Apenas eu - O fantasma e o Velório. parte 2

Conto de Soturno como (Seguir)

Parte da série Apenas eu

Desculpa o atraso agora vou postar semanalmente aos domingos.

Agradecimentos a Chria que comentou e não me abandonou.

Mais um cap. ai pra vocês. Boa leitura. Espero que esteja ficado mais interessante. (Sério não diz isso não, fico me sentido tão pressionado kkkk). Vejo vocês próximo domingo.

Parte Um - Meu destino

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Ele estava mesmo com raiva, me culpava pela morte de sua irmã e de fato Douglas estava certo. Se eu não fosse tão curioso; minha mãe não estaria num hospital e Beth não teria morrido.

– Anda responde seu merdinha. O QUE FEZ? – gritou e avançou para mais um soco.

Depois disso não lembro de muita coisa, desmaiei e acordei dormindo na minha cama. Estava escurecendo, e aparentemente não havia ninguém na casa. Minha garganta estava arranhando, acho que viria um resfriado por ai. Me sentia um caco, não tinha tomado banho e isso me deixa preguiçoso.

Decidi por fim ir tomar uma “ducha demorada”, (se é que me entende) sim eu vou me masturbar porque ninguém é de ferro, a não ser o próprio homem de ferro, (nossa que engraçado). Peguei a toalha e me dirigir ao local, ouvir sons pela casa, passei direto do banheiro enquanto mais me aproximava estava claro que o som vinha da sala. Ravi estava no celular eu iria interromper, porém algo me disse para ficar quieto.

– “Você precisa saber que isso esta fora do meu alcance no momento”. – falou ele chateado.

...

– “Sim ele está bem, ainda está dormindo – ficou um silêncio – apenas faça antes que eu mesmo te mande para o além”. – dito isso desligou o eletrônico.

Voltei ao meu destino inicial e demorei um pouco, e sai de lá renovado, me vestir para ficar em casa, como sempre. Voltei a sala e nenhum sinal de do monitor. Um ruído maçante me chamou atenção, fui verificar se ele estava no quarto da minha mãe.

– O faz aqui? – perguntei ao passar com cuidado por causa da barra de ferro fincada na porta de entrada.

– Uma coisa que sua mãe me pediu. – Fez uma pausa olhando uma folha de papel. – para sua segurança – acrescentou.

– Ok! – eu disse antes de me sentar na cama fitando meus pés. Eles ainda estavam molhados entre os dedos.

– Você estava mesmo cansando, dormiu o dia inteiro. – Falou e Ignorei o comentário.

– Para onde levaram o corpo de Beth?

– Os parentes dela foram fazer o velório á seus modos. – Amaçou um monte de papéis e jogou na lixeira – Faz parte da sua cultura. – finalizou.

– E a polícia?

Ele gargalhou como se estivesse visto um “meme” da Gretchen no Facebook. Pegou uma mochila no chão, e começou vasculhar.

– Olha acho que você tem visto muitos desses filmes na TV. Eu cuidei disso, expliquei a família e eles mesmos concordaram que isso tudo fica em segredo e que você não foi o culpado e eles se desculparam pela reação de Douglas.

Após isso quis me esconder. Sério me sentia humilhado, ele poderia ser um pouco mais velho e me mostrou o quão criança eu sou. Me pôs no meu lugar. Ele apanhou sua mochila no estilo camuflado do exercito vasculhou e tirou uma pedra lisa parecida com um sabonete redondo de cor clara.

– O que é isso? – Questionei e ele respondeu com um sorriso que dizia “Veja e verá”.

Ainda depois pegou o vaso do criado-mudo e retirou o par de rosas brancas da água às jogou como se não valessem nada e enfiou a mão dentro do recipiente e retirou outra pedra do mesmo tamanho, só que essa era escura como carvão.

– Você junta o dia e a noite, e já que, são opostos eles se equilibram. Com isso permite que destrua algo criado de forma não natural. – Falou arrastando uma pedra na outra.

Pegou o livro que estava com o fantasma preso e arremessou contra o cofre (disfarçado de espelho) e como previsto passou leve como uma seda. E inesperadamente ele atirou as duas pedras juntas o e trouxe a destruição do total do objeto mágico.

– Está feito. – disse ele.

Eu fiquei impressionado com aquilo e tentando me acostumar a essa vida nova de experiências e coisas mágicas. Perdido em meus pensamentos ouço o garoto mais velho me chamando de volta para o quarto.

– O que está pensando? Você parece atormentado. – afirmou ele.

– Eu? Que nada eu pensei em vê TV. Quer vim junto?

– Pode não parecer, mas eu ainda trabalho no “Last name”.

– É mesmo. Eu não estava lembrado. – me levantei e me afastei da cama. – Tu sabe por que o bar tem esse nome?

– Ah rola uma historia de que o dono gostou da musica de mesmo nome de uma cantora. Carrie Underwood, acho que é esse nome.

– Faz sentido... – fiquei pensativo.

– Você podia vir. E eu disse para sua que ficaria de olho em você. – Falou me despertando da minha imaginação.

– Não sei. Não estou no clima pra isso...

E não deu outra, para quem não estava no clima eu me divertia á beça na pista de dança. Foi meio ruim porque eu não podia beber, já que Ravi me monitorava e não fingia mais que não me conhecia e por isso a diversão ficou pela metade.

Claro não foi difícil conseguir alguém que trocasse alguns beijos por um gole de tequila. Dancei a noite toda já passava das três da madrugada e eu já estava quase caído. Tanto que quando fui vê o Barman tropecei e derramei a bebida de uma garota em cima dela.

– Desculpa... eu estou meio tonto. – me desculpei.

– Tudo bem, eu só vou ter que me...

– Tudo bem nada. Eva ele vai pagar! – Entrou um cara na conversa.

– Eu pago, quanto foi? – Perguntei.

– Idiota não com dinheiro, com sua vida. Ele me empurrou e as pessoas começaram a observar.

– Ei os dois pra fora agora. – Ordenou o segurança, mesmo com a música alta ouvimos muito bem.

O segurança segurou meu braço forte e me largou atrás do bar junto com o outro cara. Ele tinha o cabelo espetado escuro devia ter menos de 25 anos. Era magro e tinha varias tatuagem, no tempo que ficamos juntos eu contei sete. Uma delas era um dragão com escamas de peixe. Usava uma blusa estampada de uma banda de rock, e outra coisa que me chamou muito a minha atenção era seus olhos não pareciam humanos.

– Seu burro não devia ter se metido comigo. – Falou ele sorrindo.

Pegou na gola da minha camisa e enroscou nos seus punhos e me arrastou contra a parede. Eu temia pelo que poderia acontecer, a parede estava fria de gelar um picolé e suja. Encarava seus olhos que começaram a mudar: a acender um brilho, uma luz tipo um farol de um carro azul. Algo fantástico que por causa da claridade me obrigava a perder a visão daquilo.

– Desculpa cara, eu não tinha a intenção. Por favor! – eu implorava e ele somente ria do meu desespero.

– Tá doido David. Não! Solta ele. – Falou a garota prejudicada na situação.

Ela apareceu despercebidamente e tocou suas mãos sobre os ombros do garoto afastando e evitando um estrago no meu rosto. David me largou eu cair sentado. Fiquei impressionado quando vi aquilo, além dos seus olhos iluminarem feito uma lanterna, sua boca tinha dentes esquisitos. Os de cima igual a de um vampiro com a diferencia de que eles eram encurvados na ponta para trás da boca; os de baixo eram quatro os centrais altos e pontudos.

O garoto-monstro balançou a cabeça para a esquerda e para direita movendo sua mandíbula com os olhos fechados, contudo ele voltou a sua fisionomia original.

– Vamos embora agora! – Ordenou a garota.

– Desde quando virou minha babá hein, maninha?

– Acha que isso é brincadeira? Quebrou a regra, eles não vão perdoar. – Ela estava decepcionada e se virou e foi embora.

Ele fez o mesmo, porém antes vermelho de raiva, olhou para mim e ameaçou:

– Eu nunca vou esquecer tua cara. Da próxima tu já era.

Fiquei só, me afastei do encosto e descansei durante um tempo sozinho no meio fio. A porta dos fundos rangeu e uma voz familiar avisou que eu estava ali, acho que deveria ser Ana, amiga que mora junto com Ravi.

– Ah você está ai. Preciso contar algo ruim. Não vai ser fácil para mim...

– Conta logo Ravi eu estou com a cabeça latejando. Essa de cima não a de baixo. – Falei sem controle dos meus pensamentos.

– Sua mãe morreu. – disse ele nervoso.

***

Eu me sentia congelado, preso a cadeira, vestia um terno preto. A cerimonia era simples, poucas pessoas, (desconhecidas até então por mim). Ravi não estava lá, isso me deixava sem chão. Pensava em tudo menos no que estava na minha frente: um velório. Pensava no inicio dessa infelicidade, a noite em que vi Beth morta no meu quarto.

Eu ficava repetindo essa história na minha cabeça durante todo o tempo. Não falava com ninguém, chorei poucas vezes, que para mim não eram o suficiente e nada mais fazia sentido. As pessoas chegavam e falavam palavras de conforto a todo instante algumas até repetidas, entretanto nenhuma daquelas palavras iria trazer minha mãe de volta. Era inútil. Deviam ficar calados.

Logo após Ravi chegou acenou de longe perto de um túmulo de algum desconhecido. Este também trajava roupa de pinguim. Levantei quase entrevado da cadeira e me exercitei depois de horas.

– Oi, eu tenho uma duvida. – Eu contei.

– Fala se eu puder resolver.

– Tem algum feitiço ou porção que pode trazer minha mãe de volta?

Ele me observou atendo, como se eu estivesse louco. Queria falar e se prendia e não dizia nada, como se estivesse sem respostas.

– Você tem que entender que é complicado... eu não posso afirmar isso. Porção nenhuma vai trazê-la de volta. Algum feitiço talvez, mas eu não costumo mexer com isso, eu não sou bruxo.

– Então tem uma chance sim.

– Não é assim que funciona. Isso pode causar um desequilíbrio que pode afetar o mundo de uma maneira prejudicial.

– Não acredito que estou ouvindo isso. Diz logo que não quer me ajudar e vai embora.

– Antony escuta...

– VAI EMBORA, NUNCA MAIS QUERO TE VER RAVI. SOME DA MINHA VIDA. – gritei frustrado e sai para voltar ao meu lugar.

Olhei em volta e alguns dos presentes viram o ocorrido, a maioria estava entretida com suas conversas sobre a vida deixando o caixão sozinho. Vi que lá trás estavam o senhor e senhora Moscovis. E Leonardo estava ao lado da cadeira que antes era habitada por mim. E voltei ao meu canto e ele ficou olhando para mim.

– Ei se abrir a boca pra dizer: “Meus pêsames”. Esse vai virar velório duplo.

– Eu iria dizer que sentei aqui, porque disseram que estava reservada pra mim. – disse ele calmo.

– Eu reservei. – falei olhando nos seus olhos.

Depois da frustração de ter ido lá na frete fazer um discurso e ter me esforçado para não chorar. Estava na hora de enterrar o caixão e eu não aguentei e me desabei em lagrimas. (Que drama, minha mãe sempre dizia). Léo me abraçou e eu fiquei feliz por não estar sozinho num lugar onde só tinha desconhecidos. Eu estava com quem amava.

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