Apenas eu - 6. O que eu sou?

Conto de Soturno como (Seguir)

Parte da série Apenas eu

Olá, só te desejar uma boa leitura.

6. O que eu sou?

Já estava ficando frequente a minha ida a lugares imaginários, primeiro foi sonho de Beth e agora estava num quarto azul, não sei o que iluminava aquele lugar não havia nem uma lâmpada. O que esperar de um quarto escondido dentro do espelho? Para mim isso já é bom o suficiente.

Eu poderia dizer que num minuto não tinha nada e no outro surgiu um caderno jogado no canto da parede, mas na verdade ele sempre esteve ali. Talvez uma parte de mim desejasse que aquilo fosse um Death Note, ainda bem que não era, porque eu não seria um bom deus de um novo mundo. Ao contrário do caderno da morte ele era grosso como uma bíblia de capa preta.

Eu estava com frio então tratei de cair fora o mais rápido quanto entrei. Cheguei no meu quarto e tratei de colocar a chave na fechadura. Embora o cansaço quisesse que o acompanhasse, eu ainda tive forças para espiar aquele caderno, porém minhas esperanças diminuíram quando avistei que ali era igual ao meu diário: não tinha nada escrito, (até porque eu não tenho um).

Não descobrir o que ou quem que possa ter me empurrado, não quis pensar em mais nada apenas estava precisando de uma refeição completa e uma boa noite de sono. Sorte eu ter conseguido um dos dois: a comida é claro não consegui pregar o olho a noite inteira.

Acordei e escondi embaixo da cama aquele livro sem histórias. Passaram-se alguns dias, e nada de relevante aconteceu então vamos pular essa parte.

Na hora do intervalo na escola, eu tinha uma nova companhia, Beth. Fiquei impressionado com o nível de recuperação de todos. Minha perna já estava quase 100% recuperada, Beth estava felizmente viva, porém tonta, e Leonardo não precisava mais do curativo em sua cabeça.

Sabe quem precisava de um curativo? Meu coração depois que o novo casal da escola passeando entre os corredores, como se estivessem no tapete vermelho do Oscar. E agora pela categoria de melhor casal revelação vai para... A quem eu quero enganar? Vai para Leonardo e Nathan.

– Eu bem que sentir que rolava um “climinnha” entre vocês dois. – Confessou Beth mastigando um hambúrguer do refeitório.

– Climinha? Que nada eu ele somos apenas amigos. Sabe amigos que sentem ciúmes de quando esta com outra pessoa né? – expliquei com um sorriso sem graça.

Ela não precisou dizer nada e eu já havia entendido, eu gostava dele mesmo que lá bem no fundo. Acho que sempre camuflei, contudo teria que continuar com isso, pois ele estava namorando e eu ficaria bem longe.

– Eu gostei daqui. Essa escola é tão moderninha. – Falou limpando o resto de ketchup da boca com o guardanapo – sabe sobre os gays e lésbicas e tudo.

– É eu estranhei isso no começo. As pessoas aqui não querem saber o que você chupa ou se chupa. Estão mesmo querendo saber de um novo escândalo. O primeiro gay a se assumir aqui foi o maior assunto, até aquela garota ficar paraplégica. Sortuda ficou um mês sobre holofotes.

– E agora dois gays juntos é o maior babado do momento? – Articulou ela.

– Hum você pega rápido. – falei surpreso enquanto jogava o resto do meu lanche na lixeira – Infelizmente sim. Já sei pode revelar que é uma bruxa. Vai ser o máximo todos iram esquecê-los num instante.

– Você está louco? Eu sou a ovelha negra da família e ainda mais agora que quebrei a regra pela segunda vez.

– Qual regra? A de que não pode contar sobre clã das bruxas? – voltei e me sentei com ela no quase vazio refeitório – Então me desculpe por ter deixado você salvar minha vida. – eu disse irônico.

– E talvez mesmo... – murmurou ela. – Brincadeira.

– Você nem sabe. Pelo que está acontecendo eu mesmo posso ser um bruxo.

Sim essa é uma conclusão supérflua desde que Ravi apareceu tudo mudou. E ele pode está me protegendo de algo, ou será que ele estar me protegendo de mim mesmo.

– Não, não é. – sorriu simpática.

– Sou sim. Eu acho que sou. E também isso explicaria bastante coisa. Me diz ai um feitiço de bruxa.

– Ah tá bom se quer assim. Tá vendo aquele grupinho?

– Sim.

– Ali aquele menino ali de sapatos verdes, ele tá com um copo. Pronto agora limpe sua mente e concentre-se num fio de lã invisível ligando o copo de água a seu ponto de vista. O fio entra na água e ergue para o rosto dele.

Eu permanecia centrado ali, e tentei umas várias vezes e a única coisa que conseguir mover foi minha sobrancelha.

– É tem razão. Não sou um bruxo. – Disse melancólico.

– Claro que tenho. – falou ofendida.

– Quem sabe esse não foi muito difícil pra mim?

– Não foi. Eu já conseguia executar desde que tinha dois anos. Observe!

Assim que falou fixou seus olhos no copo d’água e de súbito o garoto ficou com seu rosto encharcado, e todos ali na rodinha de amigos começaram a gargalhar do pobre menino que não entendeu nada. Eu admito que, gostei da cena.

– Vamos sair daqui. – disse me fazendo acompanhá-la pelo corredor.

– Ei. Aonde vamos?

– Preciso pegar um livro na biblioteca.

Fomos juntos até lá, e eu mesmo aproveitei para pegar uns também para o trabalho de Português. Chegamos atrasados na aula e o professor de Matemática não manifestou nem uma preocupação em relação ao episódio. Leonardo não estava na sala, penso que ele pode estar atrás da escola em “amaços” com seu amado.

Na hora da saída sentir falta de Beth ela combinou comigo para saímos juntos. Fiquei esperando por um tempo e nada. Sem previsão Ravi apareceu dirigindo uma moto.

– Ravi que faz aqui?

– Ainda tá de pé aquela tarde?

Combinamos que iriamos passar um tempo sossegado para nos conhecemos melhor depois do que aconteceu. Mas não esperava que ele viesse me buscar na escola.

– Sim é claro.

Quando estava me posicionando para subir na moto, me lembrei que tinha esquecido que pegar meu caderno debaixo da carteira, então eu pedi desculpas e fui correndo até a sala. Entrei apressadamente e nem percebi que mais alguém além de mim estava presente. Levei um susto quando vi duas pessoas que eu nuca imagina estar juntas: a doce bruxinha e o severo professor. Poderia ser um titulo de um filme pornô.

– Ah, eu não estive aqui. – disse cobrindo meus olhos e deixando um rastro de cadeiras bagunçadas.

Não quis permanecer ali nem mais um minuto, e impedir a enorme vontade arrancar meus olhos fora. Cheguei ao ponto de saída do meu amigo e ele logo perguntou o que havia ocorrido.

– Não vamos falar nada. Apenas dirige. Ok?

– Ok.

Horas mais tarde na residência do barman, estava tudo mais calmo e eu fazia varias perguntas bobas sobre as porções e ainda tentando descobrir a identidade do seu chef (O tal que contratou Ravi para me vigiar e me proteger).

– O que eu sou?

– Como assim?

– Você sabe, porque sou tão especial a ponto de ter um segurança particular?

Eu não sabia se poderia mesmo confiar nele, parte dessas dúvidas surgiram pelo o conselho do Leo, talvez seja um excesso de ciúmes no por parte dele. Ele ficou um pouco pasmo e ficou quieto.

– Me diz por acaso eu sou um lobisomem ou qualquer outra criatura da noite?

– Não é por você e sim pelo que seu pai é.

– Meu pai? O que ele tem a ver com essa história?

– Bem ele é...

– Ele morreu há sete anos.

– Alerta de spoiler sua mãe mentiu e quem morreu foi o seu padrasto. Pronto falei.

– Isso é mentira.

– Seu pai está vivo, ele é meu chefe.

Como o Ravi disse o que eu era não importava e sim o que meu pai era... um monstro.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Chria em 2016-09-29 20:31:46
Mistérios e mais mistérios.
Por TonT em 2016-09-29 19:48:20
amando esse conto! <3