Capítulo 02. Primeira Morte

Conto de Stars Counterx como (Seguir)

Parte da série Vivendo com os Mortos

*Gabriel

Estou no meio da cozinha de minha casa, ao meu lado uma faca de cortar carne ensanguentada, no meu braço esquerdo a um corte de onde jorra um pouco de sangue manchando o branco do piso, mas não sinto dor, não sinto nada, não vejo nada ao redor apenas me vejo de joelhos no meio de uma poça de sangue que aumenta cada vez mais, originada da barriga da pessoa que até hoje cedo costumava ser minha mãe, e no meio de tudo eu só consigo lembrar da última coisa que ela me disse antes que eu a matasse... sobreviva.

Luke chegou na porta da cozinha quando me viu com o braço ferido, parado caído ao lado do corpo da minha mãe, correu, me abraçou por trás, e perguntou:

Luke: Gabriel o que aconteceu aqui?

Antes...

12 de dezembro de 2015 a.d.

Os jornais do mundo inteiro falavam sobre a ameaça do novo virus que transformava pessoas em mortos -vivos, não demorou muito pra que teorias de conspiração dividissem as pessoas, uns diziam que o vírus fora criado intencionalmente pelo governo para eliminar as super populações mundiais e assim economizar recursos naturais, outros diziam que era algo que deu errado e agora a humanidade estava condenada a morte, as igrejas lotaram rapidamente pregando que esse era o fim dos tempos e que Deus estava nós punindo pelos nossos pecados.

Porém esse dia amanheceu calmo e silencioso como qualquer outro, nada que pudesse prever tudo o que estava pra vir.

Meu nome é Gabriel Inácio S. Kenedy, tenho 17 anos, estou no terceiro ano do ensino médio... ou estava já que os colégios fecharam por tempo indeterminado pra evitar contatos e a proliferação do tal virus primordial, fazem 3 dias que nenhum tipo de meio de comunicação funciona, nem tv, radio, internet, as linhas telefônicas foram cortadas... a cidade está sem comunicação alguma e totalmente isolada do resto do mundo, a polícia local orientou os moradores a permanecerem dentro de suas casas, assim agora as ruas permanecem desertas com exceção das pessoas saquendo e roubando tudo que puderem.

Eu moro com minha mãe Rachel, mas a uma semana meu namorado Luke tá morando com a gente, antes da polícia fechar tudo ao redor da cidade a mãe e o pai dele tinham viajado a negócios e ele ficou sozinho na cidade, então veio ficar uns dias com a gente, e até agora não teve notícias dos pais. Conheci o Luke no colégio no começo éramos apenas amigos, até que um dia me declarei pra ele, primeiro ele não respondeu como eu queria, mas um tempo depois se declarou também e estamos juntos desde então, após um anos e meio de namoro escondido decidimos nos assumir pros nossos pais, os do Luke aceitaram numa boa, porém meu pai não foi tão compreensível, tivemos uma briga e ele quebrou meu braço, minha mãe chamou a polícia e ele foi preso, atualmente cumpre pena em um presídio fora da cidade.

Após mais de duas semanas presos em nossa própria casa, não tínhamos mais comida, precisavamos ir a um supermercado.

Gabriel: Mãe eu e o Luke vamos ao supermercado comprar comida.

Rachel: eu vou com vocês.

Gabriel: não precisa é melhor ficar aqui, voltamos antes de anoitecer.

Rachel: vocês vão precisar de ajuda, e quando mais comidas trouxermos mais vai demorar pra precisarmos ir novamente.

Luke: tem lógica.

Prefiria que fossemos apenas eu e o Luke mas ela insistiu que precisava ir, pensei que provavelmente não havia nenhum problema, afinal ouvi que a polícia estava controlando a situação, e a cidade está cercada, então seja lá qual for o perigo não deve chegar até nós, assim fomos os três a um supermercado no centro.

Chegamos ao local e já passava das 16:00, o supermercado parecia ter sido abandonado estava todo aberto e muitas pessoas estavam levando os produtos, pegamos um carrinho e fomos pegar o que precisávamos, minha mãe foi em uma seção pegar produtos de limpeza e eu e o Luke fomos atrás de comida em outra seção, passaram se uns 15 minutos e então ouvimos um grito... tive certeza que era da minha mãe então corri pra aonde ela estava acompanhado do Luke, quando chegamos tudo foi rápido demais como numa cena de filme, só lembro de ter uma mulher em cima da minha mãe e ver que tinha sangue sujando o chão, Lucas correu e puxou a mulher pelas costas, então a arremessou em uma grande pilha de enlatados, ela tentava se desvencilhar das latas e ficar em pé mas seus movimentos eram lentos e sem controle...

Luke: GABRIEL!!! Precisamos ir sua mãe se machucou e isso ai vai se levantar a qualquer momento.

Gabriel: Mãe você tá bem?

Corri até minha mãe e vi um ferimento grande com marcas parecidas com uma mordida, estava sangrando muito então tirei a camisa e coloquei pra estancar o sangue, com a ajuda do Luke a levantei e corremos com ela até o carro, com o canto do olho consegui ver a mulher atacando um homem que carregava alguns pacotes para um carro próximo a entrada atrás de nós, entramos no carro eu pressionado o ferimento de minha mãe no banco de trás enquanto o Luke ia na frente dirigindo, já estávamos na estrada e só então parei pra ver como estava a situação da minha mãe, seu ombro estava soltando uma espécie de líquido branco e ao redor do ferimento a carne estava escura, minha mãe estava desmaiada e com um pouco de febre. Chegamos em casa, subimos rapidamente as escadas e a colocamos na cama do quarto.

Gabriel: Amor a febre está aumentando precisamos fazer alguma coisa

Luke: O vizinho não é médico?

Gabriel: sim, o seu Isaac, traga ele aqui.

Luke: tá fica calmo eu já volto.

Lucas saiu apressado e me virei pra pegar uns lenços úmidos, então senti a mão dela agarrar meu braço.

Rachel: filho...

Gabriel: mãe fica quieta, vai ficar tudo bem, o doutor Isaac já tá chegando.

Rachel: filho... eu... não sinto mais nada... no meu corpo.

Gabriel: não fala isso mãe, você vai ficar bem, foi só um corte raso.

Rachel: filho me escuta... Se algo me acontecer... Eu quero que me prometa ...que não vai desistir, que vai continuar, você não pode morrer assim..

Gabriel: Mãe...

Rachel: promete

Gabriel: você vai ficar bem, nada vai acontec...

Rachel: filho por favor

Gabriel: ...

Rachel: me prometa que vai sobreviver a isso..

Gabriel: mãe... Eu não posso sem você

As lágrimas inundavam meu rosto como uma cascata.

Rachel: você consegue, eu acredito em você, me prometa.

Gabriel: eu... prometo

Rachel: eu... te amo.

Gabriel: também te amo...

Ela então fechou os olhos, passaram se poucos minutos e então ela parou de respirar.

Me afastei do corpo e não conseguia acreditar naquilo, cai no chão e tentei parar as lágrimas que não paravam de cair, foi quando ouvi um barulho e tive a esperança que minha mãe tivesse voltado pra mim, e eu estava certo ela voltou...mas aquilo não era mais minha mãe.

Ela se levantou sob tropeços e caminhou em minha direção.

Gabriel: mãe... a senhora tá bem?

Mas quando observei aquela coisa vi que não restava nada de minha mãe ali, ela se fora.

Seu aspecto era de um cadáver, seus olhos eram de um azul meio branco e totalmente vazios dava a impressão de que ela não tinha mais alma, e ao redor dos olhos havia sangue como se ela tivesse chorado, sua boca espumava e ela emitia sons como de um animal com raiva, veio se aproximando e então começou a avançar rapidamente contra mim, corri até a cozinha e ela me seguiu até lá, e então investiu contra mim, bati de costas na pia o que derrubou um conjunto de facas de cortar carne com o impacto uma delas fez um corte no meu braço esquerdo, a dor tirou minha atenção e quando vi estava no chão com minha mãe sobre mim, ela avançava tentando morder meu rosto, eu não tinha forças para segura-la, com um braço segurava a cabeça dela e com o outro tateava o chão a procura de alguma coisa pra faze-la parar, encontrei uma das facas pra carne e enfiei na sua barriga... não adiantou nada ela continuava a avançar contra mim como se não sentisse o golpe, puxei a faca e em um último golpe de desespero a enfiei no olho direito dela...enquanto sentia a vida sair do corpo da minha mãe, em minha cabeça eu ouvia sua voz...sobreviva.

Agora...

Gabriel: eu... Eu a matei, eu matei minha mãe...

Me agarrei ao Luke e sai daquela cozinha, não conseguia parar as lágrimas

Luke: Gabriel você tá sangrando, temos que dar um jeito nisso.

Gabriel: eu tó bem.

Luke: não você não tá.

Ele correu até a cozinha e voltou com a caixa de primeiros socorros, e então começou a limpar o ferimento e colocar gaze.

Lucas: amor isso foi ela quem fez?

Gabriel: não, foi uma das facas que caiu do balcão.

Luke: vai ficar tudo bem... Me conta o que aconteceu.

Gabriel: ela... Ela morreu, e depois virou aquilo e veio pra cima de mim...

Luke: como aquela mulher no supermercado?

Gabriel: ...sim

Luke: você fez o que tinha que fazer.

Gabriel: preferia não ter feito.

Luke: Amor eu sinto muito pelo que aconteceu mas o seu isaac agora está morto e as ruas estão cheias de mortos andando por ai, precisamos sair daqui agora.

Gabriel: eu não sei se consigo continuar.

Luke: eu estou aqui com você, não vou te abandonar.

Por mim eu ficaria ali parado pra sempre, mas isso não significaria apenas a minha morte mas também a do Luke, pensei em mandar que fosse embora e ficar ali com a minha mãe, foi então que ouvi um barulho, alguém estava quebrando o vidro da porta da frente... então lembrei das palavras da minha mãe... Sobreviva.

Gabriel: vamos sair daqui.

Continua...

E esse foi o segundo capítulo, espero que tenham gostado, a história está começando a ganhar forma então acompanhem.

Dúvidas, elogios, críticas e sugestões nos comentários... Vlw flw :)

Comentários

Há 0 comentários.