Capítulo 5 (Season 2): OUTRO PONTO DE VISTA

Conto de Mahrio como (Seguir)

Parte da série Quando O Amor Acontece

(Narração de Rodrigo)

Eu estava muito mal pelo que tinha acontecido. Vitor chegou em minha casa e ficou tentando me paquerar o tempo todo, mas eu estou namorando o Miguel, e eu o amo muito. Mas foi inevitável. Confesso que não pude resistir demais ao ver Vitor tão perto de mim, afinal, ele tem uma beleza hipnotizante. Mas quando Miguel apareceu no quarto, eu percebi que estava fazendo uma enorme burrada.

Eu estava na sala vendo TV, quando Miguel aparece dizendo que vai sair com as amigas. Eu não ligo muito, e deixo-o sair sem fazer muitas perguntas. Olho pela janela, e vejo apenas Géssica e Luana. Algum tempo depois que Miguel sai, eu resolvo ligar para Roberta, que provavelmente estaria em sua casa, e saberia onde as amigas foram.

– Oi Roberta! É o Rodrigo quem fala.

– Oi Rodrigo. Aconteceu alguma coisa? – ela parece surpresa com minha ligação.

– Não. Você está em casa? – eu pergunto.

– Estou sim. Por quê? – sua voz soa desconfiada.

– É que o Miguel saiu com as meninas, mas não me disse para onde iam. Já tentei ligar para ele, mas ele não me atende. Você sabe onde eles foram?

– Acho que foram no barzinho no bairro Central. – ela diz.

– Tá bom. Acho que sei qual é. – não havia muitos barzinhos naquele bairro, seria fácil encontrá-los. – Obrigado Roberta! – ela se despede, e eu desligo o telefone.

Me arrumo rapidamente, entro no carro e sigo para o Centro da cidade. Meu desejo era encontrar Miguel, e pedir desculpas mais uma vez. Quem sabe as amigas dele não seriam um fator positivo para que ele pudesse me perdoar, eu tinha esperanças. Em pouco tempo, chego em frente ao primeiro barzinho que conhecia por ali.

Olho um pouco pelas mesas, mas não vejo sinal de nenhum deles por lá. Passo algum tempo procurando Miguel, mas logo desisto. Sigo para o próximo, e resolvo entrar.

Havia algumas pessoas no local, mas não tornou minha busca complicada. Olho para uma mesa, e vejo Miguel sentado ao lado de outro cara, que me parecia um desconhecido.

Fico de longe observando, tomando cuidado para não ser visto. Fico observando Miguel conversar com o outro cara, e fico intrigado. Então, vejo Miguel beijar o tal rapaz, e fico sem chão.

Meu namorado beijando outro, na minha frente. Fico perplexo, fecho os punhos com força, e meus olhos queimam de raiva. Sinto que um pedaço de mim está se quebrando, meu peito dói. Tento controlar minha raiva da melhor forma possível, não quero montar um circo aqui.

Percebo que eles param de se beijar, me viro e saio do barzinho.

Entro no carro e desabo. Nunca tinha chorado tanto, minha camisa fica molhada, eu pareço uma criança, derramando rios de lágrimas, tristeza e raiva misturadas em um choro soluçante. Eu levo as mãos à cabeça, me perguntando o que fazer. Resolvo voltar pra casa, minha noite acabou. Sinto que minha vida acabou.

(...)

Passei alguns dias evitando falar com Miguel. Saía cedo para trabalhar, e buscava-o na faculdade, mas nós não trocávamos sequer meia palavra há vários dias. Nossa relação não era mais a mesma. O que me deu algum conforto nesse tempo todo foi a companhia de Vitor, que se tornou um amigo, me dando muito apoio.

Cheguei na aula pensativo, não estava com muita vontade de estudar, massa não tive escolha. Passei a aula toda disperso, nem percebi quando todos estavam indo embora. O que me trouxe de volta à realidade foi uma ligação de Vitor:

– Ei! Vamos sair hoje?

– Ei! Não sei. Acho que não tô muito afim. – eu estava meio chateado com toda essa situação com Miguel.

– Relaxa. Você precisa se distrair um pouco. – Vitor dizia, e acho que ele tinha razão. – Vamos lá?

– Tá bom. Você venceu, vamos dar uma volta por aí.

– Estou aqui na saída da faculdade, vou te esperar aqui. – Vitor diz, e desliga o telefone.

Eu arrumo minhas coisas, e saio da sala. Quando chego na saída da faculdade, Vitor estava lá me esperando. Nos cumprimentamos com um aperto de mão e um sorriso, e seguimos para o carro. Ele sugere que a gente vá para um bar que eu não conhecia, e eu aceito sua ideia.

Chegamos a um bar diferente, mas muito bonito. Já havia algumas pessoas no local, mas nós conseguimos uma mesa do lado de fora, e nos sentamos.

– Não conhecia esse lugar. – eu digo, analisando o bar.

– Inaugurou há pouco tempo. É bem legal, não achou? – Vitor diz, enquanto olha para mim.

– É sim. – eu digo, um pouco ríspido.

Vitor bebe uma cerveja, e eu prefiro tomar apenas um drink sem álcool, pois ainda vou dirigir. Conversamos bastante, as horas passam sem que eu perceba. Vitor então me pergunta sobre Miguel.

– Então, Rodrigo. Você e o Miguel se acertaram? – ele diz, e bebe um gole de cerveja. Então, eu tomo um susto. Deveria ter ido buscar Miguel na faculdade.

– Droga! Esqueci de buscar o Miguel. Ele deve estar uma fera comigo. – eu saco o celular para ver se há chamadas perdidas de Miguel, mas meu celular estava desligado, provavelmente sem bateria.

– Não se preocupa Rodrigo. O Miguel sabe se virar. – Vitor diz, com um ar arrogante. Começo a ficar com um pouco de raiva dessas atitudes de Vitor.

– Droga. Acho melhor eu ir embora. Já está tarde. – Eu começo a arrumar minhas coisas para ir embora. De repente, Vitor praticamente se joga em cima de mim e me agarra.

Ele me beija lentamente, e eu tento afastá-lo. Logo que consigo, vejo que ele olha pra mim de um jeito estranho, e eu sinto muita raiva:

– Você tá maluco cara? Esqueceu que da última vez que você fez isso meu namoro quase acabou? – Eu tento não gritar com ele, mas é inevitável.

– Rodrigo, eu sou o cara certo pra você. Esquece o Miguel. Aquele idiota não tem nada pra te oferecer. – Vitor vomita as palavras, e eu atinjo o máximo da minha raiva. Levanto da cadeira rapidamente, fervendo de raiva, me viro e sigo para o carro. Vitor se levanta e vem atrás de mim.

– Rodrigo, espera aí! Onde você vai?

Eu me viro para ele e lhe dou um soco na cara. Já chega. Não aguento mais os flertes desse cara.

– A culpa de tudo que está acontecendo comigo é sua. Você apareceu pra atrapalhar minha vida. Some daqui Vitor, antes que eu acabe fazendo uma loucura. – eu falo, bufando de raiva, Vitor parece nem ter sentido meu soco, mas minha mão dói.

– Rodrigo. Não adianta mais. O Miguel viu a gente se beijar naquele dia no quarto, e viu a gente se beijando de novo lá no bar. Ele não vai querer mais nada com você. Acabou. Você é meu agora.

Fico paralisado. Como Miguel pode ter visto o que aconteceu de novo? Não consigo acreditar.

– Do que você está falando? Você armou isso tudo? – eu começo a ficar alterado.

– Só tive muita sorte. Miguel estava passando em um ônibus naquela hora. Ele viu a gente sentado na mesa, e eu te beijei. Quem sabe assim ele percebe que você é meu. – Vitor diz, com o sorriso irônico no rosto. Miguel viu o maldito beijo de novo. Sinto vontade de matar Vitor, mas tento me controlar.

– Você é um idiota mesmo Vitor. Aproveitou-se da situação pra parecer que a gente estava junto. Você é um lixo de pessoa. Some da minha vida.

– Você é tudo que eu quero Rodrigo. Eu te amo. – Vitor suplica.

– E eu te odeio. Me esquece. Eu amo o Miguel, e vou lutar por ele. Eu tenho nojo de você Vitor. Some daqui. – eu digo, e entro no carro. Vitor olha pra mim, com uma expressão rancorosa, e diz:

– Você vai perceber que está errado, Rodrigo. O Miguel não te merece. Você vai ver. Eu vou provar que você está errado.

Eu o ignoro, e saio em disparada em direção à minha casa, Miguel já deveria estar lá. O medo tomava conta de mim mais uma vez. Se Miguel me abandonasse de novo, seria o fim pra mim. Eu o amo demais, não posso perdê-lo de novo.

Rapidamente chego em casa, e parece que não há ninguém. Procuro por Miguel por todos os cômodos da casa. Sala, cozinha, quarto, banheiro... ele não estava em lugar nenhum.

Resolvo olhar no guarda-roupa, e as coisas dele haviam sumido. Eu me desespero, Miguel me deixou de novo. Deve estar achando que eu estava traindo-o com Vitor, e eu me sinto culpado em ter confiado naquele idiota. Levo as mãos à cabeça, e quero chorar de novo. Onde Miguel está? Só há um lugar em que eu posso pensar agora.

Saio de casa e sigo em direção à casa dos pais de Miguel, no fim da rua. Desfaço a cara de choro usando as mangas da camisa, mas meus olhos provavelmente estão vermelhos. Chego na porta e bato algumas vezes. Logo, a mãe de Rodrigo aparece para atender.

– Dona Janaína, o Miguel está aqui? – eu pergunto, afoito.

– O que aconteceu Rodrigo? O que você fez com o Miguel? – a mãe de Miguel pergunta, com os braços cruzados.

– Eu quero falar com o Miguel. Ele está aqui? – eu tento procurá-lo, mas Janaína bloqueia minha visão. De repente, vejo Miguel surgir no corredor da casa, e tento entrar, mas Janaína me impede.

Miguel estava chorando, e me deixa ferido vê-lo assim, por culpa minha.

– Espera um pouco. Me diga antes o que aconteceu? – Janaína pergunta.

– Mãe. Deixa que eu resolvo isso. Não se preocupa. – Miguel fala, recuperando-se do choro.

Janaína olha para ele, e depois para mim, com desaprovação. Ela sai, e segue para o segundo andar da casa

Eu fico do lado de fora, olhando para Miguel. Ele caminha em minha direção, e fecha a porta, deixando nós dois do lado de fora. Eu pulo em cima dele e o abraço.

– Meu amor. Me perdoa, por favor! – começo a chorar nos ombros de Miguel, mas sinto que ele mantém os braços abaixados, sem me tocar.

– Rodrigo. Me solta. Agora. – Miguel diz, com um tom seco. Eu fico assustado.

– Miguel, me escuta, por favor. – eu tento implorar, mas Miguel fecha os olhos e vira o rosto para o lado, não quer olhar pra mim.

– Eu vi tudo de novo. Nosso namoro acabou Rodrigo. Acabou. Vai embora.

Eu desmorono. Miguel se vira e entra na casa. Eu fico do lado de fora, paralisado, sentindo uma dor cortar meu peito. Me ajoelho no chão e tento segurar o choro. Não consigo. Volto pra casa e me jogo no sofá, tentando aceitar o que aconteceu hoje. Tudo isso só tem um culpado: Vitor. Aquele desgraçado acabou com minha vida. Me deito no sofá, e só consigo pensar em Miguel, e em como ele deve estar agora. Tão perto de mim, mas o mesmo tempo tão distante, eu suspiro. O som da TV vai ficando cada vez mais baixo, e logo o sono me atinge, e eu praticamente desmaio no sofá, um sono profundo e doloroso.

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