficar pronto. E me chamou para ir à cafeteria que tinha aberto há pouco tempo. Ainda não havia ido, apesar de sempre passar em frente e ter muita vontade de entrar. Ela tem um design muito retrô e aparenta ser um ambiente muito agradável.

Nós estávamos conversando diariamente por mensagem desde o dia que nos esbarramos na escola. Apesar de serem assuntos banais, me fazia muito bem. E acredito que pra ele também fazia. Ele me enviava fotos de seus momentos mais engraçados e eu definitivamente amava isso. Ele era doce e simples. Bem diferente da imagem que eu tinha dele antes de conhecê-lo. Eu realmente estava um pouco preocupado ainda, não sabia se ele tinha segundas intenções comigo. Não queria ser Alice e mergulhar de cabeça em um lago que só me oferece águas rasas. Mas não custava tentar, não é?

Estava quase de saída quando o Flávio manda uma mensagem.

"Estou em frente a sua casa."

"Já estou descendo."

Como assim ele está aqui? Achei que iriamos nos encontrar lá. Desço rapidamente e abro o portão. Quando me vê ele abre um sorriso e eu retribuo. Ele estava, como sempre, muito lindo. Vestia uma calça Jeans rasgada no joelho, camisa de manga longa azul marinha e um tênis branco. Estava simples, mas lindo. Eu vestia uma calça preta e uma camisa branca e também estava de tênis branco.

- Oi. – falo sorrindo. Sim, eu estava envergonhado por não saber como se comportar.

- Oi, você está lindo. – disse ele me pegando de surpresa. Mas eu estava normal, não?

- Obrigado! Você que está. – retribui o elogio.

- Então, vamos? – disse ele destravando o carro.

- Vamos de carro? A cafeteria é logo ali. – o que foi que eu disse? Como posso ser idiota assim.

Ele apenas sorriu do que eu tinha falado e me olhou um pouco antes de falar.

- Se você prefere a gente pode ir caminhando. – tudo bem, não era longe, bastava virar a esquina e andar um pouco até a pracinha. – Pode ser. – falei.

Ele travou o carro e saímos a pé para a cafeteria. Caminhamos lentamente em silêncio e isso me deixou um pouco inquieto, precisava encontrar as palavras certas para o que falar. Mas ele finalmente quebra aquele silêncio constrangedor me fazendo agradecer mentalmente.

- Finalmente vejo você sem os seus amigos. Vocês são próximos há muito tempo?

- Sim, até onde consigo lembrar somos amigos assim, bem próximos. – falei sorrindo. Ele realmente já estava me perseguindo há um tempo?

- E não são possessivos com você?

- Acredito que não, tipo, são meus amigos... Não sei. Normal eu acho. – me perdi nas minhas palavras. Ele parecia está flertando comigo. É isso?

- Entendi.

- E os seus amigos? Não costumo ver você apenas com algum grupo, na verdade mal vejo você com outras pessoas. – perguntei tentando continuar o assunto.

- Então, é que eu não costumo mesmo me aproximar dos meus amigos dessa forma. Na verdade tenho amigos próximos, mas não fico com eles muito tempo. Se é que pode entender.

Balancei a cabeça e sorri, já havíamos chegado à frente da cafeteria. Era realmente muito linda. Muito retro, a decoração toda vintage. Havia quadros de cantores dos anos 90 e 80, alguns discos de vinil. Mesas em forma de sofá e um balcão com bancos redondos de madeira. Caminhamos até uma das mesas que havia no canto da cafeteria, percebi que em cima tinha alguns livros pra leitura e o cardápio em formato de jornal.

- Estou realmente impressionado com o interior desse lugar. Muito magnífico. – falei ainda boquiaberto com o lugar.

- Fiquei impressionado quando entrei aqui a primeira vez. – ele falou e sorriu vendo que eu ainda olhava admirado. – Veja ali, aquilo é o melhor.

Acompanhei o olhar para onde ele apontava e havia uma cabine de músicas, daquelas que coloca moeda e escolhe a música pra tocar. Fiquei mais boquiaberto ainda. Era muito incrível essa ideia, esse formato de ambiente. Era lindo e aconchegante e trazia uma sensação de que realmente estávamos no século passado. E amava isso.

- Gostou? – perguntou.

- Se eu gostei? Amei muito, simplesmente perfeito. – respondi com euforia.

- Então acertei no lugar do nosso primeiro encontro?

Eu não acredito nisso que ele falou. Fiquei estático assim que ouvi. Senti meu rosto queimar, definitivamente eu estava vermelho e ele estava se divertindo com isso. Um sorriso se formou no seu rosto me vendo assim, envergonhado.

- O que houver? Estou errado em chamar assim? – ele ainda me provoca.

- Não é isso, é que não achei que... Bem, você sabe. – eu não conseguia nem concluir minhas frases.

- Não sei, pode me dizer diretamente? – certo, definitivamente ele estava me provocando. Se sua intenção é me deixar mais vermelho do que já estou ele está conseguindo.

- Que você se interessasse por mim, ou melhor, por caras. – conclui.

- Digamos que quando eu me interesso por alguém eu não identifico se é homem ou mulher. Eu apenas me interesso. – falou colocando os cotovelos para frente e se inclinando sobre a mesa. – E se esse alguém além de bonito for uma pessoa cheia de qualidades, aí é que não separo o gênero. – piscou sorrindo pra mim.

- Está certo. – apenas sorri.

Confesso que estou um pouco surpreso e ainda sem acreditar nisso tudo que ele falou. Talvez porque seja inacreditável demais pra ser verdade. Mas não impossível, não é mesmo? Afinal não devemos definir ou rotular ninguém só pela aparência. O problema é que era eu, um cara comum e normal, não tão belo e sem muitos atrativos...

- Adam? – chamou ele me tirando de meus pensamentos. – Eu ainda estou aqui. – disse sorrindo.

- Desculpa. – falei.

- Não pense muito sobre isso, apenas é o que falei.

Ele tem razão. Eu costumo pensar demais nas coisas que acabo deixando de fazer o que deveria ser o certo a se fazer porque fico ocupado demais pensando. Amélia tem razão, eu deveria começar a aceitar as coisas e pensar menos.

Nosso pedido chegou e comemos enquanto conversávamos. Descobri que ele tem um ótimo gosto musical, pelo menos parecido com o que costumo ouvir, que ele pretende fazer faculdade de Engenharia Mecânica e que gosta de vídeo games. Falando com ele diretamente me parecia bem comum e normal, nada do que costumava imaginar.

- A primeira vez que vi Amélia... – ele pensou um pouco antes de falar. Ah, foi no laboratório de química. Eu estava sendo monitor e era uma aula prática. Ela meio que misturou as soluções com concentrações erradas e derramou tudo na bancada. – eu sorria muito do que ele falava. E eu me lembrava disso, eu estava ao seu lado no momento.

- Ela sempre desastrada, não sei como não derrubou o teto. – falei rindo.

- E você estava do lado, mas a gente já tinha se esbarrado. – isso era verdade. Lembro que tive que me concentrar em prestar atenção na aula para não olhar demais pra ele. Amélia com certeza iria perceber isso. Ela é muito esperta. – Então, já se passaram duas horas. Quer ir pra casa ou quer dar uma volta?

- Se você quiser continuar conversando eu quero também. – falei.

Ele concordou e saímos caminhando até a pracinha que tinha em frente. Falava pracinha, mas não era tão pequena, era só costume. Ele me levou pra sentar em um banco que tinha ao lado de uma quadra de skate.

- Você termina esse ano o ensino médio, certo? – perguntei.

- Sim, e se der sorte entro na faculdade antes de completar os dezoito anos.

- Você vai conseguir. Tem notas ótimas e é muito esforçado. – disse. Era verdade, não estava tentando bajular.

- Você conhece meu desempenho acadêmico? – lançou um sorriso sarcástico.

- Claro, os professores te usam sempre como exemplo. Além de ser bom com esportes é ótimo na parte acadêmica. Como poderia não saber? – sorri.

- Mas você não fica atrás também.

- Diferente de você eu sou um desastre em esportes. Não me deixe lembra-lo disso. – falei apontando o dedo indicador pra cabeça dele.

- Lembre-me sempre, foi assim que pude lhe conhecer, não é? – abaixei o rosto e sorri. Ainda não estava acostumando com isso, não com ele.

- Ei, não fica com vergonha novamente. – falou levantando meu rosto e segurando com a palma de sua mão, me fazendo o olhar nos olhos. – Você tem que se acostumar comigo.

- Tudo bem, eu vou tentar.

Meu celular toca, era a Mel falando que a nossa mãe havia chegado em casa e estava pedindo pra voltar pra casa.

- Minha mãe quer que eu volte. – falei com um pouco de receio que ele possa me achar muito criança por isso.

- Tudo bem, vamos. Já está um pouco tarde mesmo.

Caminhamos de volta para minha casa e paramos onde ele tinha deixado o carro estacionado.

- Vou indo, depois a gente se fala. – disse ele me dando um abraço. – Se cuide.

- Quando chegar em casa me manda uma mensagem avisando que chegou. – falei coçando a cabeça.

Ele acenou, entrou no carro e deu partida. Entrei em casa e apenas a luz da cozinha estava acesa.

- Filho? – a voz da minha mãe vinha da cozinha. Caminhei até lá e ela estava preparando algo enquanto minha irmã estava sentada em um dos bancos.

- Oi mãe. – fui até ela e dei um abraço. – Como foi no trabalho?

- O mesmo de sempre, cansativo. – se resumiu em falar apenas isso. Ela não costumava falar muito do trabalho, dizia que não queria trazer os problemas de lá para casa, que devemos ter outras preocupações que não seja isso. – Então, de namorado novo? Devo me preocupar com isso?

- Mãe! Claro que não deve, é apena um amigo. – disse a verdade. Ainda somos amigos não é?

- O Enzo? – pergunta ela.

- Não, outro amigo, o Flávio. Se quiser peço uma ficha criminal dele depois pra que possa avaliar. – bem irônico.

- Não sabia que tinha outros amigos a não ser o Enzo e Amélia. – disse minha irmã.

- Você não me arrasa garota. – soltei um olhar desafiador pra ela.

Éramos só nós três e sempre tínhamos esse tipo de brincadeiras e conversas. Desde cedo nossa mãe nos ensinou que devemos confiar nela, primeiramente, e que não tem nada que não possa ser resolvido com diálogos.

- Não se preocupa mãe, eu te falo se houver qualquer coisa. Só que não está rolando nada. – concluiu. – Mas... A Melícia estava pensando em ir morar com um rapaz da sala dela, ela já conversou sobre isso com a senhora? – óbvio que não era verdade, só queria deixar ela um pouco nervosa.

- ADAM! – me atirou um pano de secar louça. – Para de inventar coisa onde não tem.

Ri junto com minha mãe e depois fui para o quarto deitar. Antes de dormir o Flávio me mandou uma mensagem.

"Obrigado pela noite, bom descanso." Não pude deixar de sorrir ao ler isso.

*Nota do Autor

Obrigado por está acompanhando e comentando luka. Beijos :*

Comentários

Há 2 comentários.

Por Nowhere Man em 2018-07-18 16:39:05
Esse conto merece uma continuação.
Por Nowhere Man em 2017-12-30 22:29:35
Continua pfv.