Capítulo 7 - A Mansão Dos Schneider

Conto de Sonhador Viajante como (Seguir)

Parte da série As Férias Dos Meus Sonhos (Baseada Numa História Real)

Eram dez e quinze da manhã... O tédio e a passageira depressão me dominavam e me entristeciam numa onda de torpor abrasadora... O silêncio predominava numa escala ainda maior, dentro do carro. Wallace, parecia incomodado, mas eu fingia que não via... E eu tinha certeza que era pelo meu fechamento em relação á ele. Aliás, o que ele queria? O jeito como tinha me tratado, após nossa ficada, demostrava o quanto ele podia ser frio. Faltando poucos minutos para nossa chegada... Eu perdido em pensamentos, escutando minhas músicas... Wallace, enfim, resolve quebrar o silêncio.

– Por que você tá tão calado? A gente tá quase chegando... Você não falou nada... Nem discutiu comigo! O que é um milagre... Eu te magoei de alguma forma? – pergunta ele.

Ele ainda tinha a cara de pau de me perguntar isso...

– E eu devia falar o quê exatamente, Wallace? Não foi você mesmo que disse que não tínhamos tido nada? E que tinha sido apenas “calor do momento”? O que você esperava que eu discutisse? Olha! Eu já entendi tudo... Você simplesmente só queria curtir o momento com alguém né e viu essa oportunidade com o besta aqui... E eu caí nessa como uma raposa no covil do lobo... Infelizmente! – declaro.

– Não tive á intenção de te magoar... Só pensei que você não fosse se envolver tanto! Achei que não fosse te afetar desse jeito...

– É sempre assim não é? Nunca se envolver o bastante para se importar... Nunca se deixar levar... Eu sei! Mas tudo bem, eu não vou cometer esse mesmo erro de novo com mais ninguém! Quer saber? Chega! Tô cansado de me sentir usado por caras, que só me querem por uma transa. Tá na hora mesmo de eu criar vergonha na cara e parar de ser manipulável, por qualquer atração besta...

– Alef, eu não queria te usar... – fala-me ele.

– Ah não? Para de se fazer de bom moço, Wallace. Eu já saquei bem o seu joguinho... Você adora descartar e usar as pessoas... Eu fui muito burro mesmo por me deixar levar por você... Eu preferia mil vezes nunca ter te conhecido, sabia? – falo sinceramente.

– O que é agora? Vai me crucificar por eu não corresponder á suas expectativas?... A gente acabou de se conhecer, Alef... E isso não quer dizer que não possa rolar algo mais pra frente...

– Para de tentar me iludir... – enraiveço.

– Eu tô falando sério e não tô te iludindo... Eu gostei do que a gente teve... E se você... – admite ele, mas logo o interrompo.

– NÃO FALE MAIS COMIGO! – gritei. – Quando chegarmos lá, eu quero você bem longe de mim... E se você continuar insistindo, eu conto tudo pra Jennifer! – ameaço.

– Á vontade! Só não se arrependa depois e venha querer meu perdão... Na boa mesmo? Eu vou ficar mesmo bem longe de você! Desculpa se não sou o cara que só porque transou contigo, vai te pedir em namoro logo sem seguida. Não faz meu estilo namorar pessoas que eu nem conheço direito... – esclarece ele.

– Namoro? Eu não queria que você me pedisse nada... Mas sim que tivesse, no mínimo, consideração pelo que a gente teve! Agora, se você puder esquecer esse assunto e parar de falar nisso, eu agradeceria muito. – falo.

– Sabe Alef, você é muito irracional. É difícil te entender... E eu não quero isso pra mim! Não mesmo! – rebate ele.

– Já você é complicado e ignorante de mais pra se aturar! Você não querer nada comigo é uma honra... A gente nunca daria certo juntos... NUNCA! – retruco ríspido.

Ele sorri e segue viagem.

...

Um céu azulado e com poucas nuvens, marcava os últimos minutos de 2015, naquela quinta-feira ensolarada e pragmática, no litoral de Natal-RN. O carro seguia pela orla devagar, me fazendo apreciar aquela paisagem exuberante de mar azul bem clarinho, cheio de ondas revoltas. Abri a janela do carro e respirei aquele ar, sentindo um vento forte invadir minha alma. Eu amava aquele cheiro de mar, pois sempre me lembrava da minha época de criança, quando eu ainda catava conchas na beira da praia. Era reconfortante sentir aquele aroma e estar tão perto daquela natureza relaxante. Tirei meus fones de ouvido e escutei o barulho das ondas ao longe. Como era bom sentir aquilo... Deixei minha mão direita, pra fora da janela, e tentei, como uma criança de colo, pegar o próprio ar.

Wallace dirigia devagar, meio cansado da viagem e com um humor duvidoso. Tanto faz... Eu não queria mais pensar nas últimas palavras dele. Apenas seguiria com a minha viagem e, agora, aproveitaria de verdade o passeio. Que se danasse o Wallace, com seu modo de encarar a vida! Manteria distância dele, até o final daquela minha estádia com a família e a irmã. Esqueceria ele de vez. Pois é... Bola pra frente...

Percorremos um caminho sinuoso, cheio de casas que a meu ver, são somente de ricos. As praias ali estavam um pouco desertas, como se fossem exclusivas dos moradores daquele bairro. Após alguns minutos, admirando todos aqueles cenários de cinema, eis que contornamos um muro amarelo, que cerca uma grande extensão e nos leva diretamente para frente de um portão automático, amarronzado e de madeira. Wallace, para o carro na frente dele e aperta a campainha, que fica ao lado do portão. Com um painel moderno e finérrimo, que eu nunca tinha visto antes. Um bipe é acionado e ele fala rapidamente no interfone...

– Salve! Salve família! Aqui é o Wallace... Podem abrir o portão, por favor? – pede ele.

Não demora nem cincos segundos e logo o grande portão se abre. Wallace acelera e entra num pequeno caminho que leva á uma garagem ao ar livre. Eu já estava abismado na entrada, agora fico ainda mais impressionado, quando entro e vejo todo aquele lugar.

Uma grande mansão verde claro aparece exuberante e grandiosa, toda cercada por um jardim de coqueirais bem tratado, com uma grande e espaçosa piscina reluzente ao meio. Claramente de cair o queixo. Wallace estaciona, junto de tantos outros carros de ricos, enquanto eu me encanto com o lugar.

– Uau! – exclamo estupefato.

– Nunca tinha vindo aqui? – pergunta Wallace, parecendo surpreso com minha reação.

– Não! Primeira vez... E tenho que confessar, é tudo muito lindo! – digo, admirando o lugar.

– Então, bem vindo! Essa é a famosa mansão dos Schneider... – enfatiza sarcástico com o próprio sobrenome alemão.

– Vai gostar ainda mais quando vê por dentro... Posso te mostrar se... – oferece-se ele.

– Não! Obrigado! A Jennifer vai me mostrar tudo! – falo indiferente.

– Beleza, então! Sabe que isso é engraçado? Parece até que a gente terminou um relacionamento e tal... – ironiza ele.

– E terminamos mesmo... Eu quero você longe, bem longe de mim! – respondo frio.

Olhamo-nos por alguns segundos e logo desvio o olhar. Pego minha mochila e atiro nas costas, descendo do carro.

Wallace e eu caminhamos em direção ao casarão. Uma pequena barulheira é ouvida ao longe e logo vejo muitas pessoas desconhecidas por ali. A timidez me deixa receoso e eu sinto um frio no estômago. Num verdadeiro susto, somos recebidos por um homem de meia idade, sem camisa e barrigudo, gritando e abraçando o Wallace.

– Wallace, você veio mesmo... Quando sua mãe me falou, eu quase não acreditei... Poxa! Meu afilhado tá bonitão hein... – exclamou ele, todo sorriso.

– Que nada, Tio César! O senhor que é gente boa demais e adora elogiar seus afilhados... – disse Wallace, dando tapinha nas costas do tal Tio.

– E esse rapaz... Quem é? – pergunta César.

No momento em que vou falar, sou interrompido...

– Alef, é um velho amigo da Jennifer! Não é, Alef? – responde Wallace, com aquele olhar que regeu toda a nossa vinda pra cá.

– É... Sim, sou! – respondo convicto.

Tio César, aperta minha mão e nos leva para dentro. Eu já estava bem, agora então, me sentia ainda melhor... Pra não dizer o contrário! E a situação só melhorou...

– Wallace! – grita uma moça ao longe, enquanto nos aproximávamos da casa.

– Paty! – alegra-se Wallace. Ela corre até ele, com seus lindos cabelos voando como num comercial de shampoo.

Os dois dão um enorme abraço... E eu nem fico com ciúme... Wallace era passado.

Paty era uma garota alta e magra, com longos e lisos cabelos castanhos. Tendo o típico corpo de uma modelo profissional. Ela usava roupas curtas e das melhores grifes, que ajustavam perfeitamente com seu corpo de violão. Paty era uma garota que todo garoto queria ter como namorada. Deduzi. Uma pele que dava inveja de tão sedosa e limpinha. Os lábios rosados e vermelhos como um morango. Não usava muita maquiagem, o que a deixava com um aspecto natural e ainda mais angelical. A concorrência seria desastrosa. Eu não chegava nem ao pódio ao lado dela.

– Você não me ligou ontem... Eu fiquei preocupada! Tava tudo mundo preocupado! Promete não fazer mais isso com a gente? – pede Paty, com os braços em volta do pescoço do Wallace.

– O carro quebrou e minha bateria meio que descarregou... Nada de mais! – admite Wallace, cinicamente.

– Aí... Você tem que me contar tudo! Quero saber nos mínimos detalhes... Vêm! – puxa ela, o levando para dentro do casarão, sem nem me cumprimentar. Wallace olha pra mim, mas nem dou oportunidade de retribuir.

O que era ela? Namorada dele? Os dois rapidamente sumiram e me deixarão zanzando abandonado. Caminhei pelo jardim e fui chegando à piscina.

Dois garotos, um mais novo e outro mais velho, competiam pra ver quem saltava mais espalhafatoso e davam pulos acrobáticos na piscina. Quase levei um banho ao passar por eles. O mais novo era o irmão caçula do Wallace. O Alexandre. Ele não ia muito com a minha cara, só por eu ser gay. Tá! Ele só tinha 14 anos... E nessa idade o preconceito era aturável. Sentada do outro lado da piscina, uma garota de cabelos escuros, lia um mangá atentamente. Dentro da piscina, um casal se beijava e nem tinha me visto passar de tão enroscados que estavam. Perto da churrasqueira, César mexia na carne assando, enquanto outro rapaz de costas, trocava a música do som. Eu andava perdidão, procurando pela Jennifer num desespero que vocês não tinham ideia. Onde caralhos estava Jennifer?

Até que fui recebido pela dona da casa. Uma mulher de meia idade, alta e elegante. Eliza, mãe de Wallace, me conhecia das minhas visitas na casa dela pra fazer trabalho com a Jennifer e logo me abraçou, como uma verdadeira mãe. Tava mesmo precisando disso.

– A Jennifer deve ter te convencido muito bem hein... Você aqui é um acontecimento histórico! Como você está meu filho? Dormiu bem? Comeu alguma coisa? Espero que o Wallace tenha te tratado muito bem! – disse ela, me pegando pelo braço e me levando para dentro.

– Claro... – menti. Nem queria comentar. – Eu tô encantado com a casa! É linda, dona Eliza! Tô muito feliz de ter vindo! – respondo sorrindo.

– Oh meu bem! Quero que você se sinta em casa. Não se intimide... Aqui somos todos de casa, tá legal? – fala ela.

– Obrigado, dona Eliza! Espero aproveitar bastante aqui... – admito.

– Já ligou pra sua mãe? Ela deve querer saber se você chegou... – lembra-me ela.

– Claro vou fazer isso... – falo.

– Vêm, vou te mostrar onde você vai ficar... – diz ela, me conduzindo pela sala e subindo as escadas.

A sala era enorme e iluminada pelas grandes janelas abertas. Um sofá cama, uma TV com mais de sessenta polegadas e vários móveis luxuosos tomavam conta do espaço arejado e ventilado. Era coisa de novela gente. Tudo muito bem colocado. Chegamos ao primeiro andar e nos deparamos com um corredor cheio de portas, quadros e uma linda janela ao final do corredor, que resplandecia todo o cômodo. Aquele lugar era tão arejado que mais parecia que tinha um ar condicionador em toda casa.

– A senhora sabe onde a Jennifer está? – pergunto.

– A Jennifer tá no quarto... Segundo andar, lado esquerdo, segunda porta! – disse ela. – Seu quarto é aqui no primeiro andar, ao lado dos meninos... Última porta á direita... Espero que goste! Mandei arrumar, pensando especialmente em você, viu! – diz ela carinhosa.

– Obrigado!

– Pode se acomodar... Eu vou ver como está o andamento do almoço! – apressou-se ela e me deu um beijo na testa.

Aquela mulher era tão carinhosa e verdadeira, que eu nem sentia mais desconforto em estar na casa de estranhos. Fui em direção ao meu quarto e abri á porta. Era um quarto com cama de casal, guarda roupa e ainda uma janela. Gente! Achei incrível o conforto e a simplicidade do ambiente. Até um pequeno ar condicionado tinha... Era perfeito mesmo! Joguei minha mochila na cama e me deitei esparramado. Aqueles dias prometiam... Era como um sonho.

...

Não demorei muito para procurar o quarto da Jennifer. Subo para o segundo andar e quando já estou chegando ao corredor, uma garota passa por mim correndo e meio que chorando. Percebo que é a Paty. Ela fingi que não me vê e desce correndo pelas escadas. Eu hein... Garota enjoada!

Ando pelo corredor imenso e ainda mais largo do que no primeiro andar. Tentando lembra qual foi o lado que a dona Eliza tinha dito que era á porta do quarto de Jennifer... Esquerdo? Direito? A porta era a segunda. Paro no meio do corredor e fico indeciso entre duas portas, que se encontram uma de frente pra outra. Qual delas? Penso e decido a do lado direito. Bato delicadamente e espero.

A porta se abre e dou de cara com nada mais nada menos que o Wallace. Detalhe: sem camisa. Ele fica surpreso e eu mais ainda.

– Ops! Acho que a porta foi errada... Melhor tentar outra! – falo evasivo.

Só que ele balança a cabeça e me puxa de supetão, me agarrando e me beijando, do jeito que só ele fazia quando me queria. Empurro-o, mas é em vão. Mordo sua boca no meio do beijo forçado e ele me solta.

– Nunca mais toque em mim seu idiota! – falo ainda zonzo, pela intensidade do beijo.

– Eu sei que eu prometi ficar longe de você, mas é difícil te ver e não querer brigar contigo, sabia? – debocha Wallace, sorrindo e mordendo o lábio que eu sabia que estava sangrando.

– Cachorro! A gente mal chegou e eu já tô com vontade de te matar... – exclamo ainda na porta dele.

Escuto uma porta se abrir e me viro pra ver quem é. Uma jovem garota, com lindas bochechas rosadas, baixinha e um pouco gordinha, pula de alegria ao me ver. Os curtos cabelos dela, numa coloração roxa bem escura, apresentam uma Jennifer, ainda mais engraçada e moderna. Pra não dizer gótica trevosa.

– Alef... – grita ela, avançando na minha direção e me dando o maior e mais apertado dos abraços.

Graças á Deus eu a tinha encontrado... Será que ela tinha ouvido alguma coisa? Espero que não!

– Finalmente te encontrei! – digo, sendo esmagado pelo abraço dela.

– Aí que saudade de você amigo! Obrigada mesmo por ter vindo! Você não tem ideia de como é bom ter você aqui. – disse ela animada.

– Graças á mim... Eu sei pode me agradecer depois. – rebate Wallace, brincalhão como sempre.

– Hum... Obrigado pra você também irmãozinho do meu coração! – ironiza ela. – Agora vêm! Precisamos conversar... – empertigou–se ela, me puxando para seu quarto logo á frente.

Wallace faz sinal pra mim e eu nem olho pra ele. Eu o ignoraria. Pelo menos tentaria.

Jennifer fecha á porta atrás de mim e dispara...

– Migo... Tenho novidades! – disse ela animada. – Só que primeiro quero as suas? E aí? Me conta... Qual o babado do momento?

Se ela soubesse as minhas cairia pra trás de choque. Não revelei nada, mas ela me deu a ficha completa dos hospedados na casa e me deixou á par dos últimos acontecimentos na vida dela. Eu tinha tanta coisa para falar pra ela, mas não tinha coragem suficiente pra dizer. Ou medo...

...

O almoço foi servido às duas horas da tarde.

Numa mesa ao ar livre no jardim do casarão, fomos servidos por um banquete digno de selfie. Que lógico, eu não tirei... Sentei ao lado de Jennifer e de uma garota chamada Yumi. Yumi era descendente de orientais, branquinha e de cabelos bem escuros. Simpática, adorava conversar sobre personagens de livros e series... Era ela que estava lendo concentrada na beira da piscina quando cheguei. Ela falava somente sobre isso... Não conseguia entender muitas das conversas dela com a Jennifer, mas tentava enturmar. Do lado dela, sentava-se Otto. Um moreninho fortinho, de cabelos bagunçados, que eu lembrei, estava pulando na piscina com o Alexandre, que agora mexia no celular, sem nem tocar no prato do almoço. Ao lado da Jennifer, vi a irmã dela, Érika, dando comida na boca do marido, que como a Jennifer mesmo tinha dito, era um gato, chamado Artur.

Do outro lado da mesa, sentava-se um rapaz chamado Saulo, alto e sarado, cabelos loiros e olhos azuis, que lembrei, estava trocando a musica do som quando cheguei e ao lado dele estava à irmã que para minha surpresa, era a exibida da Paty. Que segundo a Jennifer tinha me contado, amava Wallace, mas ele não queria nada com ela. O amor platônico dela por ele, já durava anos. E era sem resultados... Ao lado dos irmãos Paty e Saulo, dois casais de pessoas mais velhas comiam conversando alegremente. Entre eles o Tio César e sua esposa e outro casal lá que eu não conhecia ainda. No centro da mesa, Eliza e Eduardo, pareciam meio desanimados, pois não se falavam como os demais casais. Wallace comia junto dos pais, sorrindo e conversando com seu todos, menos eu, claro.

Tudo parecia tão bom... Instável e reconfortante... O almoço passou voando e eu nem tinha provado tudo de tanta comida que tinha. Já ia me levantando, com Jennifer e meus novos amigos Yumi e Otto, quando fomos surpreendidos pelo Wallace. Como sempre.

Ele vinha da cozinha trazendo umas duas bandejas lotadas de taças. A Jennifer tinha me contado seus dotes culinários e ele mal chegou e já tinha posto á mão na massa.

– Nada melhor do que uma sobremesa, feita especialmente por mim... – disse ele convencido. Todos caem na gargalhada e eu também. – Eu espero que vocês se deliciem!

Ele foi distribuindo á cada pessoa, delicado para não derramar...

– Se estiver com o mesmo sabor daquela que você fez pra nós em Vegas, vou ser obrigado á te prender aqui no Brasil e não te deixar sair da cozinha por nada hein... – disse Tio César, que era delegado federal.

Todo mundo já estava com sua sobremesa, menos eu claro. Até que ele, finalmente parou na minha frente e me encarou intensamente.

– Como eu sei que você é o único que nunca provou nada das minhas especialidades, eu fiz um especialmente pra você... – disse ele, me entregando uma taça linda e com algo dentro.

Eu fiquei em choque... Diversos tons tomaram meu rosto... As pessoas ao redor da mesa olhavam admiradas pra mim, com atitude carinhosa do Wallace. Derreti naquele momento... Aí meu Deus... Ele ia me matar de desejo!

Peguei a taça da mão dele e sorri. Ainda mais sem graça e devidamente apaixonado pelo canalha. Admito. Eu estava apaixonado. E foi no momento em que eu fui colocar a colher na sobremesa para provar, que eu recebi o comentário mais humilhante de toda minha vida.

– Só cuidado, Wallace. Ele pode se apaixonar por você... O boato é de que ele é gay e adora cercar os homens dos outros... – debochou Paty, em alto e bom som para todos ouvirem. Ela riu descontrolada e arrancou silêncio geral.

– Cala á boca, Paty! – disse Wallace, fuzilando-a ferozmente.

Engulo em seco! Minha cabeça gira... Todo mundo me olha e eu não consigo sequer reagir. Aí meu pai... Que humilhação! Nem conhecia a infeliz e ela já era de longe minha rival mais maligna e cruel. Deixo a taça na mesa e levanto-me da cadeira, correndo sem destino para o quarto lá em cima. A bandida tinha dado 10 á 0 em mim... Começo á chorar pesado.

Continua...

Ihhh... Essa viagem já tava ruim... Agora então!

Comentários

Há 4 comentários.

Por Orfeu em 2016-03-27 02:06:52
Se fosse eu terminava o que tava comendo e sorria com stillo. E levaria na brincadeira. Mas depois aprontava uma que ela ja+ voltaria a falar com a mesma posição. É o que eu faria.
Por Um alguém em 2016-03-09 01:11:31
Vagabaaaaaa, já odeio? Já, quero que o alef a destruuaaa, vadiane, vc é o melhor!
Por LuhXli em 2016-03-08 01:14:45
Adoro teu conto! Já quero capítulo novo todos os dias, acho que viciei! Como faz? E essa Paty é uma biscate satânica, mas ainda vai ser muito humilhada!
Por Anjo perdido em 2016-03-08 00:08:25
Agorq melhora, sei que fiquei meio frustrado com Wallace no cap anterior mas o cafajeste tentou se redimir.