Capítulo 8 (Season 2): DIAGNÓSTICO

Conto de Mahrio como (Seguir)

Parte da série Quando O Amor Acontece

Acordei lentamente naquele dia. Sentia que estava revivendo o que tinha acontecido no assalto, mas desta vez a intensidade era muito maior. Abri os olhos devagar, tentando me acostumar com a luz forte do quarto. Olhei ao redor e identifiquei os aparelhos médicos e o cheiro forte de remédio ou algo parecido. Estava mais uma vez em um hospital. Me concentrando um pouco, lembrei de ter sido atropelado, das pessoas gritando e vindo em minha direção, do carro que me atingiu indo embora... As cenas passavam na minha cabeça de forma tão nítida que eu sabia que esse seria mais um acontecimento que eu guardaria no meu baú das más recordações, mas algo que me deixava intrigado era a identidade da pessoa que estava naquele carro que me atropelou. Esse era mais um sinal da sorte que eu sempre tive na vida: ser atropelado no último dia de aula, as vésperas da formatura. Felizmente parecia que eu não tinha nenhum dano grave no meu corpo, a não ser o gesso que imobilizava minha perna direita e o curativo grande na cabeça, junto com alguns arranhões pelo corpo.

O quarto em que eu estava parecia ser o mesmo do dia do assalto na lan house, eu parecia estar sozinho no quarto. Mas passaram-se apenas alguns segundos, e vejo minha mãe saindo por uma porta que parecia ser do banheiro, e quando ela vê que eu estou acordado toma um grande susto e quase pula em cima de mim:

– Filho! Graças a Deus você acordou. Você quase me causa um infarto Miguel. – ela pega em minha mão e acaricia lentamente, fazendo-me sentir em paz.

– Desculpa mãe. Não foi minha intenção. Pode ter certeza que sem tem uma coisa que eu não queria agora era estar em uma cama de hospital. – eu digo, e arranco um sorriso modesto dela.

– Eu sei filho. Nossa eu fiquei tão preocupada com você. Quando me avisaram o que tinha acontecido eu vim correndo pra cá. Mas graças ao meu bom Deus você está bem. – ela diz, e mantêm as mãos grudadas na minha.

– Eu sei mãe. Não quero preocupar você, mas tô com uma dorzinha aqui. – eu me queixo, e aponto para a parte de trás da minha cabeça, onde sinto uma dor estranha.

– Calma, eu vou chamar o médico. – ela se levanta e caminha em direção a porta. Eu fico sozinho no quarto, e a dor começa a me incomodar. Depois de algum tempo, minha mãe volta, ao lado de um homem alto e um pouco idoso, todo vestido de branco, com uma cara de preocupação. Junto deles vem uma enfermeira, jovem e bonita.

– Oi Miguel. O que você está sentindo? – o médico se aproxima de mim e me examina.

– Sinto uma dor aqui na minha cabeça. – eu levo a mão ao local da dor, e o médico tenta visualizar o que eu tenho.

– Vamos fazer alguns exames para saber o que é, fique calmo Miguel. – o médico olha pra mim, desta vez com uma expressão tranquilizadora. O doutor sai do quarto, deixando-me apenas com minha mãe e a enfermeira, que ajusta os aparelhos médicos que estão ligados ao meu corpo. Com o passar do tempo, sinto a dor se dissipar aos poucos, até que ela some completamente, me trazendo um alívio. Eu aviso minha mãe sobre a dor ter cessado, e ela também fica mais tranquila, mas eu não consigo me livrar dos exames médicos que vem em seguida, e são muitos.

Depois de uma longa jornada por diversos aparelhos médicos, volto para o quarto junto com minha mãe, e começo a me preocupar com ela, que parece estar sem dormir direito.

– Mãe, você parece cansada. Não precisava ficar aqui comigo tanto tempo assim.

– Claro que precisava Miguel. Eu sou sua mãe, lembra?

– Eu sei mãe, mas não quero ficar te alugando.

– Mas eu que quero ficar aqui. Além do mais, está quase na hora das visitas chegarem, e tem algumas pessoas vindo aí ver como você está.

– Visitas? Estou muito animado. – eu digo, revirando os olhos, e minha mãe apenas sorri.

– O Sérgio, suas amigas da faculdade e o Rodrigo vêm te ver. Todos eles já vieram aqui enquanto você estava desacordado, mas apenas eu pude ficar como sua acompanhante. Ah, e teve outro rapaz que estava aqui também... – minha mãe diz, e faz uma breve pausa.

– Rapaz? Que rapaz mãe? – eu pergunto.

– Um rapaz muito charmoso chamado Diego. – minha mãe responde, e eu bufo e faço uma careta.

– Ah sim... Meu amigo.

– Por que essa cara de limão azedo? – minha mãe diz sorrindo.

– Nada não mãe. É que essa minha história com o Rodrigo teve alguns desentendimentos e pessoas envolvidas, e o Diego é uma delas.

– Miguel, seja o que for que esteja acontecendo, eu te digo de novo, faça o que você achar certo. Só não escolha nada que te deixe triste depois, tá bom? – minha mãe olha pra mim com uma carinha tristonha, e eu desmonto.

– Não se preocupa mãe. Vou resolver isso tudo... Eu acho.

Passado algum tempo, alguém bate na porta do quarto, e minha mãe pede para que entre. Logo, a porta se abre, revelando Géssica, Roberta e Luana, com carinhas apreensivas. Elas entram e vêm todas para cima de mim, rodeando a cama. Em seguida, vejo Sérgio entrar também, com a cara um pouco mais relaxada. Ele olha pra mim e me cumprimenta sorrindo. Continuo olhando para todos eles e para a porta ao mesmo tempo, quando vejo Diego e Rodrigo entrarem juntos, e eu quase tenho um troço. Mas pelo visto, eles resolveram fazer uma trégua, e parecem estar conversando. Eles se aproximam e cumprimentam a todos:

– Oi pessoal. Oi Miguel. Como você está? – Rodrigo pergunta.

– Acho que estou bem, obrigado. – eu respondo, e ele sorri para mim.

– Estávamos falando com o meu amigo delegado. Estão investigando o dono do carro que atropelou você Miguel. – Diego diz, e todos olham para ele com preocupação.

– Tomara que descubram logo quem fez isso. É um absurdo atropelar alguém e fugir sem prestar socorro. – Roberta fala, e todos olham para ela.

– O lado bom disso tudo é que o Miguel não sofreu nada grave não é mesmo? – Sérgio fala.

– Bom, disso não temos certeza ainda. O Miguel estava com algumas dores na cabeça e logo o médico vai trazer os resultados dos exames que ele fez. Mas vai ficar tudo bem. – minha mãe diz, tentando tranquilizar todos.

– Poxa amigo. Mas como foi que isso aconteceu? Foi logo depois que nos despedimos lá na faculdade? – Luana pergunta apreensiva.

– Eu me lembro de pouca coisa. Depois que vocês foram embora, eu segui para o ponto de ônibus, mas antes de chegar lá, o carro me pegou por trás e eu apaguei. – eu digo a eles.

– Se a gente soubesse que isso aconteceria, teríamos te levado em casa. Desculpa amigo. – Géssica diz.

– Não precisa se desculpar amiga. Ninguém teve culpa de nada aqui. Só o desgraçado que me atropelou e fugiu.

– Mas não se preocupem por que algumas pessoas que viram o acidente já foram chamadas para servir como testemunha nesse caso. – Diego diz, com uma postura firme.

Todos ficam algum tempo no quarto, conversando comigo e perguntando mais sobre acidente, mas eu falo pouco. As meninas tentam me animar, falando sobre os preparativos da formatura, e eu consigo me alegrar um pouco. Mesmo com esses machucados no meu corpo, acho que vou conseguir estar lá com meus colegas e amigos. Vejo que Rodrigo e Diego conversam bastante, o que me deixa feliz, afinal, eu quero mais é que essas briguinhas acabem. De repente, o médico entra no quarto acompanhado da enfermeira, com alguns papeis na mão:

– Boa tarde pessoal, desculpem entrar assim, mas gostaria de falar dos resultados dos exames do Miguel. – o médico diz, com uma expressão séria. Eu fico preocupado.

– Então, doutor. Quais são os resultados? – minha mãe pergunta. Eu começo a suar frio, olhando fixamente para o médico.

– Podem ficar tranquilos. A dor que o Miguel sentiu não era nada demais, apenas um trauma leve do acidente, mas não vai mais acontecer. Seus exames estão normais, Miguel. Mas você vai precisar ficar com o gesso na perna por uma semana, pois o seu fêmur foi danificado. Amanhã mesmo eu venho te dar alta e você pode voltar para casa. – o médico diz, agora com uma olhar mais tranquilo, e eu respiro aliviado. Todos no quarto também comemoram, e minha mãe se abraça a Sérgio. Rodrigo e Diego olham para mim, ambos com sorrisos iluminados.

– Obrigado doutor. Eu fico muito feliz em saber que vou ficar bem. Obrigado mesmo! – eu digo, e cumprimento o doutor com um aperto de mão bem forte.

– Obrigado por tudo doutro, de coração. – minha mãe diz, e o médico sai da sala, enquanto a enfermeira permanece arrumando os aparelhos médicos. Logo que o médico sai, a enfermeira resolve abrir a boca:

– Pessoal, me desculpem, mas a hora da visita já encerrou. Vocês precisam sair. – ela diz, e todos se aprontam para sair, quando o telefone de Diego toca. Ele se afasta um pouco para atender, enquanto as meninas se despedem de mim com beijos e abraços. Alguns segundos depois, Diego volta e fala algo para Rodrigo, e a expressão dele se enfurece instantaneamente, e ele grita:

– Eu sabia! Aquele desgraçado!

Todos no quarto se assustam, eu mais do que todos. Rodrigo e Diego se aproximam de mim e eu pergunto:

– O que aconteceu gente?

– O delegado acabou de me ligar. Identificaram o motorista do carro que atropelou você. – Diego diz. Eu olho para Rodrigo e vejo os olhos dele em chamas.

– Foi o Vitor. – Rodrigo diz, enquanto cerra os punhos.

Continua.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Nickkcesar em 2016-07-09 23:27:56
Menino você ta arrasando viu, continua escrevendo! Depois de muuuuuuito tempo alguma história conseguiu me prender de novo 🙌
Por Garoto Secreto em 2016-07-09 10:53:35
Nossa que legal sua série vou acompanhar...