Capítulo 9

Conto de SyncMaster como (Seguir)

Parte da série Tribulações

Apesar de ter dado boa noite e um silêncio matador dominar o quarto, eu ainda fiquei acordado um bom tempo! E acho que não fui o único, pude perceber o Nicolas se mexendo o tempo todo na cama, ele se virava para um lado e depois virava de volta. Achei estranho ele ainda estar acordado, afinal, havia dito que estava morrendo e sono.

Fiquei um tempo quieto, sem me mexer. Quando comecei a ficar com sono e parecia que ia dormir, meu celular vibrou! Ele estava bem ao lado do meu travesseiro, então aquilo me tirou um pouco o sono. Era uma mensagem da Angélica: "E aí, acordado ainda?".

Felipe: Aham... To sem sono! E vc?

Angélica: Tbm... Não consigo dormir! O dia foi legal, né? Digo, não foi super hiper mega animado, mas foi legal!

Felipe: Concordo com vc... Gostei...

Angélica: Imaginei! Ele já dormiu?

Felipe: Não sei... Ele me deu boa noite há um tempo, mas ainda se mexe de vez em quando, acho que ainda tá acordado.

Angélica: Tão dormindo no mesmo quarto?

Felipe: Sim. Mas em camas diferentes, óbvio.

Angélica: Aah tá... rs. E o Túlio amanhã? Você vai?

Parei um pouco pra pensar. Sério? Eu estava mesmo querendo voltar atrás em algo que eu esperei tanto tempo para acontecer?

Felipe: Vou. - confirmei, apesar de uma parte de mim estar começando a odiar a ideia do encontro com o Tulio.

Angélica: ah tá... bom, fe... vou dormir! Boa noite!

Não acreditei nela, tinha acabado de dizer que estava sem sono! O que estava acontecendo com as pessoas naquela noite? Um disse que estava com sono, mas ainda estava acordado, a outra disse que ia dormir sendo que não estava com sono.

Felipe: Boa noite, Angélica!

Coloquei o celular de volta ao lado do travesseiro, mas logo ele vibrou de novo! Só peguei pra olhar porque acreditei que era a Angélica, me surpreendi quando li: "já to pensando em amanhã! Tenho imaginado tanto o seu corpinho, sua boquinha... Dorme bem, meu gostoso! Túlio".

Eu não me lembrava de ter passado meu número para ele! Na verdade, eu já estava me questionando o que tinha me chamado tanta atenção no Túlio. Aquela mensagem não me empolgou nem um pouco, ao contrário do que eu imaginei, me deu até nojo ele falando daquele jeito! Acabei não respondendo! Deixei o celular de lado, deitei de bruços e acabei dormindo depois de um tempo.

Acordei com o Nicolas levantando no dia seguinte, mas não deixei ele perceber que tinha me acordado, ele se mexia com todo o cuidado, abriu a porta bem devagar, quase nem fez barulho, e então fechou-a silenciosamente! Me sentei no colchão e esfreguei o rosto pensando no Túlio.

Eu me lembrava de ter acordado um pouco mais cedo e visto o Nicolas deitado na cama dele com a cabeça bem na beirada da cama, me observando. Eu não sabia direito se foi um sonho, ou se foi real.

Acabei deitando de novo e fechando os olhos por um momento, tentei visualizar o Túlio, lembrar de quando nos conhecemos no parque! Por um momento lembrei do motivo pelo qual me aproximei dele, mas agora parecia um motivo tão bobo, parecia algo tão vago, sem sentido nem valor. Fiquei um pouco perdido, eu estava ficando confuso. Há dois dias eu estava ansioso pelo encontro, mal podia esperar! E agora, eu não podia imaginar aquele encontro sem sentir nojo.

Depois de um tempo me xingando mentalmente eu me cansei de ficar ali e levantei, fui ao banheiro e joguei bastante água no rosto, depois encontrei o Nicolas sozinho na cozinha.

Felipe: Bom dia!

Nicolas: Bom dia, Felipe! Conseguiu dormir bem?

Felipe: Sim, dormi bem! E você?

Nicolas: Também! Demorei um pouco pra dormir, sei lá porque! Mas enfim...

Felipe: Eu demorei também, é que não tava com sono...

Nicolas: Tendi! Eu lembro de você mexendo no celular. Dormi no meio disso, eu acho!

Felipe: Ah... - falei com uma risadinha - Era a Angélica querendo conversar.

Nicolas: Entendi... Imaginei que era uma das duas!

Felipe: Cadê seus pais?

Nicolas: Ah, saíram! Foram ao mercado comprar algumas coisas, sabe? - ele fez uma breve pausa - Senta aí, come, toma café... tem leite na geladeira, se quiser.

Fiquei um pouco em silêncio, acho que mais que o normal.

Nicolas: Dormiu bem mesmo?

Felipe: Sim! Por que?

Nicolas: Tá esquisito...

Felipe: Não to não...

Nicolas: Tá sim! Brigou com a Angélica?

Felipe: Não, não... eu to pensando em algumas coisas só...

Nicolas: É seu compromisso de hoje?

Fiz que sim com a cabeça.

Nicolas: Acho que eu não tenho o direito de me meter nisso...

Felipe: Não é esse o problema... é que eu não sei mais se quero ir.

Nicolas: Então não vai.

Trocamos um olhar que me causou até arrepios.

Felipe: Eu… sei lá… esperei tanto pra conseguir esse encontro...

Nicolas: Tudo bem, desculpa ter dito isso então.

Felipe: Tudo bem, relaxa!

Nicolas: To relaxado... - ele riu, mas eu continuei um pouco sério. E então caímos num silêncio chato!

Felipe: Melhor eu ir... - Falei um tempo depois.

Nicolas: Tem certeza? Achei que ia almoçar com a gente… - Ele pareceu desapontado.

Felipe: Fica pra outro dia, Nicolas! Mas obrigado! - Falei levantando da mesa e indo pro quarto pegar minhas coisas.

Nicolas: Tem certeza que não quer ficar? - Ele disse aparecendo na porta enquanto eu ajeitava minha mochila.

Se ele perguntasse aquilo mais uma vez eu acho que acabaria desmoronando. De repente eu voltei a me sentir tão vazio, sem valor.

Felipe: Não posso ficar, outro dia almoço com vocês! Prometo! - Falei precisando juntar um pouco de força.

Nicolas: Então tá... Vou cobrar!

Felipe: Cobra mesmo! - Sorri.

Ele deu uma risadinha e eu coloquei a mochila nas costas.

Nicolas: Te acompanho até o portão, então...

E ele realmente me acompanhou até o portão, apertamos as mãos na despedida e fui andando sem pressa nenhuma para casa.

Edson: E aí, filhão! Como foi?

Me sentei por alguns minutos com eles pra conversar, porque eu sabia que se não fizesse isso, eles pensariam que eu tinha feito coisa errada e não queria contar (sim, meus pais são assim), e depois que conversei um pouco com eles, eu fui ao meu quarto e guardei minhas coisas, coloquei a roupa suja pra lavar, dei uma organizada geral, até mesmo peguei um pano e limpei minha mesa, o guarda roupas, tudo para não ficar parado.

Ao final de tudo isso já era hora de almoçar... Apesar de estar completamente sem fome, eu fiz uma força pra comer um pouco. Falei pouco durante o almoço, apenas quando meus pais falavam comigo eu respondia.

Edson: As meninas dormiram lá também?

Felipe: Não, elas foram embora ontem de noite, o Eduardo levou elas.

Edson: Entendi... Ficou só você?

Felipe: É, de convidado, sim!

Edson: Entendi.

Ficamos um minuto em silêncio, e então eu falei de novo: "agora de tarde vou sair de novo... Encontrar um amigo".

Edson: Tá ok, filho. Só não volta tarde.

Felipe: Não vou!

Ajudei os dois com a louça e a arrumar a cozinha até deixarmos tudo em ordem! Depois subi ao meu quarto, vesti uma outra roupa, peguei meu celular, me despedi dos meus pais quando passei pela sala, eles estavam lá assistindo TV! Meu pai estava quase dormindo, já dava pra ouvir sua respiração mais pesada quase roncando.

Fui andando sem pressa de chegar! Enquanto caminhava, imaginava o que eu faria quando chegasse lá... O que ele faria? Quanto tempo eu ia ficar lá? Eu só estava indo porque eu me lembrava de ter ficado muito empolgado quando marcamos aquele encontro! Então pensei que aquela empolgação poderia voltar quando eu me encontrasse com o Tulio novamente.

Depois de alguns minutos andando, eu finalmente parei em frente aquele portão alto da casa. Toquei o interfone e em poucos segundos alguém me atendeu, mas a qualidade do som era tão baixa que eu não consegui determinar nem mesmo se era uma voz feminina ou masculina.

Felipe: É o Felipe, eu vim ver o Túlio… - Foi tudo o que consegui dizer.

Ao menos pude entender que a voz respondeu: "Só um minuto".

O portão foi destrancado e em pouco tempo o Túlio apareceu... Fiquei nervoso quando o vi, não olhei em seus olhos por um tempo. Ele vestia uma bermuda, camisa sem manga e estava descalço. Lembrei por um minuto o que tinha feito eu me interessar tanto por ele, seu corpo era perfeito! Mas isso naquele momento já me pareceu tão fútil.

Túlio: Oi, gatinho... - Entrei e ele me deu um selinho, que não evitei. Mas então ele pegou minha mão e me levou pra dentro - Vem!

Entramos na sala, a casa parecia realmente vazia! Ele fechou a porta atrás de mim e saiu me mostrando a casa, o tempo todo segurando minha mão, o que me deixou um pouco desconfortável. Eu estava realmente confuso, normalmente eu estaria empolgado por estar sozinho na casa com o Tulio, tudo poderia acontecer ali! Mas eu não estava.

Ele me mostrou a casa inteira por dentro, o último cômodo foi seu quarto, como eu imaginei que seria. Mas nesse ele não parou na porta como nos outros, ele entrou e me puxou pela mão.

Quando ficamos em pé ao lado da sua cama, ele ficou de frente pra mim, me olhou com uma cara que era pura "malícia", e disse: "Aqui é onde nós dois queríamos chegar", e me beijou na boca, seus braços me envolveram, sua mão logo encontrou minha bunda. Seus beijos eram casa vez mais intensos, e quando sua mão passou por dentro da minha camisa e subiu me acariciando pelas costas, um turbilhão de pensamentos tomou minha cabeça, me senti um idiota quando pensei no Nícolas. Me dei conta que era por causa dele que eu estava tão confuso, ele mudou tanta coisa em tão pouco tempo.

De repente comecei a resistir aos beijos do Túlio, coloquei minhas mãos nos seus ombros e afastei ele de mim.

Túlio: Qual o problema? - ele disse com voz mole - Vou ser bonzinho, você vai gostar...

Fiquei em silêncio, respirando fundo.

Túlio: Ei? - Ele disse se aproximando de novo. Tentei evitar, mas ele era forte, sua boca tocou a minha mais uma vez, ele pegou minha mão e esfregou-a no seu pênis, que estava ereto, e pelo o que senti, parecia ser grande. Minha respiração ficou forte, mas não era excitação, era medo.

Então ele me jogou na cama dele, eu fiquei um pouco travado, meu corpo demorava pra responder. Ele tirou a camisa e desabotoou a bermuda, deixando-a cair no chão. Não fui capaz de olhar seu pênis, eu estava completamente travado.

Então ele se ajoelhou na cama, ergueu minhas pernas e se curvou em cima de mim, segurou meus braços com muita força, beijou meu pescoço, e eu não sei direito como ele se posicionou, mas senti ele esfregando o pênis em mim enquanto me beijava.

Fiquei desesperado quando senti seu pênis se esfregando nas minhas partes íntimas, ele estava me segurando, eu mal podia me mexer, sem contar que ele era muito mais forte que eu. Minha ingenuidade me colocou naquela situação, eu tentei resistir, mas o Tulio nem se importou, me forçou a continuar. Minha mente parecia estar sendo espancada! Talvez eu estivesse exagerando na hora, mas quanto mais ele avançava, mais desesperado eu ficava. Ele estava forçando a relação, estava me segurando com força, de uma forma que eu não podia sair dali, não havia nada de carinhoso, naquele momento eu me senti prestes a ser estuprado.

Não sei de onde tirei força para empurrá-lo da maneira que empurrei. Consegui tirá-lo de cima de mim, sai da cama o mais rápido que pude.

Felipe: Vai me obrigar agora? - Falei alto e bravo, mas com a voz muito trêmula.

Túlio: Calma, gatinho. Eu sei que está nervoso, mas procura relaxar, tá? - Ele disse se aproximando novamente - E eu to doidinho pra te comer...

Me perguntei se eu deveria estar excitado.

Felipe: Eu não sou comida pra você! - Falei com medo, mas com voz firme - Me deixa ir embora!

Túlio: Você não vai embora...

Felipe: Eu vou sim! - Falei nervoso.

Túlio: Tá nervoso? Relaxa, eu vou devagar...

Felipe: Vocẽ não entende nada mesmo! Achei que tinha gostado de mim, mas você só quer sexo! - Falei dando as costas pra ele e saindo do quarto. Me lembrei que o portão tinha cadeado eletrônico, eu precisava achar o interfone pra destravar! O Túlio não estava com cara de quem ia abrir o portão tão facilmente pra mim. Comecei a ficar com medo do que ele podia fazer. Que merda eu tinha feito entrando naquela casa?

Entrei na cozinha e o Tulio veio logo atrás. Peguei o interfone mas ele colocou sua mão sobre a minha e não me deixou nem mesmo tirar o telefone do gancho.

Felipe: Vou precisar fazer um escândalo pra chamar atenção dos vizinhos? Aposto que sua tia vai adorar explicar pra eles o que tava acontecendo aqui. - Falei olhando-o da cabeça aos pés. O que me deu outro susto, eu não tinha percebido ele tirando a cueca.

Ele fez uma cara feia, bufou como um boi bravo e soltou minha mão.

Destravei o portão e saí dizendo: "A gente se vê, Túlio".

Túlio: Isso quer dizer que eu ainda tenho chance?

Saí da cozinha sem responder, que pergunta ridícula era aquela? Passei pelo portão apressado, apesar de saber que ele não estava atrás de mim, eu tinha a sensação de que ele estava me perseguindo e ia me agarrar a qualquer momento.

Fechei o portão e encostei na parede, que merda eu tinha na cabeça para me meter naquilo?

Peguei meu celular, sai andando e liguei pra Angélica.

Angélica: Alô... - ela atendeu depois de um tempo.

Felipe: Angélica?

Angélica: Oi, Fe...

Felipe: Onde você tá?

Ela pareceu pensar um pouco antes de responder.

Angélica: Na casa do Nicolas... com a Bianca...

Felipe: Sem mim? - Ok! Admito que eu fiquei um pouco carente e dramático com tudo o que estava acontecendo.

Angélica: Ué, Fe... Achei que você tinha seu encontro, então falei com a Bianca e viemos pra cá... Vem aqui agora!

Felipe: Não... - respondi seco.

Angélica: O que aconteceu?

Percebi as vozes ao fundo desaparecendo, talvez a Angélica tivesse se afastado dos dois para conversar, ou talvez os dois pararam de falar pois ficaram preocupados com a pergunta da Angélica.

Felipe: Nada...

Angélica: Não vem com essa de nada! Eu te conheço! Você tá chorando!

Felipe: Não foi nada, Angélica!

Angélica: Onde você tá?

Felipe: Na rua... Indo pra casa...

Angélica: Não quer mesmo vir pra cá?

Felipe: Não! - Falei com a voz um pouco alterada.

Angélica: Tá ok, Felipe! Divirta-se sozinho... - E desligou.

Fiquei com vontade de arrebentar o celular no muro! Fui andando depressa até minha casa, entrei e passei pela sala só dizendo "Voltei" aos meus pais.

Entrei no meu quarto e deitei na cama... Peguei o celular e vi que não tinha nenhuma mensagem. Senti um pouco de raiva, meus amigos tinham se reunido sem mim! O Tulio havia se mostrado um verdadeiro idiota! Mas acho que o maior idiota naquela hora era eu.

Acho que passei a maior parte da tarde deitado ouvindo música, por volta das cinco e meia eu pude ouvir a campainha tocando, apesar do som alto no fone de ouvido. Mas não tirei os fones, devia ser só minha tia chata que costumava nos visitar aos sábados de tarde.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-02-22 13:06:21
Muito mesmo estou apaixonada.👏👏👏👏👏😍😍😍😍😍😘😘😘😘😘
Por Elizalva.c.s em 2017-02-22 13:03:30
👏👏👏👏👏😍😍😍😍😍😘😘😘😘😘
Por Jeffs em 2017-02-21 03:05:21
Fiqei feliz por vc ter postado msm tendo levado tanto tempo. Ancioso pra continuar espero qe seja em breve.