Apenas eu - 2. Refém suicida

Conto de Soturno como (Seguir)

Parte da série Apenas eu

Olá de novo. Quero começar a agradecer a Marlon Vasconcelos por comentar, fiquei feliz que esteja acompanhando.

E se você leu e gostou comente! isso me deixa feliz e me incentiva a continuar. Vou postar aos domingos de certeza e na semana provavelmente nas Terças e quintas. Na parte da manhã.

Ai mais um capítulo da primeira parte - Meu destino.

2. Refém suicida

Sua presença me causava pânico, dentre todos os piores medos nada se comparava a isso. Ele ainda estava lá imóvel com a faca mais afiada da casa. De alguma forma ele sabia onde tudo estava, era como se já estivesse entrado na casa antes. Claro não fiquei para descobrir como o atirador de dardos sabia onde eu escondia o pote de doce de leite.

Corri em disparada ao meu quarto, tentei trancar a porta, mas ele havia me acalcando. Na sua segunda tentativa empurrou a porta com bastante força me fazendo cair ao chão. Agora eu revivia pela segunda vez aquela mesma cena assustadora. Ele vinha até a mim. Olhei para o lado e vi minha mochila, estava aberta deixando á mostra um spray de pimenta. Quem diria o presente de aniversário mais ridículo de Leonardo me ajudaria.

Eu só teria uma chance então peguei o frasco e usei em seus olhos ele estava com as mãos tapando os olhos eu peguei um jarro pesado e bati em sua cabeça. Por sorte ele caiu imóvel. Talvez estivesse desmaiado ou morto mesmo, sair do quarto e o tranquei por fora. Me encostei na porta e apenas respirei. Agora calmo fui á cozinha e peguei cordas e uma cadeira.

Amarrei-o no centro do quarto. Aquela seria finalmente a hora exata para saber quem estava por trás desse capuz. Eu literalmente cair para trás ao ver quem estava lá: Eu.

Sim era eu mesmo, peguei sua mão e era as minhas. O mesmo cabelo liso preto e nariz fino empinado. Acho que as únicas coisas que nos diferenciavam era sua cicatriz no antebraço; era como se fosse uma mordida de algum animal, e sua aparência; notava-se ser um pouco mais velho.

Deitei na cama com uma barra de ferro, que encontrei debaixo da pia, nas mãos. Fiquei o vigiando, contudo acabei adormecendo. Acordei horas depois, meu celular vibrou no meu bolso e vi que era uma mensagem de texto do Leonardo. Que dizia:

“OI, BOM VC N LIGOU EU FIQUEI PREOCUPADO. PASSA AQUI EM KSA QUANDO PUDER. TENHO Q TE CONTAR UMA COISA. VOU FICAR O DIA TODO SOZINHO MEUS PAIS VIAJARAM SÓ TÁ EU E A CARMEM”.

Eu fui para o chuveiro e tomei uma rápida ducha, me vestir com roupas elegantes, sempre faço isso quando vou a casa dele. Eu tranquei a porta de casa. Num dia normal eu acharia um exagero já que o Leo mora á três casas ao lado da minha, apenas eu mesmo para fazer isso.

Aquela casa se destacava na rua era grande com dois andares uma bela fachada, jardim de flores com rosas vermelhas. Eu sempre me encantava, mas a pressa que eu estava não liguei. Avistei Carmem, a empregada, regando as flores. Eu aproveitei e perguntei sobre o Leo ela disse que ele estava no quarto jogando videogame.

Eu entrei na casa e fechei a porta com cuidado para não quebrar, como se fosse de cristal. Eu subi as escadas devagar em direção ao seu quarto. O piso e as paredes eram brancos com detalhes de bege. Reconheci a música do jogo e notei que estava próximo. Encontrei a porta entreaberta empurrei, lá estava ele com o controle sem fio nas mãos. Eu ainda não entendo como funciona aquele negócio (juro a primeira vez que vi pensei que estivesse quebrado). Ele como sempre todo esparramado na cama com seus cachos loiros desarrumados. Eu o chamei seu nome ele só deu conta depois que eu aumentei um pouco o tom da minha voz.

– Recebi sua mensagem – Anunciei assim que sentei na borda da cama.

Ele demorou alguns segundos para dar pausa e me atender.

– O disse? Leu minha mensagem?

– Sim, eu acabei de dizer isso. – eu sorri.

– Vamos pra cozinha! Eu estou faminto, se não se importa.

– Não que isso. – Eu disse.

Ele levantou rápido e foi em direção à cozinha eu apenas o segui em passos grandes já que ele corria. Na cozinha eu o vi comendo uma maçã e preparando sanduíches de queijo com presunto.

– Então RENATO que você queria me contar? – perguntei com um pequeno sorriso puxando a cadeira, pesada, de madeira.

– Porra Antony, já disse que esse não é meu nome.

O Léo odiava seu segundo nome, ele até escondeu seu diploma do ABC, (onde eu vi) para que mais ninguém soubesse. Seu nome completo ficava assim: Leonardo Renato de Oliveira Moscovis.

– Ah só porque não gosta não quer dizer que não seja. – ele ficou na sua – Tá bem eu nunca mais vou te chamar assim.

Ele ficou aliviado dando outra mordida na maçã e respondeu a minha pergunta inicial.

– Sobre a mensagem não era nada, só queria que você viesse ficar aqui comigo.

Me ofereceu o sanduíche que havia acabado de montar. Aceitei e pus em um prato na minha frente, cortei ao meio formando dois triângulos.

– E você, por que tá com essa cara de que perdeu o último desfile do verão? – ironizou ele agora sossegado.

– Há Há. Muito engraçado.

Claro que eu não era uma pessoa muito familiarizada com moda. Minhas roupas já revelam isso.

– Coisas estranhas aconteceram comigo ontem.

– Tipo?... – falou ele esperando uma resposta.

Eu não iria sair assim dizendo tudo na lata, logo comecei pelo o estranho sumiço da minha mãe. E enfim quando terminamos o lanchinho... dele, porque para mim foi o meu café. Eu o convidei para a minha casa querendo mostrar o meu problema.

Ele não quis ir com preguiça eu apenas fiquei meia hora para tira-lo de casa. Quando finalmente chegamos em frente a porta do meu quarto esperei para avisa-lo.

– Espero que não se assuste eu prometo explicar tudo. – Ele não ligou e bufou o quanto aquilo estava sendo muito tedioso.

Abri e mostrei o “refém” na cadeira. Ele não ficou surpreso, mas falou:

– Serio? tu trouxe teu peguete pra casa e ainda quis fazer safadeza. Já sei o problema é que ele esta preso na cadeira né. – falou ele com ciúmes e sem graça – sorte sua mãe não esta aqui para ver essa...

Eu o interrompi e empurrei para dentro do quarto.

– Esse não é o meu problema. Esse aqui. – falei e levantei o capuz que cobria o “meu” rosto.

Essa foi uma das poucas vezes que vi o Leonardo sem entender nada. Ele ficou sério e olhando para nós dois.

– M-a-s o que é isso? – gaguejou ele fascinado – ele tem a sua cara.

Após um tempo ele já recuperado do baque ele se sentou na cama.

– Entende a gravidade da situação agora? – falei

– Nossa não sei o que dizer, mas cara isso é maneiro você tem um clone.

– Ah, cala boca. - Eu disse em pé de frente a porta.

Depois de um tempo em silêncio, Leo começou a falar.

– Será que fizeram o dele pau igual ao seu? Ou fizeram maior?

– Que? Do que você esta falando?

– Ata que você não quer saber?

Às vezes eu me esquecia do quanto Leonardo era pervertido. E que já tinha visto minhas partes intimas. Eu lembro que há dois anos na manhã seguinte a primeira vez que dormi em sua casa. Eu acordei ele estava lá em pé.

– Nossa até que enfim acordou bela dorminhoca.

Eu sorria e sonolento me sentei na cama do quarto de hóspedes, ele se sentou na beira da cama e percebeu que eu estava com aquela ereção involuntária.

– Hum, veja quem também acordou. – Disse o Léo safado.

Acabou que ele bateu uma bela punheta em mim e fomos tomar café da manhã com os seus pais como se nada tivesse acontecido.

Voltando ao presente com o OUTRO EU amarrado na cadeira. Ele estava acordando, nós ficamos em alerta preocupados com o que iria acontecer. Ele tentava se mexer suspirando cansado. Eu logo fui obrigado por mim mesmo a interrogá-lo.

– Porque quer me matar? – questionei

Ele movia sua mandíbula demostrando dor, o Leo ficou imóvel apenas observando a situação.

– Que horas são? – perguntou o refém.

– 08:56– Retrucou Leonardo.

Me dirigir a ele com um olhar reprovativo, de modo que se aquietasse. O refém começou a se soltar das cordas sem nenhuma dificuldade, levantou-se e se espreguiçou.

– Spray de pimenta? Serio? Esqueci o quanto você é molenga – comentou assim que passou por mim, dando uma tapinha no meu ombro.

Ele voltou rápido e trouxe consigo uma caixa e um bilhete me entregou e ficou me analisando e disse para aproveitar o máximo que pudesse antes que ficasse paranoico. Deu uma rápida olhada para o meu vizinho e piscou os olhos para mim. Ele desapareceu sem previsão numa escuridão de fumaça.

No bilhete poucas palavras estavam escritas, mas tiveram um grande peso na consciência.

“SIM SOMOS A MESMA PESSOA, INVENTE ALGO PARA O LEO NÃO DEIXE ELE REALMENTE SABER A VERDADE. CUIDE BEM DA MAMÃE. SIM EU TENTEI SUICÍDIO, POR UMA COISA TERRÍVEL QUE FIZ, AGORA VIVA AS CONSEQUÊNCIAS DA MUDANÇA NA HISTÓRIA. PROCURE POR RAVI, O BARMAN, ELE VAI SABER O QUE FAZER COM A CAIXA”.

O que de tão de ruim eu possa ter feito? Tão cruel a ponto de querer apagar a minha própria existência. Aquilo era agoniante. Penso comigo mesmo que o OUTRO EU, já não existe mais e talvez tenha alguma chance do meu destino seja diferente.

– Então o que diz ai na carta? – perguntou Leo curioso.

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