Capítulo 7: O Princípio do Fim

Conto de Mahrio como (Seguir)

Parte da série Quando O Amor Acontece

O dia amanheceu ensolarado. Me levante da cama e me arrumei rapidamente pra ir trabalhar. Só tive tempo de dar um beijo no rosto de Rodrigo, que ainda dormia profundamente, e saí correndo para a lan house. Passei boa parte da manhã pensando na chegada de Carla, mãe de Rodrigo. Logo logo nós iríamos nos conhecer, e a insegurança que já era tão normal em mim agora só parecia maior. O celular vibra no meu bolso, indicando uma nova mensagem de Rodrigo:

"Miguel, minha mãe está aqui em casa comigo. Não demore pra vir pra cá! Beijo."

Então, ela chegou. Hora de encarar a sogra. O dia passou rapidamente, e o movimento no trabalho foi fraco. Antea de sair, liguei para Samara avisando que fecharia mais cedo, e ela não reclamou. Antes de ir para a faculdade, teria um tempo para conversar com a Carla. Quando cheguei na porta de casa, respirei fundo e entrei. Ela estava na sala de estar, junto com Rodrigo. Era muito mais bonita do que nas fotos, uma mulher bem conservada e estilosa.

Carla usava um vestido curto vermelho, com alguns detalhes em dourado e um generoso decote. Quando eu entro na sala, eles se viram para mim, levantam do sofá e sorriem:

- Olha quem chegou! Mãe, esse aqui é o Miguel, meu namorado. Miguel, essa é a minha mãe, Carla. - Rodrigo diz, vindo para o meu lado. O olhar de Carla para mim é intrigante. Acho que ela não gostou nada de mim. Talvez ela achasse que eu não era a pessoa ideal para o filho dela.

- Olá, dona Carla. Que bom poder conhecê-la! - eu digo, estendendo a mão para cumprimentá-la. Ela estende a mão e me cumprimenta, fazendo uma cara estranha, de desdém. Então, eu finalmente ouço ela dizer algo:

- Olá, Miguel. Bom te conhecer também. - Ela continua a me olhar com uma cara nada amigável. Droga! E agora?

Nós nos sentamos no sofá, e ensaiamos alguma conversa. Ela fala bastante sobre ela. Mora fora do Brasil há muito tempo, e que trabalha como gerente de uma empresa, o que faz o seu tempo ser corrido. Ela diz que veio visitar Rodrigo e resolver alguns assuntos por aqui. Talvez eu seja um desses assuntos a serem resolvidos. Eu estremeço e engulo seco. Eu também falo sobre mim para ela, conto o pequeno drama que passei que levou à minha expulsão de casa, e de como Rodrigo foi receptivo comigo. Ela escuta tudo com a mesma expressão desinteressada. A insegurança me invade.

Então, Rodrigo começa a falar mais sobre a relação entre eles, que era muito amorosa. Rodrigo contou para a mãe que era gay há muito tempo atrás, e ela não via problema nisso, por que Rodrigo não aparentava ser gay, sempre foi muito discreto. Algo tempo depois de tanta conversa, Rodrigo se levanta, e diz:

- Bom, eu vou tomar um banho. Daqui a pouco temos que ir pra faculdade, Miguel. Vou deixar vocês dois conversando um pouco. - ele se abaixa e me beija no rosto. Depois que ela vai, Carla se revela:

- Miguel, vou te falar um coisa, meu caro. Você precisa sair dessa casa. Tem que viver sua própria vida. Meu filho não é pra você. Eu não vou aceitar que ele namore com alguém como você. - aquelas palavras de Carla deviam ser as que ela realmente queria dizer logo que me viu. Me julgando apenas pela aparência. Fiquei paralizado com a rispidez daquela mulher:

- Carla, eu gosto muito do Rodrigo. Eu sei que é meio incômodo pra você eu estar morando aqui com ele, mas eu não quero me separar dele. - eu disse, convicto.

- Eu não quero saber de mais nada. Você vai terminar tudo com ele, e vai embora dessa casa. Eu vou morar aqui agora. - Ela disse, me deixando surpreso com a notícia. Pelo jeito, aquela casa não tinha mais espaço para mim. E agora que Carla vai morar aqui, eu preciso sair. Ela continuava me fuzilando com o olhar:

- Então talvez seja melhor eu ir embora mesmo. - eu disse, encarando ela.

- Vai ser melhor, pra você e pra todos. - ela disse, com o olhar furioso.

Eu levantei do sofá, e ela ficou lá, me encarando. Quem diria que eu passaria por isso de novo. Ser expulso de casa pela segunda vez. A primeira já foi dramática, e essa seria igualmente dolorosa. A mãe de Rodrigo não me queria por perto, eu tinha que ir embora. Quando entrei no quarto, Rodrigo estava de calça jeans, procurava uma camisa. Ele se vira para mim e diz:

- Oi amor! Tá quase na hora de ir pra aula. - ele parecia animado. Mas eu não estava, nem um pouco.

- Rodrigo... eu não vou pra aula hoje... - eu tentava selecionar as palavras - eu preciso ir embora. - minha expressão era de tristeza.

- O que? Como assim ir embora? - Rodrigo estava surpreso.

- Eu acho que estou incomodando demais aqui. Eu tenho que ir. - minha voz já começava a falhar. Eu não queria olhar para Rodrigo agora, eu não suportaria. A voz dele também começava a embargar:

- Miguel, por que você vai embora? Me explica por favor.

- Rodrigo, eu só preciso ir agora. Me desculpa. - as lágrimas já desciam pelo meu rosto. Eu peguei minhas poucas roupas, joguei tudo na mochila sem me preocupar em arrumar nada, e saí do quarto. Rodrigo estava paralizado, ainda sem camisa, vestindo apenas a calça jeans. Saí caminhando pela casa, e Carla não estava mais na sala. Rodrigo veio atrás de mim:

- Miguel, espera, por favor vamos conversar. O que aconteceu? - a voz chorosa dele só me deixou mais abalado. Eu precisa sair daquela casa, deixar Rodrigo pra trás. Eu o amo, mas é melhor assim. Eu sou apenas uma pedra no sapato, não posso atrapalhar a vida dele. Saí pela porta, e ele continuou me seguindo, numa cena dramática:

- Miguel, por favor, não vai embora! - eu não conseguia falar nada. Continuei caminhando sem olhar pra trás, até não conseguir mais ouvir a voz dele. Deixei pra trás o homem que eu amo, a dor no meu peito era sufocante. E pra piorar, não sabia pra onde ir agora. A cena se repetia, eu estava mais uma vez sem saída. Chego no ponto de ônibus, e logo ele chega. Eu subo e paro pra pensar um pouco, e enxugar as lágrimas. Depois de algum tempo, decido ligar para Géssica:

- Oi amiga! Podemos conversar?

- Oi meu nerd! Podemos, claro que podemos. Você vem pra aula?

- Não sei. Acho que vou. Eu tô muito confuso. Preciso de um abraço, um ombro amigo. - disse, em meio a soluços.

- Onde você está agora?

- Estou no ônibus. Vou aí na faculdade então encontrar você e as meninas. Quando eu chegar aí eu aviso. Não quero entrar na sala.

- Tudo bem. Tchau.

Quando eu finalmente chego na faculdade, mando uma mensagem para Géssica:

"Amiga, cheguei. Estou aqui na frente do prédio da facul."

Ela imediatamente responde:

"Estamos indo aí com você!"

Não demora muito, e as três meninas chegam. Géssica, sempre animada, é a primeira a me abraçar, dizendo:

- Oi meu nerd. Que cara é essa amigo? O que aconteceu? Conte os bafão!

- Eu terminei com o Rodrigo. Fui embora da casa dele. - eu digo, tentando parecer o menos triste possível.

- Amigo! Que coisa chata! - Luana fala, e me dá um abraço apertado, e Roberta vem e faz o mesmo:

- Que pena, amigo. Não fica triste. Estamos do seu lado. - A voz de Roberta era muito acolhedora.

- Amigo, já que você saiu da casa dele, quer dizer que você vai voltar pra casa da sua família? - Géssica perguntou.

- Não posso voltar pra lá. Eles me expulsaram, lembra?

- Então você vai morar com a gente! - Luana fala, ensaiando uma comemoração.

- Meninas... eu não quero incomodar vocês.

- Incomodar? Você tá é maluco se não for morar com a gente. Vamos logo e fim de papo. - Géssica dizia, autoritária.

- Tá bom, minhas amadas. Eu me rendo a vocês.

- Então fim de papo. Vamos deixar esse baixo astral pra lá e fazer uma social lá em casa. - Luana disse, animada.

Nós seguimos para o carro delas, que estava no estacionamento ali perto. As três sabiam dirigir e se revezavam no volante. Hoje era a vez de Luana dirigir. Roberta e eu fomos no banco de trás, e segurava minha mão:

- Não fica triste não, amigo. Olha, a gente vai estar do seu lado, pra te apoiar, tá bom?

- Obrigado, meninas. Vocês são as melhores! - eu disse, tentando sorrir.

- Sabemos disso, meu amor! - Géssica se gabava, me fazendo rir um pouco.

No caminho até a casa delas eu contei a história toda, sobre o que a mãe de Rodrigo me disse, e da despedida forçada.

- Que mulher maldita essa, hein? - Luana falou, se referindo à Carla.

- Uma cobra cascavel. - Géssica concordava.

- O azar é o dela de não ver o cara incrível que você é. Sinto pena do Rodrigo por não saber a verdade. - Roberta dizia.

Logo, chegamos na casa das garotas. Era uma casa grande, comprada pelos pais de Luana, que eram muito ricos. Cada uma das meninas tinha seu próprio quarto, e eu ficaria no quarto de hóspedes. Tudo na casa era muito arrumado, limpo e organizado. Apesar de serem maluquetes, elas eram muito metódicas.

- Amigo, seu quarto vai ser aqui. Fica a vontade! - Roberta me apresentava meu novo quarto.

- Obrigado, Roberta!

Roberta saiu, e eu fui arrumando minhas coisas no pequeno armário. Seria ideal para a quantidade de coisas que eu tinha. Quando termino de arrumar tudo, deito na cama e lembro do meu celular. Mensagens e chamadas perdidas de Rodrigo. Eu estava tão distraído que nem senti ele vibrar no meu bolso. Resolvi não ler as mensagens dele, precisava de um tempo para descansar.

Depois de tomar um banho, vou até a sala, encontrar as meninas. Elas estavam jogadas no sofá, vendo um filme na tv:

- Oi nerd! Vamos ver um filminho com a gente! - Géssica disse.

- Vamos, claro!

Ficamos lá, vendo filme, até o sono chegar. Nos despedimos, e fomos dormir. Eu deito na cama, e Rodrigo invade meu pensamento. Não sei se vou conseguir esquecê-lo. Eu o amo. Como vou conseguir ficar longe dele? Vai ser difícil. Eu fecho os olhos e tento dormir. O que vai acontecer a partir de agora na minha vida?

Comentários

Há 1 comentários.

Por ®red® em 2016-04-17 11:19:42
Sabia que ia ser "A SOGRA" tava certo kkkk. Mas, Miguel foi muito passivo (sem duplo sentido) ele tinha que fazer como no filme e usar da sedução pra infernizar a veia, kkkk. Continua meu linducho.