CORRIGIDO Capítulo 4: O Novo Endereço

Parte da série Quando O Amor Acontece

Eu ainda tentava assimilar tudo o que estava acontecendo naquele dia. Fui expulso de casa, Rodrigo me ofereceu abrigo. Fomos o caminho todo até a casa dele sem trocar nenhuma palavra. Eu ainda estava meio disperso, perdido em uma avalanche de pensamentos. Eu não tinha mais para onde ir. Acho que aceitar dividir a casa com Rodrigo deve ser minha melhor escolha.

Foi a primeira vez que eu entrava na casa de Rodrigo. Mesmo que a gente já se conhecesse, eu nunca tinha ido lá, assim como ele nunca tinha ido na minha antiga casa. Rodrigo morava sozinho, mas sua casa era muito organizada. Logo na entrada, somos recepcionados por uma sala de estar muito arrumada, com um grande sofá de couro, e a grande tv que parecia mais um daqueles telões de estádio de futebol. Percebi as fotos perto da tv. Numa delas, Rodrigo estava ao lado de uma mulher quase idosa, de cabelos louros e compridos, usando um vestido prata muito elegante e algumas joias, dando um ar de mulher poderosa. Quando Rodrigo viu minha admiração pelas fotos, veio ao meu lado e disse:

- Essa é a minha mãe, Carla. Ela mora nos Estados Unidos. Ela trabalha lá há cinco anos.

- E você morava lá com ela? - Perguntei.

- Morei com ela por dois anos. Mas resolvi voltar, por que queria terminar meus estudos aqui no Brasil. Morei algum tempo com minha tia no interior, e depois que consegui transferir meus estudos para cá, me mudei. Eu converso sempre com a minha mãe pela internet, mas falta dela.

Rodrigo parecia nostálgico falando da mãe. Carla parecia uma mulher muito independente e decidida.

- Rodrigo, você nunca me falou sobre o seu pai. - Eu disse, envergonhado.

- Meu pai faleceu quando eu era bebê. Acidente de carro. Não tenho quase nenhuma lembrança dele. Seu nome era Cláudio. Fui criado apenas pela minha mãe.

A história de vida de Rodrigo parecia bem diferente da minha. Mas ao me contar sobre a vida dele, Rodrigo não parecia sentir pena de si próprio, pelo contrário. Demonstrava ser um homem de atitude e coragem. Isso me deixava cada vez mais admirado por ele. E me sentia muito inferior, por que Rodrigo parecia ser bom demais pra alguém como eu, me sentia inseguro. Ficamos ali parados por alguns intantes, e ele me chama para conhecer o resto da casa.

- Vamos! Temos coisas importantes para decidir. - Fiquei curioso com essa frase dele.

Continuamos caminhando pela casa até chegar na cozinha. Muito espaçosa, com os tradicionais eletrodomésticos necessários para uma casa, o que me deixou intrigado:

- Que cozinha arrumada. Aliás a casa toda. Pelo jeito você não é nem um pouco bagunceiro né? - Tentei aliviar o clima.

- Na verdade não sou mesmo. Tem uma diarista que vem algumas vezes aqui para limpar tudo, mas eu não sou porcalhão. - Ele disse sorrindo, me fazendo gargalhar.

Depois de conhecer a cozinha e os outros cômodos da casa, faltava apenas um: o quarto. Sim, O Quarto, no singular. Apenas um quarto na casa toda. Onde eu vou dormir?

- E esse aqui é o meu quarto! Seja bem vindo!

O quarto de Rodrigo parecia ter o triplo do tamanho do meu antigo quarto. Uma cama de casal enorme, com muitos travesseiros, que pareciam ser daqueles de penas de ganso, coisa de novela. Realmente Rodrigo tinha boas condições de vida e bem estar. E eu estava começando a me sentir um incômodo para ele.

- Caramba Rodrigo! A sua casa é realmente linda. - Eu disse, admirado com tudo.

- Obrigado, Miguel. E agora essa casa também é sua! - A sorriso dele me fez corar.

- Mas... onde eu... vou... dormir? - Eu estava cabisbaixo, com as mãos tremendo.

- Ué. Você vai ter que dormir aqui comigo. A cama é enorme, e eu já estou meio cansado de dormir sozinho. - Aquele olhar malicioso dele me deixou envergonhado.

- Ai Rodrigo... Não sei não. Tipo, eu não quero tirar sua privacidade. Talvez seja melhor eu ficar na sal mesmo, eu não quero te incomodar.

- Mas nem pensar. Você me deixaria muito triste se não dormisse comigo. - Ele se aproximou de mim, passando os braços ao meu redor. - Agora a gente tá junto! Não vou te deixar sozinho, lembra?

Ele me beijou de forma muito carinhosa. Eu ainda não conseguia acreditar que aquele cara perfeito estava ali, me trazendo paz. Eu tinha tão pouco para oferecer pra ele. Nunca me achei o tipo bonito ou atraente. Nunca tinha tido nenhum tipo de relacionamento com outra pessoa, por que sempre fui muito retraído, vivia para os estudos. E Rodrigo parecia perfeito demais pra mim, mas de algum jeito, ele me queria por perto, e eu o queria também.

- Tá bom. Você venceu. Eu fico aqui. - Ergui as mãos como se estivesse me rendendo. Ele sorriu e me beijou novamente.

- Que bom! Agora, precisamos comer alguma coisa. Vou ver o que tem na cozinha.

Ele saiu para preparar alguma coisa para nós, e eu fui para o banheiro tomar um banho. Fiquei ali embaixo do chuveiro algum tempo, pensando em tudo o que tinha acontecido em um único dia. Foram tantas coisas que fica até difícil de manter una linha de raciocínio. Um turbilhão de emoções tão vasto, eu nunca tinha vivido um dia tão movimentado assim.

Saí do banho e fui arrumar minhas roupas em uma parte do guarda-roupas que Rodrigo me mostrou depois. Como eu não tinha muitas roupas, essa foi uma tarefa bem fácil. Vesti uma roupa qualquer, mas sem parecer desleixado, afinal, na cozinha tinha um príncipe me esperando. Quando cheguei na cozinha, Rodrigo estava terminando de preparar a comida, que estava com um cheiri muito atrativo.

- Então, o que temos no cardápio de hoje? - Disse, me sentando na cadeira perto dele.

- Temos uma maravilhosa lasanha para meu hóspede mais lindo de todos. - Ele disse, sorrindo pra mim. Eu revirei os olhos, e sorri.

- Seu bobo. Então além de lindo e educado, você também se aventura na cozinha?

- Eu me viro. Aprendi a fazer algumas coisas com a minha tia, mas nada muito requintado.

- Olha que desse jeito eu me acostumo mal. - E rimos juntos.

Muito carinhosamente, ele me serviu e sentou-se de frente a mim. Comemos e ficamos conversando por um tempo ali. Tudo estava indo muito bem. Depois de comer, Rodrigo me guiou até a sala, para assistirmos uns filmes juntos. Sentei no sofá e ele se deitou sobre as minhas pernas. Impossível de acreditar, parecia que já éramos até casados, mas eu não queria apressar as coisas entre a gente.

Quando a nossa pequena maratona de filmes acabou, já estava na hora de dormir. Nos levantamos e ele anuncia:

- Caramba já tá tarde! Vou tomar um banho para a gente dormir.

- Tudo bem, Rodrigo. Pode ir.

Ele me agarra e me dá um breve beijo, depois segue para o banho. Eu fico ali, sentado, olhando para a tv que passava alguns comerciais. Hoje foi um dia muito estafante. Minha vida era tão monótona que aquele dia tinha sido o mais cheio de coisas na minha vida. Agora eu tinha que seguir em frente, esquecer o que passou era melhor, tenho que planejar o que fazer de hoje em diante. Sobre a minha antiga casa? Acho que também ficaria no passado. Eu estava tão perto de lá ainda, mas de uma coisa eu tinha certeza: se eles não aceitam o que sou, eles não existem mais pra mim. Quer dizer, minha mãe vai ser sempre minha mãe, mas ela deixou claro que não me queria mais por perto. Realmente triste, mas a vida tem dessas coisas mesmo. Só nos resta saber lidar com elas, e tentar seguir em frente. E era o que iria fazer.

Desliguei a tv, e fui para o quarto. Ao chegar, tive uma visão que esperava a algum tempo: Rodrigo estava de costas, nu, procurando algo para vestir. De imediato tive certa vergonha, nunca tinha visto Rodrigo nem sem camisa. E ele estava ali, do jeito que veio ao mundo. As costas largas e musculosas chamavam a atenção. Realmente Rodrigo tinha uma genética muito favorável, e as horas que ele passava se exercitando garantiam um excelente resultado. Quando ele percebe que estou no quarto, ele apenas vira o rosto e diz:

- Oi Miguel! Pronto pra dormir? - A expressão maliciosa no rosto dele era muito sugestiva. Fiquei com vergonha.

- É... acho... que... sim.

- Ei, não precisa ficar com vergonha não. Estamos juntos agora, lembra? - Ele já estava de cueca boxer preta, vindo em minha direção. Caramba, acho que fiquei em choque. Rodrigo era muito mais bonito do que eu achava. Seu corpo era perfeito, peito e barriga mais do que definidos, eram espetaculares. E aquela cueca preta deixava as suas coxas levemente peludas mais grossas ainda. E ele chegando perto de mim para me beijar... Isso realmente parece ser um sonho.

- Eu sei... É que... eu fiquei com vergonha... Tipo, nunca tinha visto um cara nu antes... - Não conseguia olhar muito para ele, era difícil controlar.

- Bom... então talvez seja melhor a gente fazer alguma coisa em relação a isso... - Seus dedos acariciavam o meu rosto, me fazendo suspirar. Rodrigo me beijou, e eu me deixei levar pela desejo que sentia por ele, não conseguia mais me controlar, ele era tudo o que eu sempre sonhei em um homem. Rodrigo começa a me despir lentamente, sem soltar seus lábios dos meus. Caramba, acho que vai ser agora. Vai ser a nossa primeira vez.