Apenas eu - 8. O fantasma e o Velório. parte 1

Conto de Soturno como (Seguir)

Parte da série Apenas eu

Olá voltei. Desculpe a demora fiquei doente e blá blá... (ninguém quer saber, ninguém liga).

Estou voltando de vez aos poucos dessa vez, mas pra ficar. Devido ao tempo sem postar recomendo que de uma passadinha nos outros capítulos e recordar de alguns fatos.

Boa leitura e um bom dia/tarde/noite para você.

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Eu me sentia congelado, preso a cadeira, vestia um terno preto. A cerimonia era simples, poucas pessoas, (desconhecidas até então por mim). Ravi não estava lá, isso me deixava sem chão. Pensava em tudo menos no que estava na minha frente: um velório. Pensava no inicio dessa infelicidade, a noite em que vi Beth morta no meu quarto.

Eu não conseguia imaginar o que estava acontecendo. Simplesmente a imagem da garota não saia do meu disco rígido. Há alguns minutos atrás convivia com ela e após uma saída rápida para um lanche, já estava não habitava mais entre nós.

A única ali que saberia de alguma coisa era minha mãe que parecia perplexa. Me perguntou se eu tinha aberto o livro e afirmei que sim. (Aquele sem conteúdo, virgem). Ela nada mais disse, queria mesmo que fossemos embora da casa o quanto antes possível.

Ela estava pronta para uma festa de gala, eu o contrário afinal o único convite para sair eu rejeitei. Corremos em direção à saída, mas alguém... “quer dizer” alguma coisa impediu. Desceu do teto num baque que estrondou o piso de madeira. Minha mãe interrompeu a visão da coisa escura com dedos e garras pontudas, e me puxou pelo braço para refúgio do abrigo mais próximo; seu quarto.

A criatura debateu-se sobre a porta. A mulher se abaixou e puxou do lastro da cama uma vara de ferro. Ela não pensou duas vezes antes perfurar o centro da porta, onde a criatura berrou de dor. Com certeza sabia o que estava fazendo. Um tempo depois o som do silêncio se instalou entre aqueles quatro paredes.

– O que era aquilo? – exclamei sentado no piso com as costas apoiadas na lateral da cama, quase sem fôlego.

– Aquilo? Não era nada meu bem. – Disse ainda quase sem ar fossando um sorriso.

– Mãe! Sério? Eu já sei de tudo o que estava me escondendo durante TODA minha vida.

– O que você sabe? – se ajoelhou de frente a mim, como se fosse uma criança de três anos.

– Beth era uma bruxa. Eu sei tem muitas coisas estranhas no mundo.

– Não estou supressa. Eu quis te proteger e te poupar dessa desgraça. – suspirou lentamente e continuou – Ele era um antigo fantasma da minha vida.

– Fantasma? Isso é impossível. Aquele livro fez aquilo?

– Aquele diário era meu. Prendi o fantasma nele depois que começou a perseguir nossa família. – esclareceu – Como conseguiu abrir o cofre?

– Que cofre?

– Aquele onde você pegou o livro. Estava trancado com uma única combinação que somente eu poderia abrir.

– Eu não sei. Eu cair lá dentro e encontrei.

– Então já estava aberto. Como isso é possível? Eu te contaria quando completasse 18 anos. – explicou.

Mas é claro. EU tinha aberto meses atrás quando vim me fazer uma visita. EU do futuro me entreguei à caixa de pandora. Eu iria lhe contar minha descoberta se não fosse à criatura, que voltou a atormentar.

Dessa vez foi mais esperta e cravou as garras na porta. Eram pretas e grudentas. Arrastaram-se de cima até o fim perto do chão, tornando o campo de força frágil. A esta altura já se conseguia ver a escuridão do outro lado através das brechas. Com certeza não restaria muito tempo antes que a criatura invadisse o quarto e começasse a sua seção de matança.

Minha mãe não ficou parada esperando sua morte. Puxou de volta a vara de ferro e tornou a empurrar contra o mal feitor. Que pareceu não reagir a isso. Talvez ficasse mais forte a cada golpe, ou seja, invencível. Como conseguiu quebrar a porta pôde chutar e entrar. Moveu sua garra e derrubou Julieta contra a parede.

– MÃE!

Eu era que parecia ser o seu alvo. Me chutou e cair sobre meu próprio braço. Sem reação fiquei. Agora eu via perfeitamente o bicho. Não era transparente como nos filmes ele era presente em carne e osso. Os globos oculares eram completamente escuros. Sua cabeça era raspada, orelheiras pontudas assim como seus dedos. Também tinha corpo magro vestindo uma roupa suja num tom de ferrugem.

Ele avançou seus dedos e pôs sobre o meu rosto. Centrou as unhas uma em cada olho e prosseguia enfiando nos meus olhos, sentia coceira. Aquilo estava sendo muito intenso para ele, era como se estivesse tendo prazer. Sua boca abriu revelando um enorme buraco negro.

Ele estava já perfurando a pontinha nos meus olhos. Não conseguia piscar apenas tremia meu corpo todo. Minha mãe começou a gritar pelo meu nome, poderia ter se machucado e, por isso, não teve tempo a interromper a minha morte.

Um barulho estrondoso de vidro, cacos de vidros caíram no chão eu ouvia claramente cada um deles. A criatura não pestanejou e continuou. Até sua boca ser invadida por um branco. Sua pele escura quase verde. Começou a tomar forma de fumaça e foi se dissolvendo numa sincronia perfeita para trás. E finalizou quando entrou por completo dentro do livro.

– Ravi! – suspirei aliviado e deitei minha cabeça.

Ele como sempre estava de volta para me salvar. Ele fechou rapidamente o livro, e pegou uma corrente que estava presa em sua calça pôs em volta do mesmo. De propósito deixou cair no chão e derramou um líquido. (Acredito que fosse uma das suas porções), falou um monte de palavras estranhas. E o livro começou a pegar fogo. Gritos vinham e tentavam abrir, mas acabou que o fogo parou e o objeto não estava queimado. O piso era a prova de que houve uma combustão ali.

– Vocês estão bem? – perguntou o salvador preocupado.

– Sim. – Afirmei e me sentei.

Ele me deu a mão e me ergueu em pé. Minha mãe também levantou-se sorriu e voltou para baixo.

– Mãe?

Horas depois eu estava aflito a espera de uma notícia sobre minha mãe. A cada momento existia pessoas que perderam alguém e Ravi era a única pessoa que mantinha minha sanidade ali naquele lugar.

– Ei, ei está tudo bem. – Acalmou-me Ravi. – eu já volto.

Ele voltou com dois copinhos; um com água e outro com café. Ele se sentou com cuidado e pôs o de água para mim, no descansa copos na cadeira onde eu me encontrava.

– Beth está morta. Dá pra acreditar nisso?

– Eu entendo. Vocês eram amigos...

– Sim éramos. Não de longa data, mas tinhamos algo especial. – fiz uma pausa e conferi se não havia ninguém espiando – O que vamos dizer a polícia sobre o corpo? – sussurrei.

– Vou cuidar de tudo não se preocupe. Agora você apenas deve se preocupar com sua mãe.

Eu sentir que eu era um peso e ele se esforçava-se para ser sempre o melhor. Peguei o copinho e joguei guela abaixo. Derramei um pouco pela blusa. Ele sorriu com minha presepada e disfarçou olhando para o lado. Gestualmente perguntei "O que foi?".

– Parentes da paciente Julieta Ramos? – disse uma voz firme feminina.

– Estamos aqui! – falou o meu acompanhante ao lado acenando com a mão.

Fomos na direção da mulher, era uma enfermeira. Ruiva um pouco mal humorada.

– Como ela está? Ela corre risco de vida? – falei

Está bem eu exagerei nessa parte. (Me julgue!). Ela levou um corte na barriga.

– Não. Ela está bem vai ter alta amanhã e hoje vai ficar em observação. – disse a enfermeira sem empolgação.

– Podemos vê-la? – retruquei.

– Sim, mas é claro por aqui.

Nós apressamos e nos dirigimos ao quarto. Infelizmente fomos chamados á atenção.

– Um de cada vez. – avisou a senhora.

– Mas por quê?

– Anda não discute entra! – ordenou Ravi.

Entrei no quarto, ela dividia com outra pessoa. Fiz o menor barulho possível. Ela dormia, cheguei perto e segurei a mão que não estava com um fio de soro fincado. Assim um tempo depois, eu me preparei para ir embora. Em seguida ela acordou e me chamou.

– Mãe, não se mecha.

– Ah deixa de ser bobo Antony. Eu estou bem, só levei uma “garrada” de um fantasma.

– É, mas para eles você se feriu com o faqueiro. – cochichei – Que bom que esta bem. Eu achei que iria te perder hoje. – confessei. Abri os braços e me aproximei para um abraço apertado.

– Não se preocupe. Eu ainda vou puxar bastante no seu pé. E também você tem o Léo, e aquele garoto bonito... aquele esbelto de cabelos compridos.

– Quem o Ravi? Ele não é bonito. Aquele cabelo que chega até o pescoço talvez... Quero dizer tenho que ir, mas voltarei assim de der. – Falei e cocei a cabeça de nervoso – Ah já ia esquecendo o beijo.

Depois que sai do lugar abafado, o Ravi entrou. Claro que eu achei muito louco aquela situação. Logo o rapaz saiu da sua “reunião secreta” e me acompanhou até a saída do hospital. Ali estava sua moto, suja de lama. Sabe eu gostei do vento frio que golpeou meu rosto durante a volta para casa.

Desci da moto cambaleando de cansaço e notei a movimentação na minha casa. Eram pessoas fantasiadas de ciganos, ou acho que era sua vestimenta de verdade. Algumas mulheres com saias longas exageradas nas cores frias e uma blusinhas combinando.

– Que merda! – exclamei.

– O que está havendo? – questionou o motorista.

Larguei o pesado capacete na calçada e corri para averiguar, logo lembrei que o corpo de Beth ainda estava no meu quarto jogado. Passei pela porta e fui rapidamente empurrado por Douglas, irmão da falecida, o grandalhão estava furioso. Diferente do dia da “festa do pijama”.

– O que você fez com ela sua bichinha? – disse o grandão e me deu um soco que cai feito um salame no prato.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Soturno em 2016-10-27 19:58:23
Bom vê que tem gente lê. Não vou sumir vou postar semanalmente durante um tempo até a vida pessoal da uma trégua.
Por Chria em 2016-10-27 03:49:45
Não suma! Sua historia está cada vez melhor.