Armadilha

Conto de Sonhador Viajante como (Seguir)

Parte da série Camuflagem

Era pra ser mais um dia qualquer... Onde você acorda cedinho e inicia a rotina sofrida e indisposta de levantar da cama para enfrentar mais um dia de mesmice. Tendo a certeza de que sua vida vai passar do mesmo jeito de ontem e de anteontem. Sorrindo para as pessoas (Mesmo não querendo), convivendo em sociedade (Quando o que você mais quer é ficar na sua cama encolhidinho) e acreditando que num futuro distante estará um passo mais á frente do que antes. Naquele dia deveria ter sido assim, mas não foi. Felizmente.

Ao atravessarmos a rua em direção ao pequeno restaurante, senti que a minha cintura ainda fervilhava pelo toque de suas mãos segundos antes. Ele tinha me segurado com uma força e pegada tão protetora e furiosa que eu quase desmaiei de perplexidade. Como se eu fosse dele e de mais ninguém. O quase atropelamento já poderia ser considerado a coisa mais incrível do meu dia, invés de a mais catastrófica. Assim que entramos no restaurante, escolhemos uma mesa, no lugar mais reservado possível. Sentamos e ele quase que imediatamente chamou o garçom, que nos trouxe os cardápios e as diversas opções de almoço. O meu foi o de sempre (Salada e nada gorduroso), e o dele nada vegetal. O que foi surpresa pra mim, dada às circunstâncias do seu corpo escultural e malhado.

Um silêncio começou a assolar o ambiente quando ficamos sozinhos á espera do nosso pedido. “Dimi” olhava pra mim como se esperasse que eu falasse algo. A expectativa dele era transmitida pelo seu olhar de espera. Eu não sabia o que dizer... Nem como agir. Era torturante estar com aquele homem... Seus olhos eram atentos e observadores... Meus lábios secavam á cada segundo... Suas mãos grandes pousadas na mesa arremetiam uma autoridade impressionante. Decidi falar quando não aguentei mais...

– Você come carne? – perguntei desnorteado.

Ele levantou as sobrancelhas ruivas e sorriu. Que pergunta era aquela? Onde eu estava com a cabeça... A resposta dele foi ainda mais difícil de digerir do que eu imaginava.

– Muito por sinal... Mal passado e ainda com sangue se possível. – respondeu ele. – Você não? – perguntou-me.

Suas palavras saíram sensuais e obscuras ao mesmo tempo. Ele era um poço com fundo duvidoso que eu queria muito adentrar e explorar.

– Não com sangue! – sorri. – Carne só aos finais de semana... Não sou muito de comer carne! – foi o que consegui dizer depois disso.

Olhei para os lados um pouco nervoso com a intensidade que seus olhos se tinham sobre mim e tive a breve sensação de que nada mais seria o mesmo. Não importasse o que acontecesse. Sabe quando você sente que o clímax toma diversas partes de você. Era como virar a página... Como se o próximo capítulo finalmente fosse ser diferente... Foi o despertar que eu tanto esperei... Acordei de um sono submerso... Abri os olhos nas profundezas daquele oceano escuro e nadei para a superfície clara e respirável. Pelo menos era o que eu pensava...

– Eu sei que parece estranho... A gente nem se conhece direito pra tá almoçando juntos, mas eu queria muito ter uma companhia hoje... É complicado ficar num lugar grande e cheio de gente, sentindo-se solitário, sabe? É como uma avenida de trânsito sem sinal... Tudo que você quer é apenas um sinal pra avançar nesse caos... Se é que você me entende... Você parece tenso... Eu tô te assustando né? – disse ele percebendo minha tensão.

Aquelas palavras foram como uma deixa pra me amolecer. Ele se sentia sozinho? Meu deus! Como ele podia se sentir assim? Tudo nele era tão chamativo e luxuriante... Deveria ter muitos amigos, mulheres e homens que queriam estar do seu lado. A meu ver, ele parecia ser tudo menos solitário... Pelo visto ele não era o que aparentava ser mesmo...

– Desculpa se pareço meio desconfortável... É que eu não tô muito acostumado com essa aproximação com desconhecidos, sabe. E eu entendo perfeitamente o que você quer dizer... Já me senti assim antes... – admiti ficando pela primeira vez mais confortável na presença dele.

– É muita baboseira o que eu disse? Se for, por favor, me avise... – pediu ele compreensivo.

– Não! Não é não! Eu também odeio ficar sozinho... E na maior parte do meu dia é como eu mais fico. – falei.

– Como você lida com isso? – seu tom era de curiosidade e expectativa.

– Acostumei-me com o tempo... Foi uma fase bem Dark, mas foi apenas uma fase... Acho que quando paramos de dar importância a determinadas situações, elas deixam de fazer tanta diferença. E passam... – digo.

– Ainda não me convenceu... De onde você tira forças pra continuar?

– Cara, isso é muito imprevisível... Minha força de verdade... É tipo uma máscara que eu uso pra enganar a realidade... No final sou só mais um fraco se você quer saber... Vivo pisando em falso... É como eu enfrento meus dias. – falei com uma sinceridade que eu nem sabia que tinha.

Ele parecia chocado e abismado. Será que me achava um merda desacreditado? Bom, se era isso... Que seja! Eu estava mostrando o meu eu interior e se ele não gostasse do que ouvia, era por que nós dois éramos definitivamente incompatíveis. Fingir ser uma coisa falsa não era muito á minha.

– Você fecha os olhos e vai... Entendi! Gosto disso! – rebateu ele.

– Eu não acho que você tenha entendido... Tá! Como você me vê? – indaguei confuso.

– Pelas suas palavras Fred, eu vejo sua força como uma ponte invisível... Você sabe que está atravessando-a, mesmo não a vendo ali. Cada passo que você dá é baseado apenas na sua convicção de que tem algo ali, que vai te segurar mesmo você não sabendo de fato se existi... – finalizou ele.

Se eu estava impressionado? Não! Eu estava encantado!

Foi o bastante... Eu me apaixonei por ele naquele instante. Ele me entendia e me compreendia de uma forma que ninguém antes tinha entendido. Acho que passei a vida toda tentando acreditar que alguém um dia, conseguiria decifrar o meu enigma, e ele definitivamente decifrou. Ele sabia a combinação certa do meu cofre. Caramba! Ele era perfeito pra mim... PERFEITO.

– Acho que nós dois daríamos uma ótima dupla de pensadores... – digo sorrindo.

– A gente pode tentar... Eu adoraria ouvir mais de suas metáforas... – sugeriu.

Era melhor mudar logo de assunto...

– De onde você é? – comecei.

– Rio! Na verdade minha família é de lá... Vim pra São Paulo á trabalho... Voltei recentemente de Paris, depois de uma temporada fora do Brasil. – respondeu.

– Ah nossa! Seu sotaque entrega um pouco... E no que você trabalha?

– Sou modelo... Tenho uma vida bastante nômade pra ser bem sincero... Espero passar um bom tempo por aqui... – disse ele.

Então era como eu suspeitava. Modelo brasileiro e internacional. É claro que sim... Aquela beleza não parecia ser daqui. E nem aquela voz culta e sedutora.

Seus olhos acompanhavam todos os meus movimentos, como se quisesse dizer (Se toca! Eu quero você!). Ele ia dizer algo quando fomos interrompidos... O garçom trouxe nossos pedidos. Ele ficou serio e eu me retraí ainda derretido de desejo.

Dimi olhava pra mim do outro lado da mesa e eu não tinha noção nenhuma de como reagir aquilo. O cara mais irresistível que eu já tinha conhecido na vida estava bem diante dos meus olhos, sentado ereto numa pose refinada de um cara que já viveu muito. A forma como ele pegava no garfo e mastigava era de uma elegância assustadora. Eu não parava de tremer. O bife mal passado era devorado com uma sutileza e maestria impressionante. Tirando fôlegos de versões de mim mesmo que eu nem sabia que existia.

O que falar daqueles olhos azulados e rasos me encarando á cada segundo? E aquela boca desenhada e tomada por uma barba ruiva crescente... Na verdade parecia que ele tinha saído de algum inferno oculto, todo banhado no fogo laranja e incandescente do cabelo ruivo liso e bem tratado penteado para trás. Aquele era o ruivo mais chamativo e delirante da face da terra, eu tinha certeza absoluta disso. Por que ele tinha que ser tão gostoso... Maravilhoso... Atrativo... E original numa só personalidade? Cara! Que loucura! Era demais pra mim. Eu sabia disso e mesmo assim queria adentrar cada vez mais naquela beleza infernal. Ele sorriu e foi como se tudo parasse á nossa volta. Dentes brancos e totalmente certinhos, como um ser moldado para ser perfeito. Um tipo de alinhamento fora do normal que me assustava um pouco. Seria possível mesmo um cara daqueles está dando tanto mole pra mim. Logo eu? Sério? Por que agora? O calor pelo meu corpo só aumentou.

– Você tem bom gosto! De fato é deliciosa a comida daqui... Suculenta do jeitinho que eu gosto. – admitiu Dimi, bebendo um gole do copo de suco de açaí.

– Que bom que você gostou... Eu adoro esse lugar. – falei agradecido.

– Espero retornar mais vezes aqui... Com você é claro.

Sorri comendo meus brócolis, enquanto ele manuseava bem suas diversas mastigadas na carne vermelha.

– Eu falei de mim... Agora você... O que você faz, além de trabalhar naquele supermercado? – perguntou-me ele.

– Bom... No momento eu faço cursinho e trabalho... É uma rotina bem cansativa... Mas eu espero mudar isso num futuro próximo. – respondi.

– Gosto disso... Você corre atrás... Não desiste! Sua resistência é inspiradora, Fred. – falou ele.

– Tento segurar as pontas na medida do possível... É difícil, mas eu resisto.

– Isso é bom... Muito bom! – disse ele, mais uma vez jogando suas olhadas misteriosas e confusas pra mim. – E você namora? Tem filhos?

– Deus me livre! Quero dizer... Não namoro nem pretendo ter filhos, pelo menos não até ter uma vida organizada e mais tranquila... É bom ser solteiro e ter liberdade! – menti arrependido.

Mas que porra eu estava falando? Ser solteiro é bom? Aquela era a gafe mais sacana daquele almoço. Meu Deus! O que eu estava pensando? Eu sei! Estrago as coisas sem nem perceber.

– Ninguém nunca te prendeu? Digo, não é assim que acontece? As pessoas se prendem uma a outra quando se apaixonam... Nunca se apaixonou antes? – a pergunta dele vinha com um quê de algo á mais.

– Não... Ainda... É difícil encontrar alguém que valha a pena... Diria é complicado achar alguém que me ature... É o que a minha irmã sempre me diz e ela deve tá certa. – falei.

– Fred, você é um cara legal, gentil e muito bonito. Acho bem improvável que não tenha uma fila imensa te querendo... Eu com certeza estaria nela.

– Ah! Obrigado pela caridade! – sorri sem graça apenas olhando pro meu prato.

Alguém me leva... Cadê o maldito buraco da Alice... Preciso dele urgentemente!

– Eu não falei que era caridade... Muito pelo contrário! Eu seria o cara mais feliz do mundo se pudesse ter alguém como você todos os dias do meu lado. Cara, você não se vê não é? Tudo em você é uma raridade que eu não perderia por nada. – disse ele num tom serio e convicto.

– Dimi, eu não sei o que dizer...

– Mas eu sei bem o que te dizer... – declarou ele, pegando minha mão á força na mesa e acariciando-a. – Se você me der uma chance pra gente se conhecer... Eu te prometo que você nunca mais vai ficar sozinho... O que você me diz?

Era difícil assimilar tanta coisa. Fiquei congelado. Sinto que fui atropelado por um trem. Ele me queria! O que fazer? O que eu diria a seguir?

– Preciso pensar... Olha Dimi, meu horário de almoço tá acabando... Eu preciso mesmo ir agora... – disse me levantando e tirando o dinheiro do meu almoço da carteira.

– Todo esse almoço é por minha conta... – anunciou ele.

– O que? Não! O que é isso... Nem pensar... – insisti.

Ele segurou minha mão com uma força dominadora e eu me assustei.

– Eu convidei... EU PAGO! OK? – exclamou ele determinado.

Gelei com sua confiança e ferocidade. Nem discuti mais... Era melhor não insistir.

– Obrigado! Eu... Gostei de conhecer você... De verdade! – falei.

– Eu posso te ligar?

– Sim... – quase gritei.

– Me dá seu numero... – pediu-me ele.

Dei meu número á ele ainda com um pé atrás... Será que eu tinha feito á escolha certa. Ele parecia tão (pesado demais pra minha caminhonete).

– Eu te ligo! – avisou-me.

– Tá! Bom, então tchau! Eu vou indo... – despedi-me e ao me virar pra ir embora fui surpreendido.

Ele segurou meu braço e me puxou para mais perto dele. Fiquei bem perto do seu rosto e senti que a linha de (Não ultrapasse) tinha acabado de ser violada.

– Só pensa no que eu te disse ok? Eu queria muito te conhecer cara! – disse ele fechando os olhos e sentindo meu cheiro bem de perto.

Desvencilhei-me dele e corri para fora do restaurante. Algo foi estranho nesse último ato... Seus olhos tinham tomado um tom mais agressivo e sua reação de me cheirar por mais sensual que fosse, pareceu mais tipo um lobo cheirando sua presa. A fervura no pescoço só intensificou. Não tive coragem de olhar pra trás, mas sabia que ele não tinha tirado os olhos de mim. Suei o resto da tarde ao pensar nos toques e olhares dele. Aquele tinha sido o almoço mais histórico e épico de toda minha vida.

....

Cheguei completamente acabado em casa naquela noite. Sem saco pra ninguém. Com vontade falar com ninguém. Nem comigo mesmo. Eu provavelmente me isolaria no meu quarto. E cursinho hoje nem pensar... Minha mãe estava na cozinha preparando algo pra jantar.

– Boa noite, meu filho! Pela sua cara o dia hoje foi puxado né? – reconheceu ela.

– A senhora não faz ideia! Tô mortinho da silva! Vou tomar um banho e dormir! – falei.

– E o cursinho? – perguntou minha mãe.

– Hoje não mãe! Definitivamente NÃO! – esclareci.

Rafa assistia desenho num dos canais da TV da sala e nem percebeu quando eu cheguei e lhe dei um peteleco na cabeça. Subi as escadas que davam para os quartos e ouvi gemidos vindos do quarto de ninguém menos do que Cíntia. Aquela garota parecia gostar de aprontar á cada minuto.

– Boa Noite pra você também irmãzinha! – falei batendo na porta.

Aposto como eles se assustaram, pois se cessaram os sons estranhos. O que quer que estivessem fazendo ali, parou quase que imediatamente. Entrei no meu quarto e tirei a camisa. Um espelho alto e grande logo me mostrou o quanto eu estava terrível naquela noite. Magro, alto e um branquelo que não leva sol á dias, esse era eu. Tirei a calça e analisei minha barriga, bunda e pernas. O volume da cueca era até razoável. Pelos na barriga faziam um caminho até lá embaixo dando certo charme erótico (Era o que eu pensava). Tá vai! Até que não é tão ruim assim né. Será mesmo que alguém gostaria de tocar esse corpo? E se não fosse tão atrativo... Eu pensei nele nesse momento. O ruivo encantador só podia estar louco pra ter me feito uma proposta daquelas. Gente! Ninguém me queria nem pra sexo, quem dirá pra algo mais serio. Será que ele só queria me usar e jogar fora? Poxa! Vai ver era isso mesmo... E eu aqui imaginando passagens do meu final feliz na minha cabeça... Droga de pensamento aleatório e sem freio.

Tirei a cueca e peguei a toalha indo para o chuveiro. Meu celular tocou e eu corri pra ver quem era. O número estranho já entregava que era mesmo ele. E aí? Atender ou não atender? Sei lá! Não queria falar com ele até ter certeza de alguma coisa! Será que eu podia mesmo confiar nele? Seria a coisa certa a fazer com um cara que tinha acabado de conhecer? O ursinho na cama me dividiu... E se o cara que se dizia admirador secreto fosse o meu destino? E fosse menos perturbador do que o Dimi. Os “E se” zuniam na minha cabeça. O celular tocava e eu só fazia pensar. Até que decidi dá uma de difícil. Não atendi! Resolvi deixar ele no vácuo. Vai ver fosse até melhor assim... Ele só podia estar louco... Se interessar por mim? Não mesmo! Aquilo só poderia ser uma brincadeira de um bonitão estrangeiro querendo aventura. Era a única explicação! Por mais tentador que ele fosse, eu não iria cair na dele. Não mesmo. Chega de ilusão por uma vida amorosa.

.....

Assustei-me ao ver todas às vinte e nove ligações perdidas na tela do meu celular, quando acordei no dia seguinte e verifiquei o meu celular. Ele ligou durante toda madrugada... E eu não atendi nenhuma vez. Vários recados de voz e mensagens de texto do tipo:

“Oi! Sou eu! O Cara do almoço lembra? Dimi!”.

“Atende aí vai”.

“Por que é tão difícil te conhecer?”.

“Eu sei que você tá me escutando... Para vai! Eu quero muito falar com você”.

“A gente pode tentar... Não custa nada! Por favor, não me deixa no escuro! Preciso falar contigo!”

“Quer saber de uma coisa... Desisto de você! Se esse era seu objetivo! Conseguiu! DESISTO”.

Essa última doeu pra caralho. Não imaginava que ele fosse insistir tanto. O que eu tinha feito? Por que dei meu número pra ele? Droga! Agora eu só queria pedir desculpas... Ele tinha desistido de mim. É... Realmente eu tinha estragado tudo. Como sempre...

Fui trabalhar depressivo naquele dia... Não o vi na hora do almoço e em nenhum expediente. O final de semana começaria e terminaria como sempre seria. Um completo nada de novo. E tudo por minha culpa. Sei lá, eu me protegia demais e isso me arruinava em quase tudo. Chorei de raiva no banheiro do trabalho. Fui dar um de difícil e me ferrei. Não tinha noção que ele se interessaria tanto por mim assim. Cavei minha cova e descobri que no dia seguinte teria que sorrir, pois era meu aniversário de vinte anos. Tomei bem fundo ao pensar nisso. Droga!

Na madrugada de sábado, no dia do meu aniversário... Resolvi tirar o peso das minhas costas e mandei uma mensagem pra ele.

...

“Oi Dimitri... Eu sei que você deve tá dormindo nesse momento e nem deve tá lendo isso... Mas eu só queria te pedir desculpas... Sério mesmo, cara! Desculpa! Me sinto um lixo por ter te tratado daquela forma. Foi um instinto insensato da minha parte. É que eu sou meio paranoico mesmo. Rsrs! Desculpa mesmo... Prometo que não vou te tratar assim de novo. Bom, é... Você tá livre esse final de semana? Se tiver afim, a gente podia sair... Sei lá... Tipo comer algo em algum lugar? Você toparia sair pra conversar? Se não quiser eu vou entender. Só desculpa mesmo por tudo! Bom dia... é já está amanhecendo...” – Fred.

Dimitri leu a mensagem deixada no whatsapp durante vários minutos, saboreando o momento que tanto esperará acontecer. Por mais que tenha sido um tiro no escuro, ele sabia que venceria no final. Teria Fred de todo jeito e de todas as formas. Nem que pra isso tivesse que o sequestrar. A armadilha começava e se expandia por todos os lados. O peixe finalmente tinha caído na rede, afinal de contas. Fred podia ser um caminho difícil de percorrer, mas não totalmente perdido. Logo ele o domaria direitinho.

Num quarto de hotel mixuruca num bairro pouco conhecido em São Paulo, ele tentava não chamar atenção. Sempre isolado e focado na caçada que agora avançava insanamente. Não dormia nada já fazia uma semana e sua obsessão só aumentava. Seu notebook exibia vídeos e fotos assustadoras á olho humano das suas caçadas anteriores. Sua mão coçava de tanto deleite ao passar de foto em foto e apreciá-las. Aquela vítima seria ainda mais prazerosa. Ele sentia a resistência de Fred o excitando-o cada vez mais.

Após uma hora, ele resolveu responder a mensagem. Estava na hora de passar para a próxima fase. Dimitri deu uma forte tragada no seu cigarro de maconha imaginando Fred no seu colo, enquanto ele o possuía sem qualquer traço de delicadeza. Os primeiros raios de sol iluminaram uma janela e fez as belas pupilas azuis claras brilharem e escurecerem os olhos do predador doentio e insaciável de codinome Dimi.

Nota do autor: Um obrigado especial ao leitor "Edu" que comentou no cap anterior! Espero que continue gostando amigo! Vai ser uma caminhada perigosa e traumatizante!! Rsrsr! Obrigado mais uma vez!! Abraço!! Nesse capítulo vemos a relação entre Fred e "Dimi"tri finalmente começar a se aprofundar e nosso protagonista não tem a mínima noção da enrascada em que ele está entrando... E o preço desse romance vai custar caro... Muito caro! Aguardem!

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